quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O AMOR DE DEUS DEMONSTRADO NA CRUZ




Por Pr. Silas Figueira

Texto base Jo 19.17-27

INTRODUÇÃO

O livro do profeta Isaías, no capítulo 53.4 nos diz que "certamente, Ele (Jesus) tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si..." Isaías nos fala da crucificação de Jesus de forma vívida. E essa profecia foi predita cerca de 800 anos a.C. Essa profecia se cumpriu cabalmente na vida de Jesus. Não só essa, mas muitas outras também.

Quando olhamos para o monte caveira e contemplamos a cruz que estava no meio, nós vemos o Senhor Jesus pagando um alto preço pelos nossos pecados. Vemos literalmente se cumprindo a profecia do profeta Isaías quando nos diz que "o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (ls 53.5b). Da mesma forma nos falou Pedro em sua primeira carta: "Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito" (1Pe 3.18). E como escreveu o apóstolo Paulo aos Colossenses: "tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz" (Cl 2.14). E Paulo escrevendo aos Gálatas nos diz também: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo,  a fim de que recebêcemos, pela fé, o Espírito prometido" (Gl 3.13, 14).

Quando eu olho para cruz de Cristo eu vejo, pelo menos, cinco coisas básicas:

1 - Quando olho para a cruz de Cristo eu vejo que aquela cruz era minha e sua, e não de Jesus (Jo 19.17).

Quando eu olho para cruz eu vejo que aquela cruz era para mim e para você. Apesar de o texto dizer que Jesus carregou a sua cruz... No entanto eu digo que aquela cruz era nossa, pois em Isaías 53.5 nos diz que "Ele, Jesus, foi transpassado pelas nossas transgressões...". Perceba que o texto é enfático quando diz "NOSSAS TRANSGRESSÕES", e não de Jesus.

Na verdade, Jesus carregou a cruz que seria de Barrabás. E quem foi Barrabás?  Este nos diz a Bíblia, era salteador e assassino (Lc 23.19; 25). Jesus foi morto na cruz no lugar de um assassino, no lugar de um desordeiro, em meu e no seu lugar.

Barrabás simboliza toda a humanidade em rebelião contra o nosso Deus. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala em Efésios 2.1-3: "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais".

Barrabás não era pior que nenhum de nós. Diante de Deus, todos nós éramos merecedores da morte eterna. Por isso que eu afirmo que AQUELA CRUZ ERA NOSSA. Há uma poesia do Gioia Junior que nos fala com muita propriedade o que estamos falando aqui. A poesia nos fala assim:

Nada era dele
Disse um poeta um dia,
Fazendo referência ao Mestre amado:
O berço que Ele usou na estrebaria,
Por acaso era dele? Era emprestado!

E o manso jumentinho,
Que em Jerusalém chegou montado
E palmas recebeu pelo caminho,
Por acaso era dele? Era emprestado!

E o pão - o suave pão,
Que foi por seu amor multiplicado
Alimentando a multidão
Por acaso era dele? Era emprestado!

E os peixes que comeu junto ao lago,
Ficando alimentado. Esse prato era seu? Era emprestado!

E o famoso barquinho?
Aquele barco em que ficou sentado
Mostrando à multidão qual o caminho
Por acaso era seu? Era emprestado!

E o quarto em que ceou ao lado dos discípulos
Ao lado de Judas que o traiu, de Pedro, que o negou
Por acaso era dele? Era emprestado!

E o berço tumular, que depois do calvário foi usado
De onde havia de ressuscitar
Por acaso era dele? Era emprestado!

Enfim, nada era dele!
Mas a coroa que Ele usou na cruz era dele!
E a cruz que carregou e onde morreu,
Essas eram de fato de Jesus! "

Isso disse um poeta certa vez,
Numa hora de busca da verdade;
Mas não aceito essa filosofia
Que contraria a própria realidade.

O berço, o jumentinho, o suave pão,
Os peixes, o barquinho, a sepultura e o quarto
Eram dele a partir da criação;
Ele os criou - assim diz a Escritura;
Mas a cruz que Ele usou, a rude cruz,
A cruz tosca e mesquinha,
Onde meus crimes todos expiou,
Essa cruz não era sua! Essa cruz era minha!

Mas uma vez eu repito: aquela cruz era minha e sua!

2 - Em segundo lugar, quando eu olho para cruz de Cristo eu vejo o maior crime da história (Jo 18.38; 19.4, 6, 17, 18).

