Por Oswaldo Luiz Gomes Jacob
A expressão
inglesa self-service significa ‘servir-se a si mesmo’, geralmente num contexto
de restaurante. Você tem o poder de escolher o cardápio que quiser. O que mais
lhe apetece é isto que você escolhe. A teologia do servir-se a si mesmo é
extremamente egocêntrica. Aliás, ela é antropocêntrica, isto é, o seu
fundamento é o homem e seus interesses pessoais. Nesta teologia eu pago para me
servir e também ser servido. O mais importante é fazer a minha vontade, é o que
penso. Não tenho interesse no que o outro precisa, mas no que eu necessito.
Esta é a pratica de muitos membros de nossas igrejas. Vivemos um tempo de
egoísmo galopante. As pessoas não aceitam determinadas mensagens. Desejam se
servir de mensagens que falam de ‘positivas’
e ‘prósperas’. A teologia self-service tem um viés pragmático. As pessoas são
seletivas e artificiais.
O
princípio desta teologia é que eu tenho o poder de decidir o que é melhor para mim.
Não tenho interesse em mensagens que condenam o pecado e suas diversas formas. Esta
teologia é volúvel. A sua sustentação é comprometedora. Ela também é eclética.
Tem toda a chance de ser mística. Ela desenvolve membros de Igreja descomprometidos
com a mensagem da cruz, com o evangelho de Jesus. Afasta as pessoas e trabalha
fortemente o individualismo. Ela não está interessada na pregação do genuíno
evangelho, mas naquilo que mais funciona para o prazer dos seus adeptos. Na
teologia self-service, o que me dá mais prazer em degustar é aí que tenho todo meu
interesse. Os seguidores desta teologia mudam de igreja com muita facilidade. Há
muitas igrejas que têm um cardápio variado para todos os gostos. O que importa mesmo
é agradar a todos. O negócio é exercer a “política da boa convivência”.
Os que
seguem a teologia self-service não têm fundamentos sólidos. Escolhem não aquilo
que mais edifica, a semelhança com Cristo, mas o que dá mais prazer. Vivem mais
pelo pensar e sentir do que pela fé. Há uma tendência muito forte de liberalismo
como modo de vida. Os fins justificam os meios. Os judaizantes que infernizaram
os irmãos da Galácia e deram muito trabalho a Paulo, eram da teologia do
servir-se a si mesmo. Eles rejeitaram a suficiência da obra de Cristo na cruz
para optarem pelo cardápio mais “sofisticado”. Era o cardápio da justiça própria,
do mérito pessoal para a salvação. O conteúdo da suficiência de Cristo não era
relevante e, por isso, agregaram ao prato outro ingrediente para complementar e
trazer prazer ao paladar teológico deles. O modelo desta teologia é o “eu mesmo”.
O que importa é quem sou e o que quero. Valorizo
o meu desempenho pessoal. Eu sou o centro e Cristo é periférico.
Esta
teologia pode ser substituída pelo serviço a Deus e ao próximo. Só podemos vencer
a teologia do ‘servir- -se a si mesmo’ (egocêntrica) pela teologia da cruz
(cristocêntrica). A nossa felicidade não está em fazer a nossa vontade, mas a
vontade de Deus em Cristo Jesus. Fomos libertos do Maligno e de nós mesmos para
fazermos toda a vontade de Deus (Gal. 5.1). O cristianismo autêntico tem prazer
em servir com alegria e singeleza de coração. O nosso modelo é Jesus (Mt 20.28;
João 13). Jesus não serviu a Si mesmo, mas a nós se entregando em sacrifício vicário
na cruz (Fil. 2.5-8). Fomos chamados para exercermos o diaconato, servindo às
pessoas. Pertencemos ao Reino dos servos, cujo Senhor
é Jesus. Ele é o nosso modelo de alguém que não pensou em Si mesmo, mas em nós.
A Sua teologia era servir ao Pai dando a Sua vida por nós na cruz. É por esta
razão que o apóstolo Paulo ensinou magistralmente aos crentes em Roma ao dizer:
“Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum de nós morre para si. Pois, se
vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De modo que,
quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor” (Rom. 14.7,8).
Fonte: O Jornal Batista
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