Por Davi Lago
O cristianismo se difundiu espantosamente. Sua expansão pelo planeta é impressionante. Podemos destacar três características dessa difusão prodigiosa:
Primeiro, a expansão foi numérica. No dia de Pentecostes, após a pregação do apóstolo Pedro, três mil pessoas se tornaram cristãs. Pouco depois outras cinco mil também assumiram um compromisso com Cristo. Por volta do ano 58 d.C. o apóstolo Paulo escreveu aos romanos que a fé cristã já era divulgada no mundo inteiro: “Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês, porque em todo o mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm” (Rm 1.8). Pouco tempo após a morte dos apóstolos, Justino escreveu: “não há uma só raça de homens, bárbaros, gregos ou qualquer nome que se possa imaginar, entre os quais não se invoque o nome de Jesus Cristo”. Cerca do ano 180, Irineu fez menção das igrejas da Germânia, Espanha, Gália, no Oriente, no Egito, na Líbia, etc. O historiador pagão Tácito diz que já sob o reinado de Nero (trinta anos depois de Cristo) havia em Roma uma grande multidão de cristãos. A expansão numérica do cristianismo é um fato histórico comprovado.
Segundo, a difusão foi geográfica. Havia locais onde rapidamente o cristianismo se tornou a religião dominante, como a Ásia Menor atual, o Chipre, a Armênia e o território de Edessa. Em outras localidades o cristianismo ganhou parcela notável da população, como Antioquia, Egito, Roma, Itália do Sul, Áfria proconsular, Espanha, as partes principais da Grécia e a costa do sul da Gália. Os locais onde o cristianismo se espalhou pouco foram: Palestina, Arábia, Mesopotâmia, norte da Itália, Mauritânia e Tripolânia. E os locais onde o cristianismo era muito diminuto eram: Filístia, Pérsia, Índia, Germânia, Bélgica, Bretanha e a Nórica. O fato mais eloquente, porém, está no número de bispos cristãos existentes em cerca do ano 325: havia aproximadamente 900 bispos no Oriente e 800 no Ocidente [1].
Terceiro, a propagação teve grande penetração social. O cristianismo tinha como uma grande característica a evangelização dos pobres. Paulo mesmo afirma que no inicio da igreja, não havia entre os cristãos pessoas de destaque social: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento” (1Co 1.26). Todavia, como o cristianismo é universal por sua natureza, desde os primórdios também começou a conquistar todas as camadas da sociedade. Indivíduos ricos, como o procônsul Sérgio e Dionísio o membro do Areópago, foram convertidos através da pregação de Paulo. Ainda nos dias de hoje, os epitáfios das maiores família de Roma indicam serem essas cristãs. Indivíduos doutos como Justino, Atenágoras, Aristides, Irinei, Tertuliano, Clemente e Orígenes aceitaram a Cristo. Até mesmo militares se tornaram cristãos. Paulo enviou saudações até mesmo aos cristãos que estavam no palácio de César (Fp 4.22).
O crescimento do cristianismo é ainda mais notável ao se estudar as dificuldades que ele enfrentou. Jesus era filho do povo judeu, que era desprezado por todos os demais povos. Era ainda da região dos galileus, menosprezada pelos próprios judeus. Os pregadores do cristianismo eram também judeus e galileus, na sua maioria, pescadores rudes, iletrados, sem cultura, sem influência. A doutrina cristã, humanamente falando, desgostava todos os ouvintes. Aos judeus, ela propunha a troca da lei antiga pelo culto internacional de um galileu crucificado. Aos gentios ela exigia que os seus deuses cedessem o lugar ao Deus único, invisível dos judeus e a um judeu visível que havia sido morto. A nova moral, longe de elogiar as paixões da sociedade, soava como uma declaração de guerra às más inclinações humanas. Não se deve estranhar que a doutrina de Cristo era um “escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios” (1Co 1.23).
A difusão tão rápida de uma religião difícil, cercada de obstáculos de todo tipo, desprovida de quase todos os meios naturais, sobre grande parte da terra, em todas as classes sociais, não se pode explicar naturalmente, mas unicamente por uma intervenção extraordinária de Deus.