Jesus não havia cometido crime algum. Aliás, o próprio Pilatos sabia que por inveja é que o haviam entregado (Mt 27.18). Mas ele não teve coragem de enfrentar o povo. Também a sua esposa lhe pediu para não se envolver com aquele justo (Mt 27.19). Pilatos foi aconselhado a não se envolver, mas não tem como não se envolver com Jesus. Quer queira, quer não, todos nós estamos envolvidos com Jesus. Todos nós estamos envolvidos neste crime. Pois Jesus foi morto pelas nossas transgressões, como nos fala Is 53.5. Eu matei Jesus, você matou Jesus. Nós matamos o Senhor da vida.

Por isso, mais uma vez eu afirmo que este foi o maior crime da história, pois a Bíblia nos diz em 1Co 5.21 que "aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós...". E em Hb 4.15 nos diz que "antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado".

Infelizmente muitas pessoas não tem dimensão do quando é horrendo o pecado aos olhos do nosso Deus. A Bíblia nos fala que são os nossos pecados que nos afastam do nosso Deus. Isaías nos fala exatamente assim: "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça" (Is 59.2).

Por isso que quando Cristo se deu na cruz por nós, Ele estava pagando um alto preço para nos reconciliar novamente com o Pai, pois essa harmonia havia sido quebrada por Adão no Paraíso (Gn 3). Mas da mesma forma como o pecado nos separou do Pai, Ele fez uma promessa de que nos reconciliaria consigo novamente. Veja o que Ele disse em Gn 3.15: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". E esta profecia se cumpriu em Cristo. Veja o que Paulo nos fala em Colossenses 2.14, 15: "Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz, e, despojando os principados e as potestsdes, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz".

A vitória de Cristo na cruz do calvário pôs fim ao império de Satanás sobre a vida do homem, principalmente sobre a vida do cristão. O autor de Hebreus nos diz que Jesus através de sua morte destruiu aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo (Hb 2.14). O diabo não tem poder sobre a vida da Igreja, pois somos filhos de Deus. E o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos nos diz que o acusador foi derrotado e quem está em Cristo não sofre mais nenhuma condenação: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

Por isso que mais uma vez afirmamos que a morte de Jesus na cruz foi o maior crime de toda a história da humanidade. Aquele que não tinha pecado, se fez pecado por nós.

3 - Em terceiro lugar, quando olho para cruz de Cristo, eu vejo que o Pai estava em Cristo cumprindo a Sua Palavra (Jo 19.23, 24, 28, 31-37).

A cruz não foi um acidente. Não foi algo que não estava nos planos do nosso Deus. Pelo contrário, tudo estava planejado desde a eternidade passada. Em Apocalipse 13.8 nos fala que o Cordeiro (Jesus) foi morto desde a fundação do mundo. Aliás, existe uma das passagens que mostra o Seu sacrifício de forma vívida; foi quando Abraão oferece Isaque em sacrifício. Assim como Abraão entregou o filho que amava em sacrifício ao Senhor, embora Isaque não fora sacrificado, mas o Pai foi até o fim quando entregou o seu Filho em sacrifício em nosso lugar.

Observe o quadro da cruz e veremos o cumprimento profético:
A sua morte na crucificação – Jo 19.17-27 conf. Is 53.
As vestes divididas - v. 23,24 conf. Sl 22.18.
A sede que Jesus teve - v. 28, 29 conf. Sl 69.21.
Seus ossos que não foram quebrados - v. 32, 33, 36 conf. Êx 12.46; Nm 9.12; Sl 34.20
Que Jesus seria transpassado - v. 37 conf. Zc 12.10, Ap 1.7.
Até onde Jesus seria sepultado já estava profetizado - Mt 27.59, 60 conf. Is 53.9.

Aquele que cobriu de bênçãos sem medida aos carentes e multiplicou o pão e peixe para alimentar as multidões, agora na morte está vendo as suas vestes sendo também divididas.

Aquele que disse que quem tivesse sede viesse a Ele (Jo 7.37, 38), agora no momento de sua sede lhe deram vinagre.

Aquele que, segundo as Escrituras, não esmagaria a cana quebrada, nem apagaria a torcida que fumega (Is 42.3; Mt 12.20), ou seja, Jesus não se desfaz do que ainda é. Ainda que não tenha nenhum valor aos olhos de muitos. Com a cana as crianças faziam flautas, mas quando ela se quebrava elas jogavam fora e faziam outra. Jesus nos acolhe ainda que não venhamos mais produzir mais nenhuma música, nenhum som, quando todos nos desprezam e querem nos jogar fora, o Senhor nos acolhe em seus braços. Como disse o Senhor em Isaías 49.15: "Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho de seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti".

