INTRODUÇÃO
Texto base: Atos 4.1-22
Esse
texto é a continuação da cura do coxo em Atos 3.1-10. Logo após a cura do coxo,
Pedro, juntamente com João, prega para as pessoas que os rodearam ao verem o
coxo curado. Os apóstolos então lhes mostram que não havia porque ficar
admirados, pois o ocorrido foi realizado na autoridade do nome de Jesus, este,
que eles, juntamente com suas autoridades, condenaram a morte de cruz, mas que
o Senhor o havia ressuscitado dentre os mortos (At 3.11-26).
O
texto nos diz que enquanto Pedro e João ainda falavam ao povo chegaram os
sacerdotes (sacerdotes principais), o capitão da guarda ou do templo (o
sacerdote que vinha após o sumo sacerdote na hierarquia sacerdotal) e os
saduceus e os levam presos porque os dois apóstolos estavam ensinando ao povo a
respeito de Jesus e falavam da sua ressurreição. O que temos aqui é o início da
perseguição a Igreja; começa a se cumprir o que o Senhor Jesus havia falado
para os seus discípulos o que eles enfrentariam após a sua partida (Mt
10.17-20; Lc 21.12-15; Jo 15.18-20). Aqui foi só um aviso, posteriormente viram
perseguições, prisões, martírio. Como está registrado em Hebreus 10.32-34:
“Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram
iluminados, quando suportaram muita luta e muito sofrimento. Algumas vezes
vocês foram expostos a insultos e tribulações; em outras ocasiões fizeram-se
solidários com os que assim foram tratados. Vocês se compadeceram dos que
estavam na prisão e aceitaram alegremente o confisco dos seus próprios bens,
pois sabiam que possuíam bens superiores e permanentes” (NVI).
Lucas
deixa bem claro que ambas as ondas de perseguição foram iniciadas pelos
saduceus (At 4.1 e 5.17,18). Eles eram a classe governante dos aristocratas
ricos. Politicamente, integravam-se ao sistema romano e adotavam uma atitude de
colaboração, de modo que temiam as implicações subversivas dos ensinos dos
apóstolos [1].
Lucas
deixa claro que há duas motivações na ação empreendida contra Pedro e João. Uma
é de natureza teológica: os saduceus não acreditavam na ressurreição, e a
pregação de Pedro e João, claramente, opunha-se às doutrinas deles (Lc
20.27-40). Mas o texto também mostra que essa não é a verdadeira causa para a
intervenção das autoridades. A verdadeira causa é que eles ficaram “muito
incomodados porque os discípulos ensinavam o povo” – em outras palavras, com o
fato de eles estarem usurpando e subvertendo a autoridade dos sacerdotes e dos
outros líderes [2]. Eles se declaravam religiosos, mas não aceitavam a tradição
dos fariseus e não considerava que os livros proféticos do Antigo Testamento
estivessem no mesmo nível da Lei (a Tora, o Pentateuco). Também negavam a
existência de anjos e de espíritos (Mt 22.23; At 23.8).
Teologicamente
falando também, eles não criam na vinda do Messias. Para eles a era messiânica
havia começado no período dos macabeus; portanto, para eles Jesus não era o
Messias anunciado pelos apóstolos. Por isso eles eram vistos como agitadores e
hereges, perturbadores da paz e inimigos da verdade [3].
Os
sacerdotes procediam do partido dos saduceus e tomavam conta do templo e das
coisas alusivas ao culto. Eles transformaram a casa de Deus num covil de
salteadores e numa praça de comércio. Já estavam estremecidos desde que este
virou a mesa dos cambistas (Mt 21.12-15). O ensino de Jesus era uma ameaça para
eles [4]. É interessante que, embora os fariseus formassem o grupo que mais se
opôs a Jesus durante o Seu ministério, em Atos quase ficaram amigáveis com a
igreja, ao passo que os saduceus (que não figuram nos Evangelhos até os últimos
dias de Jesus), agora ficaram sendo os líderes da oposição [5]. Vemos aqui que
a Igreja sempre será perseguida, seja por um grupo, seja por outro, mas a
Igreja sempre sofrerá oposição.
