segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Como Herdamos a Promessa


Por John Piper

A paciência é sustentada pela fé na promessa da graça futura. Em toda a frustração não planejada no caminho da obediência, a Palavra de Deus se sustenta: "Jamais deixarei de fazer o bem a eles [...]. Terei alegria em fazer-lhes o bem [...] de todo o meu coração e de toda a minha alma" (Jeremias 32.40,41). Ele está nos seguindo com bondade e misericórdia todos os dias (Salmos 23.6). A murmuração impaciente é, portanto, uma forma de incredulidade.

Por isso a ordem de ser paciente assume um significado imenso. Jesus disse: "É perseverando [pela paciência] que vocês obterão a vida" (Lucas 21.19). E o autor de Hebreus diz: "Imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida" (Hebreus 6.12). Chegamos à herança pelo caminho da paciência, não porque a paciência é uma obra da carne que faz merecer a salvação, mas porque a paciência é um fruto da fé na graça futura.

Charles Simeon serviu à Igreja da Inglaterra de 1782 a 1836 na Trinity Church em Cambridge. Ele foi designado para lá por um bispo contra a vonta¬de do povo. Os paroquianos se opuseram a ele, não por ser um mau pregador, mas porque era evangélico — ele cria na Bíblia e desafiava à conversão e san¬tidade e à evangelização do mundo.

Durante 12 anos, o povo não permitiu que ele pregasse o sermão de domingo à tarde. E durante esse tempo eles boicotaram o culto dominical matinal e bloquearam os bancos para que ninguém pudesse sentar neles. Ele pregou a pessoas nos corredores durante 12 anos! A permanência média de um pastor em uma igreja nos Estados Unidos é de quatro anos, em condições normais. Simeon começou com 12 anos de intensa oposição — e durou 54 anos. Como ele perseverou com tanta paciência?

Nesse estado das coisas eu não vi remédio a não ser fé e paciência [Observe a relação entre fé e paciência!]. O trecho das Escrituras que dominava e controlava minha mente era este: "Ao servo do Senhor não convém contender". [Observe: A arma na batalha pela fé e paciência era a Palavra!]. Era dolorido ver a igreja, com exceção dos corredores, quase abandonada; mas eu pensava que se Deus somente desse uma bênção dobrada à congregação que estava ali, no todo haveria tanto bem como se a congregação fosse o dobro e a bênção limitada a apenas metade dessa porção. Isso me confortou muitas e muitas vezes, quando sem essa reflexão eu teria sucumbido sob meu fardo.

De onde ele obteve a garantia de que seguir o caminho da paciência conduziria à bênção sobre seu trabalho que compensaria a frustração de ter todos os bancos bloqueados? Ele a obteve de textos que prometiam a graça futura — textos como: "Como são felizes todos os que nele esperam!" (Isaías 30.18). A Palavra venceu a incredulidade, e a fé na graça futura venceu a impaciência.

Cinquenta e quatro anos depois ele estava morrendo. Era outubro de 1836. As semanas se arrastaram, como tem ocorrido com muitos santos moribundos. Aprendi, ao lado de muitos crentes à porta da morte, que a batalha contra a impaciência pode ser muito intensa no leito de morte. Em 21 de outubro, os que estavam ao lado da sua cama o ouviram dizer as seguintes palavras, lentamente e com longas pausas:

A infinita sabedoria dispôs tudo com infinito amor; e o infinito poder me capacita — a descansar nesse amor. Estou nas mãos do Pai amado — tudo está seguro. Quando olho para ele, não vejo nada a não ser fidelidade — e imutabilidade — e verdade; e tenho a paz mais doce — não posso ter mais paz que isso.

A razão para Simeon morrer assim foi a disciplina de 54 anos de ir às Escritu¬ras e de se apropriar das promessas da graça futura e de usá-las para vencer a incredulidade da impaciência. Ele aprendeu a usar a espada do Espírito para combater o combate da fé na graça futura. Pela fé na graça futura, aprendeu a esperar com Deus no lugar não planejado da obediência, e a andar com Deus no passo não planejado da obediência. Com o salmista, disse: "Espero no SENHOR com todo o meu ser, e na sua palavra ponho a minha esperança' (Salmos 130.5). Na vida e na morte, Charles Simeon tornou clara e impactante a promessa: "O SENHOR é bom para com aqueles cuja esperança está nele" (Lamentações 3.25).

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