Por Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
“Assim diz o SENHOR: Apresenta-te no
pátio da casa do SENHOR e diz aos habitantes das cidades que vêm adorar
na casa do SENHOR, todas as palavras que te mando que lhes fales; não
omitas uma só palavra. Pode ser que ouçam e se convertam do seu mau
caminho, para que desista do mal que planejo fazer-lhes por causa da
maldade de suas ações” – Jeremias 26.2-3 (Almeida Século 21).
Palavra dura, mas bem clara: eram adoradores, mas incrédulos. Quem vê
a dimensão que o termo “adorador” tomou no cenário evangélico, pensa
que io que de mais importante podemos fazer é cantar corinhos ingênuos,
com cara de quem sofre crise de cálculo renal, isto é, fazendo ar de
quem sente dor, franzindo testa, levantando mãos, revirando olhos. Isto é
o cúmulo do status da espiritualidade evangélica: cantar letras fraquinhas em músicas capengas, com instrumentos banais, fazendo ar compungido.
Os contemporâneos de Jeremias iam ao
templo para adorar, mas eram incrédulos. Jogo de cena, voz tremelicada,
gestual, nada disso é relevante, mas sim se a pessoa é convertida. Os
adoradores do tempo de Jeremias não eram.
Alguns me dirão que não devo duvidar da conversão de ninguém nem
julgar ninguém. Devo e posso. Jesus autoriza: “Pelos seus frutos os
conhecereis” (Mt 7.16). Tanta gente dá bordoada em pastores, por que não
posso duvidar de adoradores que não mostram na vida o que cantam? Por
que sou obrigado a concordar com a idéia, falsa por sinal, de que cantar
é sinal de espiritualidade? Desde quando ser adorador (cantar no culto)
é sinal de conversão? O sinal de conversão são os frutos de uma vida
regenerada. Estou cansado de pregar em igrejas onde os menestréis
adoradores não levam Bíblia e saem do templo na hora da pregação. Estou
cansado de ver tanta adoração na igreja evangélica brasileira e não ver
vida séria.
Estou chocado com a falta de espiritualidade dos evangélicos,
apesar do excesso de adoradores. Eis um trecho do livro que estou
preparando sobre o fruto do Espírito e onde cito o jornal inglês The Guardian:
Veja-se esta notícia, profundamente chocante, que veio na coluna
do jornalista Cláudio Humberto, que é publicada em vários jornais
brasileiros e na Internet, e que extrai do “Jornal de Brasília”:
“CONTAGEM MACABRA - Criticando a crescente violência no Rio, o
jornal inglês The Guardian acredita que ‘milhares vão morrer antes dos
Jogos Olímpicos de 2016’. E fala de um novo tipo de bandidos: os
traficantes evangélicos”. Aonde chegamos! Traficantes evangélicos? Como
pode acontecer isto? Onde está aquele povo que tinha tanta preocupação
com a conduta que excluía das igrejas quem fumasse um simples cigarro ou
bebesse um copo de cerveja? Como chegamos a ter traficantes em nossas
igrejas? Que evangelho está sendo pregado e que atraiu estas pessoas?
Como alguém pode ter fé em Cristo (um evangélico, antigamente, era quem
cria e seguia a Jesus) e ser traficante, arruinando vidas, vendendo
morte, destruindo lares? Onde está o fruto do Espírito na vida desses
evangélicos?
Adorar faz bem a quem adora. A pessoa se libera, solta energias, faz gestos, faz cara de sofredor, manifesta status
(generalizou-se a idéia de que ser adorador é ser espiritual), mas o
importante é retidão. Não é concebível haver evangélicos que sejam
traficantes! Há tempos que pipocam notícias, esparsas e logo abafadas,
de conivência de igrejas evangélicas com traficantes. Estes traficantes
evangélicos devem adorar, mas não são convertidos.
Precisamos de crentes convertidos. De servos rendidos a Cristo. De
gente regenerada pelo Espírito. Pode se ser adorador sem ser convertido.
Mas não se pode ser convertido sem ter frutos dignos de arrependimento
(Mt 3.8). Que tal menos alarido e mais frutos de convertidos?
Fonte: Isaltino Gomes Coelho Filho
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