Texto Base Mateus 9.27-31
INTRODUÇÃO
O texto nos diz que depois que Jesus saiu da casa de Jairo dois cegos passou a segui-Lo clamando para que Ele os curasse, e foram até a casa em que Jesus entrou, mostrando com isso um grande desejo de alcançar a cura.
Na Judéia antiga, dos
tempos de Jesus, o destino das pessoas que tinham qualquer deficiência era
esmolar para conseguir sobreviver. Os cegos, os amputados, os paralíticos pelas
mais variadas causas, acabavam expostos pelos caminhos, ruas, logradouros e
praças públicas. Em particular, a cegueira era um problema sério no Oriente
naquele tempo. De acordo com os relatos dos Evangelhos, Jesus curou pelo menos
seis cegos e realizou cada milagre de maneira diferente.
Aqui encontramos esses
dois cegos procurando o Senhor quando Ele sai da casa de Jairo. É provável que
a notícia houvesse se espalhado do milagre que Ele havia operado lá, com isso,
aqueles dois homens viram a oportunidade de alcançar a cura do mal que lhes
afligia.
O texto não nos diz por
quanto tempo eles vinham seguindo o Senhor lhe pedindo a cura, mas vemos que o
Senhor não os atendeu de imediato, mas o texto deixa claro que eles foram até a
casa onde Jesus estava; provavelmente a casa de Pedro. Eles não deixaram aquela
oportunidade passar e muito menos sem terem a oportunidade de ouvir do próprio
Senhor a resposta de cura ou não.
É bom destacarmos que a
cegueira era uma das ilustrações usadas para identificar a ignorância
espiritual e a incredulidade (Is 6.10; Mt 15.14; 2Co 4.4). A cegueira física
não nos impede de vermos a Cristo, mas a cegueira espiritual – ainda que
tenhamos a vista perfeita – nos impede de vermos ao Senhor e o Seu reino (Jo
3.3).
Através desse relato
bíblico nós podemos aprender algumas lições preciosas sobre oração e
perseverança. Observe que esses homens vinham clamando ao Senhor e esperavam
alguma resposta, como não alcançaram de imediato continuaram a perseverança até
ter a resposta de Jesus.
O Senhor havia ensinado
sobre isso em Mateus 7.7-11:
“Pedi,
e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que
pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual
dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?
Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus,
sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos
céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”
A oração é muito mais
do que recebermos do Senhor uma resposta favorável de um pedido que lhe
fazemos. Orar vai muito além disso. Através da oração eu experimento a presença
de Deus em minha vida. Entenda, Deus está sempre presente na vida do ser
humano, mas o ser humano só está na presença de Deus quando o busca através da
oração.
Através desse texto eu
quero pensar com você a respeito desse assunto por demais importante. Quais
lições nós podemos aprender aqui?
PRIMEIRA
LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NA ORAÇÃO DEVEMOS HONRAR AO SENHOR (Mt 9.27).
C. H. Spurgeon disse
que “os grandes da terra não queriam
reconhecer que o Senhor era de descendência real, mas os cegos proclamavam com
muito ânimo o Filho de Deus”.
1º - Honramos o Senhor
na oração quando reconhecemos Sua autoridade.
Observe que esses dois cegos estavam chamando o Senhor pelo seu nome messiânico
(Mt 1.1). Eles reconheciam que Jesus era o enviado de Deus por isso esperavam
dEle sinais e maravilhas. “Filho de
Davi” – esses cegos o honravam com esse título, pois o reconheciam como
aquele que veio do Pai. Eles reconheciam que Jesus era o Messias de Israel.
Esse título dado a Jesus aparece aqui pela primeira vez, sendo que o Novo
Testamento menciona, por cerca de quinze vezes, o fato que Jesus era “Filho de
Davi”, e a maioria dessas ocorrências expressa a voz do povo.
O mesmo aconteceu com
Bartimeu, cego mendigo, que ao ouvir que Jesus estava passando por ali começou
a clamar por Ele da mesma forma (Mc 10.46,47).
Enquanto as autoridades
judaicas negavam que Jesus procedia do Pai, apesar de enxergarem, esses cegos
enxergavam o que as autoridades judaicas não vinham: A Sua Autoridade.
A. W. Pink disse que “quando Elias orou para que chovesse,
reconheceu que Deus exerce controle sobre os elementos da natureza; ao orarmos
para que Deus liberte um miserável pecador da ira vindoura, reconhecemos que
“ao SENHOR pertence a salvação!” (Jn 2.9). ao suplicarmos que Ele abençoe a
pregação do evangelho até aos confins da terra, declaramos que Ele é quem rege
o mundo inteiro”.
A oração é o
reconhecimento de que Aquele que rege o mundo não perdeu o controle dele (Sl
113).
2º - Honramos a Deus na
oração quando reconhecemos a nossa total dependência dEle.
Veja que esses dois cegos reconhecem que nada mereciam do Senhor. Observe que
eles clamam pela misericórdia do Senhor. Eles não falavam em mérito, nem usavam
como argumento os sofrimentos, ou que eram merecedores da cura. Muito pelo contrário,
eles reconheciam que nada mereciam e se alcançasse a cura seria somente pela
misericórdia do Senhor.
Quanta diferença dos
dias de hoje quando encontramos muitas pessoas determinado a cura, determinado
a bênção, determinando tudo. Pensam que mandam em Deus. O veem como um empregado
que está ao seu dispor; tais pessoas não se veem como pó e cinza; como barro
nas mãos do Oleiro; que o Senhor tem toda autoridade de fazer desse barro o que
bem lhe prouver. São cegos espirituais que estão longe de alcançarem a cura,
pois tais pessoas pensam que enxergam. Esses tais são como a igreja de
Laodicéia que dizia:
“Estou
rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz;
sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17).
Entenda uma coisa: através
da oração eu reconheço a minha humanidade falível, imperfeita e finita, pois
quando entramos na sala do trono contemplamos Aquele que é eterno (Is 6). Mas há
outro fator importante na oração, é que ela nos proporciona o nosso
amadurecimento espiritual. Veja a história de Jó, este patriarca alcançou
crescimento espiritual à medida que orava e se arrependia da sua ignorância
espiritual (Jó 42.1-6).
SEGUNDA
LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NA ORAÇÃO O SENHOR NOS REVELA O QUE ELE DESEJA PARA NÓS
(Mt 9.27).
A. W. Pink diz que “Quando Deus determina conceder uma bênção,
também outorga o espírito de súplica que lhe solicita essa mesma bênção”.
O apóstolo Paulo nos
diz assim em Filipenses 2.13:
“Porque
Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade”.
Através da oração nossa
fé é renovada e o Senhor nos orienta o que devemos falar e pedir. A oração não
tem como finalidade dar informações a Deus, como se Ele ignorasse as coisas que
necessitamos. O Senhor Jesus já havia declarado: “Porque Deus, vosso Pai, sabe de que tendes necessidade, antes que lho
peçais” (Mt 6.8).
1º - A finalidade da
oração é expressar a Deus nosso reconhecimento que Ele já sabe aquilo que
necessitamos. O Senhor deseja que as Suas dádivas
sejam buscadas, por isso devemos orar, não para lhe informar, mas para buscá-lo
em plena comunhão e termos convicção do que o Senhor tem para nós.
2º - A finalidade da
oração é buscar a Sua vontade. Jeremias nos diz que “Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Nosso
coração tem desejos que fogem daquilo que o Senhor realmente tem para nós, por
isso devemos orar. Não só para pedir, mas para ter a certeza de que o nosso
coração almeja seja segundo a Sua vontade (2Co
12.7-10).
Esses cegos quando
foram até onde o Senhor estava não foram guiados pelo simples desejo de seus
corações, mas foram guiados pela vontade do Senhor em curá-los.
O Senhor Jesus falando
a respeito da oração disse que os gentios criam que seriam ouvidos pelo muito
falar. Jesus aqui está falando da formalidade da oração, da oração sem emoção,
sem fé. Quase uma reza. Esses cegos pouco falaram e foram ouvidos.
TERCEIRA
LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A ORAÇÃO NÃO PODE ESTAR DIVORCIADA DA FÉ (Mt 9.28).
A pergunta que Jesus
lhes faz diz respeito à fé. A fé é o meio pela qual o Senhor exerce em nós o
Seu querer e alcançamos dEle as Suas dádivas especiais. Observe que o Senhor
Jesus lhes pergunta: “Credes que eu possa
fazer isso?”. Jesus está perguntando diretamente para eles. Por que o
Senhor lhes faz esta pergunta?
