domingo, 27 de outubro de 2019

JOÃO BATISTA, UM PROFETA PROMETIDO



Por Pr. Silas Figueira

Texto Base: Lucas 1.15-17

INTRODUÇÃO

Após o anjo Gabriel dar as boas novas a Zacarias lhe informando que o Senhor havia ouvido suas orações e que ele seria pai, o anjo agora lhe diz qual será a missão específica desse menino que está para vir ao mundo. Este menino não seria sacerdote como era seu pai. Este menino seria usado por Deus para um ofício que a muito tempo não havia. Este seu filho seria profeta. Assim como Jeremias, que era filho de sacerdote e foi separado por Deus para ser profeta, da mesma forma seria João:

Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim; ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado. Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jeremias 1.1,3-5).

Existe uma diferença real e notória entre um servo de Deus e um profeta de Deus, pois enquanto todos os seus profetas são servos, nem todos os seus servos são profetas.

O Senhor havia parado de se comunicar com o Seu povo através de profetas. As profecias haviam cessado há mais de quatrocentos anos. O povo de Israel não recebia nenhuma palavra profética de Deus desde que o profeta Malaquias prometera a vinda do precursor do Messias, na força e no poder de Elias (Ml 4.5,6). João Batista, quatrocentos anos depois, surge como o último profeta do Antigo Testamento. João fecha o ciclo dos profetas do Antigo Testamento que profetizaram sobre Jesus, mas não tiveram o privilegio que João teve de conhecer o Salvador. João não apenas profetizou sobre Jesus, mas também preparou o caminho para o ministério de Jesus, viu Jesus e o batizou. Isso faz de João Batista um dos maiores profetas. João fez o elo entre a Antiga Aliança (lei) com a Nova Aliança (graça), por isso ele é tanto último profeta do Antigo Testamento como o primeiro do Novo Testamento anunciando o Evangelho da Graça (Lc 16.16).

Quais as lições podemos tirar desse texto? O que ele tem a nos ensinar?

1 – PRIMEIRAMENTE VAMOS DEFINIR O QUE É O MINISTÉRIO PROFÉTICO.

Antes de mais nada, devemos deixar bem claro que o verdadeiro ministério profético hoje é a pregação da Bíblia com precisão e clareza. O dom da profecia hoje é a proclamação da Palavra escrita, não a transmissão de novas revelações do céu. A Bíblia já está completa, ela é suficiente para seguirmos fielmente o Senhor. O apóstolo Paulo escrevendo sua segunda carta a Timóteo é claro sobre isso (2Tm 3.16,17), assim como o autor de Hebreus também escreveu (Hb 1.1-2).

Vamos analisar algumas características fundamentais de um ministério profético, e porque o Senhor levantou profetas.

1o – O ministério profético sempre pressupôs fracasso e pecado. Deus só enviava um dos seus profetas quando, em tempo de grande declínio e afastamento, o povo se afastava do Senhor. Como nos fala Pedro em sua segunda carta: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso” (2Pe 1.19).

O mesmo princípio se confirma por todo o Novo Testamento. O primeiro pregador que nos é apresentado ali é João Batista. E qual era a notável característica do seu ministério? Não era o de evangelista nem o de mestre, mas o de profeta – “E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.17). João foi um protesto divino contra a podridão dos fariseus, saduceus e herodianos. Embora fosse filho de um sacerdote, João nunca ministrou no templo, nem jamais se ouviu a sua voz em Jerusalém. Em vez disso, a sua voz foi ouvida clamando no deserto, fora de toda a religião organizada. Ele foi um verdadeiro profeta, conclamando o povo que se arrependesse e fugisse da ira vindoura.

2o – Profetas sempre andam “a sós” com Deus, separados da apostasia religiosa que os cerca. Foi assim com Enoque: ele “andou com Deus” (Gn 5.24) – mostrando o seu desinteresse pelo mal que o cercava. Foi assim com os patriarcas: “Pela fé, (Abraão) peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa” (Hb 11.9). Igualmente “sozinho” estava o profeta Samuel que, quando Saul o procurou, precisou se informar a respeito do lugar onde morava (1Sm 9.11,12). O mesmo aconteceu com João Batista: ele estava claramente separado da religião organizada dos seus dias. Dessa forma, agora, aos servos de Deus é ordenado que fujam daqueles que, “tendo forma de piedade”, negam-lhe, “entretanto, o poder” (2Tm 3.5).

