Por Pr. Silas Figuiera
Elcana,
cujo nome hebreu significa Deus criou,
era de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efaim, e era filho de Jeroão. Ramá
(Ramataim-Zofim) ficava cerca de 24 quilômetros ao norte de Jerusalém. Elcana
residia no território de Efraim, mas pertencia à tribo de Levi (1Cr 6.26,34).
Logo, era levita por descendência e efraimita por residência. Foi por esse
motivo que seu filho, Samuel, pôde envolver-se, sem empecilho algum, nos atos
do tabernáculo [1].
Elcana
era um servo fiel ao Senhor, ele ia de ano em ano a Siló para adorar e oferecer sacrifícios ao Senhor (1Sm
1.3). A Lei exigia que os israelitas participassem de três festividades por ano
em Jerusalém [a Páscoa, o Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos] (Êx 34.23; Dt
16.16). O texto também nos diz que ele tinha duas esposas: Ana e Penina. No entanto,
o texto destaca que Elcana amava profundamente a Ana, embora esta fosse estéril
(1Sm 1.5).
Elcana
era um marido que procurava suprir as necessidades de suas esposas; mesmo sendo
Ana estéril, ele cuidava dela, pois a amava. Elcana poderia ter se divorciado
de Ana, afinal de contas ela era uma mulher que não lhe completava como
família, pois ela não podia gerar filhos. É bem provável que Elcana tenha se
casado com Penina por esse motivo. Os rabinos judeus diziam que havia sete
pessoas que não podiam comunicar-se com Deus, e a lista começava assim: “um judeu que não tem esposa, ou um judeu
que tem esposa, mas não tem filhos”.
Não
são poucos os casos, hoje em dia, de homens que se separam de suas esposas por
elas não poderem ter filhos. Há relatos de muitas mulheres na África que por
não terem filhos são devolvidas aos pais. Algo extremamente humilhante.
Ele
poderia trata-la com desdém, pois o pensamento daquela época era que uma mulher
que não podia gerar filhos era uma mulher amaldiçoada, pois a bênção do Senhor
sobre a família era ter muitos filhos (Gn 1.22, 28, 9.7; Sl 127.3-5, 128; Pv
17.6).
Muitos
homens abandonam as suas esposas por causa de doenças. Eu conheci uma moça que
estava com câncer e que quando o marido chegava em casa dizia para ela morrer
logo, isso quando não agredia fisicamente. Ele era um covarde e criminoso. Um
monstro para ser exato! Enquanto ela era jovem e bonita, e ele podia exibi-la
não havia problema algum, mas no dia em que ficou doente ele revelou que não a
amava.
Elcana
poderia dar atenção somente para Penina, pois ela lhe havia dado filhos, mas
ele não fazia isso. É bom destacar que provavelmente Ana fora a sua primeira
esposa, naquela época era comum os homens terem mais de uma mulher,
principalmente se esta não pudesse gerar filhos.
Mas
o que fez com que Elcana tratasse Ana de forma diferente foi porque ele a
amava. O amor é que sustenta um casamento diante das adversidades da vida. A
saúde um dia pode vir a acabar, a beleza pode deixar de existir, a crise muitas
vezes nos bate à porta. Todo casamento passa por adversidades. Mas é nessa hora
que o amor faz toda diferença no casamento. Um casamento sem amor não passa de
um ajuntamento de corpos. Como disse Paulo em Colossenses 3.4: “O amor é o
vínculo da perfeição”.
O
que o apóstolo Paulo nos fala em Efésios 5.25-33 de como os maridos cristãos
deve tratar as suas esposas, Elcana já fazia isso por Ana. Isso prova que é o
amor que gera o cuidado, carinho e o respeito. É somente através do amor que
não é egoísta, ou seja, que não busca os seus próprios interesses (1Co 13.5),
que um casamento pode se manter de pé, e os maridos, amarem as suas esposas
como Cristo amou a igreja.
O
amor de Elcana por Ana fez dele um exemplo de marido cuidando dela em quatro áreas:
Primeiro, Elcana foi um exemplo de marido, pois ele cuidava da
sua vida espiritual (1Sm 1.4,5).
“No dia em que Elcana oferecia o seu
sacrifício, dava ele porções deste a Penina, sua mulher, e a todos os seus
filhos e filhas. A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda
mesmo que o SENHOR a houvesse deixado estéril”.
Elcana
era responsável pela vida espiritual de Ana, ele exercia o sacerdócio em sua
casa. Ele não era negligente com a espiritualidade em seu lar.
Hoje
quantas mulheres reclamam que seus maridos são homens que não se importam em
ler a Bíblia, não oram, e se oram, oram sozinhos. Muitos maridos não intercedem
por sua família e nem leva a sua família para os pés do Senhor. Não são exemplo
de vida espiritual. Elcana era um exemplo buscando influenciar a sua família no
temor do Senhor.
Creio
que pelo exemplo de fé de seu marido Ana buscou a Deus confiando que Ele era
capaz de realizar um milagre em sua vida.
Segundo, Elcana foi um exemplo de marido, pois ele cuidava da
sua vida emocional (1Sm 1.8).
“Então, Elcana, seu marido, lhe disse:
Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste?
Não te sou eu melhor do que dez filhos?”
Elcana
se preocupava com os sentimentos de Ana. Ele olhava para ela com carinho e se condoía
de sua dor. Ainda que ele não entendesse a sua angústia de forma plena, pois
ele achava que ele era melhor que dez filhos para ela (provavelmente ele tinha
dez filhos com Penina); mas mesmo assim ele procurava suprir a necessidade
emocional de sua esposa. Com essas palavras ele tentava lhe mostrar que ele a
amava e queria vê-la feliz. Que se compadecia de sua dor e sofrimento.
Quantos
maridos que são ausentes na dor da esposa. Acham que é “frescura”, que choram
por qualquer motivo. Não procuram entendê-las e nem são companheiros na hora da
dor.
Os
homens precisam entender que as mulheres são muito mais propensas a depressão,
choram muitas vezes sem motivo aparente... Nessas horas que os maridos precisam
estar ao lado delas e não ficar as criticando.
A maior parte das dificuldades conjugais
se encontra num fato – homens e mulheres são totalmente diferentes. As diferenças – emocionais, mentais e
físicas – são tão extremas que sem esforço concentrado é impossível ser feliz
no casamento.
DIFERENÇAS MENTAIS / EMOCIONAIS
As mulheres tendem a ser mais pessoais do
que os homens. Elas têm interesse mais profundo em pessoas e sentimentos. Elas
constroem relacionamentos.
O
homem é mais orientado pelo sentido do desafio e da conquista. Por isso que os
homens gostam mais de filme de ação, esporte – futebol, lutas, corrida. Já elas
gostam mais de filme romântico e novelas, o vestido ideal.
Por
isso, que os transtornos emocionais, tais como a depressão e a ansiedade, são mais frequentes nas mulheres.
Aparentemente, os homens são mais sólidos emocionalmente; protegem-se mais e
sofrem menos impactos dos estímulos estressantes do que elas.
Observe
que as mulheres amam mais, são mais poéticas, mais sensíveis, se doam mais e
vivem mais as dores dos outros do que os homens. Além disso, elas são mais éticas,
causam menos transtorno social e causam menos crimes que os homens. Por ter uma
emoção mais rica do que os homens, elas têm menos proteção emocional e,
consequentemente, estão sujeitas a doenças emocionais.
As
mulheres são, portanto, paradoxalmente mais frágeis e, ao mesmo tempo, mais
fortes do que os homens. Elas adoecem mais no território da emoção porque
navegam mais longe. Por isso não tente entender as reações das mulheres. Muitos
comportamentos delas são incompreensíveis, ultrapassam os limites da lógica.
Por exemplo, quem foi mais forte, os discípulos ou as
mulheres que seguiram Jesus? As mulheres! As mulheres estavam próximas a cruz,
o restante dos discípulos fugiram e estavam escondidos com medo (Mt 26.56; Jo
20.19). Dos apóstolos, somente João foi até a cruz. Os outros estavam sufocados
pelo medo, ansiedade e sentimento de culpa. Quem foi até o túmulo de Jesus de
madrugada? Só as mulheres (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-10).
As
mulheres sempre foram mais fortes para enfrentar a dor do que os homens, embora
sejam mais vítimas delas.
Temos
que aprender com as mulheres a arte da sensibilidade.
O
único problema é que as mulheres, por terem uma emoção mais dilatada, costumam
ser alvo mais fácil das propagandas e, por isso, às vezes, gastam mais do que
precisam. Mas ninguém é perfeito!
Terceiro, Elcana foi um exemplo de marido, pois ele cuidava
para que Ana tivesse maturidade espiritual (1Sm 1.21-23).
“Subiu Elcana, seu marido, com toda a sua
casa, a oferecer ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. Ana,
porém, não subiu e disse a seu marido: Quando for o menino desmamado,
levá-lo-ei para ser apresentado perante o SENHOR e para lá ficar para sempre.
Respondeu-lhe Elcana, seu marido: Faze o que melhor te agrade; fica até que o
desmames; tão-somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim, ficou a mulher e
criou o filho ao peito, até que o desmamou”.
Ana
fez um voto a Deus e Elcana lhe fez lembrar que esse voto deveria ser cumprido.
Isso se chama maturidade espiritual. Pessoas imaturas espiritualmente falando
são pessoas que fazem votos e não os cumprem. No entanto, Elcana por ser um
homem maduro espiritualmente fazia com que sua casa tivesse essa maturidade
também.
Veja
o que Salomão nos fala no livro de Ecresiástes 5.4,5:
“Quando a Deus fizeres algum voto, não
tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.
Melhor é que não votes do que votes e não cumpras”.
Clint
Archer disse que a “infantilidade só é irritante em um adulto. Quando uma
criança de quatro anos veste uma capa, uma cueca por sobre a calça, alegando
ter visão raio-x, isso é fofo. Quando seu pai faz isso, é preocupante (ou
insanidade)”. Assim são muitos crentes imaturos fazendo votos absurdos e irracionais.
Não estou falando de novos convertidos, mas de crentes que já deveriam estar
ensinando. O escritor da Carta aos Hebreus viu um paralelo entre a alimentação
de um bebê e a condição espiritual dos cristãos. Eles são reprovados por não
terem crescido na vida cristã, por continuarem sendo como criancinhas
recém-nascidas que necessitam de leite, não suportando ainda alimentos sólidos,
ou seja, um ensino espiritual mais profundo. Eles não têm progredido na fé (Hb
5.11-14).
A
maturidade espiritual nos leva a tomarmos decisões dentro dos princípios
bíblicos e nos esforçamos por coloca-los em prática. O maduro na fé não toma
decisões precipitadas e impensadas, mas procura fazer tudo na direção do
Espírito Santo.
Creio
que Ana quando tomou a decisão de fazer aquele voto não foi algo de repente,
mas provavelmente já vinha falando a respeito disso com Deus e com o seu
marido. Tanto que ele não a questiona, mas lhe diz para cumprir o que havia
votado.
Quarto, Elcana foi um exemplo de marido, pois acreditava e
incentiva os projetos de Ana (1Sm 1.23a).
“Respondeu-lhe Elcana, seu marido: Faze o
que melhor te agrade...”
Elcana
sabia o que Ana queria fazer se tivesse um filho e se este fosse um menino. Ele
a incentivou em seu voto. De acordo com a Lei, Elcana poderia ter declarado o
voto de Ana uma promessa imprudente e tê-la proibido de realizá-lo (Nm 30.10-15).
O fato de ele não ter feito isso demonstra o seu amor e estima por ela.
Elcana
foi um fator motivacional para ela. Agora, quantos maridos tentam o tempo todo
desmotivar as suas esposas em seus projetos e sonhos. Quantos maridos se tornam
pedra de tropeço para suas esposas; não as incentivam para que seus sonhos se
tornem realidade.
Quantas
mulheres gostariam de estudar, mas não tem o incentivo dos maridos, isso quando
elas não ouvem várias críticas.
O
que Elcana fez serve de exemplo para todos nós, ele não só a incentivou como
participou do projeto com ela.
Maridos
ousem sonhar com as suas esposas, e se esforcem para que esse sonho se torne
realidade.
Quero
concluir essa nossa reflexão dizendo que Elcana foi um exemplo, pois ele amava
a sua esposa. Se quisermos fazer a diferença na vida de nossas esposas devemos
ama-las, respeita-las e lhes dar nossa total compreensão. Somente com ajuda do
Espírito Santo seremos capazes de pôr em prática o que o Senhor nos ensina em
Sua Palavra em relação ao cuidado para com as nossas esposas.
Pense
nisso!
Bibliografia:
1 – Champlin,
Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo, 1ª edição,
Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2001, p. 1125.
Amém Amém
ResponderExcluirAmem muito forte...
ResponderExcluirBênção
ResponderExcluirMuito bom!!
ResponderExcluirExcelente reflexão!!
ResponderExcluirDeus é louvado por essa Palavra meuquerido colega o Senhor seja com tigo amem
ResponderExcluirGraça e paz irmão José.
ExcluirAmém! Que Deus o abençoe também.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira
Glória a Deus por estar palavra que Deus continue abençoando sua vida e o seu ministério
ResponderExcluirMuito obrigado. Fico feliz em saber que estas palavras o tenham abençoado.
ExcluirFique na Paz!
Pr. Silas Figueira
Gente,que texto maravilhoso. Eu achei interessante que a maioria das pessoas lembram mais de Ana e esquecem de Elcana. Parabéns. Amei.
Excluir👏
ResponderExcluirMuito Bom! 👏🏻
ResponderExcluirMuito bom estudo.
ResponderExcluirExcelente...
ResponderExcluirGraça e paz, minha dúvida, qual das festas era que alcana subia a Siló?Pois sabemos é eram sete festas anuais.
ResponderExcluirrespaldo muito bem elaborado ótimo para ensinamentos de casai.
Graça e paz Nielson.
ExcluirO texto não nos dá nenhuma pista sobre qual seria essa festa, por isso é melhor nós não especularmos a respeito.
Que Deus o abençoe!
Pr. Silas Figueira
muito bom mesmo Deus continue te abençoando mais e mais ministro do Evangelho
ResponderExcluirGraça e paz.
ExcluirMuito obrigado!
Qual era o voto de Elcana,pois no cão,1 e 21 diz que ele subiu sacrificar é a cumprir o seu voto.
ResponderExcluirGraça e paz.
ExcluirO texto não nos diz que voto foi este que Elcana havia feito. No entanto, era muito comum os israelitas fazerem vários tipos de votos.
“... os votos tornaram-se uma característica da era particular dos juizes de Israel. Podemos verificar as narrativas de Sansão, de Jefté e do juramento do benjamita” (Ellicott, in loc.).
Paz do senhor Jesus Cristo , que estudo maravilhoso ; Deus lhe abençoe PR ; por esse estudo que o Eterno DEUS lhe use e te abençoe cada vez mais , amém .
ResponderExcluirMuito bom e edificante Deus continue abençoando 😍
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