Com
isso em mente, quais lições nós podemos tirar desse texto? O que ele tem a nos
ensinar?
A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A FÉ VEM PELO OUVIR
A PALAVRA DA VERDADE (At 4.4).
Enquanto
os apóstolos estavam sendo presos, a fé dos que haviam crido não fora abalada.
Muito pelo contrário, nos diz o texto que cerca de quase cinco mil homens, isso
sem contar mulheres e crianças – por ser uma sociedade patriarcal estes não
eram contados, creram na mensagem proferida pelos apóstolos. Isso nos mostra
duas coisas:
1º
- Cai por terra a ideia de que a mensagem do Evangelho deve ser atraente para
que haja conversões. A verdade
liberta (Jo 8.32). A verdade trás ao coração das pessoas a tristeza pelo
pecado, mas a alegria do perdão dado por Deus. A verdade gera vida, mas o falso
evangelho mantém as pessoas presas no inferno. Contra esse falso evangelho que
os apóstolos tanto lutaram em suas cartas. Veja por exemplo o apóstolo Paulo
quando escreveu aos Gálatas:
“Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão
rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho
que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os
estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós
ou um anjo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos,
que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um
evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.6-9 – NVI).
Leia
a carta de Judas. Veja o que o Senhor Jesus disse as sete igreja mencionadas no
Apocalipse.
2º
- A perseguição nunca impediu o crescimento da Igreja. Quanto mais a igreja é perseguida, mais avança no
poder do Espírito. A prisão dos apóstolos não fechou a porta da igreja para a
entrada de novos convertidos. Nenhuma ameaça pode deter os passos de uma igreja
cheia do Espírito Santo de Deus [6].
Um missionário sul-coreano falou sobre o desafio de entrar na Coreia do Norte, a
nação mais fechada em todo o mundo, inclusive para o Evangelho. Ele destacou
que o país, atualmente sob um regime ditatorial, viveu no início do século 20
um grande avivamento, mas que hoje não há mais nenhuma igreja.
“Eram
3.800 igrejas antes do comunismo. O regime destruiu as igrejas uma por uma,
matou pastores um por um e se livrou dos cristãos. Em 1958, já não havia mais
nenhuma igreja”, contou o missionário.
“A
única religião existente é a adoração à pessoa do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e seus antecessores”,
explicou.
Ser
crente em Jesus na Coreia do Norte é sinônimo de risco de vida. O missionário
relatou casos de torturas e execuções de pessoas, inclusive crianças, que não
negaram a Deus. Ser crente naquele país já é correr risco, ser um missionário é
algo visto como temeroso pelos norte-coreanos. O missionário descreveu
situações em que percebeu estar sendo vigiado.
Porém
mesmo perseguida, a igreja de Cristo continua viva na Coreia do Norte. É o que
nos relatou o obreiro sul-coreano durante a Conferência Missionária Global, e
citando o texto de Mateus 16.18, disse que por muito tempo se pensou que a
igreja tinha sido completamente eliminada naquele país.
“Deus
tem seus propósitos, e o inimigo não pode destruir a igreja edificada por Jesus
Cristo”, declarou.
A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O ESPÍRITO SANTO NOS
DÁ INTREPIDEZ PARA TESTEMUNHARMOS DE CRISTO (At 4.5-14).
Os
apóstolos foram tirados da prisão e colocados diante das autoridades
religiosas. O tribunal era constituído, basicamente, da família do sumo
sacerdote. O sistema religioso judaico havia se tornado tão corrupto que os
cargos eram passados de um parente para outro sem qualquer consideração pela
Palavra de Deus [7]. Lucas menciona certos sacerdotes importantes que estavam
presentes. Anás tinha sido sacerdote em 6-14 A.D., mas os romanos o depuseram e
foi sucedido por vários membros da sua família, inclusive pelo genro Caifás
(18-36 A.D.). Podemos dizer que Anás e Caifás, juntos com alguns dos demais
parentes de Anás, na realidade formavam uma corporação fechada que administrava
o templo. Warren W. Wiersbe disse que alguém definiu “nepotismo” como “a
prática de homens que são maus, mas sabem dar boas dádivas aos seus filhos”.
Anás, sem dúvida, se encaixa nessa descrição [8].
Nos
são apresentados três grupos que formavam o Sinédrio. Os anciãos eram líderes leigos da comunidade, sem dúvida os chefes das
principais famílias aristocráticas, sendo que a maioria delas adotava o ponto
de vista dos saduceus. Os escribas
eram tirados da classe dos doutores da Lei, e a maioria deles pertencia ao
partido farisaico. O outro grupo mencionado, as autoridades, deve ser identificado com o elemento sacerdotal no
Sinédrio; às vezes com o nome de principais sacerdotes, eram estes os
detentores das várias posições oficiais na administração do templo [9].
O
Sinédrio judaico era composto de setenta membros mais o sumo sacerdote, que era
o presidente. Os apóstolos não esperavam justiça desse tribunal, que contratou
testemunhas falsas para sentenciar Jesus á morte. Como disse Stott, algumas
lembranças do julgamento devem ter surgido na cabeça dos apóstolos [10].
1º
- Sem o Espírito Santo não há intrepidez para testemunhar (At 4.8). Quando Pedro e João foram colocados diante dessas
autoridades eles não se amedrontaram, mas cheio do Espírito Santo, Pedro, de
forma cortês, começou a falar com autoridade e intrepidez, pois as palavras que
lhe saiam da boca eram palavras inspiradas pelo Espírito Santo.
Estava
se cumprindo o que o Senhor Jesus lhes havia falado em Mateus 10.19,20:
“Mas quando os prenderem, não se preocupem quanto ao
que dizer, ou como dizê-lo. Naquela hora lhes será dado o que dizer, pois não
serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por
intermédio de vocês” (NVI).
Observe o versículo 13. Os membros do tribunal admiravam-se ao verem a
intrepidez de Pedro e João, especialmente porque eram iletrados (agrommatoi –
não significa que eram analfabetos, mas que não haviam recebido treinamento
adequado em teologia rabínica) e incultos
(idiotai – significa leigos ou não
profissionais). Mas reconheceram que eles estiveram com Jesus [11]. Aqui que
está a diferença. Eles estiveram com Jesus e agora estavam cheios do Espírito
Santo. Aprenderam com Jesus e agora falam na autoridade do Espírito Santo. E o
milagre que operaram foi na autoridade do Nome de Jesus, pois Jesus estava
agindo na vida da igreja através do Espírito Santo que nos foi dado.
Os
líderes religiosos ao ouvirem o poderoso sermão de Pedro reconheceram nos
apóstolos algo da personalidade de Jesus, nele embebida, e não meramente que
haviam sido discípulos dele [12].
2º
– Pedro cheio do Espírito Santo confronta os seus acusadores com o crime que
eles haviam cometido (At 4.9,10).
Pedro aproveita o ensejo para acusar seus interrogadores, culpando-os de terem
crucificado a Jesus, ao mesmo tempo em que proclama a ação de Deus, ao
ressuscitá-lo dentre os mortos. Os apóstolos não se intimidaram diante do Sinédrio,
pelo contrário, os acusou do maior crime já cometido na história.
Pedro
praticamente repete o que havia falado no sermão anterior quando estava no
pórtico de Salomão pregando para o povo (At 3.14,15), com uma pequena
diferença, lá Pedro ameniza a culpa do povo, diante do Sinédrio não. Porque
aqueles homens se diziam ser os detentores da verdade, mas por inveja mataram o
Senhor da vida.
Esses
homens eram indesculpáveis diante do Senhor. Veja o que o Senhor nos diz em
Lucas 12.48,49:
“Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e
não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. Mas
aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá
poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi
confiado, muito mais será pedido” (NVI).
