Por Pr. Silas Figueira
Texto Base Juízes 7.1-23; 8.28
INTRODUÇÃO
A história de Gideão
começa no capítulo 6 de juízes. Ele é retratado como um homem cujo medo era
maior que a sua fé. No entanto, o Senhor o escolhe para ser o libertador de seu
povo. John MacArthur disse que “o fato de o Senhor ter escolhido Gideão
como uma solução para libertar Israel é prova de que seu poder não pode ser
limitado nem mesmo pelo instrumento humano mais improvável”.
Em mensagem anterior
falamos a respeito do seu chamado - GIDEÃO – UM HOMEM DE DEUS NO MEIO DE UM
POVO IDÓLATRA – agora falaremos a respeito da sua vitória e da estratégia que o
Senhor lhe deu para vencer os inimigos de Israel.
Ao lermos o capítulo
6.33-35 vemos que os midianitas e os amalequitas estavam vindo para Israel para
mais uma vez o assolar, como já vinha fazendo há sete anos. Mas nos diz também o
texto que Gideão foi revestido pelo Espírito do Senhor a tal ponto que ele
incentivou todo o povo a lutar contra os inimigos. A coragem que veio sobre ele
motivou as outras pessoas a lutarem também. Um dos fatores da derrota é a falta
de motivação. No caso de Gideão não foi uma motivação humana, mas a fé nas
promessas do Senhor.
A história de Gideão é
um relato de fé em meio à crise. É um relato de fé diante do impossível. É um
relato de fé no Deus que tudo pode, pois para Ele não há impossível.
Como nos diz o Salmo
46.7-11:
“O
Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde
contemplai as obras do Senhor, as desolações que tem feito na terra. Ele faz
cessar as guerras até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança;
queima os carros no fogo. Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; sou exaltado
entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos exércitos está conosco; o
Deus de Jacó é o nosso refúgio”.
Cerca de trinta e dois
mil homens se juntaram a Gideão. Ele estava pronto para a guerra, embora
estivessem em menor número, era cerca de 4 inimigos para 1 israelita, mas ele
estava motivado pelas promessas do Senhor. No entanto a fé é prática, fé que
não é praticada não é fé.
Por isso que eu quero
pensar com você sobre essa fé e como podemos aplicá-la em nossas vidas hoje.
Quais as lições que podemos tirar desse episódio.
A
PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A NOSSA FÉ SEMPRE SERÁ PROVADA (Jz 7.1-8).
Ao olharmos para os
heróis da Bíblia sempre os encontraremos sendo provados em sua fé. Basta lermos
Hebreus capítulo 11 que encontraremos os chamados “Heróis da Fé” ou “A Galeria
dos Heróis da Fé”. Lá encontramos o nome de Gideão. Ele é citado com Baraque,
Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas (Hb 11.32-34). Como se dizia num
antigo desenho animado da Hanna-Barbera chamado os Herculóides: “Todos fortes, todos valentes, todos
heróis!”. No entanto, aqui não é uma história de ficção, mas uma dura
realidade que Gideão e todo o Israel tinham que enfrentar. O inimigo era de
carne e osso, mas tomados de uma malignidade ímpar.
Warren W. Wiersbe diz
que “há pelo menos dois motivos pelos
quais Deus prova a nossa fé: em primeiro lugar, a fim de mostrar se nossa fé é
verdadeira ou se não passa de uma imitação e, em segundo lugar, a fim de
fortalecer nossa fé para as tarefas que colocou diante de nós”.
É nesse momento de
grande crise que a fé de Gideão foi posta a prova.
1º - Deus manda tirar
os covardes (Jz 7.1-3). Se Gideão estava apreensivo e
nervoso com um exército de 32 mil soldados, imagine agora com um exército de 10
mil? Em meio aquele exército havia 22 mil covardes. Estavam ali, mas seus
corações estavam amedrontados, inquietos e tímidos.
