domingo, 11 de dezembro de 2011

O diabo não dorme. Mas ele faz dormir


“E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação”
Lucas 22:46

Por C. H. Spurgeon

Quando é que o crente mais quer dormir? Não é precisamente quando as circunstâncias não ajudam, quando tudo é difícil? Não é assim consigo também? Quando os problemas se acumulam e não nos permitem aproximar daquele trono de graça e perdão, quando menos queremos ser vigilantes e oportunos, quando mais precisamos de ser e estar assim oportunamente diante de Deus.

As estradas fáceis também trazem sonolência a quem cavalga. Também aqui encontramos poucas pessoas que querem permanecer acordadas. Os crentes não adormecem com muitos leões por perto. Ou quando atravessam um rio perigoso, ou quando lutam com Apolião, mas apenas quando já subiram até meio daquela montanha penosa e chegam a bom porto. Ali sim, até um leão pode estar escondido que ninguém supõe ser possível ser tragado vivo! Será ali quando um peregrino adormece para perdição sua. Os locais onde os peregrinos descansam, onde o perfume do descanso convida e se realça, onde a brisa suave sopra um som relaxante, onde tudo contribui para que pestaneje e isto enquanto o príncipe, o Filho do Homem, está para chegar a qualquer momento.

O diabo não dorme. Mas ele faz dormir. Recordemos aqui a discrição de João Bunyan: eles chegaram a um porto embelezado com verde, quente e comprometedor, muito refrescante para aos peregrinos exaustos; estava embelezado com folhas verdes e convidativas, fornecido com galhos e tentações; também havia por ali uma almofadada cadeira de descanso onde qualquer peregrino gostaria de se enroscar. O Porto chamava-se “Amigo do Preguiçoso” e foi propositadamente feito para iludir e enganar quem fosse passando por ali, quem estivesse cansado e tentado a descansar”. Se dependemos disto para viver, será em lugares como este onde podemos perder nossa vida infantilmente.

Ali esquecemos que corremos perigo de morte, que existe um Leão pronto a saltar e tragar e despedaçar. Erskine disse pela sabedoria: “melhor é ter um demônio barulhento por perto, a rugir, do que um calado”. Não existe maior tentação que a ausência dela. Um espírito atribulado não dorme, não adormece facilmente. É apenas quando entramos numa fase de confiança, falsa ou verdadeira, que o perigo tem a sua melhor oportunidade de nos tragar logo. Quando é que as noivas perderam o comboio para a boa aventurança? Não foi quando confiaram no azeite que tinham? Também os discípulos adormeceram quando sabiam que Jesus orava. Tenha cuidado, toda a precaução, crente alegre, pois pode estar confiante demais e adormecer infantilmente.

Esteja alegre, o mais alegre que pode e sabe, pois o seu Deus é realmente grandioso; mas acima de tudo, nunca deixe de estar e permanecer sempre vigilante. Seja alegre, sim, mas vigilante.

4 comentários:

  1. Explique melhor a tentação do ponto de vista calvinista, eu nunca entendi direito onde isso se encaixa. Se estamos destinados à salvação por que somos tentados?

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  2. Graça e paz Nádilla.
    A tentação que sofremos não nos faz perder a salvação, o qie perdemos é a alegria da salvação devido ao envolvimento no pecado. Mas é bom deixar claro que quem é salvo não vive na prática do pecado, pois não tem prazer nele. Lembre-se que até Jesus foi tentato por Satanás e a Bíblia nos fala que esse ser ardiloso nos tenta também. Não é porque eu pequei que perderei a salvação, mas a alegria da comunhão com Deus está sim fica arranhada.
    Por isso devemos vigiar e orar.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

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  3. Muito obrigada por ter me respondido, pastor. Pessoalmente continuo achando que o pecado nos afasta de Deus e portanto é necessário um estado de vigilância. Sei que os ambos os lados tem suas bases bíblicas. Sendo assim, gostei muito de sua resposta sincera. Já tentei a mesma pergunta em outro blog calvinista e eles nem sequer publicaram.

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  4. Graça e paz Nádilla.
    Vamos supor que você tenha um filho e ele faz alguma coisa que lhe deixa muito chateada, por acaso esse seu deixa de ser seu filho por causa disso? É o caso, por exemplo, do filho pródigo. Ele deixou de ser filho do pai dele por tê-lo desobedecido e saído de casa? Claro que não. Por isso é que ele voltou para casa, porque ele era filho. Se somos filhos de Deus o pecado me afasta muitas vezes da comunhão com nosso Pai, mas não deixamos de ser seus filhos. Se humanamente falando não perdemos a nossa filiação com os nossos progenitores, como podemos perder a nossa filiação com aquele que nos deu a Vida Eterna. Se é eterna como posso perdê-la? Quem é filho de Deus não tem prazer em pecar, mas se pecar pedimos perdão a Deus e somos perdoados. Pense nisso.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

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