Por Ruy Cavalcante
Esta semana
conversava com meu amigo cabo-verdense Leonid Fortes e percebi que tanto lá,
quanto aqui, a realidade é a mesma. Quem dera só no Brasil as pessoas
interpretassem e ensinassem a bíblia como bem entendem, seria apenas um país
fadado ao fracasso espiritual no meio de tantos outros que iriam bem.
O assunto
em pauta era a tal liberdade que temos em Cristo, e como as pessoas têm
administrado isso em nossas igrejas. Vejamos o texto chave:
“Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”. (2 Co 3:17)
Não é
novidade que grande parte de nossos irmãos, especialmente os jovens, se
aproveitam desta liberdade para dar vazão a seus impulsos e a sua energia. Dessa
maneira nos acostumamos a ver pessoas correndo desenfreadamente dentro da igreja,
durante cultos mais “fervorosos”, pessoas gritando, pulando, girando de ponta à
cabeça, adorando extravagantemente, fazendo do culto um verdadeiro circo dos
horrores.
Ora,
fazer isso no culto (por exemplo), não é exercer liberdade, e sim libertinagem,
é praticar uma liberdade sem bom senso, sem ordem, por impulso, tudo o que a
bíblia disse para não fazer (1 Co 14:40).
Mas então,
de que liberdade o texto bíblico fala?
No verso
14 do mesmo texto, temos a resposta quando Paulo diz: “mas o entendimento lhes
ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o
mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido”.
Ora, o
capítulo 3 inteiro da segunda epístola de Paulo aos coríntios trata a respeito
da antiga e da nova Aliança. A antiga sendo retratada como a “letra que mata”
(assunto para outro post), e a nova refletida na “liberdade do Espírito”.
Assim, a
tal liberdade, tão importante para a vida de todo o Cristão, refere-se à
liberdade do jugo da Lei mosaica e da escravidão do pecado, justamente o que
Cristo conquistou na cruz por cada um de nós. Antes éramos escravos, agora
somos livres e com livre acesso à presença de Deus.
Esta é a
liberdade do cristão, não se trata de alvedrio, nem de pular, nem de gritar ou
de agir livremente sem controle. Vejamos outro texto:
“Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo da escravidão”. (Gl 5:1)
Novamente
o assunto é jugo, escravidão. No verso 2 do mesmo texto Paulo fala sobre a circuncisão,
uma vez que o povo continuava se submetendo às ordenanças da lei (jugo), circuncidando-se,
quando na verdade fomos chamados à liberdade, ao jugo leve de Jesus (Mt 11:30).
Impossível
entender outra coisa.
Falam-se
muito nos exemplos de Davi quando tentamos dar credibilidade a essa
libertinagem que toma conta de muitos cultos. Usasse exemplos de como ele
pulou, gritou, e fez coisas semelhantes a essa.
Mas se
formos atentos e cuidadosos, perceberemos que em nenhuma das oportunidades que
Davi agiu dessa forma, ele estava num culto, numa ministração no Tabernáculo,
antes ele estava em comemorações, festejando vitórias em guerras, no meio da
rua, ou junto do povo. Nunca ministrando a Deus diante do povo.
Meus irmãos,
pular, gritar e rodopiar não é necessariamente pecado, mas existem lugares
corretos para se fazer isso, e esse lugar não é o culto a Deus. Lembre que o
culto é a Deus, não a nós mesmos. Vamos ao culto não para receber, mas para
entregar, entregar nossa adoração a Deus.
Certa vez
dois rapazes resolveram acrescentar algo que acharam interessante em suas
ministrações de adoração, algo que não foi ensinado, que Deus não ordenou. O resultado
disso vocês podem verificar no capítulo 10 de Levíticos.
Se liga
irmão, vamos viver um cristianismo bíblico, não torne aquilo que você gosta
numa verdade bíblica!
E que
Deus nos abençoe sempre, perdoando nossa dificuldade em entendê-lo.
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Em tempo:
Não vejo problema algum em você dançar, bater palmas e até pular
durante o culto, desde que com isso você esteja festejando a Deus. O
problema são nossos exageros e nossa falta de bom senso, pois tornamos
essas coisas um elemento do culto, transformando-o apenas num show, sem
ordem alguma, e sem a mínima decência. Um culto sem isso, continua sendo
um culto, por outro lado, um culto com esses exageros se torna um
circo.
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