Provavelmente quando iniciasse
a luta muitos ali iria fugir. Não se pode contar com covardes, eles na hora H
fogem ou paralisam, ficam inativos e se torna presa fácil para o inimigo. Se
Gideão os levasse para a guerra seria uma carnificina e não uma vitória.
Isso ocorre hoje
também. Há pessoas que paralisam diante da luta, diante de uma adversidade. Na hora
do enfrentamento fogem. Eu conheço um rapaz que falava inglês fluentemente. Ele
era excelente. Um dia surgiu a oportunidade de ele fazer um teste para dar aula
em um excelente curso. Na hora marcada ele chegou e estava aguardando para ser
chamado para o teste. Quando o chamaram, ele não estava lá; ele havia ido
embora. E isso aconteceu em dois cursos. No segundo ele ia dar aula, quando ele
foi para ser apresentado à turma ele havia ido embora mais uma vez.
O medo tem paralisado
muita gente.
2º - Deus reduz os
valentes (Jz 7.4-8). “Ainda há povo demais”, foram estas as palavras do Senhor para
Gideão. Se Deus havia reduzido o exército tirando os cavardes, Ele agora reduz
os valentes. Dez mil soldados ficaram, eram 13,5 inimigos para cada soldado
israelita. Se antes já estava complicado, agora se tornara impossível, pois o Senhor
mandou Gideão mandar para casa 9.700 soldados, ficando reduzido o exército para
300 soldados, ou seja, 450 soldados inimigos para cada soldado israelita.
Para isso o Senhor fez
o teste no beber de água. Muitas vezes nós estamos sendo testados e não
sabemos. Eu vi um vídeo uma vez que mostrou isso. Uma firma precisava de uma
pessoa para datilografar documentos e pôs um anúncio no jornal; várias pessoas
apareceram, mas somente um foi contratado, e o teste era o seguinte: enquanto
eles aguardavam na sala de espera havia uma secretária com muito serviço para
fazer, ou seja, ela tinha que datilografar vários documentos e não tinha como
fazer tudo, pois estava sozinha. E havia outra mesa com um computador sem
ninguém estar trabalhando nele. Era a vaga a ser preenchida. Dos vários
candidatos que passaram por ali, só um se prontificou em ajudá-la enquanto
aguardava ser chamado, os outros ficaram conversando, lendo alguma revista,
mexendo no celular. Foi exatamente essa pessoa que foi contratada.
“Faça
de toda ocasião uma grande ocasião, pois nunca se sabe quando alguém o está
avaliando para algo mais elevado” – Marsden.
No
teste da água não devemos fazer especulações que o texto não nos dá.
Mas penso que nesse teste havia algo que podemos concluir. Os trezentos que
beberam água levando a água à boca (v. 6), eram homens atentos às coisas ao
redor, àquilo que estava ocorrendo ali. Afinal estavam em guerra!
Queridos Deus quer nos
usar e nos fazer vencedores, mas para isso devemos estar atentos ao que está
acontecendo diante de nós. Há muitas pessoas que são e outras que estão
alienadas do seu tempo, não sabem de nada, não querem saber de nada e tem raiva
de quem sabe alguma coisa.
O apóstolo Paulo foi um
dos apóstolos mais usados por Deus, pois ele era um dos mais bem preparados
para ir para o mundo gentílico. Ele conhecia a língua, os costumes, as
filosofias de sua época – veja o discurso no Areópago (At 17.16-34). Ele
escrevendo aos Tessalonicenses disse: “Julgai
todas as coisas, retende o que é bom” (1Ts 5.21). E escrevendo a Timóteo
ele diz também: “Procura apresentar-te
diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).
Observar tudo e reter o
que é bom – isso se refere ao mundo secular. Manejar bem a Palavra da verdade –
isso se refere ao mundo espiritual. Atento a tudo, mas firmado na Palavra do
Senhor.
3º - Deus reduz o
exército para ninguém se vangloriar (Jz 7.2).