3o – Não foram aprovados por parte dos sistemas religiosos dos seus dias. Como seria moralmente possível que João Batista exercesse o seu ministério nos arredores do templo degenerado de Jerusalém? Em consequência da sua separação dos sistemas que desonravam a Deus na época em que viviam, eles foram desprezados, odiados e perseguidos pelos líderes religiosos e, aos olhos dos seus seguidores, eram muito malvistos (Jo 2.12-17). O mesmo princípio vigora ainda hoje. Só se pode permanecer membro de uma denominação que repudiou a verdade (em doutrina ou prática) quem estiver disposto a pagar o preço da infidelidade para com Deus: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Ef 5.11). Charles Spurgeon, por exemplo, retirou sua igreja da convenção que faziam parte, pois tal convenção estava aceitando certas coisas que contrariavam as Escrituras.

4o – Os profetas de Deus nunca receberam a atenção de mais do que um insignificante e pequeno remanescente. A grande massa dos religiosos professos a rejeitou, pois não era agradável a seu paladar depravado. Não houve jamais alguma reparação coletiva! A natureza humana de então não era diferente do que é agora: pregar sobre a excessiva pecaminosidade do pecado e sobre a certeza do juízo vindouro nunca foi algo aceitável. São sempre os falsos profetas os que clamam: “Paz, paz, quando não há paz”. Eles são os oradores populares. “[…] dizei-nos coisas aprazíveis, profetizai-nos ilusões” (Is 30.10) é sempre o desejo da multidão, e aqueles que se recusam a atender a esse clamor e, em vez disso, pregam fielmente a verdade, são tachados de “pessimistas” e “desmancha-prazeres”.

Ainda hoje, quando se aplica a Palavra de Deus de forma coerente dentro dos princípios bíblicos, muitas pessoas nos chamam de conservadores, fundamentalistas, retrógrados. Que devemos fazer uma releitura das Escrituras. Fazer uma releitura das Escrituras quer dizer: “Deixar de pregar fielmente a Palavra para agradar os ouvintes”. “Pregar um Evangelho a gosto do freguês”.

Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2 Co 2.17).

2 – DEFININDO O MINISTÉRIO DE JOÃO BATISTA (Lc 1.15-17).

O anjo fala para Zacarias que esta criança que eles teriam seria motivo de grande alegria para eles e para muitas outras pessoas, por três razões: primeiro – era uma resposta a oração de seus pais e, segundo – seria um propósito nacional. E terceiro – seria um propósito universal, pois, os muitos que se alegrarão ante o nascimento de João, sem dúvida nenhuma são os homens, de todos os lugares que finalmente participarão dos benefícios do ministério do Messias, que João, na qualidade de precursor, veio anunciar.

No entanto, no tempo de Zacarias não eram tempos fáceis. Israel estava debaixo do tacão de Roma. Herodes, o Grande, era um grande tirano. Tinha nove (ou, de acordo com alguns, dez) esposas, sendo que uma delas, a Mariana, havia sido executada sem qualquer motivo, aparente. Mandou matar vários membros da própria família, sua sogra Alexandra e seus três filhos Alexandre, Aristóbulo e Antípatro, e mandou matar as crianças de Belém de dois anos para baixo, intentando com isso eliminar o menino Jesus, que tinha nascido para ser rei dos judeus. Por sua vez, os líderes religiosos de Israel estavam presos à tradição e, em alguns casos, também eram corruptos.

Quando João Batista começa o seu ministério quem estava no poder era o filho de Herodes o Grande, Herodes Antipas, ou simplesmente Antipas. Ele foi tetrarca da Galileia e da Pereia. É mais conhecido através dos relatos do Novo Testamento por seu papel nos eventos que levaram às execuções de João Batista e Jesus de Nazaré.

Diante disso, podemos dizer que o profeta é aquele que discerne o seu tempo. Ele discerne o cronos e o kairós, ele vê o seu tempo dentro da perspectiva de Deus. Ele vê o que Deus vê e fala o que Deus quer que ele fale. Ele é boca de Deus dentro da história retratando o seu estado atual e chamando o povo as mudanças necessárias dentro do contexto histórico atual.

