sábado, 14 de maio de 2016

GIDEÃO E A ESTRATÉGIA DE DEUS PARA A VITÓRIA

Por Pr. Silas Figueira

Texto Base Juízes 7.1-23; 8.28

INTRODUÇÃO

A história de Gideão começa no capítulo 6 de juízes. Ele é retratado como um homem cujo medo era maior que a sua fé. No entanto, o Senhor o escolhe para ser o libertador de seu povo.  John MacArthur disse que “o fato de o Senhor ter escolhido Gideão como uma solução para libertar Israel é prova de que seu poder não pode ser limitado nem mesmo pelo instrumento humano mais improvável”.

Em mensagem anterior falamos a respeito do seu chamado - GIDEÃO – UM HOMEM DE DEUS NO MEIO DE UM POVO IDÓLATRA – agora falaremos a respeito da sua vitória e da estratégia que o Senhor lhe deu para vencer os inimigos de Israel.

Ao lermos o capítulo 6.33-35 vemos que os midianitas e os amalequitas estavam vindo para Israel para mais uma vez o assolar, como já vinha fazendo há sete anos. Mas nos diz também o texto que Gideão foi revestido pelo Espírito do Senhor a tal ponto que ele incentivou todo o povo a lutar contra os inimigos. A coragem que veio sobre ele motivou as outras pessoas a lutarem também. Um dos fatores da derrota é a falta de motivação. No caso de Gideão não foi uma motivação humana, mas a fé nas promessas do Senhor.

A história de Gideão é um relato de fé em meio à crise. É um relato de fé diante do impossível. É um relato de fé no Deus que tudo pode, pois para Ele não há impossível.

Como nos diz o Salmo 46.7-11:

“O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde contemplai as obras do Senhor, as desolações que tem feito na terra. Ele faz cessar as guerras até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.

Cerca de trinta e dois mil homens se juntaram a Gideão. Ele estava pronto para a guerra, embora estivessem em menor número, era cerca de 4 inimigos para 1 israelita, mas ele estava motivado pelas promessas do Senhor. No entanto a fé é prática, fé que não é praticada não é fé.

Por isso que eu quero pensar com você sobre essa fé e como podemos aplicá-la em nossas vidas hoje. Quais as lições que podemos tirar desse episódio.

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A NOSSA FÉ SEMPRE SERÁ PROVADA (Jz 7.1-8).

Ao olharmos para os heróis da Bíblia sempre os encontraremos sendo provados em sua fé. Basta lermos Hebreus capítulo 11 que encontraremos os chamados “Heróis da Fé” ou “A Galeria dos Heróis da Fé”. Lá encontramos o nome de Gideão. Ele é citado com Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas (Hb 11.32-34). Como se dizia num antigo desenho animado da Hanna-Barbera chamado os Herculóides: “Todos fortes, todos valentes, todos heróis!”. No entanto, aqui não é uma história de ficção, mas uma dura realidade que Gideão e todo o Israel tinham que enfrentar. O inimigo era de carne e osso, mas tomados de uma malignidade ímpar.

Warren W. Wiersbe diz que “há pelo menos dois motivos pelos quais Deus prova a nossa fé: em primeiro lugar, a fim de mostrar se nossa fé é verdadeira ou se não passa de uma imitação e, em segundo lugar, a fim de fortalecer nossa fé para as tarefas que colocou diante de nós”.

É nesse momento de grande crise que a fé de Gideão foi posta a prova.

1º - Deus manda tirar os covardes (Jz 7.1-3). Se Gideão estava apreensivo e nervoso com um exército de 32 mil soldados, imagine agora com um exército de 10 mil? Em meio aquele exército havia 22 mil covardes. Estavam ali, mas seus corações estavam amedrontados, inquietos e tímidos.

Provavelmente quando iniciasse a luta muitos ali iria fugir. Não se pode contar com covardes, eles na hora H fogem ou paralisam, ficam inativos e se torna presa fácil para o inimigo. Se Gideão os levasse para a guerra seria uma carnificina e não uma vitória.

Isso ocorre hoje também. Há pessoas que paralisam diante da luta, diante de uma adversidade. Na hora do enfrentamento fogem. Eu conheço um rapaz que falava inglês fluentemente. Ele era excelente. Um dia surgiu a oportunidade de ele fazer um teste para dar aula em um excelente curso. Na hora marcada ele chegou e estava aguardando para ser chamado para o teste. Quando o chamaram, ele não estava lá; ele havia ido embora. E isso aconteceu em dois cursos. No segundo ele ia dar aula, quando ele foi para ser apresentado à turma ele havia ido embora mais uma vez.

O medo tem paralisado muita gente.

