quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O vilão com mil faces em mil faces de vilões.


Por Josemar Bessa

Theodore Dalrymple é um grande escritor. Ele é um médico britânico aposentado.

(Anthony Daniels (nascido em 11 de outubro de 1949), que geralmente usa o pseudônimo de Theodore Dalrymple. Ele é um escritor Inglês e médico psiquiatra aposentado. Ele trabalhou em uma série de países africanos subsaarianos, bem como no East End de Londres. Antes de sua aposentadoria, em 2005, ele trabalhou na City Hospital, Birmingham e Winson Prison Green no centro da cidade de Birmingham , Inglaterra.)

Dadas estas definições, ele viu e ouviu um monte de coisas desagradáveis ​​ao longo dos anos em hospitais, prisões... Em um de seus ensaios ele fala sobre como ele costumava acreditar que as pessoas eram basicamente boas(Dalrymple não é um cristão). Ele viveu e cuidou de pessoas em países onde ditadores governaram e pessoas foram massacradas, mas ele pensava durante muito tempo, que a menos que você tivesse esses tiranos no poder, a maldade generalizada, o mal generalizado não era possível.

Ele gradualmente mudou de ideia depois de ouvir inúmeras histórias e coisas horríveis que seus pacientes tinham experimentado e feito. “Talvez a característica mais alarmante desse mal por baixo e enraizado no íntimo do homem, é ele ser endêmico. O que o faz estar tão próximo da concepção do pecado original é que ele é espontâneo e não forçado. Ninguém obriga as pessoas a cometê-lo.”

Dalrymple diz que em uma ditadura você pode “entender” as pessoas fazendo coisas ruins para se protegerem. Mas em um país livre, como a Grã-Bretanha, ninguém o obriga a ser mau. Na verdade, muitas vezes você vai ser punido se você fizer o mal. E ainda assim as pessoas escolhem livremente o que é mau. Fazem isso o tempo todo e de todas as maneiras possíveis. Quantas vezes não fazem, mas confessam, como muitas vezes ouvi, pensar coisas terríveis e não são feitas por motivos muitas vezes egoístas – medo das consequências - mais desejadas. "Nunca mais", escreve ele, "vou ser tentados a acreditar na bondade fundamental do homem, ou que o mal é algo excepcional ou alheio à própria natureza humana" ( Our Culture, What's Left of It ).

O pecado está em cada coração humano. Ele é o vilão com mil faces em mil faces de vilões. É o homem que abandona uma mulher grávida e deixa a cidade. É deixar a família e filhos por causa de um “novo amor” – sob a desculpa de querer ser feliz a custa da família, palavra empenhada e felicidade de outros. É a evidência da feiura do egocentrismo disfarçado com a palavra “amor”. Como se chamássemos veneno de essência de hortelã mudasse o que o veneno é. É o homem dizer que seus desejos sexuais é que define o que é família e casamento. É também o homem de família respeitável que despreza sua esposa e ignora seus filhos. É a mulher mesquinha que fala mal de todo mundo, mas é também a doce senhora que nunca diz uma palavra indelicada mas abriga todos os tipos de ressentimentos e rancores no peito. É o garoto que mente a seus pais... É também a criança que fica em linha reta, cara emburrada e faz pirraça quando seus desejos são contrariados... é o coração que admite não ser perfeito como forma de auto-justificação se refugiando no orgulho da comparação com o que os outros estão fazendo...

O pecado é a luxúria que leva a sociedade ver o sexo como mero entretenimento, usando outros seres humanos como se fossem coisas... é cobiça e assassinato... Mas o pecado também é impaciência, egocentrismo mesquinho e a necessidade de controlar tudo e todos... Pecado é ter crises e “odiar” a si mesmo, não por seu pecado, mas porque em seu orgulho você quer ser o mais bonito, o mais inteligente, mais magro, mais atlético... O pecado está no desgosto com todas as pessoas que não são o que nosso ego desejava que elas fossem para nós. O pecado não está no fato de que o homem não se ama, mas na auto-importância que sentimos, achando que mesmo Deus devia se curvar a nossa vontade... na auto-importância que sentimos em nosso esnobismo intelectual para com aqueles que achamos que não são tão iluminados como nós somos, o esnobismo estético, o esnobismo financeiro, e esnobismo do nosso gosto “refinado”...