Vejamos o caráter pessoal de João retratado pelo Senhor:

1o – Ele será grande aos olhos de Deus (Lc 1.15). Observe que o texto diz que João será grande diante do Senhor. Na versão King James Fiel traz à vista do Senhor. O padrão de grandeza do mundo, entre os homens, não corresponde ao padrão de grandeza do céu. Isso quer dizer que João será grande dentro perspectiva Divina. Na perspectiva do homem, ser grande é ser uma pessoa de sucesso, ser bem-sucedida financeiramente, ser uma pessoa influente. Na perspectiva de Deus João era grande porque tinha a Sua aprovação.

O próprio Senhor Jesus dá testemunho de João em relação a isso: “Eu vos afirmo que dentre os nascidos de mulher não há um ser humano maior do que João” (Lc 7.28; Mt 11.11). Entre todos os grandes homens da antiga dispensação, João Batista foi maior que todos eles. Esse elogio surpreendente significa que João era maior do que todos os homens notáveis do Antigo Testamento, ou qualquer um dos outros heróis da fé mencionado em Hebreus 11. Todos os profetas e patriarcas apontavam para Cristo, João Batista viu o Senhor, o batizou e preparou o caminho para o Seu ministério. Ele teve a honra de apontar para o Senhor Jesus e dizer: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Em Mateus 11.9-11 o Senhor Jesus testifica de João Batista:“Mas, então que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta; porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”.

João Batista se destaca como primeiro entre todos os profetas por sua posição única no reino de Deus. Ele encerrou a antiga aliança e iniciou a nova. João merece ser chamado o maior entre todos os profetas, porque ele foi o enviado de quem falou Malaquias. No entanto, Jesus eleva o menor de seus discípulos acima do maior dos profetas. Por quê? É porque, pela dádiva de poder experimentar a força redentora, o discípulo de Jesus alcançou uma percepção mais profunda da natureza, do desenvolvimento e das bênçãos do reino dos céus do que a percepção concedida a João. Se já foi essa a situação daqueles que naquele tempo acreditavam em Jesus, quanto mais valerá para nós, para quem pela história dos séculos a grandeza e glória de Jesus foi revelada de maneira mais maravilhosa ainda.

2o – Ele será consagrado ao Senhor (Lc 1.15). João Batista foi consagrado ao Senhor desde o ventre materno. Essas pessoas eram chamadas de nazireus, isto é, pessoas “consagradas a Deus”, “noivas de Deus” (Nm 6.1-12). A única outra pessoa descrita dessa forma na Bíblia é Sansão (Jz 13-16). Só que há uma diferença tremenda entre João e Sansão. Apesar de ambos serem consagrados a Deus desde o ventre materno, ambos serem fruto de um milagre, ambos serem instrumento de Deus em suas épocas. Sansão foi juiz e João o precursor de Jesus. Há uma diferença gritante entre eles.

A diferença entre eles:

Sansão foi levantado por Deus num tempo de opressão. Sua força era colossal. Era um jovem prodígio, um verdadeiro gigante, homem imbatível. Seu único problema é que não conseguia dominar seus impulsos carnais. Um dia viu uma jovem filisteia e disse a seu pai: “Vi uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus; tomai-ma, pois por esposa […] porque só desta me agrado” (Jz 14.2,3). Seu pai tentou demovê-lo, mas Sansão não o ouviu. Casamento de jugo desigual.

Certa feita, caminhando pelas vinhas de Timna, um leão novo, bramando, saiu ao seu encontro, mas Sansão rasgou esse leão como se rasga um cabrito. Depois de alguns dias passou pelo mesmo local e foi dar uma olhada no corpo do leão morto. Estava ali, na caveira do leão, um enxame de abelhas. Sansão pegou um favo de mel nas mãos e se foi andando e comendo dele (Jz 14.8,9). Sansão era nazireu e não podia tocar em cadáver. Ele quebrou, ali, o primeiro voto de sua consagração a Deus. Ele procurou doçura na podridão. Ele comeu mel da caveira de um leão morto. Muitos ainda hoje buscam prazer no pecado e procuram doçura naquilo que é impuro. Por isso, perdem a unção, a paz e a intimidade com Deus.

A Bíblia diz que um abismo chama outro abismo. Porque Sansão quebrou o primeiro voto do nazireado, abriu a porta para outras quedas. Na festa de casamento Sansão fez ali um banquete; porque assim o costumavam fazer os moços (Jz 14.10). Sansão preferiu imitar os moços de sua época a posicionar-se como um ungido de Deus. Além de não tocar em cadáver, um nazireu não podia beber vinho. Mas, Sansão quebrou mais esse voto de consagração por não ter peito para ser diferente e fazer diferença. Daí para frente, sua vida foi de queda em queda. Coabitou com a prostituta Dalila (Jz 16.1). Essa mulher astuta o seduziu e arrancou dele a confissão acerca da origem de sua força. Um nazireu não podia cortar o cabelo, mas a cabeça de Sansão foi raspada. Esse jovem prodígio perdeu sua força. O Espírito Santo retirou-se dele. Caiu nas mãos dos filisteus. Estes, lhe vazaram os olhos e escarneceram dele num templo pagão.