Quem
conhece a verdade e a rejeita carrega a maior culpa. Quem conhece a verdade,
mas não a prega e nem a vive será cobrado por negligenciá-la.
3º
- A Pedra rejeitada é a Pedra que gera vida (At 4.11,12,14). A pedra angular era a pedra fundamental utilizada
nas antigas construções, caracterizada por ser a primeira a ser assentada na
esquina do edifício, formando um ângulo reto entre duas paredes. A partir da
pedra angular, eram definidas as colocações das outras pedras, alinhando toda a
construção. A pedra angular é o elemento essencial que dá existência àquilo que
se chama de fundamento da construção. Atualmente, a pedra angular seria
semelhante ao alicerce dos prédios contemporâneos.
Pedro
cita o Salmo 118.22 mostrando que aqueles homens que se diziam ser os
construtores de Israel haviam considerado Jesus como uma pedra imprestável. Mas
foi Aquele que os construtores rejeitaram que o Senhor o fez Senhor e Cristo. É
sobre esta Pedra que a Igreja está edificada (Ef 2.20; 1Pe 2.4-8).
“Edificados sobre o fundamento e dos profetas, tendo
Jesus Cristo como pedra angular”
(Ef 2.20 – NVI).
“À medida que se aproximam dele, a pedra viva —
rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele — vocês
também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa
espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. Pois assim é dito na Escritura:
“Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e aquele que
nela confia jamais será envergonhado”. Portanto, para vocês, os que creem, esta
pedra é preciosa; mas para os que não creem, “a pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular”, e, “pedra de tropeço e rocha que faz cair”. Os que
não creem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para o que também foram
destinados” (1Pe 2.4-8 –
NVI).
Observe
o verso 14 onde mostra que Jesus havia curado aquele pobre coxo e ele era a
prova viva desse milagre. Diante dos olhos de todo o Sinédrio aquele homem
estava curado, salvo, liberto e
fortalecido.
Jesus não é só a Pedra, mas também o salvador (At
4.12). O apóstolo viu a cura do
mendigo um retrato da cura espiritual que se dá com a salvação. A expressão
“foi curado”, em Atos 4.9, é uma tradução do mesmo termo grego traduzido por
“salvos” em Atos 4.12, pois a salvação implica plenitude e saúde espiritual
[13].
Com
isso cai por terra aquela ideia de quebra de maldição na vida do crente como se
a salvação em Cristo não fosse suficiente para libertar o homem das garras de
Satanás. Como um determinado autor de livros sobre batalha espiritual disse que
nada é mais perigoso que um ser humano SALVO, porém não CONVERTIDO. Segundo
ele, a pessoa nasce de novo, mas continua com velhos hábitos de antes da
conversão.
Ele
chama de conversão o processo de santificação. A santificação só ocorre na vida
do salvo por Cristo, ou seja, na vida da pessoa convertida.
O que é Conversão?
A
conversão é um giro de 180 graus na vida de uma pessoa. É virar completamente a
vida de alguém do pecado para Cristo e para a salvação. Da adoração de ídolos para
a adoração a Deus. Da autojustificação para a justificação de Cristo. Do
governo do ego para o governo de Deus.
●
A conversão é o que acontece quando Deus desperta aqueles que estão
espiritualmente mortos e os capacita a se arrependerem de seus pecados e a
terem fé em Cristo.
●
Quando Jesus nos chama para nos arrependermos e crermos, Ele está nos chamando
à conversão. É uma mudança radical naquilo que cremos e fazemos (Mc 1.15).
●
Quando Jesus nos chama para tomarmos a nossa cruz e o seguirmos, ele está nos
chamando à conversão (Lc 9.23).
●
Para que nos arrependamos, é necessário que Deus nos dê nova vida, novo coração
e fé (Ef 2.1; Rm 6.17; Cl 2.13; Ez 36.26; Ef 2.8; 2Tm 2.25).
A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NÃO PODEMOS DE
DEIXAR DE FALAR O QUE TEMOS VISTO E OUVIDO AINDA QUE NOS MANDEM CALAR (At 4.
15-22).
O
Sinédrio estava em um dilema e não tinha saída. Não podiam negar o milagre,
pois o homem estava em pé diante deles e, no entanto, não tinham como explicar
de que maneira “homens iletrados e incultos” haviam realizado um feito tão
poderoso [14].
Os
poderosos estão confusos em relação ao que fazer. O que acontecera está
absolutamente claro, e, por isso, eles dizem: “Não podemos negar” (4.16). A
implicação óbvia é que se eles pudessem, de fato, negariam o ocorrido, embora
soubessem que era verdade. A única solução que encontraram, porque não podem
negar a verdade, é escondê-la. Mais uma vez o que está em jogo é o controle
sobre o povo, nesse caso específico por meio do controle da informação [15]. A
incredulidade não enfrenta os fatos; a incredulidade os omite. Você pode
livrar-se dos mensageiros, mas não pode livrar-se dos fatos, não pode livrar-se
da verdade [16].
A
fé gera o milagre, mas o milagre não gera fé. É isso que está diante de nós.
Homens que falam em nome de Deus, mas que negam os Seus feitos. Homens que
mostram que são guias cegos guiando outros cegos (Mt 15.14).
1º
- O Sinédrio dá uma ordem e faz uma ameaça descabida (Atos 4.17,18, 21a). O Sinédrio quer calar a verdade na boca dos
apóstolos de Jesus. Quantas pessoas querem calar a verdade na boca da Igreja de
Cristo nos dias de hoje. Quantas pessoas querem que a igreja deixe de pregar a
verdade, pois tais verdades confrontam os seus pecados e os deixa aborrecidos
com isso. Há muitas pessoas que preferem ouvir mentiras doces, apesar de não
lhes darem vida, a ouvir a verdade amarga do Evangelho, mas que gera vida.
Como
disse Champlin: “Não há razão alguma para acreditarmos que todos os homens
verdadeiramente querem conhecer e seguir a verdade, porque a perversão humana é
tão vasta e profunda que muitos homens dão preferência à mentira, à falsidade,
em detrimento da verdade, por não quererem sujeitar-se às exigências da
verdade, porque a verdade é muito exigente. No caso sob consideração, a verdade
que enfrentou aqueles homens de forma tão patente só serviu para condená-los,
porquanto eles tinham crucificado Jesus, o autor de tal poder [...]. Portanto,
ao invés de reconhecerem o seu erro e se arrependerem, preferiram continuar a
perpetrar seu insano e pretenso engodo ante o povo, durante toda a vida”
[17].
2º
- Pedro com uma resposta ousada os coloca em xeque (At 4.19,20). Pedro e João não se deixaram intimidar pelo
Sinédrio, pelo contrário, já que eles estavam na posição de julgar então eles
deveriam julgar se eles, os apóstolos, deveriam obedecer a eles, o Sinédrio, ou
a Deus. Quem é que tem autoridade? Quem é supremo?
A
autoridade de Deus está e sempre estará acima da autoridade do homem. Quando uma
autoridade torna-se absolutista, precisamos desobedecê-la para obedecermos a
Deus. Quantos hoje também querem nos calar, mais a igreja não deve se acovardar,
muito pelo contrário, devemos agir como a Igreja Primitiva que mesmo diante das
perseguições não deixaram de anunciar o Evangelho. Veja At 8.1,4:
“Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas
regiões da Judéia e de Samaria. Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra
por onde quer que fossem” (NVI).
Como
disse o apóstolo Paulo em 1Co 9.16,17:
“Contudo, quando prego o evangelho, não posso me
orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o
evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa; contudo, como
prego por obrigação, estou simplesmente cumprindo uma incumbência a mim
confiada” (NVI).
Há
pastores hoje que para não sofrerem perseguição mudam a verdade do Evangelho
por meias verdades, que para mim é pior que uma mentira inteira. Pregam um
Evangelho sem cruz; um Evangelho sem renúncia; um Evangelho sem vida santa, sem
vida consagrada totalmente a Deus; pregam um Evangelho sincrético. Como disse o
Reverendo Hernandes Dias Lopes em um de seus programas na TV:
Essa igreja está interessada em resultados e não em
fidelidade à Verdade. Essa igreja é aquela que faz uma pesquisa de mercado para
saber o que o povo quer! O que o povo gosta! O que o povo deseja! E então essa
igreja é uma igreja supermercado que expõem no seu balcão o produto que o
cliente quer. O que as pessoas querem? Saúde? Prosperidade? Milagres? É isso
que nós vamos oferecer!
As pessoas não estão pregando pra salvação! Elas estão
pregando para serem populares! O que interessam pra elas é que seus templos
fiquem lotados! É que a multidão chegue! É que a multidão aplauda! É que a
multidão receba o que ela está procurando, o que está buscando. Mas nós estamos
sonegando dessa forma o povo o trigo da verdade e dando ao povo a palha das
ideias humanas, das doutrinas humanas, de um pragmatismo religioso.
Julgue
você meu irmão e minha irmã, a quem devemos obedecer: A Deus ou aos homens?
CONCLUSÃO
Depois
de ameaçá-los o Sinédrio solta os apóstolos. A mensagem que os apóstolos
pregaram ia muito além de palavras, havia confirmação da verdade pregada. A prova
estava diante dos doutores da Lei, mas eles se recuram a acreditar nela. O homem
curado estava diante deles, e este tinha mais de quarenta anos. Era uma pessoa
conhecida de todos, pois há muitos anos esmolava por ali. Contra fatos não há
argumento, já disse alguém.
Assim
como aquele Sinédrio formado por cerca de setenta homens cultos estavam cegos
diante da verdade, há hoje muitas pessoas que se recusam a crer na verdade do
Evangelho que tem sido pregada em muitos púlpitos e através de muitos servos do
Senhor no dia a dia.
Meu
querido não feche seus olhos espirituais para a verdade do Evangelho. Creia na
autoridade do Evangelho. Creia nos seus servos que pregam e vivem a verdade. Deixe
a graça do Senhor entrar em sua vida. Não faça como os doutores da Lei, faça
como o coxo mendigo que foi alcançado com cura, libertação e salvação de
Cristo.
Pense
nisso!
Notas
1
– Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São
Paulo, SP, 2010: p. 105.
2
– Gonzáles, Justo L. Atos, O Evangelho do Espírito Santo. Editora Hagnos, São
Paulo, SP, 2014: p. 79.
3
– Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São
Paulo, SP, 2010: p. 105.
4
– Lopes, Hernandes Dias. Atos, a ação do Espírito Santo na vida da igreja.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2012: p. 93.
5
– Marshall, I. Howard. Atos, introdução e comentário, Edições Vida Nova e
Editora Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1988: p. 97.
6
– Lopes, Hernandes Dias. Atos, a ação do Espírito Santo na vida da igreja.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2012: p. 95.
7
– Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora
Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 538.
8
– Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora
Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 538.
9
– Marshall, I. Howard. Atos, introdução e comentário, Edições Vida Nova e
Editora Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1988: p. 98.
10
– Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São
Paulo, SP, 2010: p. 106.
11
– Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São
Paulo, SP, 2010: p. 107.
12
– Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo.
Editora Candeia, São Paulo, SP, 10ª Reimpressão, 1998: p. 97.
13
– Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora
Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 539.
14
– Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora
Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 539.
15
– Gonzáles, Justo L. Atos, O Evangelho do Espírito Santo. Editora Hagnos, São
Paulo, SP, 2014: p. 83.
16
– Lloyd-Jones, D. Martyn. Cristianismo Autêntico, Sermões sobre Atos dos
Apóstolos, volume 2. Editora PES, São Paulo, SP, 2006: p. 17.
17
– Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo.
Editora Candeia, São Paulo, SP, 10ª Reimpressão, 1998: p. 97.
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