Por Bispo Walter McAlister
Que
tempos interessantes são estes! Para os mais velhos é uma época
estranha, assustadora e, até certo ponto, incompreensível. “Como pode?” é
um questionamento que gente da minha geração anda se fazendo muito, a
ponto de eu ficar até um pouco impaciente quando o escuto. Minha
resposta se resume a “é o que é”. Qualquer aluno de História sabe que
mudanças são uma das certezas da vida, aconteçam elas a um indivíduo ou a
uma cultura, uma sociedade ou uma civilização. Fui lembrado
recentemente que um dos impérios mais gloriosos da face da terra, a
Babilônia, hoje nada mais é do que um dos maiores parques arqueológicos
do mundo. Ou seja, ela não passa de milhares de quilômetros quadrados de
ruínas e areia. Quem diria que os jardins suspensos da Babilônia, tidos
como uma das sete maravilhas do mundo antigo, passariam por uma mudança
tão absoluta e irreversível. O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein até
pensou em reconstrui-los, mas isso jamais ocorreu.
O ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, já falou:
“Queremos que tudo seja como sempre foi, mas a História não permite”.
Pronto. É isso. As coisas mudam. Quem vai discordar? Quem vai tentar
provar o contrário? Insensatez e jactância. É uma tarefa inútil e
impossível tentar argumentar pela permanência perene de qualquer coisa.
Até a Bíblia diz que “céus e terra passarão, mas a minhas palavras
jamais passarão” (Mt 24.35).
Por outro lado, diga que as coisas vão mudar para pior e um coral de
vozes se levanta em protesto. “Pessimista!”, “incrédulo!” e “infiel!”
são acusações que constam entre as muitas já feitas contra mim. Mas eu
creio. Creio nas palavras do Mestre. Creio somente no que não passa.
Creio na certeza do Céu. Creio na obra da Cruz. Creio em Deus Pai,
criador dos céus e da terra. Creio em seu unigênito Filho. Creio no
Espírito Santo. Creio na Santa Igreja. Creio que um dia Cristo voltará
para resgatar os seus e para julgar toda a criação. Creio piamente
nisso. E aposto todas as minha fichas no que creio.
Todavia, não creio no modelo atual adotado por grande parte da
Igreja. O Corpo de Cristo já passou por tantas fases que seria absurdo
pensar que aquilo que entendemos por igreja, e como ela se manifesta na
atualidade, é o que ela sempre será até a volta de Jesus. Isso seria
negar o testemunho da História e até das Escrituras Sagradas.
Tampouco creio em muitas das práticas que hoje poluem a Igreja. São
próprias da nossa geração, pois não foram utilizadas pelos nossos
antepassados nem pelos heróis da fé. “Determinar”, “tomar posse” e
“sapatinho de fogo”, entre tantas outras, são expressões específicas da
nossa geração, bem como doutrinas como a Teologia da Prosperidade e
outras. Os que dizem que toda essa poluição está na Bíblia têm que
contender com o testemunho dos nossos pais na fé. Têm que argumentar
contra o peso da literatura cristã produzida nos últimos dois mil anos.
Nos
meus vídeos e posts publicados aqui tenho tratado pontualmente dos
elementos que fazem parte da doutrina e da prática saudáveis, assim como
daquilo que diverge da ortodoxia e da ortopraxis. Prometo continuar a
fazer exatamente isso ao longo de 2013. Neste site, nem todos os
comentários serão expostos, tampouco tratados. Certamente os que se
limitam a me acusar de ser incrédulo ou pessimista não terão suas vozes
ecoadas aqui. Vejo pelos sites que costumam reproduzir meu material que
há um grupo que tem prazer em me desmerecer. Aí, já é prerrogativa dos
que administram tais sites dar voz aos que sumariamente querem fazê-lo
sem dar ouvidos às minhas ponderações. Mas volto a dizer: cada uma delas
é preparada com o propósito de promover saúde e vigor espiritual e
ajudar aqueles que compõem a Igreja a ter uma leitura fiel dos tempos em
que vivemos e das Escrituras que atravessam os tempos sem nunca mudar a
sua mensagem. Sim, céus e terra estão passando. Estão enfrentando
mudanças. Mas as palavras do Mestre permanecem, tanto no que diz
respeito a seu sentido quanto à sua mensagem e ao seu poder.
Na paz,
+W.
Fonte: Walter McAlister
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