segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dízimo, é bíblico isso?


Por Renato Vargens

Em dias como os nossos onde o egoísmo se faz presente de forma substancial, podemos perceber que um número significativo de cristãos tem desenvolvido uma espiritualidade hedonista e ensimesmada, onde o que mais importa é receber e não dividir. Nesta perspectiva, compartilhar com a Igreja parte do que recebeu é praticamente impossível, mesmo porque, para tais pessoas é muito mais interessante desfrutar de "bênçãos" do que contribuir com a causa do Reino.


Conta-se que o famoso pregador inglês, Charles Spurgeon foi em certa ocasião, à cidade de Bristol, com o objetivo de pregar em três igrejas, esperando obter nas três coletas, 300 libras, quantia que ele necessitava com urgência para o seu orfanato na cidade de Londres. As coletas renderam realmente essa quantia, e Spurgeon sentia-se feliz, porque assim poderia pagar as despesas do orfanato. Entretanto, à noite, quando se recolheu para dormir, Spurgeon ouviu uma voz – era a voz do Senhor que lhe dizia: "Dá essas trezentas libras a Jorge Müller". "Mas, Senhor", respondeu Spurgeon, "eu preciso do dinheiro para os queridos órfãos de Londres". Mais uma vez insistiu a mesma voz: "Dá as trezentas libras a Jorge Müller." Só quando respondeu: "Sim, Senhor, levarei o dinheiro a Jorge Müller", é que conseguiu adormecer. Na manhã seguinte dirigiu-se ao orfanato de Jorge Müller e o encontrou de joelhos, orando, tendo diante de si uma Bíblia aberta. O célebre pregador, pondo a mão sobre o ombro do outro disse: "Jorge, Deus me mandou entregar a você este dinheiro". "Oh", exclamou Müller, "querido Spurgeon, eu estava a pedir ao Senhor precisamente essa importância." Os dois homens de ação alegraram-se muito. Mas a história continua. Quando Spurgeon voltou a Londres, encontrou uma carta sobre a mesa. Abriu-a, e verificou que ela continha 300 guinéus. Ora, como um guinéu valia uma libra e um shilling, Spurgeon tinha então, trezentas libras e trezentos shillings. "Aqui está", exclamou ele com muito regozijo. "O Senhor me devolveu as 300 libras com juros de 300 shillings". É assim que Deus paga.

Caro leitor, por acaso você já parou para pensar que Deus ama àquele que é generoso? E de que Ele supre todas as nossas necessidades, quando colocamos o dinheiro no devido lugar?
Ora, as Escrituras relatam que certa feita o Senhor Jesus entrou no templo de Jerusalém jogando no chão o dinheiro que estava em cima das mesas dos cambistas. Imagino o rosto irado de Jesus ao chegar naquele lugar e encontrar vendedores e mercenários fazendo “negócios” com os fiéis. Vejo Jesus derrubando bancas, chutando, literalmente, o “pau da barraca”, expulsando de lá os vendilhões do templo que faziam do dinheiro sua razão de viver. Aliás, o que o dinheiro significa para você? Qual o grau de importância ele tem para sua vida? Pois é, por amor ao dinheiro, negociam-se valores, vende-se a moral e se abandona a família. Jesus ao derrubar o dinheiro dos cambistas no chão estava em outras palavras dizendo que aquele deveria ser o local onde o dinheiro deveria estar. Entretanto, na maioria das pessoas o dinheiro encontra-se alojado na mente ou no coração.

Por acaso você já se deu conta que por causa do dinheiro pais e filhos, sogras e noras, esposos e esposas cometem aberrações?
Pois é, em dias pós-modernos, onde quase tudo tem sido relativizado, o ato de contribuir com a igreja tornou-se um assunto altamente polêmico. Alguns crentes sinceros tem questionado prática do dízimo; outros não estão convencidos de que o Novo Testamento trate dessa matéria com clareza. Há ainda aqueles que preferem dar ocasionalmente uma pequena oferta, buscando com isso substituir a prática do dízimo.

Prezado amigo, vale a pena ressaltar que os abusos quanto ao levantamento de recursos financeiros praticados por algumas igrejas acabaram por tornar bastante delicada a questão da contribuição financeira nas igrejas evangélicas em geral. O abuso, porém, não invalida a realidade de que as igrejas genuinamente evangélicas precisam de recursos para manter seus trabalhos regulares. A Bíblia nos ensina várias coisas acerca do dinheiro.


1) O Hábito de dar a décima parte daquilo que se ganha a instituições religiosas é uma prática de muito tempo e que vem da Antigüidade. Esta prática era conhecida por Israel, bem como pelas nações circunvizinhas do oriente próximo.

2) Na Lei de Moisés, os Israelitas tinham a obrigação de entregar a décima parte das crias dos animais domésticos, dos produtos da terra e de outras rendas como reconhecimento e gratidão pelas bênçãos divinas (Lv 27:30-32; Nm 18:21, 26; Dt 14:22-29). O dízimo era usado primariamente para cobrir as despesas de culto e o sustento dos sacerdotes. Deus considerava o seu povo responsável pela a administração dos recursos que Ele lhes dera na terra prometida.

3) O pensamento central do dízimo achava-se na idéia que Deus é o dono de tudo e de todas as coisas. (Ex 19:05; Sl 24:1), e que os seres humanos foram criados por Ele, e a ele devem o fôlego de vida. Sendo assim, ninguém possui nada que não tenha recebido originalmente do Senhor. Nas leis do dízimo, Deus estava ordenando que os seus lhe devolvessem parte daquilo que Ele já lhes tinha dado.

4) No Novo Testamento a Igreja Primitiva manteve o princípio da generosidade para os seus membros. Todavia, percebemos a existência de uma singular diferença entre as duas dispensações. No AT, o dízimo era o máximo em obrigatoriedade religiosa, já no novo o dízimo tornou-se um referencial mínimo de contribuição. O didaquê preceituava que as primícias fossem dadas do dinheiro, das roupas e de todas as suas posses.

Caro leitor, como bem afirmou Hernandes Dias Lopes, o dízimo não é invenção da igreja, é princípio perpétuo estabelecido por Deus. O dízimo não é dar dinheiro à igreja, é ato de adoração ao Senhor. O dízimo não é opcional, é mandamento; não é sobra, é primícia. O dízimo é ensinado em toda a Bíblia, antes da lei (Gn 14.20), na lei (Lv 27.30), nos livros históricos (Ne 12.44), poéticos (Pv 3.9,10), proféticos (Ml 3.8-12) e também no Novo Testamento (Mt 23.23; Hb 7.8). Negligenciar a devolução dos dízimos é infidelidade a Deus. Sonegar o dízimo é roubar a Deus. Reter o dízimo, que é santo ao Senhor, é colocar-se debaixo de maldição. Entretanto, entregar o dízimo com obediência é repreender o devorador e contar com a promessa das janelas abertas do céu, de onde promanam toda sorte de bênção.

O conhecimento de verdades como essas devem fazer que tanto você como eu assumamos diante de Deus algumas posições radicais quanto à administração do dinheiro:

1º - Nunca esquecer que tudo quanto possuímos pertence a Deus, de modo que aquilo que temos não é nosso, e sim daquele que é o Senhor de todas as coisas.

2º - Decidir de todo o coração servir a Deus e não ao dinheiro. (Mt 6:19-21; 24).

3º - Fugir da avareza e do espírito deste século, que de todas as formas possíveis tentam injetar em nós um o desejo de uma vida hedonista e egoísta.

4º - Comprometer-se com a promoção do Reino de Deus na Igreja local e na disseminação do Evangelho pelo mundo.

Isto posto, concluo que sonegar o dízimo é desamparar a casa de Deus. Sonegar o dízimo é deixar de ser cooperador com Deus na implantação do seu reino.

Pense nisso!

7 comentários:

  1. Graça e paz do SENHOR JESUS aos irmãos do blog...

    Muito bom comentário, amado irmão! travei alguns debates sobre este assunto no "Olhar Reformado" e no "MCAPOLOGÉTICO". Caso alguns dos argumentos acrescente às colocações do irmão, ficaria feliz em poder ajudar!

    http://www.olharreformado.com/2011/01/dizimos-e-ofertas-novo-testamento.html

    http://mcapologetico.blogspot.com/2011/02/o-dizimo-e-um-mandamento-para-o-cristao.html#comments

    Que o SENHOR JESUS nos abençoe!

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  2. O que dizer então do episódio de Ananias e Safira? Porque em momento algum, é referido assunto do dízimo? Se bem que já vi alguns espertalhões distorcerem o texto a ponto de colocar o pecado do casal na falta de "entregar" o dízimo. Nem Pedro ao confrontar Ananias, se refere jamais ao dízimo.
    Ora, se era uma prática comum, porque não é mencionada nas palavras de Pedro que apenas diz que a propriedade vendida ou não era posse de Ananias e que este não deveria ter arquitetado o plano de dar parte da venda (que aliás era muito maior que o dízimo) retendo a outra parte escondida. Será que temos que gerar uma nova doutrina para encaixar esse contexto que fala sobre venda de propriedade e contribuição voluntária sem mencionar dízimos?

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  3. Graça e Paz Gilson.
    Muitas pessoas distorcem as Escrituras ou por falta de conhecimento ou por maldade para se beneficiar através da mesma. No caso de Ananias e safira o texto é claro quando nos mostra que o pecado desse casal foi terem mentido dizendo que tinham entregado todo o dinheiro da venda da propriedade que haviam vendido, eles não eram obrigados a entregar nenhuma oferta, no entanto, eles disseram que haviam entregado todo o dinheiro da venda, mentindo para a igreja e se estavam mentindo estavam pecando contra Deus. Por isso morreram, "já pensou se a moda pega?" O que teríamos de gente batendo as botas em nossas igrejas (rs)!
    O texto de Atos 5 não fala em dízimo, mas sim em oferta, o texto é muito claro.
    Fique na Paz meu amado irmão.
    Pr. Silas

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  4. Parabens pelas postagens! vou postar no meu blog tambem e continuarei seguindo suas postagens, porque são muito pertinentes para os dias atuais!

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  5. Não existe respaldo biblico para coleta de dizimos nos dias de hoje, ja acompanho isto a algum tempo ai pela net, e posso dizer que, quem é contra sempre apresenta textos e explicações que deixam bem claro sobre esse assunto, ja não posso dizer o mesmo dos que são a favor, nunca tem justificativa, não conseguem refutar os textos apresentados, a realidade é que as igrejas em sua esmagadora maioria e principalmente as de maior poder e estruturas, nunca admitirão isto, pois temem que se os membros pararem de dizimar não conseguiriam manter-se financeiramente, e muitos temem a reação de membros, principalmente os mais antigos que contribuiram a vida toda na igreja, com certeza a maioria iria sentir-se traido ou aborrecido de alguma forma se a eles fosse dito a verdade e talvez se afastassem, em fim, a verdade tem que ser dita doa quem doer, o que eu sugiro e que voce que é a favor dos dizimos, estude mais sobre o assunto e não somente em uma fonte, procure pesquisar em varias fontes, acho a partir dai voce ira compreender o que digo, leia por exemplo o livro de malaquias todo não so o famoso capitulo 3, fikem na paz de cristo.

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  6. Vcs não são transparentes, não falam que o dízimo só foi instituido no concilio de macon em 585, nem sobre a lei de heristal em 779, nem que o próprio Jorge Muller que vcs citam é conhecido como o pai dos dízimos nas igrejas protestantes, e que até os católicos desde 2005 não consideram o dizimo obrigatorio

    Recomendo a vcs assistirem https://www.youtube.com/watch?v=Hr2uPVXITmg

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  7. Irmão vc precisa ler a biblia de novo e entender os tempos das escrituras , sem mas.

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