Por Mizael Reis
Não são poucos os que desacreditam da maravilhosa doutrina da perseverança dos santos. Talvez, por uma espécie de síndrome da ética do devedor, da qual concluem que devemos tanto a Deus que a salvação não nos poderia ter alcançado tão “graciosamente”, muitos concluem que se repousa mais fortemente sobre nossos ombros a árdua tarefa de mantermo-nos salvos a fim de sermos finalmente salvos, e é por essa razão que não somos plenamente salvos e devemos manter o que pode ser perdido. Não sei como dizer isso de outra forma, mas, a meu ver, os que objetam a verdade de tal doutrina, resistindo as sobejas passagens pelas quais inequivocamente Deus salva efetiva e eternamente os seus, responsabilizam-no, mesmo que sem querer, por dizer inconsistências, sustentando inverdades, que são encontradas em sua palavra, quando por meio dela mesma promete claramente algo que na visão de alguns não significa realmente o que ele quis dizer em determinada passagem – a nosso ver - ou ao que se interpreta pelo que é claramente dito. Digo isso porque nas passagens das quais se extrai a doutrina da perseverança dos santos, Deus diz fazer determinada obra em prol da salvação para os quais ele quis redimir. Daí alguns reinterpretam tais declarações divinas, dando-lhes novos significados as suas promessas, tornando-o confuso, quase incompreensível.
No desejo de ser puramente bíblico, analisemos alguns textos dos quais se conclui a salvação inalienável dos eleitos, e de contínuo constataremos que pessoas estão torcendo o que Deus claramente disse sobre os salvos a fim de invalidar uma doutrina com a qual não comungam.
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo,” (1 Pe 1.3-5)
Por meio da pena petrina Deus nos diz que a salvação da qual fazemos parte fora nos dada como uma herança incorruptível. Ora, todas às vezes que tal palavra ocorre nas Escrituras ela tem o sentido de exprimir seu real significado, ou seja, que algo uma vez dito como incorruptível jamais poderá se corromper. Assim se sucederá na ressurreição dos salvos. Nós ressurgiremos e seremos transformados para vida. Deus há de eliminar a corruptibilidade de nossa efêmera vida mortal, revestindo-a de uma celestial e perene incorruptibilidade com a qual permaneceremos eternamente salvos e eternamente livres de uma possível corrupção. Da mesma forma, creio eu, quando em Pedro Deus qualifica nossa herança como incorruptível, pretende nos dizer que uma vez dada à nós tal salvação, a mesma não poderá ser perdida, nem usurpada de nós pelo que no mundo seja corruptível. Igualmente, Pedro nos diz que nossa salvação é incontaminável, ou seja, que não se pode contaminar. Ora, se caso nossa salvação nos pudesse ser tirada ou por nós perdida, onde estaria o sentido desta palavra quando relacionada a nossa salvação? Se for possível ao cristão genuinamente regenerado vir a perder-se totalmente ao ponto de que aquilo que um dia foi chamado de puro venha torna-se impuro, onde haverá congruência na ocorrência da palavra incontaminável ligada a natureza daquele que é passível de contaminar-se? Ainda, Pedro diz que nossa salvação não pode murchar. O inverno do pecado não pode murchar a flor de nossa eterna salvação! A luz de nossa salvação não perderá jamais seu fulgor frente às investidas do maligno. A viveza de nossa redenção não pode enrugar-se, isso porque estamos guardados em Deus para salvação. Assim, se nossa salvação puder ser corrompida pela nódoa do pecado a ponto de perder-se fatalmente; contaminar-se a ponto de perder a incontaminalidade prometida, se puder murchar ao ponto de perder sua beleza dantes inalienável, e se tal salvação puder ser roubada e perdida, mesma a tal sendo guardada por Deus na inviolabilidade celestial, então não vejo como compreender as palavras do texto sagrado, senão condicioná-las, segundo essa pueril compreensão, a condição de o cristão ser isso tudo se ele quiser ser isso tudo, imputando sobre o texto uma condicional que claramente não existe, esvaziando o sentido das palavras empregadas no texto, sob nenhuma justificativa plausível no texto, senão para tão somente discordar da perseverança dos santos.
“Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”. (Ef 1.13,14)
Somos salvos e por Deus selados com o Espírito Santo. O selo desde os tempos remotos era usado a fim de garantir a inviolabilidade do objeto selado, mantendo-o em sua genuinidade. Era uma proteção com a qual cartas e objetos seriam garantidos contra a falsidade investida contra o seu remetente. Assim, quando Paulo faz uso dessa palavra confortando-nos ao dizer que nosso selo é o Espírito Santo, procura garantir-nos que ao peregrinarmos nesse mundo rumo ao nosso destino, somos inviolavelmente posse daquele que nos selou. Somos de Jesus Cristo, o qual nos garante a chegada ao nosso destino, preservando-nos por meio do seu selo, O Espírito Santo. Se é possível que nós possamos nos perder, mesmo sendo selados com o Espírito Santo, não vejo qual o sentido de se valer de tal palavra, visto que nossa salvação a despeito do selo, não nos garanta que somos posse daqueles que nos marcou como sua herdade, passível de perda. Ainda o texto diz que o Espírito Santo que nos foi dado como um selo inalienável é o “penhor da nossa herança”. O que é um penhor? Um penhor é um objeto que garante o cumprimento da quitação de uma dívida. É o contrato do qual se espera do devedor o seu fiel cumprimento com o seu credor. O Espírito Santo fora nos dado como penhor na promessa de que Jesus cumprirá aquilo que pelo
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”. (Rm 5.8-10)
Os pecadores justificados foram salvos da ira destinada aos impiedosos. Deus nos amou e o seu amor o levou para o calvário por nós. O texto acima diz que, se alguém foi alvo da piedade do Eterno, sendo salvo pela obra redentora da cruz, o tal está liberto da ira de Deus a ser derramada sobre os ímpios, e isto é garantido pelo fato do texto certificar-nos de que, se alguém foi salvo agora muito mais o será a eternidade. Ou seja, se já fomos reconciliados na morte de Jesus Cristo, certamente que seremos mantidos a salvo na sua vida, e visto que ele vive para sempre, nós também para sempre viveremos. “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” (Hb 7.25) Em razão de sua vida, nós viveremos. E assim como ele jamais morrerá, nós seremos por sua eterna vida preservados e conservados para sempre. É por isso que a Escritura diz que fomos “chamados, santificados em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo” (Jd 1.1)
“Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia”. (2 Tm 1.12)
O que Paulo afirma aqui? É triste que passagens tão claras como essa estejam sendo submetidas a diluição daqueles cujas mentes não desejam se comprometer como uma salvação tal que não se pode perder. Paulo está certo de que? A despeito das adversidades que constantemente lhe sobrevinham, apóstolo não titubeava, pelo que, a fim de mostrar-nos como tais adversidades se constituíram numa fraca inimiga tentando impedi-lo de caminhar, ele evoca sua fé naquele que é poderoso para guardá-lo, e transpondo as adversidades resultantes de seu apostolado e pregação entre os gentios, rumo aquele grande dia, ou seja, o de sua salvação.
"As evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns. Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra". (1 Tm 16-21)
Ora, se Deus conhece os que são seus e o apóstolo por meio dessa declaração distanciou as ações de Himineu e Fileto das ações de um crente fiel que possa de fato Deus conhecer, qual era o tipo de fé que os dois naufragaram? Seria a fé que possui àqueles a quem Deus conhece? Se for, qual então seria a lição de Paulo por meio do contraste feito entre os que naufragaram e os que não naufragarão mediante essa declaração, "Deus conhece os que são seus"?
A lição a se aprender das palavras de Paulo é que os que são conhecidos por Deus e os que proferem - fidedignamente - o nome de Cristo se apartarão da iniquidade, e não submergirão em perene queda como naufragaram, por exemplo, Himineu e Fileto. É o que nos diz o texto de João:
"E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro". (1 Jo 3.3)
"Purifica-se" tem como objetivo neste texto explicar uma ação resultante do que é nascido de Deus. A palavra não é imperativa e sim conclusiva.
Deus conhece os que são seus.
"A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória". (1 Co 1.12)
Quem conhece a Deus nunca crucificará ao senhor do Glória. Jamais se afastará definitivamente a ponto de perder-se fatal e irreversivelmente. Assim, os que são conhecidos por Deus não incorrerão nesse pecado, o de crucificar ao Senhor da Glória, por meio de uma incrédula e contumaz rejeição. O texto diz que aquele que conhece ao Senhor nunca seria capaz de crucificá-lo, e isso é facilmente interpretado pelo emprego da palavra “nunca” a qual quer dizer nada além de “jamais fazer isso”, jamais incorrer no erro dos príncipes deste mundo os quais nunca conheceram aquele ao qual estão crucificaram.
"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos." (Rm 8.29)Não há possibilidade de Deus esquecer-se daqueles que ele predestinou, visto que seu conhecimento foi soberanamente planejado a manifestar-se por meio de um plano que tem como objetivo final a glorificação. De quem? Daqueles cujos quais ele conheceu para serem conforme a imagem de Jesus Cristo:
“E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.” (Rm 8.30)
Não há possibilidade de que um crente predestinado, chamado e justificado possa, em um momento de sua vida perde-se totalmente e não galgar o último passo desse elo inseparável e inevitavelmente concretizado na vida dos que são de Deus.
"Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo:” (Rm 11.2) - Deus não pode rejeitar àqueles que ele conheceu. Não que o faz por meio de coação frente à exigência daqueles pelos quais ele salvou e sim porque Ele quis que fosse assim. Se ele conheceu, é certo de que ele não lhes rejeitará, ele conheceu os 7000 que estavam na caverna, bem como conhece um remanescente provido segundo a eleição da graça e da mesma forma que livrou os profetas escondidos, igualmente livrará os seus da danação preparada para os que não se arrependerem.
"Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo." (Jo 17.24)
Como pode haver possibilidade de se perderem aqueles que estarão sempre com Jesus onde Ele estiver, O Jesus encarnado amado antes da fundação do mundo? Sob nenhuma hipótese uma vida salva por Deus perder-se-á, isso porque os que são conhecidos por Deus, o serão por toda a eternidade. Estarão para sempre no reduto de Deus tal como sempre Deus se fez neste eternamente presente.
"Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja." (Jo 17.25,26)
Como haveria possibilidade de tamanha união ser dissolvida?
"Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um" (Jo 17.21,22)
Aqui o Evangelista não poderia ter sido mais incisivo. Como tamanha aliança poderá ser quebrada? Ao Senhor Jesus ser-lhe-í-a possível desatar-lhe sua aliança com o Pai? Evidente que não. Eles são Um junto com o Espírito Santo. Pois então, assim como a união do Pai com o Filho é indissolúvel, tal o é e sempre será a união dos que pelo Pai foram dados a Jesus para conhecê-lo. É isso que diz o texto acima, eles serão um com Jesus, assim como Jesus é um com o Pai. Afirmar que há possibilidade de separação entre Jesus e os crentes verdadeiros, consistirá em afirmar que há possibilidade de separação naqueles cuja união foi citada no contexto com exemplo da união dos crentes com Cristo, a saber, Jesus e o Pai. O texto diz “assim sejam – unidos – como tu é Eu o somos – Jesus e o Pai.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que, mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um.” (Jo 10.27-30)
Aqueles que são conhecidos por Jesus ouvem a sua voz, o seguem e jamais se perderão porque a indissolubilidade que acompanha a Trindade revelar-se-á também sobre aqueles que o Pai der a Jesus Cristo, e é por essa razão que Jesus conclui sua promessa mostrando-nos a união que há entre o Deus Trino, quando disse: “Eu e o Pai somos um”. Elas não hão de perecer disse Jesus. Contudo, a despeito dessa afirmação inquestionável há aqueles que por meio de uma interjeição – porém – abrem uma concessão que não existe no texto, por meio de uma conjunção adversativa que sequer existe no texto, do tipo “porém”, “entretanto”. Ou seja, dizem ser verdade o texto sobre os que fazem por onde para validá-lo em suas vidas. Os cristãos não perecerão se não perecerem. Eles não serão arrebatados, caso não permitam que o sejam. Contudo, essas exceções, relativizam o próprio poder do Pai, que no texto é razão de os crentes não se perderem. Eles estão guardados pelo poder do Pai que a todos é maior. A sua mão é forte para mantê-los. Abrir uma exceção sobre o destino imputado sobre os que foram salvos, significa a abrir exceção sobre a forte mão de Deus. Há algo que possa enfraquecê-la a ponto de que seus filhos lhe sejam tirados de seu regaço? Se há algo, a justificativa de Jesus, explicando por qual motivo não nos perderemos tornar-se-á fraca, pois é sujeita a circunstancias que a fraquejam.
Mas há alguns que não o conhecem, e os tais são os que nunca conheceram a Jesus e não alguns que o conhecendo foram desconhecidos por Jesus ali na frente.
“Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” (1 Co 1.21)
O mundo aqui conota os ímpios e os crentes consistem naqueles que serão salvos. Na mesma conclusividade segue o texto abaixo:
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele.” (1 Jo 3.1)
Quem não conhece a Jesus não guarda sua palavra:
“E vós não o conheceis, mas eu conheço-o. E, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.” (Jo 8.55)
A evidência a ser revelada naqueles aos quais o Pai conhece é que guardarão sua palavra e a evidência a ser revelada naqueles ditos quais Deus não conhece não guardarão a sua palavra. E por isso que João, ao lado da declaração do mestre nos alerta:
“Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.” (1 Jo 2.4)
Conhecer a Jesus implica em ser antes conhecido por ele.
“Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” (Gl 4.9) – Paulo exclama: Como vocês poderiam voltar aos rudimentos deste mundo se foram conhecidos por Deus na eternidade? (Ele exclama tal incoerência a não ser experimentada pelos que foram genuinamente conhecidos por Deus).
E todo aquele que é conhecido por Deus guarda os seus mandamentos e nele está a verdade. Assim, por meio desses versículos acima, afirmo: Existem os que por Deus são conhecidos, e esses são os que foram predestinados, desde a eternidade, a se apropriarem da salvação. Contudo, existem os que embora membrados em suas reuniões assemelhando-se como ovelhas de Cristo sorrateira e sutilmente no arraial dos santos, não passam de ímpios e de não-convertidos, e os tais, nunca foram conhecidos por Deus, muito embora se parecessem com um cristão. É o que pode ser entendido pelas palavras de Jesus abaixo:
“Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. Quando o pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo ele, vos disser: Não sei de onde vós sois; Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas. E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.” (Lc 13.24-28)
Há pessoas tentando entrar pela porta estreita sem submeter-se à ela. Estão entre nós, mas não são de nós. Porém, permanecerão entre nós, até que o Pai – Deus – por fim, feche a porta permanentemente, e dirá os falsos cristãos a verdade sobre suas vidas: “De onde sois vós? Não sei de onde sois vós”, em outras palavras, “não conheço você”, e ainda, eles sempre praticaram a iniquidade, muito embora se mostrassem por vezes, “interessados” para entrar na porta, na qual nunca lhes foi permitido entrar. Estes reprovados alegarão, vejam, alegarão que “comeram na presença do senhor – quem sabe uma alusão a ceia, comungada de forma indigna e infiel - e participaram do ensino bíblico na igreja. Eles participaram do símbolo da fé e da comunhão da fé sem serem genuinamente da fé, senão que eram membros locais da igreja, sem que fossem membros espirituais da Igreja de Cristo.
Ainda, sobre essa passagem, Mateus é mais incisivo e faz uso da palavra a qual nos é de grande interesse e valia na discussão em pauta:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas. E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. (Mt 7.22,23)
Nem todo que diz “Senhor”, conforme nos diz o evangelista, são de Deus. Nem todos que estão entre nós se dizendo salvos são de fato salvos, a fim de que por meio da fé fraca e débil destes, que nestes, em algum momento se manifestará, se faça comparações banais visando comprometer uma visão de uma fé genuinamente dada e jamais retirada, alegando que por meio do abandono desses a fé que supostamente possuíam se possa concluir que um genuíno cristão pode perder a fé genuína. Esses que se dizem ser nada são, senão homens cujas vidas não foram transformadas, muito embora se passem como cristãos ao serem frequentes aos cultos e as funções da Igreja. E ainda simularão piedade quando frente ao Reto juiz alegarão vida santa. Eles dirão que profetizaram, expulsaram demônios, isso depois de Cristo ter dito aos seus que é por meio de contínua oração e jejum que os demônios serão expelidos, visando convergência, e alegarão terem feito maravilhas pelo nome de Jesus. Todas essas “defesas” se desmoronarão frente aquele cuja onisciência é infinita e serão reputadas como obras falaciosas e mentirosas, quando por meio de uma única declaração, Jesus levantar o tapete de seus corações e mostrar-lhes as suas sujeiras: “Nunca vos conheci”. É impossível que esses os quais Jesus disse nunca tê-los conhecido sejam alguns dos quais ele disse ter conhecido antes da fundação do mundo, isso porque nunca “ter conhecido”, não é a mesma coisa que dizer “ter conhecido um tempo e deixar de conhecer em outro”, e sim, que nunca foram de Deus, nunca foram salvos, nunca foram conhecidos desde a eternidade, isso porque os que são conhecidos por Deus, como tenho dito acima, praticam obras genuínas, mas, destes, porém, nada ficará de pé frente ao senhor Jesus, eles não possuem obras. Jesus não se comportaria com tamanha mentira – reverentemente falando – dizendo nunca ter conhecido alguém que ele já conheceu, quando estes antes de estarem ali prontos a serem condenados foram-lhes servos fiéis em uma vida pregressa, mas que agora não são mais.
“Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.23)
“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8.29)
Como os grupos dos dois textos acima podem corresponder às mesmas pessoas, visto que suas obras são e sempre serão diferentes e também sendo que um grupo Jesus NUNCA o conheceu e o outro foi conhecido desde a eternidade? Deus não pode mentir.
Há outros inúmeros textos – se continuasse escrevendo o texto ficaria grande demais - que poderiam ser evocados e submetidos a uma análise por meio da qual concluiríamos o que já fora detectado, ou seja, que toda tentativa de refutar a doutrina da perseverança dos santos é quase sempre fundamentada sob um processo de desdizer o texto interpretando-o por meio de exceções que inexistem no texto. Sempre há um “se” alegam os contradizentes sobre aquilo que Deus diz efetivamente fazer. Que Deus possa nos livrar desse comportamento o qual não pode ser chamado de outra coisa, senão de adulteração da verdade.
Graça e Paz
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