Notas
[1] ERWICH, Marcos. Pequeno curso de apologética. Petrópolis, RJ: Vozes, 1940, p.135
Fonte: Napec
O cristianismo se difundiu espantosamente. Sua expansão pelo planeta é impressionante. Podemos destacar três características dessa difusão prodigiosa:
Primeiro, a expansão foi numérica. No dia de Pentecostes, após a pregação do apóstolo Pedro, três mil pessoas se tornaram cristãs. Pouco depois outras cinco mil também assumiram um compromisso com Cristo. Por volta do ano 58 d.C. o apóstolo Paulo escreveu aos romanos que a fé cristã já era divulgada no mundo inteiro: “Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês, porque em todo o mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm” (Rm 1.8). Pouco tempo após a morte dos apóstolos, Justino escreveu: “não há uma só raça de homens, bárbaros, gregos ou qualquer nome que se possa imaginar, entre os quais não se invoque o nome de Jesus Cristo”. Cerca do ano 180, Irineu fez menção das igrejas da Germânia, Espanha, Gália, no Oriente, no Egito, na Líbia, etc. O historiador pagão Tácito diz que já sob o reinado de Nero (trinta anos depois de Cristo) havia em Roma uma grande multidão de cristãos. A expansão numérica do cristianismo é um fato histórico comprovado.
Segundo, a difusão foi geográfica. Havia locais onde rapidamente o cristianismo se tornou a religião dominante, como a Ásia Menor atual, o Chipre, a Armênia e o território de Edessa. Em outras localidades o cristianismo ganhou parcela notável da população, como Antioquia, Egito, Roma, Itália do Sul, Áfria proconsular, Espanha, as partes principais da Grécia e a costa do sul da Gália. Os locais onde o cristianismo se espalhou pouco foram: Palestina, Arábia, Mesopotâmia, norte da Itália, Mauritânia e Tripolânia. E os locais onde o cristianismo era muito diminuto eram: Filístia, Pérsia, Índia, Germânia, Bélgica, Bretanha e a Nórica. O fato mais eloquente, porém, está no número de bispos cristãos existentes em cerca do ano 325: havia aproximadamente 900 bispos no Oriente e 800 no Ocidente [1].
Terceiro, a propagação teve grande penetração social. O cristianismo tinha como uma grande característica a evangelização dos pobres. Paulo mesmo afirma que no inicio da igreja, não havia entre os cristãos pessoas de destaque social: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento” (1Co 1.26). Todavia, como o cristianismo é universal por sua natureza, desde os primórdios também começou a conquistar todas as camadas da sociedade. Indivíduos ricos, como o procônsul Sérgio e Dionísio o membro do Areópago, foram convertidos através da pregação de Paulo. Ainda nos dias de hoje, os epitáfios das maiores família de Roma indicam serem essas cristãs. Indivíduos doutos como Justino, Atenágoras, Aristides, Irinei, Tertuliano, Clemente e Orígenes aceitaram a Cristo. Até mesmo militares se tornaram cristãos. Paulo enviou saudações até mesmo aos cristãos que estavam no palácio de César (Fp 4.22).
O crescimento do cristianismo é ainda mais notável ao se estudar as dificuldades que ele enfrentou. Jesus era filho do povo judeu, que era desprezado por todos os demais povos. Era ainda da região dos galileus, menosprezada pelos próprios judeus. Os pregadores do cristianismo eram também judeus e galileus, na sua maioria, pescadores rudes, iletrados, sem cultura, sem influência. A doutrina cristã, humanamente falando, desgostava todos os ouvintes. Aos judeus, ela propunha a troca da lei antiga pelo culto internacional de um galileu crucificado. Aos gentios ela exigia que os seus deuses cedessem o lugar ao Deus único, invisível dos judeus e a um judeu visível que havia sido morto. A nova moral, longe de elogiar as paixões da sociedade, soava como uma declaração de guerra às más inclinações humanas. Não se deve estranhar que a doutrina de Cristo era um “escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios” (1Co 1.23).
A difusão tão rápida de uma religião difícil, cercada de obstáculos de todo tipo, desprovida de quase todos os meios naturais, sobre grande parte da terra, em todas as classes sociais, não se pode explicar naturalmente, mas unicamente por uma intervenção extraordinária de Deus.
Notas
[1] ERWICH, Marcos. Pequeno curso de apologética. Petrópolis, RJ: Vozes, 1940, p.135
Fonte: Napec
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