Por Pr. Silas Figueira
Ouvi
a história que um pastor que estava carregando um púlpito de madeira nas costas
pela rua. Alguém que conhecia o pastor lhe perguntou para onde ele estava
levando aquele púlpito; ele então respondeu que estava levando o púlpito para a
marcenaria, pois o mesmo estava em ruínas devido aos cupins em sua base.
Fiquei
pensando nesse ocorrido e comecei a observar que há hoje em dia muitos púlpitos
em ruínas devido ao ataque de “cupins” em sua base. Embora nós temos visto hoje
em dia a moda dos púlpitos de acrílico, mas a base está sendo atacada por
“cupins” espirituais. E a base dos púlpitos em ruína hoje são os líderes que
estão por trás deles. Pessoas que não condizem com o nome que carregam; o nome
de cristãos. Pessoas que estão em ruínas em várias áreas de suas vidas. Líderes
que estão à frente de uma congregação, seja ela pequena, média ou grande, mas tem
sido referência negativa para essas pessoas. Líderes que influenciam e que, de
alguma forma, direcionam muitos para o mal e não para o bem. Gente trabalhando
para o diabo, mas usando o nome de Deus.
Vamos
enumerar alguns fatos que têm levado muitos púlpitos à ruína hoje:
Primeiro
é vermos líderes não convertidos atrás do púlpito. Parece loucura o que vou falar, mas infelizmente não
é, há muitos líderes atrás do púlpito que não nasceram de novo. Pessoas que
nunca tiveram uma experiência de conversão. Agem como crente, tem cacoete de
crente, mas estão longe de uma fé genuína, pois não nasceram de novo.
Vemos
isso através das próprias palavras do Senhor Jesus no final do Sermão do Monte:
Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não
profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos
muitos milagres?” Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se
de mim vocês, que praticam o mal!
(Mt 7.22,23 – NVI).
Como
disse Spurgeon, que coisa horrível, ser pregador do evangelho, e, todavia, não
estar convertido! Um pastor destituído da graça é semelhante a um cego eleito
professor de ótica, que faz filosofia sobre a luz e a visão, comentando e
distinguindo para outros os belos sombreados e as delicadas combinações das
cores prismáticas, enquanto ele mesmo está absolutamente em trevas! É um mudo
elevado à cátedra de música; um surdo a falar sobre sinfonias e harmonias! Uma
toupeira pretendendo criar filhotes de águias; um molusco eleito presidente de
anjos! [1].
Tais
líderes são cegos guindo cegos (Mt 15.14; Lc 6.39). São pessoas que estão indo
para o buraco e estão levando outros com eles.
Segundo
é vermos líderes deformados em seu caráter. Spurgeon diz que se o nosso relógio não estiver
certo, muitas poucas pessoas, além de nós mesmos, sofrerão com o engano, mas se
o do edifício dos Horse Guards, de Londres, ou o do Observatório de Greenwich,
estiver errado, a metade de Londres ficará desorientada. Assim com o ministro.
Ele é o relógio da comunidade. Muitos conferem a sua hora com ele e, se ele for
incorreto, todos andarão erradamente, uns mais outros menos, e em grande medida
ele terá que responder por todos os pecados que ocasiona [2].
É
igual a história de um determinado pastor que assumiu uma igreja. No dia da
posse ele estava com a esposa, pagaram hotel para o casal passar a noite...
Alguns dias depois esse pastor disse que estava separado de sua esposa e que
estava aberto para novos relacionamentos. Não tardou muito, vários membros da
igreja passaram a agir como ele e ainda diziam que se o pastor podia eles
podiam também.
Se
houver pecado na congregação que não seja o pastor o exemplo desse pecado. Como
disse Paulo a Timóteo:
“Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas
seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na
pureza. Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à
exortação e ao ensino. Não negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem
profética com imposição de mãos dos presbíteros. Seja diligente nessas coisas;
dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso. Atente
bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres,
pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem” (1Tm 4.12-16 – NVI).
Terceiro
é vermos líderes preguiçosos no estudo da Palavra. A. W. Tozer falando a respeito do coração
inconstante diz que o problema é que, em geral, as únicas atividades nas quais
todos perseveram são aquelas em que a natureza as força a praticar – comer,
beber, dormir, proteger a si mesmo, ou outro poderoso instinto interno. Enquanto
humanidade perdurar, o amor, o casamento e tudo mais continuarão a existir, já
que esses são instintos profundamente arraigados à nossa espécie. Entretanto,
aquilo que requer planejamento e um esforço cuidadoso e árduo torna-se fácil de
abandonar [2]. No caso em questão a perseverança em estudar as Sagradas
Escrituras.
Para
tal é necessário, em primeiro lugar, ter senso de responsabilidade. Ter
consciência de que temos que estudar com dedicação e empenho, pois afinal de
contas a igreja espera de nós alimento sólido toda vez que nos posicionarmos
atrás do púlpito, e não lhes oferecermos palha como muitos fazem. Mas para isso
é necessário sermos responsáveis, pois o irresponsável não se importa com isso.
Manejar
bem a palavra da verdade implica em dedicação e empenho, esforço redobrado,
desejo de fazer o melhor pelo Reino e para o Reino.
Tomemos
como exemplo a carta de John Wesley a John Trembath:
“O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos
tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu
raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a
leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na
pregação não se desenvolve. Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso,
mas não é profundo; há pouca variedade; não há sequencia de argumentos. Só a
leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração
diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso. Você nunca poderá ser um
pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um
horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no
início é tedioso será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore
diariamente. É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será,
sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador. Faça justiça à sua própria
alma; dê-lhe tempo e meios para crescer. Não passe mais fome. Carregue a sua
cruz e seja um cristão no verdadeiro sentido da palavra. E então, todos os
filhos de Deus se regozijarão (e não se afligirão) consigo; e, particularmente”.
Poderíamos
ampliar essa lista, mas creio que tudo começa pela falta de temor, por que
muitos na verdade nunca tiveram uma experiência de conversão. Quem não é convertido
não tem o Espírito Santo habitando em si, quem não tem o Espírito Santo não
pertence ao Senhor e quem não pertence ao Senhor é filho do diabo.
O
que temos visto hoje em muitas igrejas são filhos do diabo se passando por filho
de Deus e levando as pessoas para o inferno com elas.
Pense
nisso!
Notas:
1
– Spurgeon, C. H. Lições aos meus alunos, vol. 2. Editora PES, São Paulo, SP,
2002: p. 11.
2
– Spurgeon, C. H. Lições aos meus alunos, vol. 2. Editora PES, São Paulo, SP,
2002: p. 20.
3
– Tozer, A. W. Os Perigos de Uma Fé Superficial. Graça Editorial, Rio de
Janeiro, RJ, 2014: p. 86.
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