Sansão brincou com o pecado e o pecado o arruinou. Sansão não escutou conselhos e fez manobras erradas na vida. Sansão fez pouco-caso de seus votos de consagração e perdeu o vigor de seu testemunho. Perdeu sua força e sua visão. Perdeu sua dignidade e sua própria vida. Vocacionado para ser o libertador do seu povo, tornou-se cativo. Porque desprezou os princípios de Deus, o nome de Deus foi insultado num templo pagão por sua causa. Ele que deveria ser uma águia não passou de um inhambu.

A vida de Sansão é um brado de alerta para a nossa geração. Há muitos jovens, que à semelhança de Sansão, não escutam seus pais. Muitos jovens, mesmo sendo consagrados a Deus, filhos da promessa, vivem flertando com o mundo, amando o mundo, sendo amigos do mundo e conformando-se com o mundo, procurando mel na caveira de leão morto. Muitos crentes têm perdido a coragem de ser diferentes. Imitam o mundo em vez de serem luz nas trevas. Fazem suas festas como o costumam fazer aqueles que não conhecem a Deus. Transigem com os absolutos de Deus e entregam-se às aventuras, buscando uma satisfação imediata de seus desejos. Esse caminho, embora cheio de aventuras e prazeres, é um caminho de escuridão, escravidão e morte. O pecado é um embuste. Promete prazer e traz tormento. Promete liberdade e escraviza. Promete vida e mata. O pecado levará você mais longe do que gostaria de ir; reterá você mais tempo do que gostaria de ficar e, custará a você um preço mais do alto do que gostaria de pagar.

João Batista: Não tinha a força física de Sansão, mas tinha força na conduta perante o Senhor. Foi consagrado a Deus e não se desviou do seu caminho. Em Mateus 3.4 diz: “E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre”.

João era um sacerdote, porém um sacerdote que não concordava com a religiosidade dos sacerdotes de então. João certamente podia se valer de boas roupas e de boa comida, pois pela lei mosaica ele deveria se vestir com vestes sacerdotais (Êx 28.4), e se alimentar de flor de farinha (Lv 2.1-3). No entanto, usava destes recursos (veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre) para expor a hipocrisia dos corações e a pobreza dos homens daquela época.

A roupa feita da pele de camelo (animal considerado imundo pela lei, Lv11.4) causava um escândalo na mente religiosa daqueles dias, assim como alimentar-se de gafanhotos era algo chocante. No entanto, o objetivo de João era revelar aos religiosos da época como eles realmente eram ou estavam. Mostrava o quão hostis eram os homens que se diziam servos de Deus, o camelo é reconhecido pelo seu temperamento hostil, além de ter a característica de não precisar beber água de contínuo. Ao camelo basta beber água uma vez pelo período de 40 a 50 dias. Quando os homens olhavam para João enxergavam em suas vestes o que eles mesmos eram. João bem como o Evangelho de Cristo têm por objetivo revelar como somos diante de Deus.

Cinto de couro – Usado em torno dos lombos, fazia aos homens lembrar a opressão que o jugo causava nos bois que serviam como animais de carga. Não havia como não se constranger olhando João daquela forma paramentado. Eles se enxergavam rebeldes em função das vestes de camelo, e se enxergavam também subjugados pelo pecado através do cinto de couro que João usava em torno dos seus lombos.

Gafanhotos e mel silvestre – O gafanhoto era tido como inseto símbolo da destruição (Jl 1.4), alimentar-se de gafanhotos era mostrar que o devorador é devorado pelo Senhor, isto salienta o poder do Senhor (Lm 2.2). O mel silvestre como alimento é o símbolo de Cristo como alimento, veja Êxodo 16.31 onde o maná é descrito como tendo o sabor de mel.

Enquanto Sansão foi uma afronta a Deus, João Batista foi uma afronta aos religiosos de sua época.

