Texto base: 2 Crônicas 26.16-23
INTRODUÇÃO
Uma
das frases que muito se ouve é que “não
adianta começar bem, mas tem que terminar bem”. Uzias foi um homem que
começou bem. Ele começou a reinar quando tinha apenas 16 anos. Ele reinou no
lugar de Amazias, seu pai. Uzias – Jeová
é força, também conhecido como Azarias – Jeová tem ajudado, reinou por cerca de 52 anos em Jerusalém,
aproximadamente de 791 a 740/39 a.C. Reinou como co-regente junto com seu pai
Amazias, o qual nos primeiros anos de seu reinado, provavelmente estava preso
no reino do Norte. Sua mãe chamava-se Jecolia e era de Jerusalém.
Desde
o início de seu reinado, Uzias se mostrou um adorador fiel ao Deus de Israel,
apesar de não ter tentado eliminar os “altos”, os santuários nas colinas onde o
povo de Judá adorava. O povo deveria ir ao templo oferecer sacrifícios ao
Senhor, mas era mais conveniente visitar um desses santuários locais. Alguns
dos altos ainda eram consagrados a divindades pagãs, como Baal (2 Cr 27.2), e
esses santuários só foram removidos nos reinados de Ezequias e de Josias (2 Cr 31.1; 2 Rs 23).
Nos
versículos 4,5,15 nos diz que “Ele fez o
que era reto perante o SENHOR, segundo tudo o que fizera Amazias, seu pai.
Propôs-se buscar a Deus nos dias de Zacarias, que era sábio nas visões de Deus;
nos dias em que buscou ao SENHOR, Deus o fez prosperar. Divulgou-se a sua fama
até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado, até que se tornou forte”.
Infelizmente,
Uzias depois de ter conquistado todos os seus adversários começou a agir como
um insano. Nada mais tinha o que conquistar, resolveu realizar as atividades
dos sacerdotes. No Antigo Testamento, o Senhor fazia separação entre reis e
sacerdotes, e enquanto um sacerdote poderia tornar-se profeta (Ezequiel,
Zacarias, João Batista), nenhum profeta ou rei poderia tornar-se sacerdote.
Somente
Jesus exerceu essas funções de profeta, sacerdote e rei combinadas num único
indivíduo, e seu sacerdócio é “segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4; Gn
14.18-20; Hb 5-7).
Diante
desse ocorrido na vida de Uzias nós podemos aprender algumas lições
importantes.
A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O CRESCIMENTO PODE
SER A MAIOR PROVA PARA A VIDA DE UMA PESSOA (2 Cr 26.16).
“Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu
coração...”.
Uzias
foi um rei muito abençoado pelo Senhor (2 Cr 26.5-15), e isso deveria torná-lo
mais humilde e não orgulhoso. O sucesso traduzido pelo crescimento pode
configurar a oportunidade perfeita para Satanás incitar à soberba no coração.
Foi isso que ocorreu com Uzias.
Como
nos fala Salomão em Provérbios 16.18: “A
soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”.
1º
- O que está registrado aqui é para servir de exemplo para nós (1 Co 10.6-11).
“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a
fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais,
pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se
para comer e beber e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos imoralidade,
como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil. Não
ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas
mordeduras das serpentes. Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram
destruídos pelo exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e
foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado”.
Entenda
uma coisa: os relatos dos erros de vários personagens bíblicos não são para
imitá-los, mas foram registrados para a nossa advertência como nos diz Paulo
nesta carta aos Coríntios.
Tem
gente que diz: “Já que eles erraram posso errar também”, isso não é sabedoria,
mas burrice.
2º
- O crescimento é algo natural e necessário, mas devemos vigiar para não sermos
contaminados com a soberba.
Satanás
é um “expert” em crescimento, principalmente, o do ego. O sucesso de Uzias se
tornou o seu fracasso. O sucesso lhe subiu à cabeça, e quando isso ocorre, nós
também corremos o risco de cometermos o mesmo erro de Uzias.
Foi
esse mesmo pecado com que Satanás fosse expulso do céu, e ele faz com que
tenhamos esse mesmo pecado em nossos corações. Foi ele que ufanou o coração de
nossos primeiros pais com isso veio a queda de toda a humanidade.
É
muito fácil julgá-lo, mas devemos vigiar para que tal mal não nos alcance
também. O próprio Senhor disse para os seus discípulos que “o espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca” (Mt
26.41).
A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A SOBERBA ENDURECE
NOSSOS OUVIDOS EM RELAÇÃO AOS CONSELHOS DE PESSOAS SENSATAS (2 Cr 26.17,18).
Ouçamos
os conselhos de Salomão: “Não havendo
sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança. Onde
não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos conselheiros há bom
êxito. Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão
de conselheiros está a vitória”
(Pv 11.14; 15.22; 24.6).
Há
um ditado popular que diz que quem não ouve conselhos, ouve: “Ah! Coitado!”,
outros já dizem que “se conselho fosse
bom não de dava, se vendia”.
