domingo, 18 de setembro de 2011

Onde está Deus em nossa Dor?


Por Dustin Shramek

Não precisamos sentir vergonha por existir dor em nosso sofrimento. Como já disse antes, se não há dor, não pode ser chamado de sofrimento.

O clamor de Jesus: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" não era apenas uma explosão espontânea de emoção. Era também uma citação do Salmo 22, que tem muito a dizer sobre Cristo e seu sofrimento, assim como sobre sua esperança.

Davi escreveu o Salmo 22 sobre si mesmo e como uma profecia messiânica. "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido? Deus meu, clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não tenho sossego" (vs. 1,2). Sua experiência era muito semelhante ao que vemos no Salmo 88, mas ele vai um passo adiante. Ele se sente desamparado, não recebeu uma resposta, e não encontra sossego, mas então diz: "Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel" (v. 3).

Ele foi abandonado, mas não se esqueceu em nenhum momento de uma coisa muito importante - o fato de que Deus é santo. Como considerar Deus como santo nos ajuda no meio do sofrimento? Que tipo de ajuda é essa quando estamos presos no poço e a escuridão ameaça nos sufocar?

Isso nos ajuda de duas maneiras. Primeiro, no meio de nossa dor, a santidade de Deus é um salva-vidas ao qual podemos nos agarrar para que não caiamos no abismo. Segundo, é porque Deus é santo que ele mesmo nos guardará de cair no abismo.
Isaías teve notável percepção da santidade de Deus quando ouviu os serafins clamando uns para os outros: "Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória!" (Is 6.3). O que será que eles viram a respeito de Deus que os levou a fazer essa declaração?

Os serafins foram compelidos a fazer a declaração da santidade de Deus baseados no todo do seu caráter e de todos os seus atributos. É a sua divina perfeição que faz com que eles se humilhem cobrindo seus olhos e pés. Eles vêem a absoluta singularidade de Deus, o fato de ele ser diferente de qualquer outra coisa; mas, além disso, eles vêem que ele é glorioso em sua singularidade. Como Moisés declarou em Êxodo 15.11: "O SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?" John Piper expressa isso com muita propriedade:

Deus é santo em sua absoluta singularidade. Tudo o mais pertence a uma classe diferente. Nós somos humanos; Rover é um cão; o carvalho é uma árvore; a Terra é um planeta; a Via Láctea é uma entre um bilhão de galáxias; Gabriel é um anjo; Satanás é um demônio. Mas só Deus é Deus. E, portanto, ele é santo, totalmente diferente, distinto, singular. Tudo o mais é criação. Só ele cria. Tudo o mais tem começo. Antes somente ele existia. Tudo o mais depende. Ele é auto-suficiente. E, portanto, a santidade de Deus é sinônima de seu valor infinito. Sua glória está brilhando a partir de sua santidade. Sua santidade é o seu valor intrínseco - uma excelência única.

Assim, não é apenas que Deus seja absolutamente ímpar, mas é que por ser absolutamente ímpar ele é valioso na sua supremacia. E tudo isso compõe o significado da palavra "santo". A santidade de Deus não é apenas um entre muitos atributos; é a beleza de tudo o que ele é. Assim, quando dizemos que Deus é santo, o que queremos dizer é que Deus é Deus, o único Deus.

Essa é nossa esperança no meio do sofrimento. Não há nenhum outro mais poderoso. Não há nenhum outro mais amoroso. Não há nenhum outro mais misericordioso. Não há nenhum outro mais compassivo. Não há nenhum outro Deus senão Deus. Só ele é salvador, e só ele é Senhor. E porque Deus é santo que podemos ter confiança de que ele cumprirá suas promessas para conosco e que sua misericórdia será derramada sobre nós e, ainda, que sua sabedoria irá modelar nosso sofrimento e tudo o mais em nossa vida para contribuir para nosso bem.

Depois da morte do nosso filho Owen, minha esposa e eu frequentemente fizemos profundas e arrebatadoras perguntas a respeito de Deus e seus propósitos. Mas sempre que éramos tentados a deixá-lo, éramos também confrontados com a pergunta: "Se não for Deus, então, quem será? Se não for Deus, então, o que será?"

Poderíamos abandonar a verdade e voltar-nos para alguma outra religião? Não há esperança para nós lá fora, pois aí teríamos de nos salvar a nós próprios. Poderíamos tornar-nos ateus? Não há esperança para nós aí, pois, então, a vida se tornaria fútil. Poderíamos voltar-nos para o materialismo? Não há esperança para nós aí, pois as coisas materiais não podem trazer de volta nosso filho, nem podem evitar que soframos no futuro. Não há esperança em lugar algum, porque somente Deus é Deus e só ele é santo.

Assim, em nosso sofrimento podemos apegar-nos a Deus em sua santidade. E, para ser totalmente honesto, há vezes em que nos apegamos a ele de modo simples, porque vemos que não há nada mais em que nos segurarmos. Porém, penso que é assim mesmo. Deus quer que vejamos que não há nada mais em que nos apegarmos.

ONDE ESTÁ DEUS EM NOSSA DOR?

Porém, existe mais esperança para nós, porque é pela sua santidade que Deus se apega a nós. Isaías escreve:

Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador (Is 43.1-3).

Deus nos diz que não precisamos ter medo. Por quê? Porque ele mesmo é aquele que nos ajuda. Ele é aquele que segura nossa mão e não solta. Nosso Redentor simplesmente não é qualquer um. Nosso Redentor é o Santo de Israel. Porque Deus é santo nós podemos ter confiança de que ele cumprirá suas promessas a nosso respeito. Se ele não é santo, ele pode fazer todas as promessas do mundo e, contudo, não ter nenhuma intenção ou mesmo a capacidade de cumpri-las. Mas ele é santo e, portanto, suas promessas são seguras. Quando ele diz que nunca nos deixará nem nos abandonará, ele quer dizer exatamente isso. Quando ele afirma que opera todas as coisas para o bem dos que o amam, ele o faz.

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