Por João Cruzué
Fui surpreendido com a franqueza do Padre Marcelo Rossi em entrevista feita pela jornalista Adriana Dias Lopes da Revista Veja/Abril de 20.04.2011. Eu não imaginava que o distinto vigário chutasse de modo tão aberto o pau da barraca e contasse para todo mundo sua decepção com os organizadores da visita de Benedictus XVI ao Brasil. Padre Marcelo, não sei por qual razão, reclamou do desprezo.
Não é novidade a manipulação dos pauzinhos por ocasião de grandes eventos religiosos, sejam católicos ou evangélicos. Na lista de participantes dos eventos sempre há discriminação. Proposital, inclusive. Se Padre Marcelo deseja "se aparecer" não o percebi, acho que queria, como tantos outros, cumprimentar o Papa. Mas escalado para cantar às 05.30 da manhã, em horário que Benedictus XVI estavesse dormindo - foi a gota d'água para os sentimentos do Padre, já certamente acutilado há algum tempo pelo carisma e sucesso que tem e faz.
Como evangélico poderia ter escolhido outro tema para comentar. Mas como cristão, creio que este assunto vai ter o troco. Padre Marcelo acertou uma forte pancada na ferradura, mas a pancada maior ainda está por vir - de Roma. Ademais apreciei a menção dele à boa Doutrina da Igreja Evangélica Ass. de Deus, onde este blogueiro congrega desde 1975.
Se o aclamado vigário não tomar cuidado e engolir as coisas que pensa, pode acabar mudo e com as "asas" cortadas da mesma forma que fizeram com Frei Leonardo Boff. A Igreja cristã sempre teve um jeito bem eficiente de cuidar de suas lideranças mais expressivas. Elas incomodam, mas são provisoriamente necessárias para alterar o movimento inercial. Depois são descartadas como um caroço de manga. Se alguma coisa brilhar no céu de alguma grande Igreja cristã, e perturbar o status quo do poder local, enquanto ela não se for apagada, não ficarão descansados.
Vem aí, em breve, um silencioso ofício de Roma endereçado ao Bispo supervisor de Padre Marcelo, puxando as orelhas dos dois, para que calem a boca! Você e eu vamos perceber isso logo. Imagino até, que depois da construção do templo, uns dois anos depois, o astro-vigário vá ser "convidado" a pasar um tempo no Vaticano ou na África para "espairecer"!
Como explicar a franqueza do Padre? Acho que ele foi guardando as pancadas recebidas até o ponto que não conseguiu mais ficar quieto. Também pode ser um pouco de presunção. Quem é que não tem isso? Por outro lado, as ações dos que "esqueceram" propositalmente do Padre, nos dias da visita papa, só podem ser identificadas como dor de cotovelo mesmo.
Pessoalmente creio que o Vaticano detesta o seguimento carismático, florescente na Igreja Católica Brasileira. Mas eles não tinham nenhuma outra ação para passar a borracha na "Teologia da Libertação" comandada pelo "comunista" Frei Leonardo Boff. Eu que me graduei em Faculdade Jesuíta, sem muito bem como a coisa aconteceu. O movimento carismático, sem sombra de dúvida, é tolerado, mas não louvado na cúpula da Igreja de Roma. É puro pragmatismo.
No final de tudo, qualquer inovação na Igreja Católica será considerada boa, desde que no final de tudo, Maria volte para o centro dos louvores e adoração da Igreja Católica, que ao meu ver está mais para uma Igreja Mariana, do que para uma Igreja Cristã - pelo menos no Brasil, excetuando a idiossincrasia da ala carismática.
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