Por Julian Freeman
Ser pastor é uma coisa estranha.
Proclamamos uma mensagem com o poder de
Deus para transformar as pessoas, mas não podemos sequer transformar a
nós mesmos. Chamamos os outros à perfeição, como o fez Jesus, mas nossas
vidas são cheias de imperfeição. Devemos pastorear como o Pastor,
embora sejamos simplesmente uma das ovelhas.
Buscamos fazer com que Cristo cresça
(embora ele seja invisível aos olhos humanos) enquanto buscamos diminuir
(embora permaneçamos estagnados semana após semana). Dizemos que
números não importam, mas desejamos que muitos sejam salvos. Labutamos
para que a igreja cresça, embora percebamos que cada alma aumenta a
nossa responsabilidade diante de Deus.
Tentamos expressar o Infinito e Eterno
em 45 minutos ou menos; obviamente falhamos, de forma que tentamos de
novo na semana seguinte.
Gastamos nossas vidas estudando um livro
que jamais compreenderemos completamente e lutamos para explicá-lo a um
povo que não pode entender à parte da obra de uma terceira parte.
Quanto mais estudamos, mais certos ficamos da sabedoria de Deus e da
nossa tolice; e, todavia, ainda devemos pregar.
É-nos dito que não muitos deveriam ser
mestres e que haverá um julgamento mais severo para aqueles que o são,
e, todavia, não conseguimos resistir à compulsão de pregar. Chamamos as
pessoas a fazer algo que elas não podem, com uma autoridade que não é
nossa, e então no final das nossas vidas prestamos contas a Deus pelas
almas que pastoreamos.
Somos chamados a nos afadigar na palavra
de Deus e em oração; todavia, não há nada a que o nosso inimigo se
oponha mais ativamente. Trabalhamos para edificar uma comunidade onde
pessoas sejam unidas, enquanto ocupamos um ofício cheio de tentações ao
isolamento.
Pregamos um evangelho de alegria, mas os pregadores são pressionados com tentações à depressão.
Devemos pregar com paixão, mas pastorear
com paciência. Devemos ser gentis com as ovelhas e ferozes com os
lobos. E devemos de alguma forma discernir a diferença.
Devemos instar para que as pessoas se
arrependam e creiam, embora sabendo o tempo todo que é Deus quem deve
salvar. Rogamos a Deus em oração até que nossa vontade seja alinhada à
dele. Devemos buscar fervorosamente a presença do Espírito, sabendo
muito bem que ele sopra onde quer.
Devemos lutar com toda a nossa força,
mas nunca, jamais confiar nela. Somos pagos para fazer satisfatoriamente
um trabalho que nunca termina: Quando estudei o suficiente? Quando orei
o suficiente? Quando aconselhei ou fiz mentoria o suficiente? Nós, que
nunca terminamos, somos chamados a levar outros a descansarem na obra
consumada/terminada de Jesus.
Por fim, trabalhamos e anelamos por
resultados que jamais podemos alcançar. Ser um pastor é uma jornada
permanente a um lugar de absoluta dependência.
Esse é um trabalho estranho: ser um pastor. Mas eu não o trocaria por nada neste mundo!
Fonte: Monergismo
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