Por João Pedro Martins
Ainda não li Caim e por isso não falo de um livro que não conheço, mas vi e ouvi as declarações do autor: “O Deus da Bíblia não é de fiar: é vingativo e má pessoa.”
Saramago traçou dois objectivos ao lançar mais uma polémica: espetar mais um prego na crucificação da Igreja Católica e através da agressão suscitar o debate e vender a sua obra.
Saramago conseguiu juntar o útil ao agradável, mas houve uma variável que o consagrado Nobel da Literatura esqueceu. O plano de Saramago não é perfeito e o escritor pode ter caído numa cilada de Deus.
A má pessoa imaginária que Saramago persegue e teima em negar preparou uma vingança ao escritor e usou o velho Nobel para lançar o debate, não sobre Caim mas sobre a Bíblia, e trazer novos leitores para o livro escrito por um Deus que o escritor diz ser vingativo.
Saramago ao inaugurar a sua nova piscina literária baptizando-a de Caim, anunciou aos nadadores um oceano infinito chamado Bíblia. E ninguém vai querer um patinho de borracha ou uma bóia numa piscina com cloro quando pode pescar e mergulhar num oceano de águas profundas.
A mensagem de Saramago revelou que o escritor pode ser apenas o mensageiro para abrir as páginas de um livro esquecido.
A estranha luta de Saramago com um Deus que não existe não é uma demência intelectual. É a revolta de um homem que desconhece que na sua procura por um divino que nunca descobriu foi encontrado por um Deus que o conhece e o ama profundamente.
Saramago é inteligente. Não perde tempo em conversas banais com o eurodeputado Mário David que apelou à sua renúncia da nacionalidade portuguesa. Não tem medo de afrontar a religião maioritária e de afirmar que já não há fogueiras para queimar os hereges. Mas quando fala de Deus e da Bíblia o verniz estala. Inquieta-se. Revolta-se. Sente-se perturbado. Quer vingança!
Ninguém inteligente luta com a fantasia alheia. Fazer um campanha contra alguém que não existe é uma perda de tempo e Saramago sabe que o tempo que lhe resta é pouco para ser esbanjado em palermices de religiosos.
Saramago tem razão! Mas não tem fé! E a razão sem fé é como a justiça cega.
O que inquieta Saramago é a sua lógica contraditória. Como é que um Deus que só existe na cabeça das pessoas as influencia tanto?
“A neve não existe pois nunca a vi nem tive dela qualquer sinal”, é assim que se expressa a lógica de um ateu tropical pouco viajado. Mas Saramago tem viajado pelas Escrituras e já viu neve, mas tem medo de lhe tocar e de ser tocado.
Só falta mesmo olhar para cima e ver a luz do Deus que lhe brilha no seu pensamento.
A estratégia fracassada de Saramago transformou-o no maior publicitário português da Bíblia. Mesmo que Deus não exista ele conseguiu fazer o que muitos pregadores tentaram mas raramente conseguiram, trazer os desiludidos com a religião de volta às Escrituras.
Obrigado Saramago.
Fonte: A Ovelha Perdida
Olha digitei e apaguei tres vezes o meu texto até para comentar sobre esse texto, e simplesmente não cheguei a algo realmente profundo para falar... so posso dizer é que o seu post é mto bom...
ResponderExcluirPaz
Graça e paz amado. Muitas vezes Deus permite que pessoas se levantem contra Ele para que Seu nome seja proclamado. Até um ateu Deus usa para ser revelado ao mundo.
ResponderExcluirO tiro de Saramago saiu pela culatra.
Fique na Paz!
pr silas
Graça e paz! Muito bom este post, Republiquei no meu blog e mandei um link direto para aqui como fonte.
ResponderExcluirQue Deus continue honrando seu ministério.
Graça e paz Pr Rodrigo. Fique a vontade a casa é nossa!
ResponderExcluirFique na Paz!
Pr Silas