sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O que é o Novo Calvinismo?

Novo Calvinismo

Por Maicon Custódio

Lembro-me bem do dia em que vi e ouvi aquele cara estranho, de calça rasgada nos joelhos e camisa de playboy pregar pela primeira vez. Ouvira falar sobre ele na sala de aula do Seminário quando conversávamos sobre o método didático de Rob Bell. Eu havia ficado fascinado com a forma com que Bell expunha suas idéias, mas discordava de algumas delas. Então alguém disse: “Cara, assiste Mark Driscoll, pois ele tem a mesma forma expositiva do Bell, mas é calvinista!”. Não nego que fui para o Youtube com um pouco de ceticismo no coração, mas quando vi aquela mensagem que tinha um título arrojado que dizia: “Porque Odeio a Religião” cliquei, fiquei fascinado com sua exposição e teologia. Assim conheci Driscoll e desde então me tornei um telespectador e leitor assíduo. Comprei os livros Reformissão e Confissões e agora já encomendo o recém lançado Morte por Amor. A motivação deste texto é falar um pouco sobre o chamado Novo Calvinismo, que segundo a revista Time é a terceira entre dez idéias que estão mudando o mundo agora. Um de seus expoentes é John Piper com seu Evangelho Hedonista e o outro, que talvez seja a imagem mais marcante e clara do que este movimento representa é Mark Driscoll.

Além da Time, o The New York Times também escreveu recentemente algo sobre o pastor da Mars Hill em Seattle. Veja um trecho interessante:

“Sua mensagem parece ser radicalmente fora de moda e até anti-Americana: você não é o capitão da sua alma ou o mestre de seu destino, mas um verme depravado cujo esforço e boas obras não te levarão a lugar algum, porque Deus marcou você para o céu ou para o inferno antes da fundação do mundo. Mesmo com essa mensagem, um número significativo de pessoas jovens em Seattle – e pelo país inteiro – estão dizendo que é exatamente isso que querem escutar. Por alguma razão o Calvinismo está na moda. A mensagem de Driscoll não busca compromisso e nem tolera a cultura permissiva e liberal de Seattle. Os novos membros não precisam largar as músicas que gostam, suas camisetas retro e suas barbas malucas ou cabelos extravagantes, mas eles são conclamados a abandonar seu feminismo, sexo antes do casamento e toda interpretação “moderna” da Bíblia.”

E pensando em opiniões e citações sobre Driscoll e sua Mars Hill Church não poderia falar de um grande expoente da teologia calvinista no Brasil, bem como um dos maiores líderes da Igreja Presbiteriana e Chanceler do Mackenzie, Rev. Augustus Nicodemus, que recentemente, em uma visita aos EUA fez questão de ir À MArs Hill. Veja um trecho do que diz:

“Penso que o princípio por detrás de Mars Hill merece nossa consideração. Ou seja, que nós, reformados no Brasil, precisamos encontrar uma maneira de ser reformados que seja mais eficaz e relevante para nossa própria cultura, sem comprometer princípios bíblicos. Precisamos refletir seriamente sobre o quanto na tradição reformada é inegociável por ser bíblico, e o quanto pode ser alterado e mudado por representar apenas a maneira reformada de ser de nosso pais e avós séculos passados”. (Texto Completo no: O TEMPORA, O MORES!)