O pecado está ajudando e fazendo caridade porque os outros irão pensar bem de nós, que somos pessoas boas, de bom caráter ( e jamais fazendo isso somente para a glória de Deus)... O pecado está ajudando e fazendo caridade para que nós mesmos achemos que somos bons... O pecado está sempre falando mais da falha dos outros, da igreja... do que orando por eles... o pecado está recusando um milímetro de misericórdia para os que nos ferem, quando misericórdia infinita foi dada a nós em Cristo. O pecado ama ser apreciado pelas pessoas no que fazemos por elas e nos leva a fazer tudo para receber os aplausos dos nossos feitos. O pecado é atribuirmos um monte de nomes novos a velha corrupção do nosso ser. É esconder a preguiça chamando de déficit de atenção, chamamos o medo do homem e a falta de confiança em Deus de crise de ansiedade, é ignorar a Deus e chamar isso devida muito ocupada...

Precisamos desesperadamente recuperar a palavra “pecado” em nosso vocabulário. Quando um político famoso, atleta famoso, uma celebridade, ou um pastor, padre, pessoa comum... faz um “mea culpa” - é quase sempre na linguagem do "Lamento ter decepcionado tantas pessoas." Ou: "Lamento o meu erro de julgamento." Ou, "Eu admito que isto tem sido uma luta por mim e eu estou buscando ajuda.”

Raramente, alguém diz "Eu pequei. É indesculpável. Não posso responsabilizar ninguém... Por favor, me perdoem. Se não perdoarem, eu seu que seria merecido...” – Como Davi disse, por exemplo: “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista...” -Salmos 51:3-4

Mesmo como cristãos encontramos maneiras de evitar a palavra pecado. Ou quando pedimos perdão, temos tantas justificativas e ressaltamos tanto o erro dos outros que o pedido de perdão é na verdade uma distribuição de culpas para amenizar a nossa.

Falamos mais facilmente de nossas imperfeições, nossas falhas, nossas dificuldades, nossas disfunções, nossas fraquezas, nossas inseguranças, problemas psicológicos, que estamos em processo de crescimento... Mas quantas vezes nós chamamos o pecado de "pecado"?

A Bíblia diz que o pecado é o problema do mundo. Somos traidores, rebeldes e desleais ao nosso Rei. Somos criaturas ingratas empinando os nossos narizes para o Criador. Somos amantes loucos fazendo de desejos, pessoas e coisas ídolos que não podem nos satisfazer. Temos corações poluídos que gostam do que é ruim e não gosta do que é bom, corações corrompidos que buscam a glória própria e não somente a glória de Deus. “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” -. João 3:19 - O pecado é o pecado que assedia a todo homem nascido em Adão.

Com exceção de Jesus, é claro. Deus tomou “aquele que não conheceu pecado, e o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” - 2 Coríntios 5:21 – Ou seja, o pecado pode ter mil faces se expressando em todo homem nascido em Adão, mas a salvação tem apenas uma.

“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.”- Romanos 3:10-12

Bondade essencial? Não! Depravação total! – Até mesmo um não cristão como Theodore Dalrymple pôde ver isso – em todos, do ditador cruel ao mais simples, comum e pobre homem da sociedade humana.

Fonte: Josemar Bessa

Um comentário:

  1. Lançamento livro Nossa Cultura... ou o que Restou Dela
    26 ensaios sobre a degradação dos valores
    Do britânico Theodore Dalrymple, inédito no Brasil - primeiro evento em breve no Rio de Janeiro, na Travessa Leblon:
    www.facebook.com/erealizacoeseditora/photos/a.213839598654854.50130.213460985359382/818508638187944/?type=1&theater

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