segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

SEU NOME SERÁ JOÃO



Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 1.57-66

INTRODUÇÃO

Na Palestina o nascimento de uma criança era uma ocasião de muita alegria, em especial se se tratasse de um menino. Quando o momento do nascimento estava perto, os amigos e os músicos do lugar se reuniam ao redor da casa. William Barclay diz que quando se anunciava o nascimento, se fosse o caso de um varão, os músicos tocavam e cantavam, e havia saudações e felicitações. Se se tratasse de uma menina, os músicos se retiravam silenciosos e cabisbaixos. Havia um dito: “O nascimento de um varão causa alegria universal, o nascimento de uma menina causa tristeza universal”. Assim na casa de Zacarias e Isabel havia uma dupla alegria. Enfim, depois de longos anos de espera havia nascido uma criança e era um varão.

No oitavo dia o menino foi circuncidado e nesse dia recebeu o seu nome. As meninas podiam receber seu nome em qualquer momento dentro dos trinta dias de seu nascimento. Na Palestina os nomes eram descritivos. Às vezes descreviam uma circunstância referente ao nascimento da criança, como Esaú e Jacó (Gn 25.24-26). Outras vezes descrevem o menino. Labão, por exemplo, significa branco ou loiro. Jabes significa “o que causa dor”. João significa “Deus é cheio de graça”, “agraciado por Deus” ou “a graça e misericórdia de Deus” e “Deus perdoa”.

Esse texto está repleto de alegria e graça divina no nascer desse menino, assim como no mover de Deus trazendo a Zacarias a audição e a fala. É um texto rico de significados e grandes lições para nós hoje. Vejamos as lições que ele nos ensina:

1 – ENCONTRAMOS AQUI UMA ALEGRIA COMPARTILHADA (Lc 1.57,58).

A alegria havia tomado o coração de todos, afinal, uma senhora estéril estava dando à luz. E para alegria maior, era um menino. O evangelista Lucas nos fornece agora uma graciosa imagem da vida do povo israelita. Um após o outro, vemos chegar os vizinhos e parentes; os vizinhos primeiro, porque vivem nas redondezas. A mãe feliz forma o centro da cena. Um após o outro se achegam a ela e a cumprimentam por causa da grande graça que lhe foi concedida. Todos alegrando-se com ela.

Podemos tirar algumas lições desta cena:

1o – Eles se alegraram diante do milagre alcançado (Lc 1.14,58). Essa reunião de vizinhos e parentes (suggeneis, no grego) representa um gracioso quadro do quanto Zacarias e Isabel eram estimados por todos. Ainda mais diante de tão grande graça alcançada por eles da parte de Deus. Como disse o anjo Gabriel: “Para aquela que era chamada de estéril” (Lc 1.36).

Embora houvesse uma grande alegria contagiante ali, não vemos isso ocorrendo sempre. Existem muitas pessoas que não conseguem se alegrar com as bênçãos que outros recebem. Há pessoas que aparentam estar felizes em ver a bênção na vida de outras pessoas, mas por dentro estão cheias de inveja. Muitas vezes iremos nos deparar com muitas pessoas chorando conosco por saberem de nossas mazelas, mas nem sempre estas mesmas pessoas estarão felizes por nossas conquistas. Embora a Bíblia nos diga que devemos “nos alegrar com os que se alegram; e chorar com os que choram (Rm 12.15), nem sempre vemos isto em nosso meio.

Mas o que vejo ainda pior são pessoas que não se alegram com as bênçãos recebidas. Existem pessoas que só reclamam, questionam e maldizem o que tem. Sempre se veem inferiores e acham que são menos abençoadas que outras pessoas. Gente que não sabe ser grata a Deus pelo que o Senhor tem feito em suas vidas. Pensam que tudo que tem é inferior ao que os outros têm.

ILUSTRAÇÃO: O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordo-o na rua:
Senhor Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Será que o senhor poderia redigir o anúncio para o jornal?
Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:
VENDE-SE ENCANTADORA PROPRIEDADE, ONDE CANTAM OS PÁSSAROS AO AMANHECER NO EXTENSO ARVOREDO, CORTADA POR CRISTALINAS E MAREJANTES ÁGUAS DE UM RIBEIRÃO. A CASA, BANHADA PELO SOL NASCENTE, OFERECE SOMBRA TRANQUILA DAS TARDES NA VARANDA”.
Meses depois, o poeta Olavo Bilac encontrou o homem e perguntou-lhe se havia vendido o sítio.
Nem pensei nisso mais – disse o homem. – Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!

