quarta-feira, 9 de julho de 2014

AS DUAS MULTIDÕES


Por Pr. Silas Figueira

Lc 7.11-17

INTRODUÇÃO

O capítulo sete de Lucas começa nos dizendo que Jesus estava na cidade de Cafarnaum, onde curou o servo de um oficial romano. No outro dia, nós vemos Jesus dirigindo-se para a cidade de Naim e com Ele numerosa multidão. Naim ficava cerca de 38 km de Cafarnaum.

CIDADE DE NAIM - Naim, que em hebraico significa a bela, a graciosa, era uma aldeia construída próximo ao Hermom, a sudoeste de Nazaré. Naim está situada na região de Suném, onde Eliseu ressuscitou o filho da Sunamita (2Rs 4.8-37). 

E é na entrada desta cidade que algo maravilhoso acontece. Podemos dizer que foi um incidente notável o encontro entre as duas multidões às portas de Naim. Pelos olhos espirituais podemos ver a morte montada em seu cavalo amarelo (Ap 6.7,8); e como disse Spurgeon: “A morte leva seus despojos até o túmulo”. De repente, o cortejo fúnebre se depara com uma multidão que acompanhava Jesus e seus discípulos. Diz-nos o texto que o Senhor Jesus olha para aquela pobre viúva e se compadece dela. Não foi a viúva que o viu e correu ao seu encontro e pediu que o Senhor a abençoasse ressuscitando seu filho. Mas foi o Senhor quem a viu e foi ao seu encontro. Ele para o cortejo consola aquela mãe enlutada e ressuscita o seu jovem filho. Aquela mulher que estava condenada a terminar os seus dias sozinha, sem descendente, de repende é surpreendida com a bênção inesperada. Lucas não menciona pranteadores profissionais, mas decerto estavam ali, pois até os mais pobres em Israel costumavam alugar pelo menos dois flautistas e uma carpideira. O principal objetivo destas era levar os partícipes ao choro e lamento, mesmo que o defunto não merecesse. 

O que podemos aprender com esse texto? Que lições ele nos tem a dar?

1 – A primeira lição que aprendo é que sempre vai haver duas multidões: Uma acompanhando o senhor da morte e a outra acompanhando o Senhor da vida (Lc 7.11,12).

Este texto nos coloca diante de duas multidões que se encontram na porta da cidade de Naim. A primeira estava feliz, cheia de emoção e alegria, já a segunda estava infeliz. 

A multidão que saia da cidade de Naim estava infeliz porque acompanhando um féretro onde se encontra um jovem. Eles tinham como ponto de referência um rapaz morto. Eles contemplavam um defunto e procuravam consolar a sua triste mãe. Eles tinham como referência a morte e uma mãe enlutada. Estavam caminhando para o cemitério em direção a um túmulo. O ponto de referência daquela multidão estava morto.

Assim como esta multidão, existem muitas pessoas hoje caminhando a passos largos para o cemitério. Tem como referencial de vida a morte. E quem tem como referencial em sua vida a morte, ainda que aparentemente esteja vivo, vive uma vida infeliz, pois a morte trás profunda tristeza. Tanto que o Senhor Jesus diz para aquela mãe: “Não chores”. 

Podemos dizer também que os espiritualmente mortos provocam grande tristeza aos que estão embaixo da graça de Cristo. Quantas mães estão chorando por seus filhos espiritualmente mortos. Quantas esposas estão chorando por seus maridos espiritualmente mortos também. Quantas pessoas enlutadas por causa da morte espiritual de seus entes queridos. Quantas mães servindo refeição a filhos mortos. Quantas esposas deitadas ao lado de maridos mortos. 

Muitas pessoas que estão debaixo da graça, que foram alcançadas por Jesus vivem enlutadas por ainda não verem sua casa alcançada pela ressurreição. Assim como aquela mãe não podia ter mais comunhão com seu filho, pois falecera, muitas mães hoje estão sem comunhão com seus filhos queridos porque eles estão espiritualmente mortos. 

Mas mais ainda, ficamos enlutados por causa do futuro dos espiritualmente mortos. Assim como uma pessoa morta precisa ser enterrada por causa da corrupção da carne, assim também ocorre com os mortos espirituais. Eles também estão em estado de decomposição. O pecado decompõe a alma, faz com que ela cheire mal nas narinas do nosso Deus. 

