sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A Bíblia não diz que Deus não quer que Ninguém Pereça?

Por R. C. Sproul

O apóstolo Pedro declara com clareza que Deus não quer que ninguém pereça.

“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para conosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pedro 3.9).

Como podemos encaixar este versículo na predestinação? Se não é a vontade de Deus eleger todos para a salvação, como pode então a Bíblia dizer que Deus não quer que ninguém pereça?

Em primeiro lugar precisamos entender que a Bíblia fala da vontade de Deus em mais de uma maneira. Por exemplo, a Bíblia fala do que nós chamamos de vontade soberana eficaz. A vontade soberana de Deus é aquela vontade pela qual Deus faz com que as coisas aconteçam com absoluta certeza. Nada pode resistir à vontade de Deus neste sentido. Por sua soberana vontade, Ele criou o mundo. A luz não poderia recusar-se a brilhar.

A segunda maneira na qual a Bíblia fala da vontade de Deus é com respeito ao que chamamos de vontade preceptiva. A vontade preceptiva de Deus refere-se a seus comandos, suas leis. E a vontade de Deus que façamos o que Ele ordena. Somos capazes de desobedecer a sua vontade. Na realidade, quebramos seus mandamentos. Não podemos fazer isso com impunidade. Fazemos isso sem sua permissão ou sanção. Ainda assim o fazemos. Nós pecamos.

Um terceiro modo que a Bíblia fala da vontade de Deus faz referência à disposição de Deus, ao que agrada a Ele. Deus não tem prazer na morte do ímpio. Existe um sentido no qual a punição do ímpio não traz alegria a Deus. Ele escolhe fazê-lo porque é bom punir o mal. Ele se alegra na justiça de seu julgamento, mas é “triste” que tal julgamento justo precise ser realizado. E algo como um juiz sentar-se na corte e sentenciar seu próprio filho à prisão.

Vamos aplicar estas três definições possíveis à passagem de 2 Pedro.

Se tomarmos a declaração compreensiva “Deus não quer que ninguém pereça”, e aplicarmos a ela a vontade soberana eficaz, a conclusão é óbvia. Ninguém perecerá. Se Deus soberanamente decreta que ninguém deve perecer, e Deus é Deus, então certamente ninguém jamais perecerá. Este, então, seria um texto de prova não para o arminianismo, mas para o universalismo. O texto, então, provaria demais para os arminianos.

Suponha que aplicamos a definição da vontade preceptiva de Deus a esta passagem. Então a passagem significaria que Deus não permite que ninguém pereça. Isto é, Ele proíbe o perecimento das pessoas. E contra sua lei. Se as pessoas fossem adiante e perecessem, Deus teria de puni-las por perecerem. Sua punição por perecerem seria mais perecimento. Mas como alguém se envolve em mais perecimento do que o perecimento? Esta definição não funcionará nesta passagem. Não faz sentido.

A terceira alternativa é que Deus não tem prazer no perecimento das pessoas. Isto se enquadra no que a Bíblia diz, em outros lugares, sobre a disposição de Deus em relação aos perdidos. Esta definição poderia servir nesta passagem. Pedro poderia simplesmente estar dizendo aqui que Deus não tem prazer no perecimento de ninguém.

Embora a terceira definição seja possível e atraente para ser usada na solução desta passagem, com a qual a Bíblia ensina sobre predestinação, há ainda um outro fator a ser considerado. O texto diz mais do que simplesmente que Deus não quer que ninguém pereça. A cláusula inteira é importante: “pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.”

Qual é o antecedente de nenhum? É claramente “nós” . Será que “nós” se refere a todos nós humanos? Ou se refere a nós cristãos, o povo de Deus? Pedro gosta de falar dos eleitos como um grupo especial de pessoas. Eu acho que o que ele está dizendo aqui é que Deus não quer que nenhum de nós (os eleitos) pereça. Se esse é o seu significado, então o texto exigiria a primeira definição e seria mais uma forte passagem a favor da predestinação.

De duas maneiras diferentes o texto poderia ser harmonizado com a predestinação. De maneira nenhuma sustentaria o arminianismo. Seu único outro significado possível seria o universalismo, que então entraria em conflito com tudo o mais que a Bíblia diz contra o universalismo.

Fonte: Ortopraxia

2 comentários:

  1. LEGAL IRMÃO MAS ISSO NÃO É EXEGÉTICO. NÃO PODEMOS USAR UM FRAGMENTO DE VERSÍCULO PARA FAZER NOSSA TEOLOGIA. O AUTOR DO TEXTO ACHA, MAS ACHAR, CADA UM ACHA UMA COISA. VAMOS USAR O PRESSUPOSTO DO AUTOR DO ARTIGO, SE DEUS É LONGANIMO E QUER QUE OS ELEITOS SE SALVEM EXISTE POSSIBILIDADE DELES NÃO SEREM SALVOS? MAS O TEXTO SE HARMONIZA SIM COM O ARMINIANISMO, JÁ QUE A ÚNICA DIFERENÇA É QUE OS ARMINIANOS ACREDITAM QUE DEUS QUER QUE TODOS SE SALVEM E CHEGEM AO CONHECIMENTO DA VERDADE, NO SENTIDO DO TECEIRO MODO MESMO COMO O AUTOR APRESENTA. OU SEJA DEUS QUER QUE O HOMEM SE SALVE POIS NÃO TEM PRAZER NA MORTE DO ÍMPIO. VCS DEVERIAM ESTUDAR MELHOR O ARMINIANISMO ANTES DE CRITICÁ-LO POIS EU VEJO MUITO DE VCS CRITICANDO O ARMINISMO SEM MESMO SABER DO QUE SE TRATA.

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  2. Graça e paz Diogo.
    Em primeiro lugar eu quero lhe dizer que eu conheço muito bem a doutrina arminiana, por isso sou calvinista. Outra coisa, creio que R. C. Sproul poderia ter explorado muito mais esse texto, no entanto existem muitos outros textos que ele escreveu e que foram publicados neste blog que mostram de forma muito mais clara o que ele quis dizer aqui, não só ele, mais outros autores também. Outra coisa que me chama muito a atenção nesses anos todos que tenho de caminhada com meu Deus, é que eu já vi muito arminiano se tornando calvinista, mas eu nunca vi um calvinista se tornando um arminiano. Por isso eu quero convidá-lo a estudar de forma séria em sem preconceito o Calvinismo, provavelmente você irá mudar de lado também.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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