sexta-feira, 2 de outubro de 2009

TEOLOGIA DA TOLERÂNCIA


Por Silas Alves Figueira

Ouvindo alguns pregadores de determinadas igrejas, temos chegado a conclusão de que o homem não existe para adorar a Deus, mas Deus existe para o beneficio do homem. O homem diz a Deus quando quer ser salvo, quão rico gostaria de ser e ainda escolhe sua própria versão teológica que mais lhe agrada.

O barro dá as ordens e instruções ao Oleiro, essa é a verdade.

E isso já vem vindo de longa data. Muitos cristãos (líderes) têm abandonado as doutrinas da Reforma que fala da total depravação do homem, da escravidão da vontade do homem ao pecado e da necessidade da graça de Deus para a sua salvação, dando lugar a um compromisso vago com Cristo, substituindo o arrependimento por emoções. Emoções estas que tomam o lugar da verdadeira adoração.

O que está hoje em muitos púlpitos não é o Espírito Santo, mas um espírito de concessões, um espírito que fala o que as pessoas querem ouvir e não o que elas precisam ouvir. Um espírito hedonista, onde a mensagem alisa o ego dos ouvintes, mas não trás mudança de vida. É a Bíblia sendo distorcida para se ajustar à cultura em vez de mudá-la.

UMA NOVA TEOLOGIA

As diferenças entre a teologia do século 16 e esta nova teologia são bem claras. Se não, vejamos: a idéia de que o conhecimento de Deus é o nosso maior alvo está totalmente ultrapassado. Agora o que é importante dentro dessa teologia hedonista é o conhecimento de nós mesmos e de nossas necessidades. Deus não é mais aquele juiz contra quem se cometeu alguma falta grave, mas um sevo à espera de ratificar nossa dignidade. Viemos a Ele por nossos méritos e não pelo seu sangue derramado na cruz na Pessoa de Seu Filho Jesus. Essa nova teologia ensina que Deus sempre irá nos exaltar como dizem alguns: “É só vitória!” Mas não temos que exaltar a Deus e nem adorá-lo em espírito e em verdade, como nos ensinou Jesus.

Um dos expoentes desses ensinamentos é Robert Schüller. Ele é um pastor americano que tem exercido enorme influência entre os evangélicos do seu país e aqui no Brasil também, inclusive algumas editoras evangélicas têm lançado alguns de seus livros por aqui. Ele é o querido entre os liberais, dos modernistas e dos ecumenistas ferrenhos. Também, dos ricos e dos poderosos, porque fala a linguagem que essa gente adora ouvir. Robert Shuller lançou um livro com o título: “Auto-estima – a nova Reforma”. Onde apresenta uma teologia evangélica centrada no homem.

Pois ele costuma interpretar as doutrinas da Palavra de Deus conforme a filosofia da auto-estima. O seu Cristo é a encarnação da auto-estima. É um Jesus que provê os homens de auto-estima. O evangelho de Schuller substitui o conceito de negação do eu pelo conceito da auto-estima (Leiam Lucas 9:23 e 14:27). Para Schuller "pecado" e "inferno" são meramente a perda da auto-estima.

1. Pecado é qualquer ato ou pensamento que me roube ou roube de outro homem a sua auto-estima.

2. O que é o inferno? É a perda do orgulho, a qual, naturalmente, conduz à separação de Deus.

3. Nascer de novo significa que devemos mudar de uma imagem negativa de inferioridade para uma imagem positiva de auto-estima. Mudar do medo para a confiança.

4. Jesus jamais chamou alguém de pecador. Leiam Mateus 9:13; 26:45; Marcos 8:38; 14:41; Lucas 6:32-34; 13:2; 15:7, 10; 18:13 e 24:7.

5. Cristo é o Ideal Único. Ele é a própria encarnação da auto-estima.

Para Schuller o mal maior é chamar os homens de pecadores à maneira bíblica, suprimindo, desse modo, a auto-estima desses filhos de Deus. Num artigo da revista "Christianity Today", de 05/10/1984, Schuller declarou: "Acho que coisa nenhuma feita em o nome de Cristo e sob o rótulo de Cristianismo foi mais destrutiva à personalidade humana e, portanto, mais antiprodutiva à empreitada evangelística do que a estratégia sempre crua, anticultural e anticristã de tentar convencer as pessoas de que elas são pecadoras perdidas".

Este é o tipo do evangelho que agrada a gregos e troianos e por isso Schuller se tornou rico, famoso e importante, nos USA e no mundo inteiro, através dos seus livros embasados na maligna "Teologia da Prosperidade".

Essa é a mensagem que se tem pregado hoje em vários púlpitos de nosso país, pois são essas pessoas que tem influenciado essa nova geração de pregadores, para não falar de velhos pregadores que “viraram a casaca”. E, infelizmente, essa distorção teológica é vista no arminianismo radical, que ressalta o livre-arbítrio e a crença antibíblica de que nem Deus conhece o futuro.

AS CONSEQUÊNCIAS

Quais são as conseqüências desse pensamento? Primeiramente, a própria teologia se torna relativa. Ou seja, a teologia se baseia em opiniões. Indivíduos como Shuller sabem que as pessoas querem ouvir algo positivo, então fazem exatamente isso.

Eles não dizem: “Assim diz o Senhor”, mas trocam por “Assim diz a psicologia”, “Assim diz fulano de tal”. Ou seja, a liderança que prega esse “evangelho” tirou da Palavra de Deus aquilo que o próprio Jesus falou quando iniciou o seu ministério na Galiléia: “Arrependei-vos...” (Mt 4.17). Arrependimento, conversão, vida santa, ser irrepreensível, nada disso tem oportunidade nos púlpitos dessas pessoas.

Em segundo lugar, a teologia centrada no homem leva a um arrependimento incompleto, se é que podemos chamar de arrependimento. Esses pregadores dizem que por você ser muito valioso para Deus, Ele está nos esperando para nos aceitar como somos. Mas esse tem sido um grande engano que tem destruído a vida de milhares de pessoas, pois o primeiro passo para irmos para o céu é reconhecer que dele nós não somos merecedores, é reconhecer a nossa total corrupção e a nossa necessidade urgente da misericórdia de Deus.

E em terceiro lugar, essa teologia enfraquece o impacto que a igreja deveria exercer sobre a sociedade. A igreja não exerce impacto positivo sobre o mundo secularizado, pois a igreja está secularizada. Uma das razões por que Jonathan Edwards e George Whitefield exerceram tanta influência sobre a sociedade de sua época, é o fato de terem insistido em dizer que o coração do homem encontra-se em estado de total corrupção sem a intervenção da graça de Deus.

Esse tipo de pregação mostrava o estado de suas almas, por isso elas mudavam de atitude e clamavam pela misericórdia de Deus. A conversão não era uma decisão que se tomava brincando, mas as pessoas buscavam a Deus arrependidas o aceitando, para consolidar o chamado e a eleição delas (2Pe 1.10).

Alguém disse certa vez que as marcas de uma igreja forte são olhos marejados, joelhos dobrados e coração quebrantado. Nunca teremos poder de não deixarmos Deus ser Deus e não defendermos zelosamente sua honra.

NOSSA RESPONSABILIDADE

Nós que temos velado por um evangelho centrado na pessoa de Cristo, precisamos continuar lutando por um evangelho puro e simples, fortalecidos na graça e no poder do nosso Deus. Devemos pregar contra o pecado sempre, mas não precisamos ser ofensivos, nem denegrir a imagem de ninguém. Não temos que usar de meias-verdades, pois tais artifícios são sempre prejudiciais. Devemos pregar a Verdade que liberta com amor, tendo o mesmo sentimento que moveram os grandes reformadores, não como a igreja de Éfeso, que tinha doutrina, mas não tinha amor e nem ser como Tiatira que tinha amor, mas não tinha doutrina.

Não devemos ter vergonha de fazer como Calvino que declarava que o arrependimento é dom de Deus, concedido àqueles que se lançam em sua direção à sua misericórdia.

Que o Senhor nos ajude nessa empreitada!


4 comentários:

  1. Quero parabenizá-lo pelo brilhante artigo Silas. Ao longo da historia da Igreja, pelo conhecimento histórico que tenho dela, penso que nunca houve uma época de "trevas" tão grande quanto a que estamos vivenciando nesse século e no anterior. A síntese é o evangelho (falso) da prosperidade. Erigeem-se os dons acima do texto bíblico, a experiência humana se sobrepondo à letra. A promessa de benesses é a tônica, apenas como instrumento de manipulação psicológica, numa época de avarentos, que "amam o dinheiro". A doutrina da graça e a justificação são sepultados diariamente; "matam" Deus. O homem pode tudo! A soberba como resultado do humanismo e de tantos outros "ismos". Raça de víboras! Não fui eu quem o disse. Profetas profanadores (como digo em um post meu)! O deus deste século de fato está reinando, mas o remanescente sempre será fiel. Espero a sua visita no meu blog (www.ricardomamedes.blogspot.com). Amplexos. Em Cristo.

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  2. Graça e paz Ricardo. Que o Senhor nos use com intrepidez todos os dias para falarmos da Sua Palavra, e, através dela, vermos pessoas libertas do engano desse evangelho falso que tem permeado vários púlpitos em muitas igrejas.
    Que o Senhor nos dê unção e graça para isso.
    Fique na Paz!
    Pr Silas

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  3. A paz do Senhor pastor Silas, obrigado por ter lido a mensagem que escrevi fico contente com a sua curiosidade mas ela é desnecessária pois a segunda parte da mensagem foi escrita simuntaneamente. Eu só a dividi para não ficar um texto muito cansativo de se ler.

    Quero também parabenizá-lo pelo seu artigo, vou le-lo pelo menos mais umas 4 vezes para absorver todo o conteúdo (que é maravilhoso)

    Deus seja conosco.

    Edson Moura

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  4. Graça e paz Edson. Eu vi que havia a outra parte do artigo depois, até já li e irei comentá-lo assim que puder. Aguarde (rs)!
    Pr silas

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