Por Maurício Zágari
Estou
escrevendo este post mais como um desabafo do que por qualquer outra
razão. Se você conhece alguém que faz da sua vida um inferno vai me
entender, pois há um irmão em Cristo que me atormenta e preciso botar
para fora a minha ira – que é santa, naturalmente – senão parece que vou
explodir. É muito duro para nós, que somos irrepreensíveis, aturar esse
tipo de gente falível. Pode ser que a pessoa que você não suporte seja
um vizinho que ponha músicas horríveis no maior volume sempre que você
quer dormir. Ou um colega de trabalho que já fez todo tipo de fofoca
contra você. Ou, ainda, uma irmã da igreja que te irrita, magoa ou toma
atitudes contra sua paz. Pode ser, até mesmo, o seu chefe, quem sabe, ou
o pastor que, em vez de zelar por tua alma, te oprime, subjuga, denigre
e prejudica. E você odeia tudo de ruim que há nessa pessoa. Quer fazer
parecer que não, pois, afinal, odiar não pega bem para um crente. Mas,
lá no fundo do seu coração, você sabe que odeia. Talvez não tão no
fundo assim. Pois bem, há um cara que me tira do sério. Sou obrigado a
conviver com ele por causa das circunstâncias da vida, mas ele é chato,
pecador, egoísta, mesquinho e insuportável – tudo o que eu não sou. Por
favor, permita-me desabafar com você, pois não tenho como fazer isso com
um amigo em comum – senão poderia parecer que sou um fofoqueiro
invejoso. E não pegaria bem para um bom crente como eu.
Não sei qual é o nível de relacionamento que você tem com seu
desafeto. No meu caso, conheço esse fulano desde a infância. As
primeiras lembranças que tenho dele são anteriores aos meus 3 anos de
idade, pois morávamos na mesma rua. Dá pra imaginar o suplício que é
essa convivência para um homem de 41 anos como eu? Anos e anos e anos
suportando esse cidadão. Crescemos juntos e, por uma série de situações,
que não vêm ao caso, fui obrigado a conviver com ele em muitas áreas de
minha vida. Hoje, inclusive, ele calhou de frequentar a mesma igreja
que eu – para meu azar e irritação.
Uma das coisas que mais me incomodam nele é que E.
(permita-me chamá-lo apenas pela inicial, pois eu não sou o tipo de
pecador que cita nomes) se faz passar por meu amigo, tem toda a
aparência de crente mas é um tremendo pecador. Como o conheço há tanto
tempo temos intimidade suficiente para eu saber coisas de sua vida que
ninguém mais sabe. Ele me conta pensamentos terríveis e atos
completamente reprováveis do ponto de vista bíblico. Às, vezes,
confesso, chego a ter uma certa repulsa por E., tamanha é a sua
pecaminosidade. E é duro para uma pessoa tão correta como eu aguentar
isso. Mas, infelizmente, sou obrigado a conviver com ele, então não
tenho para onde correr. Só que é insuportável ver o quão pecador esse
cidadão é.
Eu me encontro com ele nos cultos. O vejo levantar as mãos no louvor,
fazer aquela carinha de santo na hora da oração e ostentar seu jeito
insuportável de cristão nota dez, quando eu sei quem ele é e as coisas
horríveis que pensa e faz. Na verdade, eu o fico observando o culto
inteiro e me enoja quando ele fica chorando, pedindo perdão por seus
pecados, quando sei que ele vai sair da igreja e pecar de novo. E me
sinto obrigado a pedir que Deus pese a mão sobre ele, pra ver se toma
jeito. Miserável pecador…
Você
conhece alguém tão ruim como esse cara? O que você faz com um indivíduo
assim? Por favor, me diga como devo proceder. Às vezes, quando prego,
confesso que já exortei muito pensando nele, pois sabia que ele estava
ouvindo. Sabe quando você faz uma explanação que parece generalista mas
tem endereço certo? Você pode até achar feio eu ter feito isso, mas
confesso: eu fiz. Dei montes de indiretas para E. em muitas de
minhas pregações, para ver se ele, de algum modo, era tocado por Deus e
mudava. Não sei se adiantou, só o Senhor sabe, mas fiz a minha parte.
Pense em apenas alguns dos dez mandamentos. E. muitas e
muitas vezes priorizou outras coisas no lugar de Deus. Tomar o nome de
Deus em vão é praticamente todo dia e Êxodo 20.7 diz que quem fizer isso
o Senhor não terá por inocente. Preciso dizer mais? Então vamos lá:
honrar pai e mãe? Coitados, lembro que, quando éramos crianças, ele dava
um trabalhão. Hoje, que E. já é um homem feito, muitas vezes
os decepciona. Eu vejo, ninguém me disse. “Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo”? Como negar as montanhas de vezes em que ele fez
isso? “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do
teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”? Tudo bem,
admito, nunca o vi cobiçar o jumento de ninguém, de resto perdi a conta
de quantas vezes o flagrei invejando o que não lhe pertencia. Cara,
desculpe, mas E. tem tantos buracos em sua santidade que se eu
te contasse tudo você diria que ele não presta. Às vezes é o que tenho
vontade de dizer na cara dele.
