Por John MacArthur
Robert Schuller diz que "o 'desejo do amor-próprio' é o mais profundo de todos os desejos humanos". Longe de ser um pecado, ele diz, a paixão do homem pelo amor-próprio é uma coisa boa e deveria ser encorajada, promovida e alimentada. Ele rotula a histórica aversão eclesiástica ao orgulho como "neurótica" e argumenta que o homem deveria ser ensinado a não temer o orgulho humano. Ele escreveu "The cross sanctifies the ego trip " [A cruz santifica a viagem do ego]. Ampliando essa afirmação num programa de entrevistas ele declarou: "Jesus tinha um ego. Ele disse: ' Quando eu for levantado, atrairei todos a mim mesmo'. Puxa, que viagem ao ego ele fez!"
De acordo com Schuller, "o pecado é uma ofensa psicológica a si mesmo". Mais especificamente, "o pecado é qualquer ato ou pensamento que rouba a minha auto-estima ou a de qualquer ser humano", e o inferno é simplesmente a perda do orgulho que se segue a tal ato.
Tais afirmações podem se ajustar aos ensinos bíblicos de que o orgulho foi o primeiro pecado, que resultou na queda de Satanás (cf. Is 14.12-14), bem como na de Adão (Gn 3)? As palavras de Jesus sobre o publicano que lamentou o seu desmerecimento concordam com essas afirmações? Jesus apontou aquele homem como um exemplo de verdadeiro arrependimento (Lc 18.13, 14).
Na teologia da auto-estima, entretanto, "um profundo senso de desmerecimento" não é virtude, é incredulidade.'s Muito mais, conforme essa doutrina, "O pecado mais sério é aquele me leva a dizer: 'Eu não presto. Talvez eu não tenha direito à filiação divina se o meu pior lado for examinado'. Porque uma vez que a pessoa acredite que é um 'desprezível pecador' é questionável se ela pode na verdade, honestamente, aceitar a salvação graciosa que Deus oferece em Jesus Cristo". O Dr. Schuller até mesmo sugere que o "excesso de oração de confissão de pecados e arrependimento destroem a saúde emocional dos cristãos ao alimentar o seu sentimento de desmerecimento".
Aqueles que tomam a Bíblia inteira como verdade, provavelmente conjeturam de uma maneira diferente. Davi orou, "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus" (SI 51.17). Na primeira das suas bem-aventuranças Jesus disse: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5.3). Tiago escreveu, "Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tg 4.8-10). A Escritura também diz, "Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade" (Pv 18.12; cf. Pv 15.33). "Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte" (IPe 5.5, 6). "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado" (Mt 23.12).
Em uma recente entrevista de rádio perguntaram ao Dr. Schuller como ele concilia seus ensinos com os versículos acima. Na sua resposta, ele disse que, "só porque isso está na Bíblia não significa que você deva pregá-lo". Apropriando-se de um erro rudimentar da neo-ortodoxia, ele acaba com a autoridade bíblica, estabelecendo uma falsa dicotomia entre a autoridade de Cristo e a autoridade da sua palavra ("Cristo é o senhor das Escrituras e não as Escrituras o senhor de Cristo"... "A Bíblia não deve disputar a glória com o Senhor"). Ele repercute o conceito comum da neo-ortodoxia que diz que as palavras de Jesus são um "terreno mais seguro" para se construir um ministério do que os escritos do apóstolo Paulo". Schuller tem uma aversão particular à expressões como "a ira de Deus": "Nunca vou falar desse modo", disse ao anfitrião de um programa de entrevistas. "Estou interessado em atrair as pessoas e não em afastá-las... Se formos sábios, não usaremos certas expressões em alguns momentos." Por quê ? Porque de acordo com o Dr. Schuller, "a mensagem do Evangelho não é apenas imperfeita, mas potencialmente perigosa se ela rebaixar a pessoa na tentativa de erguê-la".
De fato, Schuller afirma que o "defeito básico" do Cristianismo con¬temporâneo é a nossa "falha em proclamar o Evangelho de uma maneira capaz de satisfazer a necessidade mais profunda de cada pessoa — sua fome espiritual de glória". Ele diz que a igreja deveria glorificar o ser humano e reinterpretar o pecado de uma maneira que não fira a auto-estima da pessoa. "O que precisamos", ele declara, "é de uma teologia de salvação que comece e termine com o reconhecimento da fome de glória de cada um."
E a glória de Deus? De acordo com a nova teologia da auto-estima, esse ponto de partida é errado: "A teologia clássica errou ao insistir que a teologia seja "centrada em Deus" e não "centrada no homem". "Isso é parte do motivo pelo qual a igreja está hoje numa situação desagradável", alega o Dr. Schuller. Na sua consideração "A Teologia da Reforma" [também] falhou ao não afirmar que o âmago do pecado é a falta da auto-estima". Assim, ele convoca um novo ponto de partida para a nossa fé — além das Escrituras, além da doutrina de Deus. Esse novo ponto de partida, ele sugere, deve ser uma ênfase na glória da humanidade. "A 'Dignidade da Pessoa'", escreve Schuller, "será então a nova marca desta linha teológica." "E o resultado será a fé que trará glória para a raça humana."
O que é o homem para que dele te lembres?
Mas seria a glória do homem um objetivo válido? Deus disse, "Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura" (Is 42.8). "Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar. Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem" (Is 48.9-11; ênfase acrescentada). Em outras palavras, Deus estende sua longanimidade, graça e misericórdia à humanidade não porque somos dignos de merecimento, mas por amor do seu nome — por amor da sua própria glória, não da nossa. "Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem, para que o estimes? O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra que passa (SI 144.3, 4, ênfase acrescentada; cf. Jó 7.17; 15.14; SI 8.4; Hb 2.6). Por outro lado, o evangelho de acordo com a teologia da auto-estima diz: "Devemos dizer às pessoas em qualquer lugar, que Deus quer que elas se sintam bem consigo mesmas".
Deus realmente quer que todas as pessoas se sintam bem consigo mesmas? Ou ele primeiro quer que os pecadores reconheçam a total impotência do seu estado? Essa resposta é obvia para aqueles que deixam a Escritura falar por si mesma.
A teologia da auto-estima é forçada a redefinir o pecado de uma maneira que minimiza a ofensa a Deus: "O âmago do pecado é uma auto-estima negativa". Em outras palavras, pecado — de acordo com o evangelho da auto-estima — é uma ofensa contra a glória humana. E uma transgressão contra nós mesmos, contra a nossa própria dignidade — não necessaria¬mente uma ofensa contra Deus ou seus mandamentos. De fato, a definição teológica clássica do pecado como rebelião contra Deus é agora considerada "superficial e insultante".
Robert Schuller vai ainda mais longe quando nega que a natureza humana caída é verdadeiramente má: "Por natureza somos medrosos, não maus... Chame isso de "auto-imagem negativa", mas não diga que a essência da alma humana é má.
Fonte: Josemar Bessa
Nenhum comentário:
Postar um comentário