3o – Ele será cheio do Espírito Santo (Lc 1.15). João foi cheio do Espírito Santo já no ventre materno. Lucas 1.41 ilustra essa realidade, observando que “quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê (João) saltou no seu ventre; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (enchimento do Espírito de João no útero indica claramente que o feto é uma pessoa e que a vida começa na concepção. Isso é um forte argumento para a santidade da vida e contra o aborto (cf. Ex 21.22-25; Sl 139.13-16).

Ele não foi cheio do Espírito por um momento como aconteceu com alguns, mas durante toda a sua vida. Ele não era um homem embriagado pelo vinho, mas embriagado de Deus (Ef 5.18). Devido a isso, o seu ministério foi impactante. Sua vida foi um exemplo. Ele preparou o caminho para o Senhor Jesus chamando o povo ao arrependimento e que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

4o – Ele será um homem usado por Deus (Lc 1.16). João veio com a finalidade de preparar o caminho para o ministério de Jesus. João veio despertar no coração das pessoas o peso do pecado (Mt 3.1-12). Aquilo que durante muitos anos ninguém mais ouvia foi colocado na boca de João: “Arrependei-vos!”. Essa é uma mensagem que hoje está em falta em muitos púlpitos. Para muitos líderes essa mensagem ofende, constrange e afasta as pessoas das igrejas. Literalmente muitos líderes hoje não são pastores, são empreendedores. Eles querem manter a igreja cheia de pessoas, ainda que suas vidas estejam vazias de Deus.

5o – Ele será um homem ousado em Deus (Lc 1.17). João Batista veio no poder de Elias (Ml 4.5,6), o profeta que confrontou, em nome do Senhor, a nação de Israel, o rei Acabe e os profetas de Baal. Essa mesma ousadia de Elias, João Batista demonstrou ao confrontar os líderes e o povo, chamando-os ao arrependimento (Lc 3.7-14). Até mesmo Herodes foi confrontado (Mc 6.17,18).

Ele não veio porque ele era mais santo do que todos os outros, mas porque ele tinha uma vocação mais nobre do que qualquer outra pessoa, para ser o precursor do Messias, a tarefa mais privilegiada que qualquer homem poderia receber. João era um “homem enviado de Deus” (João 1.6), que “testemunharam sobre Jesus e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu disse. O que vem depois de mim tem um posto mais alto do que eu, pois Ele existia antes de mim” (1.15).

Em seu papel como precursor, João iria antes de Jesus Cristo no espírito e poder de Elias. Essa declaração é significativa porque os judeus acreditavam que Deus enviaria um mensageiro antes do dia do julgamento Senhor e da vinda do Messias para estabelecer o Seu reino (Ml. 3.1). A promessa de encerramento do Antigo Testamento identificou que viria um profeta como Elias: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição” (Ml 4.5-6).

CONCLUSÃO

Vimos que o ministério de João foi muito semelhante ao de Sansão, com uma pequena diferença, enquanto Sansão envergonhou a Deus, seus pais e a nação, João Batista recebeu do Senhor elogios. João é um exemplo de servo que está pronto a abrir mão de seus “privilégios” para honrar ao Senhor. No entanto, temos visto nos nossos dias pessoas que estão na igreja, dizem ter um chamado para o ministério, mas que andam na contramão da vontade de Deus.

Infelizmente hoje muitas pessoas se identificam mais com Sansão do que com João Batista. Que o Senhor nos ajude a termos uma vida exemplar dentro dos padrões estabelecidos por Deus em Sua Palavra.

Pense Nisso!

Bibliografia:

1 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas.

2 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.

3 – Davidson, F. O Novo Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1987.

4 – Fee, Gordon D. e Stuart, Douglas. Entendes o Que Lês? Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986.

5 – Keener, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017.

6 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Mel na caveira de um leão morto. http://hernandesdiaslopes.com.br/mel-na-caveira-de-um-leao-morto/, acessado em 26/10/2019.

8 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Lucas.

9 – Manual Bíblico SBB. Barueri, SP, 3a edição, 2018.

10 – Mears, Henriqueta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. Editora Vida, São Paulo, SP, 15a impressão, 2003.

11 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1986.

12 – Pink, Arthur W. A Vida do Profeta Elias. Editora Os Puritanos, São Paulo, SP, 2019.

13 – Rienecker, Fritz. Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança, Curitiba, PR, 2005.

14 – Rienecker, Fritz. Evangelho de Mateus, Comentário Esperança. Editora Esperança, Curitiba, PR, 2017.

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