Quando o Senhor mandou reduzir o exército, do ponto de vista tático isso não
fazia nenhum sentido. No entanto, o Senhor queria mostrar para Gideão e para
todo o Israel, e porque não dizer para nós também, que eles estavam prestes a
ver o poder dEle sendo demonstrado; era hora de eles serem corajosos, não por
serem por eles mesmos, mas porque o Senhor lutava a favor deles (cf. Js 23.10):
“um só homem dentre vós persegue a mil,
pois o Senhor vosso Deus é quem peleja por vós, como já vos disse”.
As vitórias alcançadas
pela fé glorificam a Deus, e não podem glorificar o homem. Viver pela fé é
reconhecer as nossas fraquezas e limitações, mas confiados na vitória que
provém do Senhor.
Muitos são os exemplos
bíblicos de pessoas que depois de grandes vitórias abandonaram ao Senhor. Veja por
exemplo o rei Uzias (2Cr 26.5,16).
“E
buscou a Deus enquanto viveu Zacarias, que o instruiu no temor de Deus; e
enquanto buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar. Mas, quando ele se havia tornado
poderoso, o seu coração se exaltou de modo que se corrompeu, e cometeu
transgressões contra o Senhor, seu Deus; pois entrou no templo do Senhor para
queimar incenso no altar do incenso”.
O orgulho tem sido a
causa da ruína de muitas pessoas, veja Provérbios 16.18: “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a
queda”.
A
SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR SEMPRE RENOVA A NOSSA FÉ (Jz 7.9-15).
“Então
disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água eu vos
livrarei...” (Jz 7.7). Ainda assim, o medo de Gideão
era palpável (Jz 7.10). Nós não somos diferentes de Gideão, muitas vezes nosso
coração gela diante de uma adversidade, humanamente falando, impossível, mas é
nessa hora que a misericórdia do Senhor mais uma vez nos alcança.
O Senhor ao ver que
Gideão estava extremamente temeroso renova mais uma vez a sua fé.
1º - Através de uma
promessa (Jz 7.9). Entenda uma coisa, o crente não vive
de sinais, o crente vive de promessas. E a promessa do Senhor não cai por
terra, muito pelo contrário, o Senhor zela por cumprir a Sua Palavra, como Ele
nos fala em Isaías 55.10,11:
“Porque, assim
como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro
reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e
pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para
mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.
2º - Através de mais um
sinal (Jz 7.10-14). Talvez este seja um dos sinais
mais estranhos que o Senhor pudesse dar a alguém, fazer com que o próprio
inimigo sonhasse e tivesse a interpretação do sonho. Sendo que, o sonho era a
sua derrota.
Um pão de cevada
– em
vez de pão de trigo – representa os fazendeiros pobres de Israel. Esse
pão representava Gideão e seu exército, que apesar de serem pobres e fracos iam
vencer o exército inimigo na força do Senhor. Na passagem de 1Rs 4.28, a cevada
é retratada como alimento apropriado para os animais, e não para os seres
humanos.
Nas páginas da Bíblia,
é comum encontrar Deus comunicando sua verdade por meio de sonhos. Vejamos
alguns desses acontecimentos: Jacó (Gn 28, 31), José (Gn 37) – este sonhava e
interpretava sonhos, Salomão (1Rs 3), Daniel (Dn 7) – este sonhava e interpretava
sonhos e José marido de Maria (Mt 1.20,21; 2.13-22). Mas o Senhor também falou
com incrédulos, como Abimeleque (Gn 20), Nabucodonosor (Dn 2, 4), os
companheiros de prisão de José (Gn 40), com Faraó (Gn 41) e a mulher de Pilatos
(Mt 27.19).
O que ocorreu com
Gideão foi uma forma de renovar a sua fé; agora, por favor, não faça disso uma
doutrina. Embora eu não duvide que o Senhor nos fale através de sonhos ainda
hoje. Isto eu falo por experiência própria. No entanto, o que predomina hoje é
o Senhor nos dando respostas através da Sua Palavra, a Bíblia Sagrada, e
através da oração. E por meio da sensibilidade ao Espírito Santo somos guiados
diante das circunstâncias da vida.