1º
- O Senhor alertou o rei Uzias do erro que estava cometendo. Observe que os sacerdotes lhe chamaram a atenção,
ele “poderia” até estar inocente no que estava fazendo, mas o Senhor não o
deixou perdido em sua inocência.
Da
mesma forma o Senhor chamou a atenção de Caim quando estava intentando o mal
contra seu irmão Abel (Gn 4.6,7).
Uzias estava com dura cerviz. No dicionário Aurélio o significado para a palavra cerviz é a parte posterior do pescoço
nuca, ou seja, uma parte dura, rígida.
Já
as palavras “Dura Cerviz” no Hebraico compõem apenas uma única palavra e
significa literalmente “Obstinado” ou
“Teimoso”.
2º
- A soberba nos deixa surdos para os conselhos de Deus e somos seduzidos pela
voz de Satanás. Observe o que
os sacerdotes lhe falaram: “sai do
santuário, porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do
SENHOR Deus”.
No
entanto, seus ouvidos estavam fechados para ouvir a voz de Deus pela boca dos
seus sacerdotes. Ele estava obstinado em seu pecado; ele estava cego pelo poder
e sucesso. Como falamos no início, o
sucesso pode ser a maior prova para a vida de uma pessoa.
Temos
que ouvir conselhos com humildade, ouvir quem tem a nos ensinar. Não fazer como
Uzias e nem tão pouco como Roboão filho de Salomão que deu ouvidos aos
conselhos dos jovens e não deu ouvidos aos conselhos das pessoas experientes. Por
causa disso um reino foi dividido.
Como
disse Max Lucado: “Orgulho e vergonha.
Você nunca saberia que eles são irmãos. Parecem tão diferentes. Orgulho faz o
tórax inflar. Vergonha deixa a cabeça caída. Orgulho se vangloria. Vergonha se
esconde. Orgulho procura ser visto. Vergonha evita ser vista”.
Uzias
foi do orgulho à vergonha. Para alcançar o sucesso levaram anos, para sua ruína
alguns instantes. Como disse o apóstolo Paulo: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co
10.12).
A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE PERDEMOS O TEMOR
DIANTE DA SOBERBA E COMEÇAMOS A AGIR COMO DONOS DA OBRA DE DEUS, USURPANDO
AQUILO QUE PERTENCE AO SENHOR (2 Cr 26.18).
Que
triste quadro está diante de nós. Um homem tão temente a Deus cair nessa
armadilha de Satanás. Uzias pensou que podia ser o que ele bem entendesse,
afinal de contas ele era o rei, não um rei qualquer, mas um dos maiores reis da
história de Israel.
Quando
a soberba toma o coração perdemos a noção de quem somos e pensamos que podemos
tudo. É igual um fato ocorrido aqui em nossa cidade. A prefeitura havia feito
um convênio com uma empresa de plano de saúde para os funcionários, quando um
dos funcionários recebeu o seu cartão disse com todo orgulho: “Agora sim eu
posso ficar doente!”. Quer conhecer alguém lhe dê um pouquinho de poder.
1º
- O “poder” não nos isenta de limites. Uzias era rei e não sacerdote. Ele deveria se colocar na posição de
rei e não ultrapassar aquilo que o Senhor lhe havia confiado. Observe que os
sacerdotes resistiram ao rei, ou seja, eles defenderam a lei mosaica.
Veja
por exemplo a Árvore do Conhecimento do Bem e Mal que estava no Jardim do Éden,
de todos os frutos das árvores Adão e Eva podiam comer livremente, mas a Árvore
do Conhecimento do Bem e do Mal não podiam comer. Essa era uma ordem única.
Isso nos mostra que até no Jardim do Éden havia limites.
Quando
ultrapassamos os limites estabelecidos por Deus caímos em pecado e o pecado
gera a morte (Rm 6.23).
2º
- A Palavra de Deus é balizadora, é ela quem impõe o limite. Uzias podia ser rei, mas nem por isso ele estava
acima da lei que o Senhor havia estabelecido. Quanta diferença dos dias de
hoje, onde a Palavra de Deus tem sido tripudiada pelos “sacerdotes”, pois estão
agindo iguais aos filhos do sacerdote Eli, Hofni e Finéias. Beneficiam-se
através da distorção da Palavra e permitem o pecado dentro da igreja, pois
medem o sucesso pelo número de pessoas no culto e não pela verdade que liberta
alcançando os corações.
Os
sacerdotes não permitiram que a Casa do Senhor fosse tratada de qualquer
maneira. Eles se impuseram contra o rei não permitindo que ele violasse a Lei
do Senhor.
No
Egito, os reis também eram sumos sacerdotes, mas esses dois ofícios sempre
foram mantidos separados na Lei do Senhor. Talvez Uzias estive querendo imitar
os egípcios, e até tivesse planos de tornar-se sumo sacerdote. Nesse caso,
então seu orgulho o estava fazendo desviar para longe da Lei do Senhor.