Venho pensando sobre o assunto ultimamente. Este texto estava em meu antigo blog mas resolvi revisar, acrescentar algumas coisas e republicar, pois julgo que este movimento pode trazer sobre seus ombros o tão sonhado avivamento que todo mundo (pentecostais e neo-pentecostais) diz que está acontecendo, mas ninguém vê. Digo isso por crer que o avivamento é precedido, motivado e fomentado pela volta às Escrituras, pois não há avivamento sem Bíblia e sem oração. Vejo isso nas novas lideranças jovens, no interesse pela teologia reformada e na busca por boas literaturas. Alimentados por esta esperança pessoas como Alexandre Milhoranza, Cristiano Machado, Rômulo Schade, Ariovaldo Júnior e este que vos escreve que se mobilizam para criar meios de capacitação de jovens líderes em cosmovisão calvinista. Queremos fomentar um verdadeiro avivamento bíblico no Brasil e isso pode ser feito com seriedade. Lembrando sempre do triângulo que Driscoll utiliza em seus livros: REFORMISSÃO = EVANGELHO + CULTURA + IGREJA. Se faltar um dos três a coisa começa a ficar estranha.

O Novo Calvinismo é uma realidade. É atual. No Brasil, podemos não estar ainda percebendo isso como nos EUA, pois por aqui, infelizmente, ainda perecemos nas garras do neo-pentecostalismo e do arminianismo (que é mais pelagiano do que arminiano). Porém, não é novidade para ninguém que nos últimos anos é crescente o número de obras de Calvino que vem sendo traduzidas, não é pouca a quantidade de literatura calvinista que vem sendo lançada, muitos dos blogs e sites cristãos mais conceituados no meio evangélico são calvinistas, tenho amigos assembleanos estudando As Institutas e a teologia sistemática de Louis Berkhof, ou seja, por mais que esteja, a princípio, entrando nos arraiais acadêmicos e pastorais, o processo está acontecendo e dentro em breve, os homens que tem lido a teologia reformada vão começar a ensinar a teologia reformada. Meus irmãos, utilizarmos os meios da atualidade (SMS, E-mail, Orkut, Messenger, My Space, Facebook, Twitter, Google+, Blog, Youtube e etc) para anunciarmos o evangelho e contribuirmos para o crescimento, edificação e santificação dos eleitos (palavras de um calvinista) de Deus é algo muito sadio. Jesus era totalmente contextual e o fez ao utilizar o modo peripatético de discipulado, por exemplo. Paulo utilizou-se de retórica e sabedoria helênica para fazer seu trabalho. Contextualizar a forma de falar, usar os meios contemporâneos, deixar alguns dogmas que não são bíblicos, mas frutos de legalismo, deixar essa balela de que crente só pode ouvir música gospel e coisas mais que, na maioria das vezes, não contribuem ou influem em nada para o crescimento do evangelho; é assim que devemos agir!

O novo calvinismo (Que é sinônimo de cristianismo equilibrado) prega a soberania de Deus, a depravação total, a salvação pela graça, a predestinação, a perseverança dos santos e todas as outras doutrinas bíblicas que o reformador genebrino defendeu, porém entende que uma liberdade moderada nos usos e costumes é bem-vinda, é positiva e , muitas vezes, eficaz. Depois de pesquisar e ler um pouco sobre o assunto cheguei à conclusão de que eu, Maicon Custódio dos Santos, sou adepto do novo calvinismo, pois defendo e sempre defenderei a prática e ensino das doutrinas bíblicas, mas não posso deixar de entender e vivenciar a atualidade. Cristo nos colocou no mundo para fazermos diferença nele e, quando possível, usando o que ele tem para mudar os rumos da história… Abaixo ascetismo e legalismo! Viva a sã doutrina!!! O novo calvinismo não é uma mera idéia da moda, mas o ressurgimento de uma cosmovisão cristã séria que poderia ser instrumento de Deus para mudar os rumos da humanidade. E isso não é de agora, mas desde o início século XX o holandês Abraham Kuyper acreditava e falava isso, como por exemplo em suas palestras que resultaram no livro “Calvisnismo”, pois para Kuyper o Calvinismo é muito mais que teologia, mas um modo completo de vida que por ter a glória de Deus como motivação e a Bíblia como “manual de instruções” resume-se em viver uma vida realmente cristã, com pressupostos bíblicos e visando a glória de Deus.

Fico por aqui com este texto de hoje, mas em breve volto para falar um pouco mais sobre a doutrina reformada que pode revolucionar os passos da igreja evangélica mundial. De fato espero isso, e acredito que o processo será mais rápido do que imaginamos e para concluir lembro do que o Dr. Augustus Nicodemus diz em seu livro “O Que Estão Fazendo Com a Igreja”. Ele sugere que as pessoas que hoje estão nos movimentos neo-pentecostais aos poucos vão perceber as mentiras, as loucuras e os exageros e seus ouvidos estarão desesperados pela sã doutrina e vão voltar para as igrejas históricas e por isso precisamos estar preparados para receber estas pessoas tanto biblica e doutrinariamente como inseridos dentro da visão de mundo atual sem, para isso, ser moldado ou influenciado negativamente por ela.

Amados,Estejamos preparados para falar de Jesus, da forma que Ele abrir as portas para que façamos, pois temos a mais bíblica das doutrinas, talvez falte-nos uma prática um pouco mais vibrante…

NELE, Que não era calvinista (rsrsrs), mas que era a fonte, o meio e o fim de todo o ensinamento do reformador,

Maicon.

Fonte: Púlpito Cristão

4 comentários:

  1. Olá.
    Gostei do artigo, e também gosto muito das pregações do pr Mark Driscoll.
    Eu sou membro da Assembleia de Deus, e minha família materna tem tradição nessa igreja. Sou convertido a +/- 3 anos, e sempre pratiquei a leitura da Bíblia. Eu cheguei a desprezar a doutrina da predestinação, a principal informação que tinha sobre o calvinismo, mas mudei de idéia, lendo a Bíblia (especialmente o evangº de João), e aprendendo com os pensamentos de crentes como o Rev Hernandes Dias Lopes, e do Blog Bereianos. Hoje eu me considero calvinista, creio nas doutrinas da Graça e também concordo com ideias calvinistas a respeito da Lei de Deus e do Estado, por exemplo. Recentemente conhece este blog, e hoje é um dos meus favoritos. Também gosto de literatura reformada.
    Com certeza o que falta aos evangélicos é mais compromisso com a Palavra e vontade de conhecê-la e pregá-la/ vivê-la como ela é, interpretando-a com a maior fidelidade. Há esperança.

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  2. Graça e paz Gustavo.
    Creio que se fizermos uma leitura bíblica sem preconceitos encontraremos verdades absolutas que nela se encontra, mas que por seguirmos sempre aquilo que nos falaram nunca descobriríamos, por isso é importante ler e estudar teologia para crescermos na graça e no conhecimento de Cristo Jesus.
    Eu já vi muito arminiano se tornar calvinista, mas eu nunca vi um calvinista se tornar arminiano (rs).
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira
    PS: Eu tenho alguns livros em meu computador se você quiser eu posso lhe envair por e-mail.
    Meu e-mail: prsilasfigueira@hotmail.com

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  3. Anda com a visão curta Meu Amigo Pr Silas, kkkk, eu já vi calvista se tornar armniano sim, alguns como vemos já começaram a mesclar até mesmo o batismo no Espírito Santo com evidencia do falar em línguas e ainda defenderemcomunhas e dentes a atualidade dos dons do Espírito, tudo auspiciado pelo eufemismo 'novo calvinismo' (arminianismo, kkk. Saudades de Teresópolis.

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    1. Graça e paz Pr. Ilton.
      Creio que não sou eu que está tendo problema de miopia teológica não rs, essa questão de defender a contemporaneidade dos dons eu também defendo com unhas e dentes. Também não posso negar o meu batismo no Espírito Santo. Aliás, escrevi um texto sobre esse assunto: http://migre.me/9ejDA
      Uma vez calvinista sempre calvinista, ou melhor, bíblico rs.
      Quando puder venha estar conosco novamente e dessa vez para pregar.
      Fique na Paz!
      Pr. Silas Figuiera

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