Apesar de não crermos em zumbis, vemos um mundo cheio de mortos vivos. Vivem ao nosso redor, entre nós, se casam, tem filhos, amam, lutam, odeiam, tiram férias, frequentam igreja... Estamos literalmente cercados por mortos vivos.

Nós não somente estávamos entre eles, como de fato éramos um deles. Paulo diz: “E vos vivificou, estando vós mortos em delitos e pecados” – Efésios 2.1 – A palavra usada significa literalmente cadáver. Paulo está dizendo que cada membro da igreja em Éfeso antes era completamente desprovido de vida espiritual. Ele está dizendo que pecadores perdidos são completamente incapazes e também indispostos de chegar a Deus por iniciativa própria.

Todos nós sabemos o que morte significa. Uma pessoa morta é incapaz de responder a qualquer estímulo. Quando a pessoa morre seu corpo é reduzido a um vazio infinito, todo estímulo é fútil, não há capacidade de ouvir, falar, pensar. Os toques que antes tanto emocionavam já não produzem nada, as vozes familiares ao ouvido caem agora num mundo de silêncio impenetrável. O corpo que foi cheio de vida agora não passa de uma concha vazia. Todas as famílias da terra já tiveram experiência com a morte, cada cidade tem cemitérios cheios de tristeza todos os dias.

Um homem morto perdeu toda a capacidade de responder ao mundo físico, e essa é a ilustração perfeita colocada por Paulo sobre os homens que não foram regenerados.

A morte é o oposto da vida. Cristo em João 17.3 diz: “E a vida eterna é essa: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro...”. João repete a mesma verdade: “Aquele que tem o Filho tem a vida, e quem não tem o Filho de Deus não tem vida” – 1 João 5.12. O homem natural está morto. Ele vive, se move, ri, busca prazer. Mas estão mortos enquanto vivem. Não estão mortos para o mundo, mas estão mortos para Deus. 

É interessante observar que os Evangelhos registram três ressurreições que o Senhor Jesus realizou: A filha de Jairo – esta acara de morrer; o filho da viúva de Naim – este estava morto a vinte e quatro horas e Lázaro – que estava morto há quatro dias. A única diferença entre estes três mortos era o grau de decomposição. A filha de Jairo o corpo ainda estava quente, o filho da viúva de Naim o corpo estava entrando em estado de decomposição e Lázaro já cheirava mal, ou seja, estava em decomposição. No entanto, os três mortos o Senhor ressuscitou. Assim como o Senhor Jesus tem poder para ressuscitar o corpo, Ele também tem poder para ressuscitar os mortos espirituais. 

Mas a multidão que acompanhava Jesus está alegre, pois estavam acompanhando o Senhor da vida. E quem tem Jesus como referência ainda que esteja vivendo entre os mortos, crê que a ressurreição há de acontecer a qualquer momento. Nas horas menos esperadas o Senhor para o esquife e trás vida, pois Ele é o Senhor da vida. Esse texto nos enche dessa real esperança.

2 – Segunda lição que aprendo aqui é que aquele rapaz representa toda a esperança que muitos depositam no futuro (Lc 7.12).

Aquele garoto, filho daquela pobre viúva, representava toda a esperança que ainda lhe restava. Pois além dela ser viúva, acabara de perder seu único filho. A morte lhe bateu a porta duas vezes e foi vitoriosa. Provavelmente este rapaz era a única fonte de sustento daquela velha mãe. A sua única esperança de sobrevivência – era muito comum naquela época, muitas viúvas sem filhos passarem necessidade e terem que partir para a mendingança. 

Aquele menino foi a única coisa boa que lhe havia restado, que lhe dava razão para continuar vivendo. Que lhe dava sentido à vida. 

Certamente ela sonhava com o casamento do seu filho, uma boa nora, alguns netos, uma velhice feliz ao lado de seu filho. Uma família próspera; mas agora tudo estava indo por terra abaixo, ou melhor, para o túmulo.

Assim como esse filho representava a segurança dessa pobre viúva, esse rapaz representa para muitas pessoas hoje um futuro tranquilo, mas que morreu. 

Este rapaz representa para muitas pessoas toda a esperança, todas as alegrias e investimentos que sucumbiram diante da morte. 

- Quantas pessoas casaram pensando que o casamento traria felicidade, e agora veem o casamento desmoronando, morrendo. 

- Outros colocam suas esperanças numa UTOPIA POLÍTICA, achando que o mundo melhorará a partir de um bom projeto político. No entanto, ele vê seu sonho indo de caos em caos. 

- BERTRAND RUSSEL – matemático, filósofo e sociólogo, nascido em 1872 disse que a ciência dos nossos dias iria melhorar até mesmo os GENES DOS HOMENS, de forma que nascessem mental e psicologicamente melhores. Mas o que vemos é o homossexualismo aumentando, os jovens nas drogas, a vida sendo destruída, morrendo. Sem falar das duas guerras mundiais que ocorreram.

- Há aqueles que perderam totalmente a esperança e por isso vivem infelizes – corações vazios – pessoas seguindo a morte. Gente vivendo num cemitério existencial.

ILUSTRAÇÃO

Certa noite, no ano de 1954, Billie Sicard demitiu-se da vida. Nenhum anúncio foi feito, nem documento oficial algum foi assinado. Mas, mesmo assim, ela demitiu-se. Billie decidiu não viver mais. Seu espírito morreu em 1954, seu corpo em 1979.

Naquela noite de 1954, a única razão para Billie viver deixou-a. seu filho George, de 12 anos, morreu de um tumor cerebral. A vida do pequeno George prendeu Billie num vácuo. Ela tinha 34 anos quando ele nasceu. Depois que o marido a deixou, o filho tornou-se a sua vida. Quando ele morreu, a morte dele passou a ser a dela.

Ela era rica. Billie morava desde 1937 num bairro de luxo em Sunset Island. Sua casa foi vendida por 226.000 dólares depois que ela morreu. Tudo isso, porem, era imaterial para Billie. Sua vida era o filho.

Contam que quando George morreu num hospital na cidade de Nova Iorque, o corpo dele foi levado para o velório em sua casa. Depois de o corpo ter ficado exposto a visitação durante um dia na casa da Sra. Sicard, os responsáveis pela funerária foram removê-lo. Ela impediu que o retirassem. Durante vários dias ficou chorando por trás das portas fechadas, até que finalmente deu permissão para o sepultamento.

Gastar cem dólares em brinquedos para George não representava nada para Billie. Em 1979 quando o corpo dela foi encontrado, encontraram também os brinquedos, exatamente como ele os deixara. Nada tinha sido guardado, nada mudado de lugar.

Durante 25 anos, Billie vagou por uma casa cheia de brinquedos, com o coração cheio de memórias. Quando a casa foi vendida, o uniforme de escoteiro de George estava ainda pendurado no armário do pavimento térreo. Na parede se via um desenho infantil de um trenzinho desenhado com lápis vermelho. Ela jamais limpou. Os chinelos dele. Enfeitados com o Mickey Mouse, repousavam num canto do quarto.

Quando Billie demitiu-se da vida, tornou-se uma reclusa da sociedade. Seu jardim transformou-se em selva. Sua casa tornou-se uma fonte de história de fantasmas e boatos. Não se importava com nada. 

Billie simplesmente aposentou-se. Sua vida representa um legado silencioso à humanidade:

“O HOMEM PRECISA POSSUIR ALGO MAIOR QUE A MORTE... CASO CONTRÁRIO, A MORTE PASSA POSSUI-LO”. 

Aquela pobre viúva e toda aquela multidão que a acompanhava estavam vivenciando a morte.

Se a nossa esperança está naquilo que pode morrer, corremos o risco de vivenciarmos a morte todo dia, mas se a nossa esperança está no Senhor da vida, ainda que vivenciemos a morte esta já está vencida, pois o Senhor a venceu. 

3 – A terceira lição que aprendo aqui é que Jesus é o único referencial da vida (Lc 7.14,15). 

Assim como havia uma multidão enlutada, havia outra multidão alegre tendo como referencial o Senhor Jesus. O Senhor da vida, não só da vida comum, mas principalmente da vida eterna. Como Ele mesmo falou em Jo 10.10: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Aquela multidão que acompanhava Jesus tinha uma única razão para estarem felizes, eles tinham esperança de vida eterna. 

As contingências e circunstâncias eram idênticas para ambas, a multidão que acompanhava Jesus também morria, ficava doente, chorava, mas o que as diferenciavam era para quem estavam olhando. Ah queridos, em quem você está fitando seus olhos espirituais? Se for para o Senhor Jesus, você é um bem-aventurado, mas se estiver olhando para outra direção que triste sina é a sua vida. 

Nas ruas de nossa cidade nós nos deparamos com pessoas caminhando para o cemitério e outras caminhando para o céu. Gente rindo, mas infelizes, e gente, aparentemente chorando, mas com esperança de mudança por confiarem em Jesus. 

A grande diferença entre estas duas multidões não é se uma tem mais dinheiro que a outra, nem porque gozam de mais saúde e outros não, ainda mais que saúde não é perpétua. O que faz desta multidão que segue a Jesus, de nós que somos cristãos, diferentes daquela outra multidão desesperada, seguindo um enterro, é justamente o fato de estarmos olhando e seguindo a Jesus – “Que vive e reina para sempre!” 

Somente Ele é capaz de fazer brotar a paz e a felicidade em meio a catástrofe da vida. Esta multidão que segue a Jesus tinha esperança de vitória em meio ad lutas da vida assim como nós. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala em Rm 8.31-39. Essa é a nossa esperança.

Temos o Espírito Santo que nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26-30). 

Posso andar com alegria porque há um túmulo vazio em Jerusalém, aja o que houver o túmulo de Jesus está vazio. Ele ressuscitou e vive pelos séculos dos séculos e está conosco todos os dias (Mt 28.20).

Nós temos um referencial, uma motivação para viver e para andar. Não fazemos parte dessa multidão de infelizes e desesperados, FILHOS DO CEMITÈRIO, andando para a sepultura, adorando a morte. 

Nós nascemos para a vida, para a esperança, para a felicidade, para o céu. Nascemos para a felicidade encarnada em Jesus porque o túmulo está vazio. 

4 – O que o Senhor Jesus faz quando olha para esta multidão desesperada?

Quando Ele olha para você que investiu no futuro do seu casamento e agora o ver ruir, quando olha para o seu idealismo político, para o enorme vazio do seu coração, quando olha para você que vê seus intentos indo para o cemitério, para o túmulo, Ele faz a mesma coisa que fez em Naim.

1º- O texto nos diz que Jesus sentiu compaixão (v 13). 

Jesus não é indiferente as nossas dores. Ele se importa comigo, Ele se importa com você. Ele se importa com a nossa dor. O autor de Hebreus nos fala assim:

“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. (Hb 4.15,16)

2º O texto nos diz que Jesus consolou aquela mãe enlutada (V 13b). 

“Não chores” porque ainda há esperança. Em Jesus nós encontramos consolo, esperança em meio à tragédia. 

3º O texto nos diz que houve uma intervenção de Jesus (v 14). 

Ele parou o esquife, Ele parou o enterro, Ele parou a morte. Jesus tem poder para interferir em nossas catástrofes. 

- No casamento
- Na firma falida
- Nos relacionamentos
- Na enfermidade

Hoje o Senhor pode interferir em sua vida!

4º O senhor Jesus quando interferiu falou ao morto e este ouviu (v 14). 

“Levanta-te” – Hoje Ele pode dizer para sua vida desestruturada e caída: “Levanta-te”. 

Para o seu casamento caído: “Erga-te!” 

Ele pode dar uma ordem de vida, de ressurreição para sua vida morta.

5º Jesus o restituiu a sua mãe (v 15).

Jesus pode restituir o seu marido.

Restituir a sua esposa, seus filhos.

Restituir a alegria da salvação, a paz de espírito.

Restituir a sua saúde – física, emocional e espiritual.

Ele pegou aquele jovem morto e o devolveu vivo, ressuscitado.

Jesus pode fazer isso por você hoje!

6º Todos glorificaram a Deus (v 16).

A intervenção de Jesus foi sobre aquele jovem morto e o restituiu vivo a sua mãe. No entanto, nós vemos que através do versículo 16 que não só aquela viúva e o seu filho glorificaram a Deus, mas toda a multidão. Eles reconheceram que Deus havia visitado o seu povo.

Todos os milagres tem que levar as pessoas a glorificarem a Deus. 

CONCLUSÃO

Deus está aqui e quer visitar o seu coração e fazer nele morada. Ele quer restaurar a sua vida arruinada, destruída, morta. Ele quer te dar vida.

Vida eterna – vida plena de significado, com prazer de viver. Vida com cheiro de vida e não uma vida com cheiro de morte.

O Senhor da vida está te chamando!

Saia da sombra da morte venha para a luz de Cristo. Jesus está passando hoje pela sua vida, não o deixe passar adiante. Convide-o a entrar em sua vida hoje. Assim como o Senhor Jesus abençoou aquela viúva e o seu filho, Ele quer restaurar também a sua vida e sua casa. Só depende de você.

Pense nisso!

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