2º - Deus reduz os valentes (Jz 7.4-8). “Ainda há povo demais”, foram estas as palavras do Senhor para Gideão. Se Deus havia reduzido o exército tirando os cavardes, Ele agora reduz os valentes. Dez mil soldados ficaram, eram 13,5 inimigos para cada soldado israelita. Se antes já estava complicado, agora se tornara impossível, pois o Senhor mandou Gideão mandar para casa 9.700 soldados, ficando reduzido o exército para 300 soldados, ou seja, 450 soldados inimigos para cada soldado israelita.

Para isso o Senhor fez o teste no beber de água. Muitas vezes nós estamos sendo testados e não sabemos. Eu vi um vídeo uma vez que mostrou isso. Uma firma precisava de uma pessoa para datilografar documentos e pôs um anúncio no jornal; várias pessoas apareceram, mas somente um foi contratado, e o teste era o seguinte: enquanto eles aguardavam na sala de espera havia uma secretária com muito serviço para fazer, ou seja, ela tinha que datilografar vários documentos e não tinha como fazer tudo, pois estava sozinha. E havia outra mesa com um computador sem ninguém estar trabalhando nele. Era a vaga a ser preenchida. Dos vários candidatos que passaram por ali, só um se prontificou em ajudá-la enquanto aguardava ser chamado, os outros ficaram conversando, lendo alguma revista, mexendo no celular. Foi exatamente essa pessoa que foi contratada.

“Faça de toda ocasião uma grande ocasião, pois nunca se sabe quando alguém o está avaliando para algo mais elevado” – Marsden. 

No teste da água não devemos fazer especulações que o texto não nos dá. Mas penso que nesse teste havia algo que podemos concluir. Os trezentos que beberam água levando a água à boca (v. 6), eram homens atentos às coisas ao redor, àquilo que estava ocorrendo ali. Afinal estavam em guerra!

Queridos Deus quer nos usar e nos fazer vencedores, mas para isso devemos estar atentos ao que está acontecendo diante de nós. Há muitas pessoas que são e outras que estão alienadas do seu tempo, não sabem de nada, não querem saber de nada e tem raiva de quem sabe alguma coisa.

O apóstolo Paulo foi um dos apóstolos mais usados por Deus, pois ele era um dos mais bem preparados para ir para o mundo gentílico. Ele conhecia a língua, os costumes, as filosofias de sua época – veja o discurso no Areópago (At 17.16-34). Ele escrevendo aos Tessalonicenses disse: “Julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1Ts 5.21). E escrevendo a Timóteo ele diz também: “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).

Observar tudo e reter o que é bom – isso se refere ao mundo secular. Manejar bem a Palavra da verdade – isso se refere ao mundo espiritual. Atento a tudo, mas firmado na Palavra do Senhor.  
     
3º - Deus reduz o exército para ninguém se vangloriar (Jz 7.2). Quando o Senhor mandou reduzir o exército, do ponto de vista tático isso não fazia nenhum sentido. No entanto, o Senhor queria mostrar para Gideão e para todo o Israel, e porque não dizer para nós também, que eles estavam prestes a ver o poder dEle sendo demonstrado; era hora de eles serem corajosos, não por serem por eles mesmos, mas porque o Senhor lutava a favor deles (cf. Js 23.10): “um só homem dentre vós persegue a mil, pois o Senhor vosso Deus é quem peleja por vós, como já vos disse”
 
As vitórias alcançadas pela fé glorificam a Deus, e não podem glorificar o homem. Viver pela fé é reconhecer as nossas fraquezas e limitações, mas confiados na vitória que provém do Senhor.

Muitos são os exemplos bíblicos de pessoas que depois de grandes vitórias abandonaram ao Senhor. Veja por exemplo o rei Uzias (2Cr 26.5,16).

“E buscou a Deus enquanto viveu Zacarias, que o instruiu no temor de Deus; e enquanto buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar. Mas, quando ele se havia tornado poderoso, o seu coração se exaltou de modo que se corrompeu, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus; pois entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso”.

O orgulho tem sido a causa da ruína de muitas pessoas, veja Provérbios 16.18: “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda”.

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR SEMPRE RENOVA A NOSSA FÉ (Jz 7.9-15).

“Então disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água eu vos livrarei...” (Jz 7.7). Ainda assim, o medo de Gideão era palpável (Jz 7.10). Nós não somos diferentes de Gideão, muitas vezes nosso coração gela diante de uma adversidade, humanamente falando, impossível, mas é nessa hora que a misericórdia do Senhor mais uma vez nos alcança.

O Senhor ao ver que Gideão estava extremamente temeroso renova mais uma vez a sua fé.  

1º - Através de uma promessa (Jz 7.9). Entenda uma coisa, o crente não vive de sinais, o crente vive de promessas. E a promessa do Senhor não cai por terra, muito pelo contrário, o Senhor zela por cumprir a Sua Palavra, como Ele nos fala em Isaías 55.10,11:

“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.  