1º - Porque muitos
creem que o Senhor é capaz de fazer maravilhas na vida de outros, mas não nas
deles. É inútil a fé que crê na misericórdia na vida das outras
pessoas, mas não confia que o Senhor é capaz de fazer isto neles mesmos. É
aquele tipo de gente que adora ouvir testemunho de milagres e creem piamente na
graça do Senhor sobre as pessoas, mas quando se trata deles mesmos sua fé é
pequena.
Duvidam que o Senhor
possa lhes libertar de um vício; restaurar o seu casamento; curar uma
enfermidade; creem que o Senhor fez e faz isso na vida de outras pessoas, mas
na vida dele mesmo ele continua cego para esses milagres. Estão cegos e
continuarão cegos em relação à salvação de um ente querido. Por isso essa
pergunta aos cegos.
Veja o que o autor de
Hebreus nos fala: “De fato, sem fé é
impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb
11.6).
Esses dois cegos tinham
essa fé, por isso foram abençoados com a cura.
2º - Muitos creem, mas
não buscam Jesus onde Ele está. Oração e fé andam de
mãos dadas. No entanto, a oração e fé devem ser perseverantes. Observe que eles
foram até onde Jesus estava, foram perguntando pelo caminho, foram buscando
saber onde Jesus estava. Eles não queriam uma imitação, mas o Senhor que cura,
liberta e abre os olhos aos cegos.
Muitos querem o
milagre, mas não perseveram em oração, ou pior, buscam Jesus em outros lugares
em que Ele não se encontra; e nesses lugares são enganados ficando ainda mais
cegos – cegos espiritualmente. Isso quando não passam a se tornar incrédulos de
tudo. Passam a ter os olhos cegos, a língua muda e o coração frio. Isso é o que
mais tem ocorrido por aí.
QUARTA
LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A ORAÇÃO CHEIA DE FÉ GERA O MILAGRE
(Mt 9.29).
Através da resposta
desses cegos o Senhor opera o milagre. Eles criam que o Senhor não só era
poderoso para lhes abrir os olhos, ma também criam que isso ocorreria por Sua
misericórdia e não por méritos próprios.
1º - A fé dos cegos era
grandiosa. Jesus poderia declarar como fez com o
leproso: “Quero. Seja purificado”. (Mt 8) Ele poderia dizer: “Quero. Efatah.”.
Mas não. Ele diz: “Que lhes seja feito segundo a fé que vocês têm.” E então a
visão foi restaurada. De forma parecida, o sumo sacerdote Eli declarou para Ana
quando esta clamava a Deus por um filho: “Que o Deus de Israel lhe conceda o
que você pediu.” A fé é poderosa e pode mover montanhas quando exercida com
sinceridade e quebrantamento diante de Deus.
A fé é o canal que
serve para que a alma receba as bênçãos do Senhor e reconheça o destino de sua
alma. Isso é a verdadeira fé.
2º - A reação do Senhor
à resposta deles foi misericordiosa. Diante de tamanha
demonstração de fé o Senhor lhes dá o que haviam buscado. Que coisa maravilhosa
nós vemos aqui, quando buscamos ao Senhor Ele sempre nos ouve e pela Sua
infinita misericórdia e graça somos atendidos.
Por isso mais uma vez
afirmo que nenhuma oração agradará a Deus se não for movida pelo espírito que
diz: “Não se faça a minha vontade, e,
sim, a tua” (Lc 22.42). Isso está inserido no contexto quando eles clamam
por misericórdia.
A. W. Pink diz que “a misericórdia é aquele adorável atributo
de Deus pelo qual ele tem compaixão dos miseráveis e os alivia”.
CONCLUSÃO
Esses dois cegos
procuraram com diligência o Senhor Jesus e o encontraram. Não se deixaram levar
pela condição que tinham que os impedia de encontrar o Senhor. Não sabemos como
chegaram até onde Jesus estava, mas ao chegar ali sabiam que a misericórdia e
graça do Senhor poderia lhes alcançar.
Que possamos aprender
com esses dois homens que a oração perseverante e sincera movida pela graça do
Senhor em nossos corações nos dará a vitória que tanto queremos alcançar.
Pense nisso!
pr. vc é uma benção
ResponderExcluirGraça e Paz Maurília.
ExcluirObrigado minha irmã pela consideração, você também é uma bênção.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira