Por Paulo Brasil
Certa vez, em Fortaleza, me deparei com jovem professor que abruptamente me falou: "Não acredito em milagres". O assunto que tratávamos, até então, era a respeito do poder de Deus. E isto, o incomodou sobremaneira, e notei que sua reação foi explosiva.
Voltara-se com toda indignação para expressar sua rejeição ao poder real de intervenção Deus nas coisas deste mundo. Sua revolta, contudo, tinha um significado claro: fugir das virtudes do Deus das Escrituras.
Passado alguns anos, percebo-o como a muitos outros, pronto para reagir contra todo testemunho que sugira a existência de um ser pessoal, o qual tenha se comunicado proposicionalmente com os homens. E que tal fato, tenha sido registrado e preservado durante os séculos: A Bíblia Sagrada, que hoje temos.
Há uma profusão de textos em todos os lugares expressando a ira dos homens contra Deus. São artigos de filósofos, escritores, cronistas, cientistas e até de religiosos. Muitos desses, quase em sua totalidade, desconhecem completamente a revelação. Sem escrutínio honesto, produzem de suas próprias mentes dúvidas irônicas, conceitos dúbios, acrescentam-lhes significados, tudo mantido por uma disposição interior de ser contra tudo que se chama Deus. Há, neste sentido, um arranjo coletivo. A simples possibilidade da discussão sobre a existência do Deus da Bíblia produz-lhes ira, sentimentos de aversão, ofensas pessoais e até histeria.
Quando se permitem ao questionamento, asseveram que não há lógica, nem ordenamento nos argumentos e conclusões que levam a existência de Deus. Alegam que sua existência só pode ser provada se submetida ao rigor científico. É difícil precisar o que querem dizer com isto. Não se espera que a existência de Deus seja definida em um laboratório, ou pelo simples vagar das mentes humanas. Afirmam, ainda, que a fé em Deus é um salto para além da lógica, um salto no escuro. Possivelmente, para além da lógica deles. Cremos em um Deus que entrou na história humana - no tempo e no espaço; como não tem lógica?
É lógico que Deus, em sua soberania, se revele - se dê a conhecer - a quem o queira; e que a natureza deste relacionamento se encontra, consequentemente, fora da percepção natural do homem. Como não tem lógica Deus ser transcendente e imanente ao mesmo tempo?
Contemple o que o Senhor diz:"Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles".
Desconsiderar a possibilidade de milagres, significa estreitar o universo de possibilidades. Na premissa deles, Deus, para existir, precisa estar exclusivamente na esfera dos negócios terrenos, objeto perceptível dos instrumentos da aferição humana - apenas imanente. Ou seja, o Deus a ser provado, segundo eles, não pode ser o Deus das Escrituras - que também é transcendente. O deus que eles buscam provar é o deus do folclore nacional: saci perêrê, mapinguari etc. O deus dos fenômenos naturais... deus que não é Deus.
A premissa implica na exclusão da possibilidade da existência de Deus, do Deus que se revelou aos homens; rejeitando a verdade, esquadrinham a mentira para achar um deus adequado às suas inferências. Por que não lhes basta a ação de Deus na história humana: a transformação das vidas de Paulo, Pedro; na preservação do povo judeu; nas profecias cumpridas etc.?
Escrevo o texto sem qualquer ressentimento, ou necessidade de controvérsia com aqueles que despendem sua energia nesse torneio. Escrevo para mentes cristãs, para que percebam que os argumentos que envolvem este tema são espraiados em sentimentos de rebeldia, de deconhecimento, de desesperança. Por outro lado, é preciso resgatar valores que têm sido lançados fora pela usura neo-evangélica. Precisamos com urgência retornarmos à defesa da fé - doutrinas - que de uma vez por todas foi entregue aos santos". E ainda, "devemos estar sempre prontos para responder a todo aquele que pedir a razão da esperança que há em nós".
Os dircursos contrários ao Senhor e a própria revolta do jovem professor, outrora, foram os meus argumentos. Quando, hoje, os leio, volta em minha mente e em meu coração quem um dia fui. O testemunho das Escrituras tipifica: "por natureza filho da ira como os demais e andava segundo o curso deste mundo, sem esperança, sem Deus". Isto fundamentava e alimentava minha argumentação contra o Senhor, era, na realidade, a expressão dos meus temores, da minha falta de paz, da solidão incurável da minha alma, da minha soberba e ignorância.
Mas, em sua bondade e amor, e nada que tenha feito para ser objeto de tamanha misericórdia, Ele me chamou: "Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas".
Volto a questionar: De onde vem tanta aversão ao Deus das Escrituras? Por que a insurreição? A resposta soa em meus ouvidos: vem do cansaço e solidão das suas almas, do choro contido da desesperança, da própria existência... sem Deus.
A Ti, soberano Deus, toda honra, toda glória, todo o louvor, pois só Tu és Deus.
Oro a Ti, Senhor, que em tua misericórdia, abra os olhos destes para que percebam quem realmente são, e assim, conheçam a Ti, e saibam só Tu és Senhor.
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