sábado, 19 de julho de 2014

Não há filhos natimortos na família da graça!


Por Josemar Bessa

Apesar de ser comum as pessoas falarem em fraternidade universal, a Bíblia nunca fala dos homens assim. É dito a nós que somos criaturas de Deus. Não apenas criaturas, mas criaturas em estado de rebeldia e inimizade. Há uma separação entre o homem e Deus que está longe de ser superficial, ela é profunda e arraigada, na verdade, ele é a própria natureza humana.

Essa alienação é tão profunda que para nos tornarmos filhos de Deus é necessário não um melhoramento, mas uma nova criação. Nova criação que é mais difícil do que a criação de todas as coisas, já que ao criar o mundo Deus apenas falou, mas para nos fazer novas criaturas ele morreu.

Na criação do universo não havia nada que se opunha a Deus, mas que mar de iniquidades se tornou o homem! A transformação operada agora, na regeneração, é maior do que a que vai acontecer quando morrermos. Pois é agora que recebemos a natureza que para sempre habitará em perfeita comunhão com Deus. Na morte e ressurreição receberemos novos corpos, mas a natureza que vai habitar a eternidade nós já recebemos.

Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 2 Coríntios 5:1

O que chamamos conversão em nossa geração, é algo completamente superficial – Alguém é chamado a frente, levanta a mão, repete uma oração... E é dito a ela: Pronto! Bem-vindo ao reino do Deus!!

Mas o fato é que “a restauração meramente exterior difere tanto da regeneração quanto a caiação de uma casa velha, caindo aos pedaços, difere de sua demolição com a edificação posterior de uma nova em seu lugar” - Augustus M. Toplady

Não! A Bíblia diz que a verdadeira filiação no presente, irá produzir inevitavelmente algumas marcas que autenticam a veracidade da entrada no Reino de Deus. De todos! Como disse William Secker: "Não há filhos natimortos na família da graça".

1) Ousadia em seu trono da Graça.

Todas as palavras aí estão em contradição com o homem natural. É exatamente por fazer de si um deus, ou seja, não reconhecer o Trono de Deus, mas se sentar no “trono” do seu coração, é que o homem vive num estado de rebelião.

Em segundo lugar todo homem natural odeia a Graça – pois aceitá-la é admitir seu total desamparo, falta de merecimento, aceitação de que merece a condenação e de que nele, homem natural, não habita bem algum. É a aceitação do fato de que Deus tem misericórdia de quem ele quer (por isso é Graça)...

Odiando o Trono e a Graça, em estado de inimizade, o homem natural não pode ir ao Trono – Que rebelde vai até o trono do verdadeiro Rei? Se vendo como um ser livre e merecedor, como ir ao Trono da Graça? E que rebelde pode ir ao trono do Soberano Senhor com ousadia?

Que transformações profundas e soberanas são necessárias para que um rebelde, alienado da vida de Deus, com medo da morte certa como preço de sua rebelião – pode ir ao Trono da Graça com ousadia. Uma nova natureza é a característica necessária para isso.

2) Contrição na Sua cruz.

Esta marca da veracidade de nossa filiação a Deus é fruto da concordância do coração com a sentença pronunciada por Deus para tudo o que somos – quer as coisas que achávamos boas como as que achávamos más. Morte! Teus atos maus merecem a morte, teus atos de justiça merecem a morte, tua própria natureza merece a morte, e o inferno não é uma punição dura demais para a desonra que teus pecados trouxeram a glória de Deus.

Para concordar com esse veredicto de todo o coração, novo coração é necessário – essa é uma marca apenas daqueles de quem possa ser dito: “Agora somos filhos de Deus...” – Não é uma mudança superficial, é a transformação que vai contra tudo aquilo que o homem é por natureza.

3) Amor a Sua Pessoa.

Essa marca expõe essa nova criação, já que esse amor é um amor sobre todas as coisas – o que inclui a nós mesmos. O coração natural do homem só pode ver Deus como seu adversário, porque em nossos corações podem habitar muitos deuses, mas o deus supremo do homem natural é ele mesmo, os outros são deuses vassalos. Mas o verdadeiro Deus deve ser único. Ou seja, o homem tem de ter desistido do reinado de sua vontade para a submissão completa de sua vontade...

4) Contentamento com nossa sorte.

Se Deus Reina Soberanamente, já não sobra marcas de ingratidão. Essa é uma marca indelével do coração de um filho de Deus. Ao se firmar no amor de Deus que não pode determinar nada que não seja para nosso bem final, o clamor diário do coração é: “Faça tua vontade, faça tua vontade... faça aquilo que mais glorifique Teu glorioso nome. Toda expressão de descontentamento aponta para a direção oposta daqueles de quem é dito: “Agora somos filhos de Deus...” – A expressão comum deles é: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR”. (Jó 1:21). 

5) Vitória sobre o mundo.

Todo homem natural ama o mundo e odeia Deus: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”. (Rm 8:7); “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. 1 João 2:15 – Odiar o que amávamos e amar o que odiávamos necessita de uma transformação maior do que a que houve do caos para a ordem no Gênesis. É necessário uma “nova criação!” – E sem exceção, todos os que nascem de Deus vencem a atração irresistível que o mundo tinha sobre ele: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo...” (1 Jo 5:4).

6) Zelo pela glória de Deus.

O pecado e a vida do homem natural é exatamente o completo desprezo pela glória de Deus: “Em sua presunção o ímpio não o busca; não há lugar para Deus em nenhum dos seus planos” (Sl 10:4). Agora o Espírito Santo em seu coração desenhou um claro retrato do pecado – A máscara é retirada, o monstro é arrastado para luz, suas características horrorosas são reveladas...

Agora em todas as suas buscas essa é a questão: Deus será glorificado? Mesmo no comer e no beber? Na morte ou na vida? A paixão pela glória de Deus, com exata oposição ao desprezo anterior, governa seu coração. Seu canto sempre é um Soli Deo Gloria. "A adoção dá-nos o privilégio de filhos; a regeneração, a natureza de filhos" - Stephen Charnock

"Amados, agora somos filhos de Deus...!" 1 João 3:2-3

Bem-aventurados são estes!

"Que eles finjam como quiserem, mas a verdadeira razão por que alguém despreza o novo nascimento é a de odiar uma nova vida" - John Owen 

Paz! Josemar Bessa

Fonte: Josemar Bessa

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