Você tem algum E.
na sua vida? Pense aí. Lembrou de alguém intragável, que parece só ter
vindo ao mundo para te irritar, chatear, fazer chorar? É que realmente
as circunstâncias não permitem, mas por mim eu mandava exilar E.
no Tibete. Sinto vergonha dele. Tenho meu grupo de amigos na igreja que
de fato são santos, como eu, e quando ele chega parece que contamina o
ar. Aí não tem jeito, ele vira o assunto da noite. E o pior, sabe o que
mais me tira do sério? Ele até fala uma ou outra coisa legal, por isso
tem gente que o elogia, que o acha alguém especial. Desculpem, mas eu
conheço bem esse cara, ele é bem comunzinho. Se duvidar, uns 95% dos
elogios que ele recebe são imerecidos. E. precisa
desesperadamente do perdão de Deus, pois tem muitas e muitas coisas a
melhorar. Já falei isso a ele. Mas parece que na maioria das vezes o
cidadão não me ouve!
Bem, acho que já desabafei o suficiente. Obrigado por me permitir
botar pra fora minha irritação, mas não poderia falar essas coisas sobre
ele na frente de conhecidos, senão pareceria que eu é que sou o pecador
fofoqueiro e não esse cara. Eu odeio tudo o que E. tem de
ruim. Odeio. Odeio sua pecaminosidade, o fato de ele fazer menos do que
poderia pelo próximo, odeio quando não pede perdão pelos seus pecados,
odeio suas fraquezas. Ele me tira do sério.
Mas… tem uma coisa. Apesar de tudo isso, eu sei que Jesus o ama.
A despeito de seus defeitos, suas falhas, seus pecados, sua omissão, tudo, tudo, tudo o que faz de E. uma pessoa odiosa… Jesus o ama. Não entendo todo esse amor por um zero à esquerda como ele, asseguro que não entendo. Mas sei que isso tem um nome: graça. E.
não vale nada, mas a graça o faz valer o mundo para Deus. Aos olhos do
Senhor esse miserável vale mais do que todos os tesouros da terra. Foi
por esse cidadão que o Cordeiro de Deus subiu à cruz, foi moído,
rasgado, cuspido, ofendido, morto. E eu acredito que, porque a salvação é
pela graça e não por mérito, um dia ele irá para o céu. Graça. Esse é o
segredo. Essa é a explicação. Essa é a esperança. Essa é a certeza.
Essa é a fé. Pois a graça não faz Deus ver toda a sujeira que E. carrega em si quando olha para ele. Quando o Pai fita seu olhar em E., o que ele enxerga é o Cordeiro que foi imolado por cada um dos seus pecados.
Conheço bem E. Ele habita dentro de mim. E., de Eu. Sim… o nome de E. é Maurício Zágari.
Obrigado, Senhor, por não me ver como eu sou, mas como Jesus é.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
E.
Fonte: Apenas
Equando esse irmão é o Pastor da sua igreja???
ResponderExcluirNão esmoreça, ame mesmo assim, ore por ele, se for da vontade de Deus, ele um dia se converterá, e se isso não acontecer, esse será o seu espinho na carne. Mas lembre-se que só a graça nos basta.
Sofro o mesmo, e digo mais, com um pastor que jogou um Estatuto no lixo, onde não se tem reunião de membros, eleições ou qualquer tipo de prestação de contas. a transparência já não faz parte da congregação, que por incrível que pareça, é batista. A exatos 1 ano e quatro meses estou banido de tudo na igreja, quando meu nome é mensionado para alguma atividade é logo vetado, e isso é com qualquer um que o opõe. o que mais entristece são aqueles que se omitem, me abraçam e dizem que sente minha falta nas atividades que outrora estava envolvidos, dizem que estou com toda razão, mas não assumem uma postura por respeitar a "autoridade eclesiática".
Certa vez li uma frase que dizia:
Os fracos se vingam;
Os sábios ignoram;e
Os fortes perdoam.
Nunca estive na fase dos fracos, graça a Deus, passei da fase do sábio, hoje ando na fase do forte. O perdoo de coração, e com sinceridade oro por ele, peço que Deus faça uma obra ali, pois tenho pena, pois a própria palavra diz que haverá menos rigor para Sodoma e Gomorra do que para estes.
Amado, acompanho suas postagens, sei que é um homem sábio, seja também forte: Perdoe e ame mesmo assim.
Graça e paz Marcos.
ExcluirSão nesses momentos amargos de nossas vidas que o Senhor nos faz melhores crentes e verdadeiros cristãos. Esses momentos são amargos, mas no fim creio que ficarão doces.
Que o Senhor lhe abençoe e os ajudem a superar essa faze ruim em suas vidas.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira