Por Julio Zabatiero
Quando se fala em teologia, aqui no Brasil, muitas reações vêm à mente das pessoas. No meio evangélico, encontramos, desde a rejeição total à teologia, até o academicismo teológico que tem matado a Igreja em outros continentes. Eu penso que a principal razão para tantas reações diversas e opostas é a falta de um conceito bíblico do fazer teológico. O que é Teologia? Como se faz a Teologia?
Uma coisa interessante que acontece nas minhas aulas de teologia no seminário, é que os alunos querem que eu defina as coisas. Para eles, no início do curso, o papel do professor é "ensinar", ou seja, eles não sabem nada e o professor sabe quase tudo. Portanto o professor tem de despejar a sua sabedoria sobre a ignorância dos leigos estudantes. Paulo Freire chama isso de "educação bancária". O professor deposita o valor na conta dos estudantes.
Após as primeiras três ou quatro semanas, o pessoal já muda de idéia. Descobrem como é gostoso fazer teologia, e não ouvir teologia.
Teologia é fruto de diálogo. Diálogo é o oposto do monólogo quando um fala outros ouvem. No diálogo, todas as pessoas envolvidas têm vez e voz. Quando se faz teologia há vários parceiros envolvidos num constante diálogo. Há Deus, a Igreja, o Teólogo, o Mundo e há o Desconhecido.
Pensando em todos esses parceiros, podemos tentar definir teologia de uma maneira simples: Teologia é interpretar e comunicar a Palavra de Deus, orientados por Ele a fim de edificar e transformar o mundo.
DIÁLOGO COM DEUS
Quando você fala acerca de alguém sem o conhecer e sem a sua autorização, você está fazendo fofoca. Isso acontece e muito, na teologia. Tem muita coisa por aí que se diz teologia mas que não passa de fofoca. Teologia é falar acerca de Deus. Para falar acerca de Deus você precisa dialogar com Ele. Não basta apenas encarar Deus como um objeto de estudo e reduzir a teologia a uma ciência objetiva. Teologia é fruto de comunhão com Deus.
No diálogo com Deus, o teólogo fala. Fala através da oração, da adoração, da meditação. Até Karl Barth já enfatizou que teologia sem oração não é teologia! (Veja a Introdução à teologia evangélica, Ed. Sinodal). Há um livro em inglês (Doxology, por Geoffrey Weinwrigth), que procura colocar a teologia como um exercício de adoração a Deus. E para os antigos místicos a teologia era decorrente da meditação em Deus.
O teólogo precisa de comunhão e vivência com Deus. "Porque nós não somos falsificadores da Palavra de Deus, como tantos outros, mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos" (II Cor. 2:17). Um teólogo cristão tem primeiro, de ser cristão em processo de amadurecimento, como Paulo (Filip. 3).
Tem de ter uma vida devocional em ordem, senão, será um grande fofoqueiro. Imagine uma conversa mais ou menos assim, "Você ouviu falar daquela tal da Trindade? Eu fiquei sabendo que. . ."
Sendo diálogo, o teólogo precisa deixar Deus falar. Muita teologia que existe por aí não tem a voz de Deus. Só a voz do teólogo. Quando só o teólogo fala e não deixa Deus falar, não há teologia. O Deus da Bíblia é um Deus que fala. Ele é Palavra (Jo. 1:1). Ele fez a palavra nas Escrituras. Cabe ao teólogo ouvir a voz de Deus - interpretar corretamente a Palavra de Deus que não mudará.
A verdadeira teologia cristã surge da Palavra de Deus. É interpretação e comunicação da revelação divina. Hoje em dia está na moda falar da teologia como fruto da práxis. Isso é perigoso. A práxis, ou seja, a realidade e a vivência da igreja e do teólogo tem muito a dizer na teologia, só que não é a fonte ou raiz da teologia.
Há o risco de se fazer teologia alienada, desvinculada da realidade. Porém a Bíblia não contém uma revelação alienada ou desvinculada da realidade. As perguntas que precisam de resposta na atualidade, podem não ser as mais importantes. Temos de deixar Deus falar quais são as perguntas importantes e cruciais que exigem resposta urgente e certa. Falando como os teólogos de hoje, é preciso permitir que Deus estabeleça a agenda da teologia. O problema é que grande parte da teologia atual tem deixado Deus de fora na hora de fazer a agenda. Quando a gente deixa Deus estabelecer a agenda as surpresas acontecem!
DIÁLOGO COM A IGREJA
Teologia é diálogo com a Igreja. Não é trabalho apenas dos especialistas. Teologia é parte essencial da vida e missão da Igreja. Uma série de fatores tem levado as igrejas evangélicas a relegarem a tarefa teológica para um pequeno número de "gênios loucos" que são sustentados só para fazer teologia. Dizem que a igreja tem muitas tarefas a cumprir e não pode se dar ao luxo de "perder tempo" fazendo teologia. A Igreja é uma das principais culpadas do academicismo teológico. Quando a Igreja relega a tarefa de fazer teologia aos "eruditos", a teologia vira escolasticismo; morre, perde seu poder.
Todos os cristãos são sacerdotes, e todos conhecem a Deus (Heb. 8:10-11). É claro que alguns conhecerão mais que outros e alguns ensinarão melhor que outros. Mas todos têm conhecimento de Deus, todos são sacerdotes e todos fazem teologia. A toda a igreja é dada a ordem "ensinando-vos uns aos outros".
Haverá o teólogo profissional, o especialista. Mas haverá também a igreja unida fazendo teologia, pois todos os cristãos conhecem. A Palavra de Deus não é patrimônio de poucos escolhidos. Foi dada à Igreja e a Igreja tem o dever de interpretá-la, não somente para a prática da vida cristã mas também para o fazer teologia.
É preciso acabar com a idéia de que "leigo" existe. "Leigo" é derivado da palavra "laos", povo. A Igreja é o laos de Deus. Todos somos leigos incluindo o pastor! Todos pertencemos ao povo de Deus.
No diálogo com a Igreja o teólogo procura ouvir a igreja e conhecer as suas necessidades, as suas falhas, os seus anseios. Procura falar com a Igreja, corrigindo, exortando, ensinando, compadecendo-se. No diálogo com a Igreja, a teologia ensina e aprende, edifica e é edificada. Constrói e é construída. Faz e é feita. Quando se faz teologia em diálogo com a Igreja surgirão surpresas, e das mais agradáveis. Haverá também os problemas, alguns não vão querer diálogo. Vão achar perda de tempo. Não importa. A tarefa teológica pertence a todo o laos de Deus. Temos de engajar a Igreja no fazer teologia.
DIÁLOGO COM O MUNDO
O teólogo, agente inicial da teologia, junto com a Igreja, também deve se envolver em diálogo com o mundo. Ora, o povo de Deus não foi tirado do mundo, pelo contrário, foi enviado ao mundo ( João 17:14-18 ). Só que a Igreja tem fugido do mundo. Assumindo uma santidade monosterial e piegas, tem acusado o mundo. É um fato que o mundo jaz sob o maligno, mas é para esse mundo que Jesus foi enviado e agora nos envia. A Igreja é o agente de Deus para a restauração da ordem no cosmos caótico dominado por Satanás. A Igreja não existe para julgar o mundo, e sim para salvar o mundo. (I Pe. 2:10). A teologia tem de participar desta tarefa sem deixar que a Igreja perca sua base na Palavra.
O teólogo interpreta o mundo para a igreja e a igreja para o mundo. Ele não é evangelista, mas, sem ele, o evangelista acabará falando para um mundo que não existe mais. Há muitos crentes evangelizando por aí como se ainda estivéssemos no século dezenove. Isto não comunica ao mundo. As palavras mudam de significado. Fé, pecado, reconciliação, justificação e arrependimento são palavras bíblicas. Mas será que elas dizem hoje o que a Bíblia dizia em sua época? Quando você convida um incrédulo a ter fé em Cristo, como ele entende a palavra? Como? Quem são essas expressões???
Assim a teologia prepara o terreno para a missão da Igreja no mundo. A evangelização e a ação social da Igreja precisam de base teológica, ou serão apenas proselitismo barato. Jesus ouvia as pessoas, procurava entendê-las e compadecia-se de suas necessidades. Assim deve a Igreja se comportar perante o mundo: ouvir, entender, compadecer-se.
DIÁLOGO COM O DESCONHECIDO
Finalmente, há o diálogo com o desconhecido. O desconhecido é formado por muitas coisas: tradição, filosofia, ideologia, cultura, experiência religiosa, reações psicológicas, etc. O desconhecido é formado pelas nossas pressuposições e por nossa própria teologia oculta. O desconhecido é o maior inimigo da teologia exatamente porque é desconhe cido. Só um exemplo: pegue a palavra "alma" e a defina. Você cai na tricotomia ou na dicotomia. Sabe por quê? Porque a visão grega da alma está por detrás do seu pensamento. Faz parte da sua herança cultural como brasileiro. Mas quando você vai até a Bíblia e estuda, uma por uma, as passagens que tratam de alma, você percebe que não dá para encaixar a filosofia dualista grega lá dentro. Na Bíblia, o homem é um todo.
Não é possível deixar de ter pressuposições. O desastre é quando somos cegos às nossas pressuposições. É possível conhecê-las e controlá-las. Teologia tem a tarefa de ouvir e falar com as pressuposições.
O teólogo é o agente desse diálogo. Ele é o pivô nesses diferentes inter-relacionamentos da teologia. O papel do teólogo "profissional" é abrir e manter o diálogo - com Deus, com a Igreja, com o Mundo, com o Desconhecido - e consigo mesmo.
E é exatamente isso que estou fazendo com este artigo, abrindo o diálogo. Falta praticidade nesta discussão, falta maior clareza nas definições, falta muita coisa. E é você, o leitor, que irá completar este artigo. Teologia se faz com diálogo. Eu comecei. Abri a discussão. Espero a sua contribuição.
Quando se fala em teologia, aqui no Brasil, muitas reações vêm à mente das pessoas. No meio evangélico, encontramos, desde a rejeição total à teologia, até o academicismo teológico que tem matado a Igreja em outros continentes. Eu penso que a principal razão para tantas reações diversas e opostas é a falta de um conceito bíblico do fazer teológico. O que é Teologia? Como se faz a Teologia?
Uma coisa interessante que acontece nas minhas aulas de teologia no seminário, é que os alunos querem que eu defina as coisas. Para eles, no início do curso, o papel do professor é "ensinar", ou seja, eles não sabem nada e o professor sabe quase tudo. Portanto o professor tem de despejar a sua sabedoria sobre a ignorância dos leigos estudantes. Paulo Freire chama isso de "educação bancária". O professor deposita o valor na conta dos estudantes.
Após as primeiras três ou quatro semanas, o pessoal já muda de idéia. Descobrem como é gostoso fazer teologia, e não ouvir teologia.
Teologia é fruto de diálogo. Diálogo é o oposto do monólogo quando um fala outros ouvem. No diálogo, todas as pessoas envolvidas têm vez e voz. Quando se faz teologia há vários parceiros envolvidos num constante diálogo. Há Deus, a Igreja, o Teólogo, o Mundo e há o Desconhecido.
Pensando em todos esses parceiros, podemos tentar definir teologia de uma maneira simples: Teologia é interpretar e comunicar a Palavra de Deus, orientados por Ele a fim de edificar e transformar o mundo.
DIÁLOGO COM DEUS
Quando você fala acerca de alguém sem o conhecer e sem a sua autorização, você está fazendo fofoca. Isso acontece e muito, na teologia. Tem muita coisa por aí que se diz teologia mas que não passa de fofoca. Teologia é falar acerca de Deus. Para falar acerca de Deus você precisa dialogar com Ele. Não basta apenas encarar Deus como um objeto de estudo e reduzir a teologia a uma ciência objetiva. Teologia é fruto de comunhão com Deus.
No diálogo com Deus, o teólogo fala. Fala através da oração, da adoração, da meditação. Até Karl Barth já enfatizou que teologia sem oração não é teologia! (Veja a Introdução à teologia evangélica, Ed. Sinodal). Há um livro em inglês (Doxology, por Geoffrey Weinwrigth), que procura colocar a teologia como um exercício de adoração a Deus. E para os antigos místicos a teologia era decorrente da meditação em Deus.
O teólogo precisa de comunhão e vivência com Deus. "Porque nós não somos falsificadores da Palavra de Deus, como tantos outros, mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos" (II Cor. 2:17). Um teólogo cristão tem primeiro, de ser cristão em processo de amadurecimento, como Paulo (Filip. 3).
Tem de ter uma vida devocional em ordem, senão, será um grande fofoqueiro. Imagine uma conversa mais ou menos assim, "Você ouviu falar daquela tal da Trindade? Eu fiquei sabendo que. . ."
Sendo diálogo, o teólogo precisa deixar Deus falar. Muita teologia que existe por aí não tem a voz de Deus. Só a voz do teólogo. Quando só o teólogo fala e não deixa Deus falar, não há teologia. O Deus da Bíblia é um Deus que fala. Ele é Palavra (Jo. 1:1). Ele fez a palavra nas Escrituras. Cabe ao teólogo ouvir a voz de Deus - interpretar corretamente a Palavra de Deus que não mudará.
A verdadeira teologia cristã surge da Palavra de Deus. É interpretação e comunicação da revelação divina. Hoje em dia está na moda falar da teologia como fruto da práxis. Isso é perigoso. A práxis, ou seja, a realidade e a vivência da igreja e do teólogo tem muito a dizer na teologia, só que não é a fonte ou raiz da teologia.
Há o risco de se fazer teologia alienada, desvinculada da realidade. Porém a Bíblia não contém uma revelação alienada ou desvinculada da realidade. As perguntas que precisam de resposta na atualidade, podem não ser as mais importantes. Temos de deixar Deus falar quais são as perguntas importantes e cruciais que exigem resposta urgente e certa. Falando como os teólogos de hoje, é preciso permitir que Deus estabeleça a agenda da teologia. O problema é que grande parte da teologia atual tem deixado Deus de fora na hora de fazer a agenda. Quando a gente deixa Deus estabelecer a agenda as surpresas acontecem!
DIÁLOGO COM A IGREJA
Teologia é diálogo com a Igreja. Não é trabalho apenas dos especialistas. Teologia é parte essencial da vida e missão da Igreja. Uma série de fatores tem levado as igrejas evangélicas a relegarem a tarefa teológica para um pequeno número de "gênios loucos" que são sustentados só para fazer teologia. Dizem que a igreja tem muitas tarefas a cumprir e não pode se dar ao luxo de "perder tempo" fazendo teologia. A Igreja é uma das principais culpadas do academicismo teológico. Quando a Igreja relega a tarefa de fazer teologia aos "eruditos", a teologia vira escolasticismo; morre, perde seu poder.
Todos os cristãos são sacerdotes, e todos conhecem a Deus (Heb. 8:10-11). É claro que alguns conhecerão mais que outros e alguns ensinarão melhor que outros. Mas todos têm conhecimento de Deus, todos são sacerdotes e todos fazem teologia. A toda a igreja é dada a ordem "ensinando-vos uns aos outros".
Haverá o teólogo profissional, o especialista. Mas haverá também a igreja unida fazendo teologia, pois todos os cristãos conhecem. A Palavra de Deus não é patrimônio de poucos escolhidos. Foi dada à Igreja e a Igreja tem o dever de interpretá-la, não somente para a prática da vida cristã mas também para o fazer teologia.
É preciso acabar com a idéia de que "leigo" existe. "Leigo" é derivado da palavra "laos", povo. A Igreja é o laos de Deus. Todos somos leigos incluindo o pastor! Todos pertencemos ao povo de Deus.
No diálogo com a Igreja o teólogo procura ouvir a igreja e conhecer as suas necessidades, as suas falhas, os seus anseios. Procura falar com a Igreja, corrigindo, exortando, ensinando, compadecendo-se. No diálogo com a Igreja, a teologia ensina e aprende, edifica e é edificada. Constrói e é construída. Faz e é feita. Quando se faz teologia em diálogo com a Igreja surgirão surpresas, e das mais agradáveis. Haverá também os problemas, alguns não vão querer diálogo. Vão achar perda de tempo. Não importa. A tarefa teológica pertence a todo o laos de Deus. Temos de engajar a Igreja no fazer teologia.
DIÁLOGO COM O MUNDO
O teólogo, agente inicial da teologia, junto com a Igreja, também deve se envolver em diálogo com o mundo. Ora, o povo de Deus não foi tirado do mundo, pelo contrário, foi enviado ao mundo ( João 17:14-18 ). Só que a Igreja tem fugido do mundo. Assumindo uma santidade monosterial e piegas, tem acusado o mundo. É um fato que o mundo jaz sob o maligno, mas é para esse mundo que Jesus foi enviado e agora nos envia. A Igreja é o agente de Deus para a restauração da ordem no cosmos caótico dominado por Satanás. A Igreja não existe para julgar o mundo, e sim para salvar o mundo. (I Pe. 2:10). A teologia tem de participar desta tarefa sem deixar que a Igreja perca sua base na Palavra.
O teólogo interpreta o mundo para a igreja e a igreja para o mundo. Ele não é evangelista, mas, sem ele, o evangelista acabará falando para um mundo que não existe mais. Há muitos crentes evangelizando por aí como se ainda estivéssemos no século dezenove. Isto não comunica ao mundo. As palavras mudam de significado. Fé, pecado, reconciliação, justificação e arrependimento são palavras bíblicas. Mas será que elas dizem hoje o que a Bíblia dizia em sua época? Quando você convida um incrédulo a ter fé em Cristo, como ele entende a palavra? Como? Quem são essas expressões???
Assim a teologia prepara o terreno para a missão da Igreja no mundo. A evangelização e a ação social da Igreja precisam de base teológica, ou serão apenas proselitismo barato. Jesus ouvia as pessoas, procurava entendê-las e compadecia-se de suas necessidades. Assim deve a Igreja se comportar perante o mundo: ouvir, entender, compadecer-se.
DIÁLOGO COM O DESCONHECIDO
Finalmente, há o diálogo com o desconhecido. O desconhecido é formado por muitas coisas: tradição, filosofia, ideologia, cultura, experiência religiosa, reações psicológicas, etc. O desconhecido é formado pelas nossas pressuposições e por nossa própria teologia oculta. O desconhecido é o maior inimigo da teologia exatamente porque é desconhe cido. Só um exemplo: pegue a palavra "alma" e a defina. Você cai na tricotomia ou na dicotomia. Sabe por quê? Porque a visão grega da alma está por detrás do seu pensamento. Faz parte da sua herança cultural como brasileiro. Mas quando você vai até a Bíblia e estuda, uma por uma, as passagens que tratam de alma, você percebe que não dá para encaixar a filosofia dualista grega lá dentro. Na Bíblia, o homem é um todo.
Não é possível deixar de ter pressuposições. O desastre é quando somos cegos às nossas pressuposições. É possível conhecê-las e controlá-las. Teologia tem a tarefa de ouvir e falar com as pressuposições.
O teólogo é o agente desse diálogo. Ele é o pivô nesses diferentes inter-relacionamentos da teologia. O papel do teólogo "profissional" é abrir e manter o diálogo - com Deus, com a Igreja, com o Mundo, com o Desconhecido - e consigo mesmo.
E é exatamente isso que estou fazendo com este artigo, abrindo o diálogo. Falta praticidade nesta discussão, falta maior clareza nas definições, falta muita coisa. E é você, o leitor, que irá completar este artigo. Teologia se faz com diálogo. Eu comecei. Abri a discussão. Espero a sua contribuição.
Júlio Paulo Tavares Zabatiero é doutor em Teologia pela Escola Superior de Teologia. Atualmente é Professor da Escola Superior de Teologia, em São Leopold-RS. Coordena, na EST, o Núcleo de Pesquisa sobre a História Cultural do Antigo Israel. É pesquisador associado do Centro de Estudos de Filosofia Americana, atuando na área da filosofia da religião, e presidente da Fraternidade Teológica Latino-americana setor Brasil. Autor de diversos artigos.
Fonte: Sepal
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