Imitar
o mundo sempre foi algo que desqualifica uma igreja e principalmente um líder.
É o que temos visto hoje em muitas igrejas, o Egito dentro da igreja.
A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE DA SOBERBA PROCEDE A
RUÍNA (2 Cr 26.19-23).
“Exaltou-se o seu coração para sua própria ruína...”. Cobiçar o sacerdócio foi uma insensatez sem
precedentes. Ele conhecia a Lei de Moisés; tentar tomá-la à força foi
arrogância, pois o rei sabia o que havia acontecido com outros que haviam
tentado apropriar-se daquilo que não lhes era de direito – veja a rebelião de
Corá, Datã e Abirão contra Moisés e Arão (Nm 16). Esses homens, apesar de serem
levitas, eles queriam o sacerdócio que pertencia à família de Arão. Veja as
consequências dessa rebelião (Nm 16.31-35).
1º
- O Senhor humilhou o rei Uzias no mesmo lugar onde ele queira se exaltar. O altivo rei foi humilhado não pelos sacerdotes, mas
pelo Senhor. Como disse Jesus: “Quem a si
mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado”
(Mt 23.12).
Aquele
que queria tomar o lugar do sumo sacerdote ficou leproso; por causa disso ele nunca
mais pode entrar no templo e teve que viver até sua morte em uma casa
separada.
Hernandes
Dias Lopes nos diz que a lepra tinha
cinco características:
a) A lepra separa – O leproso tinha que ser tirado da família, da sociedade e jogado numa
caverna ou numa aldeia de leprosos. O pecado separa você de Deus.
b) A lepra insensibiliza – A lepra deixa a pessoa insensível. Assim é o
pecado. Ele endurece, cauteriza, calcifica a alma.
c) A lepra deforma – A lepra deixa marcas e deformidades. Ela mutila e deixa cicatrizes
profundas. Assim é o pecado. Ele deixa marcas profundas na mente, na alma, no
corpo.
d) A lepra contamina – A lepra é contagiosa. O pecado também contamina. Ele pega. Fuja de
más influências, de lugares perigosos.
e) A lepra mata
– A lepra era uma doença incurável. O pecado é uma doença mortal.
Devido
a isso o rei Uzias nunca mais viveu em sociedade e pior, nunca mais pôs os pés
na Casa do Senhor.
2º
- Mas até a lepra na vida do rei Uzias foi um ato de misericórdia do Senhor para
com ele. O espinho na
carne de Paulo foi para que ele, Paulo, não se ensoberbecesse, já a lepra no
rei Uzias foi para que ele deixasse a soberba. Em ambos os casos foi a
misericórdia do Senhor sobre a vida de seus servos.
Se
o Senhor não fizesse nada com o rei Uzias ele poderia até matar os sacerdotes e
seu pecado seria ainda muito pior. Mas até essa enfermidade que lhe surgiu de
imediato foi a graça do Senhor freando o seu servo de uma transgressão ainda
maior.
Uzias
não era um homem mau, ele se deixou levar pelo orgulho, pela soberba, ele deu ouvido
a Satanás e colheu frutos amargos desse erro. Não pense você que ele foi o
primeiro a agir assim, pelo contrário, antes dele o rei Davi caiu no mesmo erro
quando levantou um censo em Israel. Veja 1 Cr 21.1: “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o
censo de Israel”.
Quais
foram as consequências disso na vida de Davi e no seu reino. Veja 1 Cr 21.7: “Tudo isto desagradou a Deus, pelo que feriu
a Israel”. O orgulho de Uzias o levou a querer tomar o sacerdócio por isso
foi ferido, já o pecado de Davi era a grandeza de seu reino, por isso o Senhor
feriu o povo.
Quanto
mais Deus nos acrescenta, mais cuidadosos devemos precisamos nos tornar em
relação à soberba. Aquilo que o Senhor nos dá pode se tornar um ídolo em nossas
vidas. Corremos o risco de deixar de adorar o Doador para adorar os bens
doados. Podemos deixar de adorar o criador para adorar a criatura.
Se
houve um homem que passou no teste do Senhor esse homem foi Abraão, pois
ofereceu Isaque sem pestanejar, pois cria que o Senhor era poderoso para lhe
restituir a vida (Hb 11.17-19).
CONCLUSÂO
Uzias
teve um excelente começo, mas um fim trágico, o que serve de advertência para
nos mantermos vigilantes e orarmos pedindo ao Senhor que nos ajude a terminar
bem. Entenda um bom começo não é garantia alguma de um final feliz, pois a
ambição pecaminosa já foi a ruína de muitos servos do Senhor. Por isso vigiemos
e oremos para não cairmos em tentação.
Como
nos diz Warren W. Wiersbe: “Uzias, o soldado, foi derrotado pelo próprio
orgulho; Uzias, o construtor, destruiu o próprio ministério e seu testemunho; e
Uzias, o lavrador, ceifou a colheita dolorosa daquilo que havia semeado”.
Isso
serve de aviso a todos nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário