Hoje escrevo aqui a segunda epístola sobre os desvios e equívocos que tenho visto acontecer no seio da minha Igreja. Antes de mais nada, para que você não perca o contexto, sugiro que leia a recém-publicada “1a Epístola de Deus aos hereges e equivocados”, que meu servo Zágari postou aqui no APENAS. Bem, só pra lembrar, não estou escrevendo esta carta para deixar ninguém chateado nem para ofender quem quer que seja. Mas, como eu disse na 1a Epístola, entenda que estou escrevendo porque amo meus filhos e por isso me sinto na obrigação de protegê-los de tudo aquilo que os afasta de mim.
Então resolvi escrever para os hereges e aqueles que, embora não sejam, me preocupam porque estão quase saindo dos trilhos.
E como fiz na 1a epístola, aviso aqui: esta é uma carta longa. Não é canônica. Mas é uma reflexão sobre as coisas que tenho visto e ouvido.
Pois bem, na minha 1a epístola eu terminei dizendo: “Estou começando a achar esse negócio de Igreja emergente meio esquisito…”. Vamos então falar sobre isso.
Igreja Emergente
Antes de qualquer coisa, deixa eu esclarecer: Igreja emergente não é heresia, preciso ser claro sobre isso. Se você não sabe o que é isso, dá uma lida neste post e vai entender direitinho: “Ozzy Osbourne, a igreja emergente e o futuro“. Só que esse grupo de filhos meus, bem-intencionados, pisa num terreno lodoso. Esse papo de ficar se misturando com a cultura secular pode levar a caminhos perigosos. Os conceitos da Igreja emergente em si não são anticristãos, mas em mãos erradas…ah, pode ter certeza que vão causar muito estrago.
Quer exemplos? Outro dia um pastor meu lá de São Paulo estava pregando e… usou um palavrão no meio da pregação. Será que ele e outros emergentes acham que eu estou de boa com esse uso de palavras torpes e ainda por cima no sagrado momento de exposição da minha Palavra? Eles realmente acham que isso me agrada? Hmmmm… De repente estão mais interessados em atrair gente jovem, falando essa linguagem jovem… mas que ofende muitos. Sei de muitos que saíram ofendidos certo dia da igreja desse meu servo porque ele falou palavrão na pregação. Agora, convenhamos… Palavrão? Tão querendo reinventar a roda? Não sabem que eu pedi que meus filhos falassem somente o que fosse para a edificação, que conversassem entre si com salmos e cânticos espirituais? Ou vocês acham que esse trecho da Bíblia é descartável? Palavrão em púlpito! Fala sério! Vocês estão ficando malucos??? É isso que vocês acham que vai levar a salvação aos jovens???
Durante dois mil anos a minha Palavra foi pregada com seriedade e reverência para jovens, crianças, velhos e adultos. Nunca, em todos esses séculos, houve necessidade de se adaptar à cultura secular, de ser “moderninho”. Acreditem vocês ou não, o MEU ESPÍRITO TEM PODER DE CONVENCER DO PECADO, DA JUSTIÇA E DO JUÍZO SEM PRECISAR DE ESTRATÉGIAS HUMANAS. Basta a proclamação das verdades bíblicas. Aí chegam os emergentes e acham que a Igreja tá velha demais pros jovens. Queridos, nossos jovens não vão se convencer porque você prega de calça jeans, usa gola rolê e faz charmosos vodcasts. Eles vão se converter simplesmente quando o Evangelho for proclamado aos seus ouvidos, for decodificado por seus cérebros, meu Espírito tocar seus corações e fazer aquelas verdades ganharem sentido. Quando eu os regenerar. Os justificar. Todo o resto é balela.
E tem mais uma coisa que eu queria que meus filhos “emergentes”, e “moderninhos” (eu acho tanta graça quando alguém acha que eu quero ser moderno…) soubessem: eu não vejo música secular como pecado. Dependendo da música, fiquem tranquilos, ouçam à vontade. Mas tem uns de vocês, emrgentes, abusando. Indo a shows de grupos e cantores que meu ex-querubim tem na palma da mão. Fala sério, outro dia um pastor de jovens (olha a influência!) disse no twitter que ficou triste porque não foi ao show do Ozzy Osbourne. Logo o Ozzy! Tem servos meus desses que dizem aquela frase ótima pra justificar um pecado: “Nada a ver”, que estão indo a shows dos Rolling Stones! Não aprenderam nada? E pra terminar esse papo de “não tem nada a ver”, eu fiquei estarrecido com a quantidade daqueles que vão domingo à igreja e me dizem “Senhor, Senhor” e no entanto foram ao show daquele grupo que canta “eu gosto de meninos e meninas” e “somos burgueses sem religião” no Rock in Rio. Peraí, passou batido? Deixa eu repetir: eles cantam “eu gosto de meninos e meninas” e “somos burgueses sem religião”. Será que o meu povo não presta atenção na letra daquilo que canta?