Da mesma forma o pavio da lamparina quando não dá mais luz necessária e só solta fumaça, deve ser substituído. Mas o Senhor diz para nós nesta noite que ainda que a nossa luz esteja fraca e não produzamos a mesma claridade, o Senhor não nos apaga, mas pelo contrário, renova as nossas forças e nos diz que ainda somos úteis em seu Reino. Pedro estava como numa cana quebrada e como um pavio que fumega, mas o Senhor o restaurou e Pedro se tornou um dos maiores líderes da Igreja Primitiva.

4 - Em quarto lugar, quando eu olho para cruz de Cristo, eu vejo o Rei dos reis e o Senhor dos Senhores (Jo 19.19, 20).

Pilatos, ainda que sem saber, estava mostrando ao mundo que aquele que estava pendurado naquela cruz era o Senhor dos Senhores, e, o mais importante triunfando sobre todos, apesar de parecer que não.

Pilatos escreveu um título e o mandou colocar no cimo da cruz dizendo: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus. E é interessante que ele escreve em três idiomas, Hebraico, Grego e Latim.

O hebraico simboliza todo poder religioso.
O grego simboliza todo poder cultural e filosófico.
O latim simboliza todo poder bélico.

Em tudo que existe o Senhor Jesus é Senhor, é Rei. Ele é o Deus supremo. Veja o que nos diz Atos 2.32-36: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Observe também o que nos fala o apóstolo Paulo em Filipenses falando da exaltação de Cristo: “...a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2.8-11).

5 - E em quinto lugar, quando olho para cruz de Cristo eu vejo o amor do Pai se manifestando no Filho por nós (Jo 19.30).

TETELESTAI foi a palavra que Jesus disse na cruz. Está consumado. Está pago. Não há mais dívida.


TETELESTAI" é uma expressão grega que pode ser traduzida como "está consumado", "totalmente pago" ou "dívida cancelada". No século I, quando um criminoso era preso, seus delitos eram registrados em um papiro conhecido como "cédula de dívida" ou "escrito de dívida". Ao cumprir a pena e chegando a ocasião de sua liberdade, o juiz responsável pela soltura do condenado, riscava a cédula, especialmente na parte onde os crimes estavam apontados, e, no rodapé, escrevia TETELESTAI. Pronto! O indivíduo não devia mais nada à justiça. Estava livre da condenação e, agora, poderia desfrutar da paz e da liberdade.

O apóstolo Paulo se apropria desta figura jurídica para nos transmitir a profundidade do alcance da obra redentora de Cristo, pois como pecadores que somos, contra nós também há uma “cédula de dívida”, a saber, uma série de transgressões cometidas ao longo da vida. Esta cédula constitui-se em um poderoso instrumento de acusação. Ela nos silencia, nos humilha, pois não há como contradizê-la, não há como negá-la. Nela se registram todas as nossas maldades, todas as nossas mentiras, toda perversidade que praticamos. Ela aponta para a destruição dos que ali constam (Ap.20: 12). Entretanto, o apóstolo Paulo declara que Cristo “riscou o escrito de dívida, tirando-o do meio de nós, cravando-o na cruz”. Ou seja, Jesus Cristo com sua morte vicária (substitutiva), pagou a dívida que tínhamos para com Deus. Vale a pena lembrar que na cruz do Calvário, segundo o Evangelho de João (19:30), Cristo declarou “Está consumado!” (TETELESTAI), sendo, inclusive, sua derradeira palavra.                   

Quando falamos do amor de Deus nós o encontramos nas próprias palavras de Jesus quando Ele disse em Jo 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira...”

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” Jo 15.13.

E o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos nos diz: “Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.7-10).

Deus nos prova o Seu grande amor para conosco através da morte do Seu Filho na cruz por nós.

CONCLUSÃO

Quando você olha para cruz o que você tem contemplado? Será que quando você olha para cruz você consegue contemplar a maior prova de amor já registrada na história, ou fica se lamentando que não é amado por Deus? O Senhor da glória não precisa demonstrar mais amor por nós, pois isso ele já o fez por nós quando nos deu o próprio Filho para morrer por nós na cruz pagando a nossa dívida. Creio que um dos textos que mostra isso de forma muito clara é João 3.14-17: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.


Pense nisso e fique na Paz!

Mensagem pregada no dia 05/01/14

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