2º - Através de mais um sinal (Jz 7.10-14). Talvez este seja um dos sinais mais estranhos que o Senhor pudesse dar a alguém, fazer com que o próprio inimigo sonhasse e tivesse a interpretação do sonho. Sendo que, o sonho era a sua derrota.

Um pão de cevadaem vez de pão de trigo – representa os fazendeiros pobres de Israel. Esse pão representava Gideão e seu exército, que apesar de serem pobres e fracos iam vencer o exército inimigo na força do Senhor. Na passagem de 1Rs 4.28, a cevada é retratada como alimento apropriado para os animais, e não para os seres humanos.  

Nas páginas da Bíblia, é comum encontrar Deus comunicando sua verdade por meio de sonhos. Vejamos alguns desses acontecimentos: Jacó (Gn 28, 31), José (Gn 37) – este sonhava e interpretava sonhos, Salomão (1Rs 3), Daniel (Dn 7) – este sonhava e interpretava sonhos e José marido de Maria (Mt 1.20,21; 2.13-22). Mas o Senhor também falou com incrédulos, como Abimeleque (Gn 20), Nabucodonosor (Dn 2, 4), os companheiros de prisão de José (Gn 40), com Faraó (Gn 41) e a mulher de Pilatos (Mt 27.19).

O que ocorreu com Gideão foi uma forma de renovar a sua fé; agora, por favor, não faça disso uma doutrina. Embora eu não duvide que o Senhor nos fale através de sonhos ainda hoje. Isto eu falo por experiência própria. No entanto, o que predomina hoje é o Senhor nos dando respostas através da Sua Palavra, a Bíblia Sagrada, e através da oração. E por meio da sensibilidade ao Espírito Santo somos guiados diante das circunstâncias da vida.  
  
A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE SENHOR HONRARÁ A NOSSA FÉ (Jz 7.15-25).

Depois de ouvir sobre o sonho e perceber o pavor na voz do inimigo, Gideão teve mais um sinal dado por Deus, então voltou para a sua tropa convencido de que o Senhor lhes daria a vitória. Isso não significa que Gideão não tivesse ainda com medo, a fé o faz superar o medo e avançar para a vitória.  

Como nos fala o autor de Hebreus 11.6: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.

Diante dessa promessa e desse renevo espiritual Gideão teve algumas atitudes:

1º - Ele adorou ao Senhor (Jz 7.15a). Diante da resposta de Deus pela própria boca do inimigo, Gideão adora ao Senhor. Ele adorou a Deus, pois recebeu pela fé a vitória. Antes de sermos guerreiros vitoriosos, precisamos nos tornar adoradores sinceros.

Adoração deve ser a primeira reação do homem espiritual. Vemos a mesma coisa na vida de Abraão quando foi oferecer seu filho em holocausto. Diz o texto que ele falou para os seus servos que ele e o rapaz iriam a adorar a Deus e depois voltariam (Gn 22.5). Abraão cria no milagre da ressurreição do filho (Hb 11.17-19).

É através da adoração que o nosso coração é tomado pela paz que excede todo entendimento e toda ansiedade se esvai. É no momento que adoramos ao Senhor que nos esquecemos de tudo ao redor e nos submetemos inteiramente a Ele. Quando adoramos reconhecemos a nossa pequenez e a total dependência do Senhor.

2º - Deus lhe deu estratégia para a batalha (Jz 7.15b-18). Deus nos dá vitória, isso é um fato, mas para isso devemos ter estratégia diante da peleja.

Aparentemente o plano era simples, porém foi muito eficaz. Na densa escuridão da noite, os 300 homens de Gideão, divididos em três companhias de 100 soldados cada, foram instruídos a pegarem trombetas (Cifres de carneiro – shofar) e tochas, escondendo-as em cântaros vazios, e posicionaram-se acima e ao redor do arraial dos midianitas.

Gideão disse para os seus soldados duas coisas importantes: “Olhai para mim e fazei como eu fizer”, e, “e direis: Pelo Senhor e por Gideão!” – isso significa que havia liderança e por quem lutar – havia um propósito. Sem liderança ninguém chaga a lugar algum e sem propósito definido a luta é em vão. 
   
O Senhor pegou um homem cheio de dúvidas como Gideão e fez dele um general estrategista.

3º - Deus lhe deu intrepidez para liderar seu exército (Jz 7.19-22). Sem unidade não há vitória. Todos deveriam fazer a mesma coisa, gritar ao mesmo tempo e agir segundo a ordem dada.

