Para meu alívio, um belo dia eu descobri que o ‘atrás’ do início da célebre frase, tinha como causa a paralisia que obrigava seu autor- o presidente Roosevelt - a ser guiado pela esposa em cadeira de rodas. Digo 'alívio' porque somos propensos a seguir certas máximas como sendo uma obrigação (quase) religiosa. E, como eu adoro desmistificar coisas, fui pesquisar a respeito dessa frase essencialmente machista.
E hoje, dia dedicado especialmente para homenagear as mulheres, gostaria de abordar o tema à luz da Bíblia.
‘A mulher foi criada para ser a perfeita contraparte do homem, não sendo inferior nem superior, mas equivalente e igual ao homem em sua pessoalidade, enquanto diferente e única em sua função’.
Quando Deus fez o primeiro homem, disse que não era bom que ele ficasse só, da mesma forma que nunca quis que a mulher ficasse em segundo plano em absolutamente nada. No casamento então, nem dois seriam, mas uma só carne, PORÉM, sempre exaltando a individualidade da mulher, dando-lhe valor e responsabilidade ao longo da existência humana. Ou seja, machista não é Deus. O ser humano caído e pretensioso, este sim, tem natureza machista e se põe acima de Deus nas suas próprias convicções e tradições repassadas e adquiridas ao longo do tempo.
Ao observarmos atentamente a esposa virtuosa de Provérbios 31 descobrimos que se trata de um perfil muito atual e que tem todos os elementos que agradam a Deus:
Razoável independência (v16) Confiabilidade (v11) Capacidade de assumir responsabilidade (v13) Bom gosto (v22) E determinação para ser digna de honra e elogios (v 28 a 31) - Bíblia da Mulher, pg 830.
No AT vemos o exemplo de Débora que era profetisa e uma simples dona-de-casa sendo escolhida por Deus para liderar uma nação, tornando-se juíza e líder militar, LIBERTANDO seu povo em tempos de guerra. Tem também Ester, a quem Deus concedeu enorme coragem e grande sabedoria para livrar Israel da destruição; Tem Rute, a moabita, de cuja descendência veio O Salvador! Miriã, que desde criança mostrou-se inteligente ao conduzir e vigiar o irmãozinho, tornando-se mais tarde grande líder; considerada a mais notável mulher hebraica da sua época, foi ainda grande musicista e profetisa. Havia ainda tantas outras mulheres expressivas tais como Ana, mãe de Samuel, e Abigail, que ao usar de grande habilidade mudou o rumo da vida do futuro rei Davi.
Tempos depois, em Sua perfeita Soberania, Deus não precisaria de uma mulher para realizar Sua obra salvífica, mas escolheu uma menina-mulher- Maria - como instrumento, fazendo triunfar a fé sobre o dogmatismo. Esta, por sua vez, compreendendo que o foco era Jesus, disse: Que se cumpra em mim conforme a Tua Palavra.
Isabel, parenta e mãe espiritual de Maria, destacou-se duplamente: como sua mentora extraordinária e como mãe do pregador que viria a ser o portador da mensagem de arrependimento, preparando o caminho para o Messias.
Quando Jesus nasceu, outra Ana servia no templo e vivia ajudando no serviço religioso oficializado naquele local ( Lc 2:36.38)
Nos tempos do NT, Jesus SEMPRE enfatizou o ministério das mulheres no evangelismo, ficando bem evidente sua atitude revolucionária/restauradora quando apareceu para a mulher no poço de Sicar, já que por razões culturais era considerado impróprio para um rabino abordar uma mulher, principalmente uma mulher com aquele perfil. Enquanto ela era discriminada, Jesus a restaurou fazendo-a evangelizadora, com o dom de exortação, persuadindo e incentivando outras pessoas a conhecerem-NO.
"Muitos samaritanos daquela cidade creram nele EM VIRTUDE DO TESTEMUNHO DA MULHER!" (Cf. Jo 4.39)
Observe-se que no Sermão do Monte, onde Jesus deixou a todos maravilhados com Sua doutrina, não existe nenhuma alusão-proibição no que concerne à atuação da mulher evangelizadora. (Mt caps : 5-6-7)
Jesus exaltou o fato de Maria de Betânia ficar aos seus pés, ouvindo seus ensinamentos e repreendeu Marta, sua irmã, que queria que a mesma a ajudasse nos afazeres domésticos, numa reação típica de uma cultura que achava que uma mulher não devia receber ensino sobre as verdades espirituais. E, rebatendo com o intuito de ensinar-lhe e encorajá-la a aprender, disse: “Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”.
Ora, se Ele discriminasse mulher – e principalmente naquela cultura judaica à época - eu já imagino o que ele diria:
- Ela tem razão, Maria. Por que você não vai pra cozinha ajudar sua irmã?
A bíblia relata também a passagem da mulher que, em silêncio, estava prestes a ser apedrejada e Jesus dirige a palavra justamente a ela - ignorando questões culturais hipócritas que responsabilizavam a mulher pela luxúria (ora, ela transou sozinha?!) e por isso deveria estar isolada do homem – sendo essa mulher particularmente discriminada não apenas pela sua condição feminina, mas ainda pela sua conduta.
Ressalte-se também a permissão de Jesus para que Maria Madalena fosse a primeira mulher a vê-Lo e a falar com Ele, tendo sido inclusive, a primeira pessoa a contar as Novas aos outros, ainda que nos moldes da época o testemunho de uma mulher fosse considerado inválido.
E muitas outras mulheres cooperaram das mais diversas formas, no ministério de Jesus... (Cf Lc 8:1.2.3).
O Evangelho se propagou e, mais tarde, Paulo começou a enviar cartas específicas para as localidades.
Inclusive há certa confusão em interpretações doutrinárias devido a uma suposta discriminação feita por Paulo às mulheres de Corinto, quando na verdade tratava-se de um meio disciplinador, uma vez que as mulheres da alta sociedade manipulavam grande parte do poder econômico e faziam valer suas vontades. Era comum elas usarem de capricho para com seus maridos, influenciando-os sobre o que deveriam ou não fazer. Esse era um costume feminino quase generalizado permanecendo por muito tempo na igreja primitiva.
Na carta que escreve ao povo de Filipos (4.3), fica claro que Paulo não dispensa a ajuda das mulheres, lembrando ainda de Lídia e Priscila que eram cooperadoras em seu ministério de evangelização.
Aos gálatas (3.28), ele diz que não há distinção de sexos.
Em Tito 2:3.5 as mulheres recebem ordem para ensinar na igreja.
Quando ele diz aos efésios para a mulher ser submissa ao marido, deixa claro que o marido AME a mulher, comparando à relação de Cristo com a Igreja (Ef 5.23), numa alusão ao que Deus requer numa relação conjugal; pois ELE não quer submissão em detrimento da responsabilidade da esposa de andar em santidade e retidão diante dEle. Afinal, o marido não é Salvador, e sim, protetor. Dessa forma, na submissão VOLUNTÁRIA, a esposa serve a seu marido, com liberdade e dignidade, ASSIM COMO a Igreja serve a Cristo.
O objetivo de Paulo era impor uma nova concepção conforme o que Jesus havia pregado sobre a vida espiritual, desfazendo conceitos, erradicando costumes, mudando a visão e o pensamento dos novos convertidos.
E este, continua sendo o nosso objetivo – nós, mulheres cristãs – quando precisamos estar cada vez mais atentas ao papel que nos foi confiado, pois mesmo tendo passado mais de dois mil anos, ainda existe enorme disputa e grandes equívocos em nome de Jesus e onde, ironicamente, nós mulheres, nos tornamos vítimas da nossa própria influência no meio em que vivemos.
Mas existe uma fórmula simples: colocar Deus no comando que sempre foi Dele.
E olha lá, heim! Mulher atrás, apenas em situações específicas.
Como no caso do presidente citado acima.
E que Deus abençoe a todas nós, mulheres, fazendo-nos enxergar o mandamento de ser LUZ DO MUNDO!
Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse:
Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. (Mt 28.5)
E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse:
Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. (Mt 28.9)
Fonte: Bora Ler
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