segunda-feira, 27 de junho de 2011

Não, não faça como Armínio!



Por Roberto Vargas Jr.

Li algo no Facebook (que, aliás, é mesmo, como me disse alguém, uma invasão de privacidade) algo que me deixou estarrecido:

Faça como Armínio, leia Calvino!

"Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a leitura dos Comentários de Calvino ... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos." (Segundo citado pelo blog, a fonte atribui autoria da afirmação a Armínio e é uma “Carta escrita a Sebastian Egbertsz, publicada em P. van Limborch e C. Hartsoeker, Praestantium ac Eruditorum Virorum Epistolae Ecclesiasticae et Theologicae (Amsterdam, 1704), nº 101”. Os grifos meus.)
É claro que posso repetir o início da nota. Não só recomendo a leitura de Calvino como o reputo como um grande entre os grandes. E é justamente aí que a nota se perde…

Aos pontos em grifo, convém afirmar que se Calvino é grande, ele o é por sua herança devida aos pais. Se valiosos são seus escritos, eles o são por valiosos serem os dos pais. Será impossível entender Calvino sem que se entenda os pais, de onde ele bebeu. Assim, se não podemos falar de Calvino como um anão sobre ombros de gigantes, devemos reconhecer que ele ainda assim se assenta sobre ombros de grandes para então se tornar um seu igual. Calvino não está acima de todos. Só um nome é sobre todos os nomes!

Se a autoria da afirmação é mesmo arminiana, não é tanto algo que surpreenda. Ele foi capaz de dizer muitos erros em vida e aqueles que o seguem ainda os repetem. O que me incomoda é que calvinistas tomem a afirmação de Armínio como um algo sobre o qual se fiar. (Lembra-me muito aqueles pastores que chamam a ciência a provar a Palavra.)

Mais de uma vez neste espaço reclamei da insensatez que faz de certas leituras idolatria. Critiquei com veemência a leitura acrítica de certos autores e a repetição temerária de suas ideias. Ainda que haja pouco o que retocar em Calvino, ele não merece uma leitura menos crítica e a repetição de suas ideias não pode ser do mesmo modo temerária.

Sim, leia Calvino como Armínio o fez. Mas não. Não faça como Armínio. Não diga o que ele disse em tal carta nem o que disse em outros lugares. Antes, reconheça sua herança intelectual e apenas engrandeça um único nome. Antes repita Calvino onde Calvino é bíblico, como este repete os pais onde estes são retos.

SOLI DEO GLORIA!

Em: Blog do Roberto Vargas Jr. Via: Blog dos Eleitos

4 comentários:

  1. Olá Pr. Silas Alves. Gostaria de dizer apenas o que já tive oportunidade de comentar no blog de Roberto Vargas. A leitura que ele fez deste texto que foi postado no meu blog deixou de levar em consideração a proposta do autor do blog, que é defender as "Doutrinas da Graça", e por isso incorre num problema hermenêutico, a saber, a intenção autoral (tão defendida pelos Reformadores e seu método histórico-gramatical). Minha intenção era além de tudo mostrar aos arminianos que o próprio Armínio, diferentemente deles, apreciava muitíssimo os escritos de Calvino, mas o Roberto acabou mudando o foco do assunto (que era ler Calvino) para um outro lado, tentando mostrar qualquer tipo de desvalorização dos Pais ou idolatria aos textos de Calvino. Diante de tudo isto só posso dizer que é uma pena ser tão mal interpretado.
    Deus o abençoe!
    Soli Deo Gloria!
    Obs: tal citação pode ser encontrada no próprio comentário de Calvino ao livro de Joel publicado pela Monergismo, mas parece que ninguém está disposto a atacar o Felipe Sabino. Você pode encontrá-lo aqui: http://pt.scribd.com/doc/7276445/Joel-Comentario-Livro-Joao-Calvino (p. 04).

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  2. Caro Silas,
    Obrigado pela divulgação do texto.
    Segue, novamente, o que publiquei no blog do Heitor, em comentário contra esta mesma acusação descabida:

    Nelson,
    Quanto ao erro de que me acusa aqui, ele é bastante descabido. Entendi bem sua intenção. Apenas considero que o texto não serve para ela, seja como apologia seja com o que você chama de "ironia". Mas já discutimos isso no RVJ e não vale dizer mais muito. Exceto que...
    Quanto à postagem não dar margem ao que eu escrevi, ora, faça-me o favor. Se não desse, eu não teria escrito e outros não teriam concordado. Quanto a eu ter ignorado sua intenção, ora, faça-me o favor. Eu não o ignorei: é justo quanto à sua intenção que não concordo. (E, claro, minha crítica vai contra sua intenção e contra o conteúdo da citação em si.)

    Mas, ora, se quiser se fiar, para apologia ou "ironia", em Armínio, problema seu. Meu texto, neste caso, não lhe deveria causar tanto incômodo.
    Quanto a mim, mantenho o texto. Palavra por palavra.

    SDG!
    Roberto

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  3. O que está errado?
    Leia Calvino com sua bíblia aberta, como um autentico cristão bereiano e veras que a adoutrina da Eleição não foi criada por calvino.A doutrina da Eleição está na Bíblia...Deus escolheu aqueles que Ele quis salvar SIM antes da fundação do mundo.
    Deus revelo a Paulo e ele(Paulo) escreveu, Agostinho e Lutero copiaram e Calvino Sistematizou.


    E qualquer sistema de doutrina que condiciona o propósito salvador de Deus em atos ou méritos de homens é essencialmente arminiano e antibíblica. Assim como qualquer sistema que faz do soberano prazer de Deus base do Seu propósito salvador é essencialmente calvinístico. Se alguém se apega ao primeiro, é arminiano, ainda que não vá a tudo com Arminio; se ao último, é calvinista, ainda que não vá a tudo com Calvino. Não há meio termo entre arminianismo e calvinismo no seu sentido aceito entre os teólogos. Todo aquele que adota qualquer idéia da eleição, seja qual for, é uma coisa ou outra. É pega ou lagar!

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  4. Graça e paz Ferreira.
    Realmente a doutrina da eleição não pertence a Calvinino, nem a qualquer outro teólogo. Essa doutrina é bíblica e não há o que discutir.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

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