Por Fabio Campos
Texto base: “... assim andemos nós também em novidade de vida”. – Romanos 6.4 (AFC)
O cristianismo bíblico não se trata de uma religião pautada em preceitos como “não toque nisso”; ou “não proves aquiloutro”. Nem tão pouco se trata de “ordenanças” a ser cumpridas a fim de satisfazer um possível mandamento de Deus dado os homens. Dentro do “contexto social” podemos dizer sim, que o cristianismo, é uma religião. Entretanto, biblicamente, sua essencial, é uma “Pessoa”, pela qual através do Seu Espírito, conduz os homens a uma “novidade de vida” de dentro para fora.
Ser cristão é passar de “criaturas” para filhos de Deus. Não é um processo natural pelo esforço do homem, mas é algo vindo de fora que adentra na alma, tornando-o uma “nova criatura”; não somente nos seus atos, mas no seu ser.
É entender que nossas “boas-obras” sem a “justiça” (aquilo que torna o homem justo perante Deus), a qual somente Jesus pode dar aos homens, é o pior de todos os pecados, pois alguém que justifica a si mesmo ostentado sua “caridade”, caiu no mesmo pecado do diabo, ou seja, o orgulho. Tal coisa é abominável diante de Deus (Is 64.6).
Novidade de vida é morrer para o pecado. Tal processo nunca poderá ser consumado se não buscarmos em Deus a capacitação (reconhecendo que estamos perdidos). Quando Ele encontra em nós, humildade suficiente no reconhecimento de que estamos perdidos, O Senhor vem em nosso auxílio. Muita gente, infelizmente, se orgulha da “sua boa conduta”. Alegram-se por serem tidos como uma pessoa “bacana”.
Estes, talvez, são os que mais se demoram a perceber que está indo para o inferno, pois são mais difíceis a serem levadas ao conhecimento de que precisam de Cristo. Deus pela sua misericórdia acordam alguns do seu sono espiritual, permitindo-os que suas “boas-obras”, em determinado momento, fracassem, e que junto dela, sua autoestima, escorra pelo ralo.
Muitas vezes o sofrimento bate em nossa porta para nos direcionar a “esta novidade de vida”. Deus é mais interessado em mudar você do que a situação. Certa vez, disse C. S. Lewis: "Se o cristianismo fosse algo que inventamos, certamente ele seria mais fácil". Muitas querem uma nova vida sem abandonar suas crenças antigas. Recusam-se (e nem se esforçam em Deus) a abandonar seus “velhos vícios”. Para que o novo tome lugar, o velho precisa se retirar -, ou seja, o velho estilo de vida, o pecaminoso, onde a fonte de “alegra” se encontra na prática daquilo que não convém.
Enquanto nesta vida, devido a nossa natureza corrupta, sempre seremos “atraídos” pela tentação. Todavia, viver em novidade de vida, é sair debaixo do “reinado” do pecado - obedecendo ao que ele manda -, para submeter-se a Deus - caminhando em santificação, fugindo da aparência do mal. A santificação traz uma alegria eterna, enquanto que o pecado traz uma satisfação momentânea, e isso com consequências terríveis de serem administradas por toda uma vida.
O cristianismo é estar e viver em “novidade de espírito” (Rm 7.6). Os benefícios que temos em Deus, através de Cristo, são infinitos. Deus é o que precisamos. Sem Ele algumas coisas até chegam a nós, no entanto com muita perturbação, ansiedade e confusão. Feliz daquele que de Deus desfruta. Este tem o refrigério que a alma de todo homem anseia.
Finalizando este artigo novamente recorro a C. S. Lewis:
“Para nos tornarmos novas criaturas, temos de perder o que agora chamamos de ‘nós mesmos’. Temos de sair de nós mesmos e entrar em Cristo. A vontade dele tem de ser a nossa e temos de pensar seus pensamentos” [1]. Do contrário, “se você buscar a si mesmo, no fim só encontrará o ódio, a solidão, o desespero, a fúria, a ruína e a podridão. Se buscar a Cristo, o encontrará; e junto com ele, encontrará todas as coisas” [2], como amor, alegria, paz, paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio.
Não faz nenhuma diferença se o homem tem religião ou não; o importante é que ele seja uma nova pessoa nascida em Jesus (Gl 6.15). Como disse o cantor: “nada muda enquanto eu não mudar”. Em Cristo podemos e devemos andar em novidade de vida - desfrutando de tudo, a saber, do próprio Deus.
Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli Deo Gloria!
______________________________Notas:
[1] LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo, SP; Martins Fontes, 2014, p. 296.
[2] Ibid, p. 300.
Fonte: Fabio Campos
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