Você tem se alegrado com as bênçãos de Deus na sua vida e na vida de outras pessoas?

2o – Para Zacarias e Isabel era o cumprimento da promessa de Deus (Lc 1.13). Como disse o anjo para Maria: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Eles não estavam segurando um menino gerado na velhice, eles estavam segurando um filho que era promessa de Deus. Eles tinham em suas mãos um menino que seria o precursor do Messias. A bênção não era o menino em si, mas o que ele seria na história de Israel. O nascimento de João era a prova de que havia chegado o momento da história da redenção (Lc 1.17).

Devemos pedir ao Senhor que os nossos filhos sejam mais que bons cidadãos e bons crentes em Jesus. Devemos pedir a Deus que os nossos filhos sejam boca de Deus neste mundo. Que eles façam a diferença na sociedade. Que eles sejam profetas do Altíssimo. E, acima de tudo, que eles possam ver isso em nós. Que sejamos o exemplo, o espelho e as pegadas para os nossos filhos.

A Bíblia deixa claro que Zacarias e Isabel eram justos diante do Senhor, apesar de não terem alcançado a bênção de serem pais (Lc 1.5-7). A diferença que faremos na vida de nossos filhos está em sermos bons crentes e sempre dar bom testemunho mesmo quando tudo pareça estar contrário a nossa vontade. É servirmos a Deus pelo que Ele é e não pelo que Ele dá e faz. Será que nossos filhos têm visto isso em nós?

2 – UM MENINO CONSAGRADO A DEUS (Lc 1.59-63).

No meio evangélico a consagração de uma criança é o momento em que ela é apresentada a Deus, geralmente na igreja. Pelo menos no meio batista é assim que fazemos. Nós não realizamos o pedobatismo, somente o credobatismo.

No antigo Israel era o momento em que a criança – menino – ao oitavo dia era circuncidado. A circuncisão era o momento em que cumpria na vida do menino o cerimonial de aliança com Deus. A cirurgia de circuncisão era sempre realizada pelo pai ou outra pessoa nomeada. (Em pelo menos uma ocasião, foi realizado por uma mulher, Zípora, esposa de Moisés (Êx 4.25). De acordo com a tradição judaica, depois, tinha que haver pelo menos dez testemunhas presentes. Eles poderiam, se necessário, mais tarde atestar que a circuncisão tinha sido realizada.

João Batista foi consagrado a Deus de duas formas: através da sua circuncisão e no momento que recebeu seu nome. Vamos analisar este texto:

1o – Através da circuncisão (Lc 1.59). Talvez você pergunte: “Por que no oitavo dia?”. Médicos afirmam que um bebê recém-nascido tem susceptibilidade a hemorragias entre o 2o e o 7o dia de vida. Mas no 8o dia a vitamina K e a Protrombina (proteína plasmática inativa, precursora da trombina e essencial para a coagulação sanguínea; trombinogênio) são normais no sangue do recém-nascido, não havendo riscos de hemorragia. No 8o dia a protrombina eleva-se a um nível bem melhor do que o normal: 110%. Depois, ela desce para 100%. Isso quer dizer que um bebê de oito dias tem mais protrombina do que terá em qualquer outro momento de sua vida. Deus sabendo disto orientou Abraão a circuncidar somente no 8o dia (Gn 17.12,13).

A circuncisão foi uma exigência de Deus a todos os homens judeus (Gn 17.9-14; Lv 12.1-3). Ela foi instituído por Deus, por três razões.

Primeiro, ele teve benefícios para a saúde. Em particular no mundo antigo, onde o perigo de bactérias e padrões de higiene eram em grande parte desconhecida, assim infecção eram mais facilmente transmitida de um homem para uma mulher. Eliminando a pele exterior diminuiu o potencial de tal infecção, de modo que, historicamente, as mulheres judias tiveram baixas taxas de câncer de colo do útero e outras doenças porque os maridos judeus eram circuncidados. A circuncisão era, assim, um dos muitos regulamentos de saúde que Deus deu para proteger e perpetuar o povo judeu.

Segundo, a circuncisão serve como uma lição espiritual. Ilustrando graficamente a necessidade do homem para a limpeza da depravação do pecado, que é repassado para cada nova geração através da procriação. Esse ato traz a ideia de pureza espiritual.

Terceiro, e o mais significativo, a circuncisão era o sinal da aliança com Abraão (Gn 17.10). E, portanto, uma marca da identidade nacional de Israel. Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, circuncisão é “literalmente, a remoção cirúrgica do prepúcio do órgão sexual masculino”. Embora praticado por outras nações pagãs em tempos antigos, foi um sinal ordenado por Deus no pacto com Abraão e seus descendentes (Gn 17.1-14) e regulamentado pela lei de Moisés.

A circuncisão hoje. Na igreja primitiva, levantou-se a questão quanto à obrigatoriedade da circuncisão. Cristãos advindos do judaísmo, sem discernimento do significado da nova aliança em Cristo, exigiam que todos os cristãos se circuncidassem para serem salvos. Os apóstolos, porém, no concílio da igreja em Jerusalém, rejeitaram esta obrigação por uma razão bem expressa nas palavras de Pedro: “cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também” (At 15.11).

Em Cristo a circuncisão deixa de ser exterior e passa a ser interior, deixa de ser física e passa a ser espiritual (Fp 3.3). O Dicionário Bíblico Vida Nova, de Derek Williams, diz que para os cristãos, que são “a verdadeira circuncisão”, a imposição do sinal agora obsoleto é equivalente à mutilação pagã do corpo (Fp 3.2s).

A circuncisão do coração nada mais é do que uma figura de linguagem que Paulo usou para mostrar às pessoas que sinais na carne não era o que mais importava naquele momento, mas sim os sinais no coração. De que adiantaria alguém ter um sinal na carne (circuncisão) mas seu coração ser mau e não agradar a Deus?

Veja como Paulo ensina isto: “Porque a circuncisão tem valor se praticares a lei; se és, porém, transgressor da lei, a tua circuncisão já se tornou incircuncisão” (Rm 2.25). Marcas não têm poder em si mesmas. O valor de uma pessoa está em sua entrega a Deus, na entrega de seu coração a Ele, ainda que não tenha nenhuma marca na carne.

Sendo assim, o que Deus requer de cada um de nós é a circuncisão do coração, ou seja, que haja sinais dentro de nós e que se reflitam para fora de nós em atitudes que O agradam. Esse é o sinal que se requer em nossa vida e não um sinal sem valor em nossa carne: “Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Rm 2.29).

2o – Através do nome que recebeu (Lc 1.59b-63). Surpresos pela rejeição veemente de Isabel de sua escolha de um nome e sua insistência em nomear o bebê de João, os que estavam reunidos lhe disseram: “Não há ninguém na tua parentela que se chame por esse nome”. Ao dar a seu filho um nome não compartilhado por qualquer parente dela ou de Zacarias, Isabel tinha ido contra o costume judaico. Talvez sentindo que, como uma mulher ela tinha ultrapassado seus limites, eles decidiram perguntar para o marido, Zacarias.

É interessante observar que perguntaram a Zacarias qual seria o nome do menino por acenos (Lc 1.62), dando a entender que Zacarias não ficara somente mudo, mas também surdo. Tanto que a palavra mudo (v. 22; 7.22; Mt 11.5; Mc 7.32,37, 9.25) é kophos (em grego) significa surdo e mudo. Devido a isso, Zacarias pede que lhe deem uma tabuinha para escrever o nome do menino e então escreve: “O seu nome é João” (Lc 1.63). Sua resposta foi concisa e enfática; Isabel tinha dito que a criança “será chamado João” (v. 60), mas Zacarias declarou que o seu nome é João. Esse seria seu nome uma vez Gabriel anunciou a ele. Sua decisão, portanto, era final, e deixou os presentes atônitos. Mas se a escolha do nome da criança surpreendeu os presentes, o que aconteceu depois seria absolutamente surpreendente.

Zacarias e Isabel quebraram todas as tradições familiares para que a palavra que o Senhor havia falado através de Gabriel fosse cumprida. Devemos entender que o que tem que prevalecer na vida do crente é a Palavra de Deus e não tradições familiares. Não é fácil romper com muitas tradições. Muitas vezes ficamos mal vistos, somos confrontados, chamados de fanáticos. No entanto, veja o que o Senhor deixou bem claro em Mateus 10.16-18,32-39. É dura essa palavra, mas é a Palavra de Deus.

Quem nós temos priorizado em nossas vidas, as tradições familiares ou a Palavra de Deus? Zacarias e Isabel sabiam quem eles deviam honrar e obedecer. E não pensaram duas vezes. E você?

3 – UM MILAGRE CONFIRMADO (Lc 1.64-66).

Com certeza ninguém será capaz de descrever o que Zacarias suportou e sofreu durante sua mudez! Seu coração pode ter transbordado quando Isabel estava na expectativa de se tornar mãe, pelo que ele obtinha a plena certeza daquilo que lhe fora dito. Pode ter tido vontade de proclamar para todos os lados o que o Senhor lhe havia feito. Contudo – ele não conseguia falar, nem sequer podia derramar o coração perante Isabel! Talvez o tentasse algumas vezes com a tabuinha – mas isso era apenas um recurso precário! O coração quase lhe explode de aflição, de ser obrigado a cerrar dentro de si tudo o que o move tão intensamente! Nove longos meses haviam, pois, transcorrido. Ele deve ter aguardado ansiosamente o dia do nascimento. Agora a criança nasceu – porém a língua ainda não foi solta! Essa situação representou uma última grave provação de fé para Zacarias!

Essa situação que ocorreu com Zacarias nos ensina algumas lições:

1o – Deus tem compromisso com a Sua Palavra e não com as nossas interpretações. João nasce, mas nada acontece. Apesar disso, a língua não se solta? O dia do nascimento passou, mas Zacarias continua mudo. Chega o dia da circuncisão, que acontece somente no oitavo dia após o parto. Mas Zacarias não consegue participar das alegres conversas. Quantas lutas ocorriam no íntimo de Zacarias! O anjo não dissera que ele permaneceria mudo até o dia do nascimento do filho. O anjo disse que ele ficaria mudo até que ao dia em que estas coisas aconteçam (Lc 1.20). Que coisas eram essas? O nascimento do menino e também o recebimento de seu nome.

Muitas vezes interpretamos a Palavra de Deus segundo os nossos “achismos” e não segundo o que a Palavra de Deus realmente diz. Vemos isso na decepção dos discípulos que estavam indo para a aldeia de Emaús no dia em que o Senhor havia ressuscitado (Lc 24.21,25-27).

2o – O milagre acontece quando a Palavra de Deus é cumprida (Lc 1.63b,64). Apesar de continuar sem falar, a fé de Zacarias se apega à promessa de Deus e com determinação ele escreve: “João é seu nome”. Esse fato constituiu a última vitória de sua confiança. Agora ficou evidente que o Zacarias incrédulo se tornou crente. “Imediatamente, a boca se lhe abriu, e, desimpedida a língua, falava louvando a Deus.” Zacarias foi aprovado em seu derradeiro teste de fé! Agora finalmente também se quebrou a limitação da língua e do coração!

Ei-lo aí, esse João, enviado de Deus, um homem que na verdade jamais realizou um milagre pessoalmente, mas foi introduzido no mundo por meio de um milagre e que andou diante dos olhos do povo como um milagre!

CONCLUSÃO

Com este acontecimento três coisas ocorreram entre os presentes: temor a Deus, curiosidade em relação o que viria ser este menino e viam a mão do Senhor sobre João (Lc 1.65,66). Meus irmãos, creio que a Palavra de Deus quando se cumpre em nossas vidas deve gerar essas mesmas expectativas nas pessoas ao nosso redor. Creio que o temor a Deus deva ser impactante na vida das pessoas que nos observam. Elas precisam ver em nós o extraordinário de Deus e louvá-lo por isso.

As pessoas precisam ter grandes expectativas do agir de Deus em nós, e vou além, nós, mais do que ninguém, devemos ter essas expectativas. Sempre devemos esperar de Deus grandes coisas em nossas vidas. Não podemos servir a Deus e achar que teremos uma vida comum. Com Deus isso não ocorre. E, por fim, nós devemos viver de tal forma que as pessoas vejam o agir de Deus em nós, não precisa ser nos grandes milagres, mas no nosso testemunho diário. João Batista nunca operou um milagre, mas foi um homem cheio do Espírito Santo. Não são os sinais e prodígios que testificam que somos de Deus, mas os frutos que produzimos.

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas.

2 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.

3 – Davidson, F. O Novo Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1987.

4 – Keener, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017.

5 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.

6 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Lucas.

7 – Manual Bíblico SBB. Barueri, SP, 3a edição, 2018.

8 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1986.

9 – Rienecker, Fritz. Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança, Curitiba, PR, 2005.

10 – Williams, Derek .Dicionário Bíblico Vida Nova.

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