Por exemplo: tem uma banda que mistura circo com música e tal e tem umas músicas bem bacaninhas, mas outro dia eu estava ouvindo um grupo dos meus filhos cantando uma canção deles e aos pulos gritava “a fé que você deposita em você e só”. Peraí! Será que pelo menos pararam pra pensar que se você só deposita fé em você não está depositando fé em Jesus? E que sem fé em Cristo é impossível me agradar? Ou vir pra cá depois que partir da Terra? Sei não, tou começando a achar esse negocio de Igreja emergente muito esquisito. Se cuidem, hein?!
Desigrejados (ou adenominacionais, como preferem ser chamados, não quero ofender ninguém)
Também tem outro assunto que eu queria abordar. Por que uns de vocês que decidiram sair das igrejas denominacionais ficam tacando lama nelas? Onde é que eu escrevi que só posso ser adorado fora de templos, em lares e grupos pequenos? Não fui Eu quem deu a Davi a planta do meu templo? Não fui Eu quem fez Salomão erguer o templo a mim? Vocês por acaso leram Esdras e Neemias alguma vez? Ou eu mandei erguer templos para a glória dos homens?
Depois da Cruz, meu Espírito passou a habitar cada um de vocês como Seu templo mas isso não afeta em absoluto o fato de que eu gosto quando vocês se reúnem. Embora alguns de vocês achem que não, fui EU quem vocacionou ao pastoreio do meu rebanho aqueles que vocês chamam de pastores. Deixei isso claro por meio de meu filho Paulo em sua primeira carta aos Coríntios. Muitos deles se desviaram. Muitos estão pensando mais em Mamom do que em mim. Vocês acham que eu não sei disso?
Mas fico irado (apesar de terem inventado que eu sou só amor e não justiça, a minha ira se manifesta SIM, pois sou justiça) quando vocês acusam todos os meus escolhidos de terem dobrado seus joelhos a Baal. Tenho muitos, mas muitos servos fieis no que vocês chamam de “igreja institucionalizada”. Eu os amo. Eles me adoram em espírito e em verdade. E quem vocês pensam que são para julgá-los como fazem?
Muitos de vocês que condenam a Igreja institucional, que sustentei por dois mil anos, têm o coração negro de rancor. São sepulcros caiados, iguaizinhos a muitos membros e pastores desviados que permanecem na Igreja institucionalizada. E eu prefiro olhar para um templo daquilo que vocês chamam de igreja institucional mas onde haja algumas dezenas de corações contritos do que uma igreja sem denominação que se reúne num lar mas tem pessoas de coração rancoroso, acusador, farisaico.
Filhos, acordem! Não é porque alguém me adora num templo que ele não me adora! Não é porque tem um homem (que EU vocacionei) liderando o rebanho que todos estão errados. Errados estão aqueles entre vocês que se julgam os certos, os petulantes que atribuem a si mesmos o título de “os da graça” e acham que conhecem toda a minha igreja, chamando quem pensa diferentemente deles de “os da religião”. Não conhecem! Parem de provocar divisões! Isso me enoja! Parem de esquartejar o Corpo de meu Filho! Parem de seguir homens que largaram suas esposas contra minha vontade (vocês não leram na minha Palavra que eu “odeio o divórcio”?), fundaram suas próprias instituições e estão arrastando vocês junto! Parem com isso! Parem de, em nome de uma apologética que não é apologética e de uma reforma que não é reforma, acusarem milhares de inocentes e destruírem estruturas pelo meio das quais EU abençôo milhares! Essa obra é minha. Não a sabotem!
Nunca se esqueçam de Nestório, Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto século depois de Cristo. O mais curioso é que, como muitos de vocês fazem hoje, seu objetivo era expurgar os erros e tornar a Igreja o que ele achava que era o correto. Como muitos de vocês, que eu sei que acreditam realmente naquilo que pregam, ele acreditava piamente que estava me agradando. E eu aqui, só vendo e ouvindo aquelas barbaridades. Ele viajou. Concordava com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade de Jesus, mas não de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constituírem uma única pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invés de mesclar as duas naturezas em uma única autoconsciência, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união moral e simpática entre elas. Jesus seria, assim, um hospedeiro de Cristo. Parece absurdo para você? Imagina como muito do que vocês falam soa absurdo a quem vive numa igreja institucionalizada e é altamente abençoado por mim lá. Invenções, invenções, invenções. Humanas, claro. Chega, né?
Marxismo Cristão
E para aqueles dentre vocês que estão pegando o Sagrado Evangelho de meu Filho e misturando com política partidária, com socialismo e com pensamentos até mesmo marxistas, que estão usando ensinos que foram passados a vocês pelos profetas, por Jesus e os apóstolos para apontar para a eternidade e aplicando-os para tentar resolver as coisas deste mundo, deixe-me dizer-lhes uma coisa. Vocês realmente acham que Jesus sofreu e morreu para que vocês fizessem pactos com governos, com a justificativa de “ajudar os pobres” e “fazer justiça social”? Vocês não entendem que quando eu mandei meus servos falarem de caridade na Biblia estava falando de ações individuais? Que cada um de vocês movesse seu coração e estendesse a mão ao necessitado? Jesus criticou aqueles que iam até Ele apenas pelos benefícios materiais que poderia proporcionar. Chegou a dizer: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará” (Jo 6.27).
Em que momento da Biblia Jesus procurou César para negociar acabar com a pobreza em Israel? Ou que ele foi a Pilatos pedir que ele palestrasse a seus apóstolos pedindo que lhes dissesse o que o povo de Roma e da Judeia esperava deles? Nunca. Jesus pregou sobre a vida eterna. A vida eterna. E a vida eterna. O pão de cada dia? Clame a mim! Não foi isso que meu Filho lhes ensinou na oração do Pai Nosso? Mas esse está longe de ser o centro do Evangelho. O Pão da Vida, esse sim é o centro.
Minha Igreja como Corpo não existe para ser uma cara-pintada que faz manifestações em praça pública, carrega bandeirinhas com meu nome, lança manifestos sobre o governo e convida candidatos ao poder humano para dar palestras a pastores e igrejas… Vocês entenderam tudo errado! Tenho nojo dessa mistura. Na época do Antigo Testamento eu prezei tanto para que meu povo não se misturasse com os pagãos… E agora vocês querem se misturar com eles achando o quê? Que haverá mais justiça social no país? Que o governo federal vai realmente adotar os meus valores e se preocupar com os miseráveis? Tolinhos, vocês. Não sejam ingênuos.
Em vez de perder tempo com isso, façam a sua parte como indivíduos.
Ajudem pessoas que estão em estado de pobreza. O samaritano da parábola não procurou o governo: ele ajudou um único homem que precisava dele. Apadrinhe uma criança pela Visão Mundial (veja o link na barra aí à esquerda). Faça sua parte. Dê o seu exemplo. O Estado será sempre o Estado e o meu Reino não é desse mundo tenebroso e sujo em que vocês vivem. Orem mais. Muitos de vocês só querem saber da agir, lançar manifestos, fazer marchas… ativismo, ativismo e ativismo. Chega! Orem! Ponham o rosto no pó! Ou vocês não aprenderam na escolinha dominical que a oração do justo pode muito em seus efeitos? Muitos de vocês se encontram com autoridades do governo mais vezes por semana do que oram a mim. E se eu não guardo a cidade, queridos, em vão vigia a sentinela.
Palavras finais
Em resumo, caros hereges e equivocados, todos vocês – sejam os da Teologia Relacional, os da Teologia da Prosperidade, os do Universalismo, os que pregam contra a igreja onde eu habito e trabalho, os que estão a um passo de despencar dentro do mundo em nome dessa contextualização da minha Palavra, os que por querer ser moderninhos fazem com que a proclamação da salvação tenha que ser modernizada (quando para mim não há passado, presente e futuro e Eu Sou o mesmo sempre e meu Espírito convence como quer sem precisar das suas estratégias pueris), os que querem misturar a santidade das boas-novas de meu Filho com a imundície da vida política – não se esqueçam que aquele terrível dia esta chegando. E aí não vai adiantar dizer “Senhor, Senhor”. Pois a muitos e vocês eu direi: “Não os conheço”. Espero que não seja esse o seu caso.
Eu criei o mundo com uma intenção e uma intenção somente: a minha glória. Eu criei cada um de vocês com uma intenção e uma intenção somente: a minha glória. Parem de buscar seus próprios interesses. Parem de se vangloriar daquilo em que acreditam, achando que todo o resto está errado. Vaidosos! A sua vaidade está comendo suas entranhas e vocês estão tão anestesiados que nem sentem.
Basta! Todos vocês, os que ainda têm esperança da glória futura, arrependam-se agora de esquartejar, enganar e desviar a minha Igreja de seu rumo. Homens que em nome da minha graça pecam e pecam e pecam. Ainda é tempo de se arrepender. De se unir. De todos dobrarem os joelhos e voltarem às disciplinas espirituais básicas. Oração. Leitura da minha Palavra. Meditação naquilo que eu ensinei. Jejum, seus glutões. Santificação.
Seus lábios estão cheios de palavras belíssimas, como “graça”, “amor”, “prosperidade”, “caridade”… Mas a minha glória está esquecida. E quando este céu e esta terra passarem, o pequeno rebanho que me pertence viverá eternamente para a minha glória e para ela somente. Reconhecendo dia e noite que “Santo, Santo e Santo é o Senhor e que os céus e a terra estão cheios de sua glória”.
Entendam que sei que muitos de vocês carregam boas intenções nos seus corações. Outros não. Fiquem tranquilos, sei quem é quem. Mas boas intenções não bastam. Voltem-se para mim e para mim somente. Voltem aos templos. Orem como comunidade. Renovem o entendimento da Ceia de meu Filho. Clamem a mim. Retomem a centralidade da Palavra. E eu lhes trarei paz, renovo e esperança. Eu sou o Amor. Eu planejei a Cruz para tê-los comigo pela eternidade… Por amor.
Mas entendam a coisa mais importante desta carta: Eu sou o que sou. E não preciso que vocês me reinventem.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
(Eesta é uma obra de ficção, baseada em fatos muito, mas muito reais. Ai de mim pôr palavras na boca de Deus, pois, ao contrário de muitos, não quero me tornar um herege).
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