A
TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE SENHOR HONRARÁ A NOSSA FÉ (Jz 7.15-25).
Depois de ouvir sobre o
sonho e perceber o pavor na voz do inimigo, Gideão teve mais um sinal dado por
Deus, então voltou para a sua tropa convencido de que o Senhor lhes daria a
vitória. Isso não significa que Gideão não tivesse ainda com medo, a fé o faz
superar o medo e avançar para a vitória.
Como nos fala o autor
de Hebreus 11.6: “De fato, sem fé é
impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.
Diante dessa promessa e
desse renevo espiritual Gideão teve algumas atitudes:
1º - Ele adorou ao
Senhor (Jz 7.15a). Diante da resposta de Deus pela
própria boca do inimigo, Gideão adora ao Senhor. Ele adorou a Deus, pois
recebeu pela fé a vitória. Antes de sermos guerreiros vitoriosos, precisamos
nos tornar adoradores sinceros.
Adoração deve ser a
primeira reação do homem espiritual. Vemos a mesma coisa na vida de Abraão
quando foi oferecer seu filho em holocausto. Diz o texto que ele falou para os
seus servos que ele e o rapaz iriam a adorar a Deus e depois voltariam (Gn
22.5). Abraão cria no milagre da ressurreição do filho (Hb 11.17-19).
É através da adoração
que o nosso coração é tomado pela paz que excede todo entendimento e toda
ansiedade se esvai. É no momento que adoramos ao Senhor que nos esquecemos de
tudo ao redor e nos submetemos inteiramente a Ele. Quando adoramos reconhecemos
a nossa pequenez e a total dependência do Senhor.
2º - Deus lhe deu
estratégia para a batalha (Jz 7.15b-18). Deus nos dá
vitória, isso é um fato, mas para isso devemos ter estratégia diante da peleja.
Aparentemente o plano
era simples, porém foi muito eficaz. Na densa escuridão da noite, os 300 homens
de Gideão, divididos em três companhias de 100 soldados cada, foram instruídos
a pegarem trombetas (Cifres de carneiro – shofar) e tochas, escondendo-as em
cântaros vazios, e posicionaram-se acima e ao redor do arraial dos midianitas.
Gideão disse para os
seus soldados duas coisas importantes: “Olhai para mim e fazei como eu fizer”,
e, “e direis: Pelo Senhor e por Gideão!” – isso
significa que havia liderança e por quem lutar – havia um propósito. Sem
liderança ninguém chaga a lugar algum e sem propósito definido a luta é em vão.
O Senhor pegou um homem
cheio de dúvidas como Gideão e fez dele um general estrategista.
3º - Deus lhe deu
intrepidez para liderar seu exército (Jz 7.19-22).
Sem unidade não há vitória. Todos deveriam fazer a mesma coisa, gritar ao mesmo
tempo e agir segundo a ordem dada.
Vigília
média – entre a primeira e a terceira, ou seja, a segunda
vigília. Naquele tempo, a noite era dividida em três vigílias de quatro horas
cada uma. Sendo que o ataque ocorreu no início da segunda vigília, ou seja, por
volta das 22 horas.
Quando esse pequeno
exército chegou, havia acabado de ter a troca dos guardas. Quando Gideão e o
seu exército tocaram as trombetas e gritaram, quebrou-se o silêncio da noite
escura com o barulho dos cântaros quebrando-se e as 300 tochas acessas, deu-se
a ideia de que era um grande número de israelitas os atacando, quando na
verdade não era ataque nenhum.
O
Senhor interveio na luta
– nesse momento o Senhor colocou uns contra os outros. Então, perceberam que a
coisa mais segura era fugir. Assim, tomaram caminho das caravanas para o
sudeste e foram perseguidos pelo exército israelita.
É o Senhor quem peleja
por nós. De nós mesmos nada podemos fazer. Como nos diz o Salmo 124 (leia). É o
Senhor quem nos livra, e só por isso que estamos aqui hoje.
