sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

EVANGÉLICOS SEM O EVANGELHO


Pr. Cleber Montes Moreira

“Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus corações.” (Efésios 4:17,18 – NVI).

Um cantor gospel participa de um evento num terreiro de candomblé. Uma famosa estação de rádio, dita evangélica, toca uma música cuja letra menciona Maria como medianeira. Um pastor evangélico participa com um padre, numa igreja católica, como oficializante numa celebração de casamento (para a Igreja Romana, um sacramento1). Um evangélico aceita ser padrinho2 de batismo de duas crianças numa cerimônia católica. Um pastor de jovens posta em redes sociais textos deapologia à Ideologia de Gênero. Outro pastor, de uma comunidade evangélica, convida um transexual para pregar em sua igreja. Diante destes e outros fatos, pergunto: O que há com os evangélicos de hoje? Abandonaram a Bíblia? Se esqueceram de seus princípios? Estão seguindo um “outro evangelho”? Se renderam ao ecumenismo que antes reprovavam? Ou, porque se conformaram ao mundo, adotaram o “politicamente correto”? Talvez por isso há quem diga: “Já não se fazem evangélicos como antigamente.” Eu concordo.

Houve um tempo em que ser evangélico era crer no evangelho e praticá-lo. Esta fé capacitava o crente para reagir contra as heresias, para identificar os falsos profetas e resisti-los na Palavra. Hoje, infelizmente, nem conhecem a Palavra de Deus, pois abandonaram-na, ou substituíram-na por alguma outra “verdade” humana, agradável, sem a exigência de compromisso, “inclusiva”, regada de “amor” (segundo o entendimento vigente na sociedade), e passaram a dialogar com outras correntes de fé (segundo um amigo meu “fezes”) antagônicas aos ensinos de Cristo. Estes “novos diálogos” abrem conversas que promovem o relativismo das Escrituras, sua “ressignificação”, sua “reimaginação” e consequente “reinterpretação”, a partir de perspectivas humanas, dos valores fundamentais da fé cristã. Esta degradação, num nível ainda mais baixo, acata debates sobre temas para os quais os evangélicos tinham opinião formada e embasada, tais como a inspiração, inerrância e autoridade da Bíblia, suficiência e exclusividade da Obra de Cristo, ecumenismo, aborto, uniões homo afetivas etc. O subproduto deste sincretismo religioso (e também social e político) é o que chamo de ‘evangélicos sem o evangelho’. Não é sem motivo que o crescimento vertiginoso dos evangélicos não tem causado os impactos esperados na sociedade que prossegue em franca derrocada.

‘Evangélicos sem o evangelho’, ainda que cultivem algum orgulho religioso, são pessoas perdidas, desprovidas da experiência de salvação e esperança real em Cristo. Porque não deram lugar ao Espírito Santo, ainda não conhecem a virtude do “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16). Sem Cristo, e sem o evangelho, permanecem (porque são “gentios”) “obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus corações” (Efésios 4:18 – NVI).

1 Casamentos e batismos são, para a Igreja Católica, sacramentos.
2 Homem que apresenta alguém (ger. criança) para o batismo ou crisma, com o compromisso implícito de provê-la do necessário na falta dos pais; dindo, dindinho.

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