Vigília média – entre a primeira e a terceira, ou seja, a segunda vigília. Naquele tempo, a noite era dividida em três vigílias de quatro horas cada uma. Sendo que o ataque ocorreu no início da segunda vigília, ou seja, por volta das 22 horas.

Quando esse pequeno exército chegou, havia acabado de ter a troca dos guardas. Quando Gideão e o seu exército tocaram as trombetas e gritaram, quebrou-se o silêncio da noite escura com o barulho dos cântaros quebrando-se e as 300 tochas acessas, deu-se a ideia de que era um grande número de israelitas os atacando, quando na verdade não era ataque nenhum.

O Senhor interveio na luta – nesse momento o Senhor colocou uns contra os outros. Então, perceberam que a coisa mais segura era fugir. Assim, tomaram caminho das caravanas para o sudeste e foram perseguidos pelo exército israelita.

É o Senhor quem peleja por nós. De nós mesmos nada podemos fazer. Como nos diz o Salmo 124 (leia). É o Senhor quem nos livra, e só por isso que estamos aqui hoje.

4º - Deus lhe aumentou o exército (Jz 7.23-25). É evidente que trezentos homens não poderiam perseguir um exército de milhares de soldados inimigos, de modo que Gideão chamou mais voluntários. Isso nos mostra que devemos reconhecer a nossa dependência de outras pessoas. Sozinhos não venceremos, mas unidos somos mais que vencedores por meio aquele que nos amou (Rm 8.37).

Isso nos mostra mais uma vez que quando o Senhor intervém a vitória é certa, mas quando Ele não intervém por maior que seja o exército a derrota virá (cf. Js 7.1-5).

Warren W. Wiersbe diz que “quando a igreja começa a depender da “grandiosidade” – grandes construções, grandes multidões, grandes orçamentos –, passa a depositar sua fé no lugar errado, e Deus não pode dar a sua bênção”.  

CONCLUSÃO

Quero terminar esta mensagem contando uma história de um milagre.

No dia 24 de maio de 1940, cerca de 400 mil soldados das tropas aliadas ficaram retidos na costa da França, no mar do Norte, num local próximo ao porto de DUNQUERQUE. Sem enfrentar nenhuma dificuldade, os tanques de Hitler tinham avançado e estava somente a quinze quilômetros de distância. Não havia possibilidade de escapar por terra. A situação era desanimadora. Numa questão de horas britânicos e franceses morreriam ou acabariam como prisioneiros de guerra. Precisavam desesperadamente de um resgate, mas quem e de que maneira?

Até o sempre otimista Winston Churchill considerava que a força naval inglesa poderia resgatar somente cerca de 30 mil soldados aliados em retirada. Os líderes das forças armadas estavam mais otimistas, achavam que poderiam salvar cerca de 45 mil soldados utilizando 129 embarcações de diversos tipos à disposição. O que eles não haviam percebido era que os cidadãos britânicos não estavam dispostos a abandonar seus filhos exaustos e feridos sem lutar.

De maneira informal e verbal, sem qualquer anúncio público, uma imensa armada de embarcações civis e militares se reuniu para trazer de volta os rapazes britânicos. Seis dias apenas depois do início da crise em Dunquerque, o observador de um destróier britânico viu no horizonte, aproximando-se de Dover, “uma enorme quantidade de pontos que enchiam o mar”. Aqueles pontos eram barcos. “Aqui e ali haviam alguns grandes barcos a vapor como a barca de transporte de automóveis, mas a maioria era composta de pequenos de todo tipo: barcos com um mastro apenas, barcos de pesca, de excursão, iates reluzentes, velhos barcos a motor, lanchas, rebocadores, barcaças enormes do rio Tâmisa, navios de cruzeiro, dragas, traineiras, chatas enferrujadas...” Esta marinha desorganizada saiu ao mar para resgatar milhares de soldados britânicos e, mais tarde, também franceses.

Este episódio não era brincadeira de criança para aqueles que estavam empenhados no resgate. Os barcos pequenos corriam o risco de soçobrar, as forças alemãs de artilharia, apoiadas por aviões e navios, tentavam afundar o maior número possível deles. Muitos voluntários trabalharam até a exaustão, como os dois civis que passaram 17 horas remando sem parar, levando as topas das praias de Dunquerque até os navios de resgate em mar aberto.

Não demorou muito e os que permaneceram em suas casas também deram apoio com alegria. Quando as tropas desceram dos barcos nas costas da Inglaterra, os civis correram até eles com sanduiches e chocolate. Um senhor comprou todas as meias e roupas de baixo de sua cidade e as entregou a soldados agradecidos...

Na noite de 4 de junho de 1940, duas semanas depois do início da crise foi completada a evacuação. No final da empreitada, contaram-se 861 “navios” na esquadra que evacuou cerca de 338 mil soldados.  

Pense nisso!   

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