4º - Deus lhe aumentou
o exército (Jz 7.23-25). É evidente que trezentos homens
não poderiam perseguir um exército de milhares de soldados inimigos, de modo
que Gideão chamou mais voluntários. Isso nos mostra que devemos reconhecer a
nossa dependência de outras pessoas. Sozinhos não venceremos, mas unidos somos
mais que vencedores por meio aquele que nos amou (Rm 8.37).
Isso nos mostra mais
uma vez que quando o Senhor intervém a vitória é certa, mas quando Ele não
intervém por maior que seja o exército a derrota virá (cf. Js 7.1-5).
Warren W. Wiersbe diz
que “quando a igreja começa a depender da
“grandiosidade” – grandes construções, grandes multidões, grandes orçamentos –,
passa a depositar sua fé no lugar errado, e Deus não pode dar a sua bênção”.
CONCLUSÃO
Quero terminar esta
mensagem contando uma história de um milagre.
No dia 24 de maio de
1940, cerca de 400 mil soldados das tropas aliadas ficaram retidos na costa da
França, no mar do Norte, num local próximo ao porto de DUNQUERQUE. Sem
enfrentar nenhuma dificuldade, os tanques de Hitler tinham avançado e estava
somente a quinze quilômetros de distância. Não havia possibilidade de escapar
por terra. A situação era desanimadora. Numa questão de horas britânicos e
franceses morreriam ou acabariam como prisioneiros de guerra. Precisavam
desesperadamente de um resgate, mas quem e de que maneira?
Até o sempre otimista
Winston Churchill considerava que a força naval inglesa poderia resgatar
somente cerca de 30 mil soldados aliados em retirada. Os líderes das forças
armadas estavam mais otimistas, achavam que poderiam salvar cerca de 45 mil
soldados utilizando 129 embarcações de diversos tipos à disposição. O que eles
não haviam percebido era que os cidadãos britânicos não estavam dispostos a
abandonar seus filhos exaustos e feridos sem lutar.
De maneira informal e
verbal, sem qualquer anúncio público, uma imensa armada de embarcações civis e
militares se reuniu para trazer de volta os rapazes britânicos. Seis dias
apenas depois do início da crise em Dunquerque, o observador de um destróier
britânico viu no horizonte, aproximando-se de Dover, “uma enorme quantidade de
pontos que enchiam o mar”. Aqueles pontos eram barcos. “Aqui e ali haviam
alguns grandes barcos a vapor como a barca de transporte de automóveis, mas a
maioria era composta de pequenos de todo tipo: barcos com um mastro apenas,
barcos de pesca, de excursão, iates reluzentes, velhos barcos a motor, lanchas,
rebocadores, barcaças enormes do rio Tâmisa, navios de cruzeiro, dragas,
traineiras, chatas enferrujadas...” Esta marinha desorganizada saiu ao mar para
resgatar milhares de soldados britânicos e, mais tarde, também franceses.
Este episódio não era
brincadeira de criança para aqueles que estavam empenhados no resgate. Os
barcos pequenos corriam o risco de soçobrar, as forças alemãs de artilharia,
apoiadas por aviões e navios, tentavam afundar o maior número possível deles.
Muitos voluntários trabalharam até a exaustão, como os dois civis que passaram
17 horas remando sem parar, levando as topas das praias de Dunquerque até os
navios de resgate em mar aberto.
Não demorou muito e os
que permaneceram em suas casas também deram apoio com alegria. Quando as tropas
desceram dos barcos nas costas da Inglaterra, os civis correram até eles com
sanduiches e chocolate. Um senhor comprou todas as meias e roupas de baixo de
sua cidade e as entregou a soldados agradecidos...
Na noite de 4 de junho
de 1940, duas semanas depois do início da crise foi completada a evacuação. No
final da empreitada, contaram-se 861 “navios” na esquadra que evacuou cerca de
338 mil soldados.
Pense nisso!
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