quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Feliz dia da morte

Por Davi Lago

O dia da morte é melhor que o dia do nascimento. Eclesiastes 7.1

Os habitantes da cidade de Londres ficaram chocados quando a peça teatral Feliz dia da morte entrou em cartaz. Como é possível se alegrar com a morte? A morte não é o dia mais triste da vida?

A morte realmente amedronta muitas pessoas. A morte fez balançar até o ateu mais ateu que conheci. Ele disse: “Quando minha esposa sofreu um acidente e ficou internada no hospital à beira da morte, confesso que quase negociei com a Divindade”.

O filósofo Voltaire chegou a afirmar: “Nunca pense na morte. Esse pensamento só envenena a vida”[1]. Nossa tendência é mudar de assunto, varrer a morte para debaixo do tapete e fingir que ela não existe. Quando fiquei frente a frente com um defunto pela primeira vez, senti a morte de forma palpável. Obviamente percebi que o defunto era um corpo vazio. Realmente vazio. Foi um sentimento estranho, doloroso, penoso. Creio que essa é a inclinação da maioria das pessoas.

No entanto, não adianta isolar a morte das nossas reflexões. Na verdade, a morte está muito próxima de cada um de nós: tanto de forma literal como de forma figurada. Podemos literalmente morrer a qualquer momento: seja por uma doença, um assalto, uma bala perdida, um acidente na estrada. Qual de nós sabe a hora? Isso sem falar das inúmeras notícias das mortes de outras pessoas que nos bombardeiam através dos meios de comunicação.

Por outro lado, percebemos imagens da morte o tempo todo. Por exemplo, cada despedida carrega em si uma imagem da morte. Quando você despede-se de alguém ali existe uma imagem da morte. Isso sem falar de quando dormimos. Cada dia pode ser encarado como uma microvida: nascemos pela manhã, crescemos durante o dia, cansamos à tarde e morremos à noite ao dormir.

Brad Pitt interpreta a morte no filme Encontro Marcado como um homem elegante. Já o imaginário popular a descreve como uma caveira horrorosa vestindo um sobretudo preto com uma foice na mão. Seja ela bonita ou feia, ela está ai. Como afirmou o pensador Heidegger: “Quando um homem começa a viver, ele começa a morrer”.

È engraçado notar uma das expressões que utilizamos para nos referirmos à morte de alguém. Costumamos dizer: “Ele se foi”. A pergunta é: Ele se foi para onde? Para onde vamos? Ou não vamos para lugar nenhum? Reencarnamos? Ressuscitamos? Ou simplemente somos aniquilados?

Há tribos de esquimós que enterram seus mortos junto com um cão, pois acreditam que o animal pode guiar seu dono no além. Nativos africanos de tempos passados matavam o maior número de pessoas porque acreditavam que esses mortos seriam seus escravos no além. Os índios xavantes comiam seus filhos que morriam crianças porque acreditavam que a alma dos infantes estaria segura dentro deles. A humanidade se preocupa com o além. O que vêm depois da morte?

Por nós mesmos não podemos saber isso jamais. Há um texto bíblico que diz o seguinte: “Visto que ninguém conhece o futuro. Quem lhe poderá dizer o que vai acontecer?” (Eclesiastes 8.7).

Realmente não há como saber, por nós mesmos, o que acontece após a morte. Tudo o que dissermos não passa de especulação. No entanto, os cristãos creem na Bíblia como revelação de Deus ao homem. Ou seja, se realmente a Bíblia é a Palavra de Deus, um livro onde Deus se comunica com o homem, é possível saber o que vem depois. A pergunta então é: o que a Bíblia afirma sobre a morte?

Em rápidas palavras: As Escrituras afirmam que depois da morte os seres humanos são julgados por Deus e há uma única maneira de não ser condenado à “segunda morte”, ou seja, a miséria eterna no inferno: crer em Jesus Cristo.

“Disse-lhes Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?’” (João 11.25-26).

Depreende-se desses versos que aqueles que crerem em Jesus viverão eternamente ao lado de Deus. Isso é o que a Bíblia afirma. A pergunta de Jesus é clara: “Você crê nisso?”.

Como cristão eu acredito na Bíblia e no que ela diz sobre a morte e a pós-morte. Também creio que o último dia deve ser a nossa preocupação de todos os dias.

Refletindo sobre a morte reparei o seguinte: Conheço inúmeras histórias de ateus que clamaram a Deus na hora da morte, mas jamais tive notícia de um cristão fiel que desistiu de Deus no momento de sua partida. Pelo contrário, os relatos revelam que muitos cristãos cantaram os mais belos cânticos de louvor e disseram as frases mais apaixonadas por Deus de suas vidas justamente antes de morrer. Esses fatos são notórios. Como é possível alguém tratá-los com descaso?

Para o cristão a morte não é um beco sem saída, mas uma estrada que leva para o céu. Para os crentes em Jesus a morte não é o fim, mas o início de uma nova vida.

Notas

[1] BUNGENER, Louis Felix. Voltaire and his times. Edinburgh: Thomas Constable, 1854, p.466 [Disponível em: Google Books. Acesso 30 ago 2011]

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