sábado, 25 de junho de 2011

Deus salvou um desajeitado!


Por Rodrigo Toledo

Existe uma pergunta que insiste em exalar-se da bíblia, cuja resposta jamais será encontrada, nem mesmo na própria bíblia. Um ponto de interrogação tão bruto, tão agressivo, pulsante como um coração; não posso resistí-lo.

Sempre que curiosamente ponho meus olhos a examinar as Escrituras, tenho minha consciência violentamente espancada por essa questão. Quase posso sentir uma forte mão forçando meu orgulho em direção ao pó, deixando-me prostrado. E então, a arrogância e auto-suficiência que ainda ousam mostrar os punhos simplesmente se esfarelam.

Com certeza – reitero, com certeza, é a pergunta mais poderosa com a qual me debati em minha vida. Mal consigo olhá-la nos olhos... tremo e desisto. Minha valentia é pisoteada diante de seu poder. Posso encontrá-la todas as vezes que abro o evangelho. Vejo-a passar diante de mim, olhando-me com ar de professor que acabou de derrotar um aluno com argumentos. Existe um lugar específico onde a encontro assombrando-me os pensamentos.

No entanto, não posso evitar a visita mental a esse lugar. Sei que ela estará lá, me esperando como uma fera destruidora que esgotará todas as minhas tentativas de parecer intelectual, distinto, educado, digno. E eu, pobre desajeitado, reconhecerei que a pergunta tem razão e fundamento. Meu ímpeto se ajoelha, entrega-se sem vontade de revidar. Mesmo assim, meu espírito é impelido a visitar esse lugar. É o Getsêmani.

Jamais poderia imaginar que um jardim com nome estranho seria o habitat de uma pergunta tão poderosa: “Por que Jesus fez aquilo por mim?” O Rei da Glória em pessoa estava pensando em mim. No dia mais sombrio de Sua vida, Ele pensou em mim. "A minha alma está cheia de tristeza até a morte" Mt 26.38. Assim se expressou ao contemplar a exata dimensão de minha condição caída, perdida.

Diante Dele, meu alterego de terno e gravata caiu, revelando o fariseu Rodrigo, maltrapilho, necessitado de salvação!

No Getsêmani toda a casca criada pela hipocrisia cai por terra. Ali, o impostor que vive dentro de nós é subjugado pela voracidade da pergunta. E é no Getsêmani onde vejo um Deus que, apesar de não ser limitado, voluntariamente se limita a um corpo humano afim de, em meu lugar, tomar o cálice da própria ira.

É no Getsêmani onde vejo um Ser que apesar de ser o Criador dos céus e da Terra, voluntariamente escolheu enclausurar-se em um útero de uma jovem palestina afim de tornar-me novamente amigo de Deus. E é no Getsêmani onde encontro a pergunta mais difícil de ser respondida: "Por que Jesus fez aquilo por mim?".

Parece-me que a pergunta tem algumas irmãs: “Por que fui alvo da Graça de Deus?”

“O que há em mim para ser alvo de Sua Misericórdia?”

“Poderia eu, pecador tão miserável e desajeitado, ter algo de especial para ser salvo ?”.

Sou incapaz de responder!

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