quinta-feira, 28 de abril de 2011

A secularização da Igreja




Por Wailton de Carvalho

Vivemos em uma época sem precedentes na história da raça humana. A tecnologia, crescente desde o pós-guerra, tem modificado radicalmente os métodos de produção industrial, forma de comprar e vender produtos, formas de lazer, hábitos e costumes, sem falar da disponibilidade da informação à velocidade da luz. Estima-se que hoje, a cada cinco anos, é dobrado todo o conhecimento humano, provocando profundas e irreversíveis mudanças na sociedade. Neste meio, temos uma igreja com crise de identidade que não sabe tratar o novo sem violentar os princípios de Deus.

Embora não seja uma unanimidade entre os que tentam definir o período em que estamos vivendo, termos como pós-modernidade ou pós-cristã estão sendo largamente aceitos, tendo seu início nos anos cinqüenta. As alterações em todas as áreas da sociedade têm sido movidas por um profundo desejo de liberdade, igualdade e paz baseadas na informação e sua materialização, gerando um conjunto de fatores que oferecem grandes riscos à Igreja de Cristo, dos quais gostaríamos de enfatizar a secularização.

Secularização significa viver apenas sob o prisma deste século, reduzindo nossos valores, convicções e esperança ao nível estipulado pela sociedade. As igrejas tornam-se instituições religiosas onde se ouve sobre princípios e valores éticos, honestidade, fidelidade, amor e um Deus que faz tudo para você. Os líderes são freqüentemente convidados para palanques, inaugurações de praças, monumentos públicos e outros eventos sociais. Seus membros acreditam que são cristãos por participarem destas entidades religiosas, não importando sua conduta, desde que seja notório a todos que ele cumpre com suas obrigações espirituais. Os ritos são sempre previsíveis, sendo ela pentecostal, carismática, ortodoxa ou católica, e superficiais. Os insatisfeitos, por não terem raízes, migram entre uma e outra instituição em busca de consolo. Termos como “pecado”, “arrependimento” e “santificação”, quando tratados, são sempre de forma superficial e terrena. A leitura bíblica e a oração são feitas com formalidade e restrita aos cultos religiosos, usados para firmar seus conceitos de orgulho, cobiça e poder.

Sintomas deste mal podem ser observados em nossas vidas mediante a observação de nossas ministrações, momentos devocionais e amor aos homens. O processo se inicia com paulatina redução de tempo dedicado à meditação (repare que não escrevemos leitura) e oração diante de Deus. As palavras reveladas vão aos poucos sendo substituídas por artigos retirados de revistas ou internet, ao invés de serem estes instrumentos de consulta durante a busca diante de Deus. Seu conteúdo deixa de falar das promessas futuras, pois estão muito distante de nós, e do pecado escondido, evitando desconforto e baixo astral. Nossos relacionamentos com os membros da comunidade se tornam cada vez mais condicionados aos momentos das reuniões, sendo as conversas relativas aos cuidados deste mundo como carros, filhos, casa, entre outros. Passamos a não ajudar os de nosso grupo por não sabermos de suas necessidades e os de fora por estarmos insensíveis a eles. Evangelizar torna-se função dos novos convertidos, acreditando que já fizemos muito para Deus neste sentido. Por fim, nos tornamos certos e seguros de nós mesmos.

É tempo de destronar Jezabel (I Reis 16 – 19) de nossas vidas. Há necessidade nestes dias de descobrirmos nossas sujeiras revestidas de falsa santidade, escondendo antigos e secretos pecados diante de Deus, sabendo que, caso contrário, a certeza futura que teremos é unicamente o juízo eterno do Pai. Temos adulterado, tornando as coisas do Pai profanas, dizendo ao mundo com nosso viver que há pouca esperança de solução para suas vidas na Igreja. As varas secas são retiradas para que as verdes tenham espaço, antes disso precisamos nestes dias de reconciliação com Deus, receber da seiva do Espírito Santo a fim sermos os Elias e os João Batistas para esta geração.

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