sexta-feira, 9 de agosto de 2013

The Next Generation – Buracos Teológicos.


Por Josemar Bessa

Nos episódios de Star Trek: The Next Generation ou nos longas da série, há algo frustrante que sempre acontece e que temos dificuldade de entender. O capitão da Enterprise (Consagrado na figura de Jean Luc Picard) – sempre que em situações terrivelmente perigosas, apesar da nave ter um escudo de proteção, deixa sempre este escudo desligado. Só depois que alguma nave desconhecida já está atacando perigosamente a Enterprise é que o capitão grita:“Levantar o escudo!” – Você pensa – por que não antes? Antes da nave ser danificada, antes de alguém morrer, antes do perigo se tornar em alguma tragédia...

Essa não é a mesma situação da maioria das pessoas que se dizem cristãos hoje? De grande parte das igrejas? Por que tantos erros teológicos prosperam na igreja – que segundo a Bíblia, devia ser o “Baluarte da Verdade?” – Ter os escudos de proteção desligados é um perigo mortal que a maioria corre o tempo todo.

Devíamos estar sempre alertas, com escudos teológicos sólidos levantados todo o tempo, pois o inimigo, suas ideias que fluem de nossa cultura pós-cristã, está sempre por perto. A palavra de ordem sempre foi: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça” - Efésios 6:14

Essa é outra maneira de dizer – Paulo não conhecia a Enterprise – mantenha os escudos ligados. Se alguém, a cultura... está tentando convencê-lo de uma ideia contrária a Palavra de Deus, algo imoral, algo dito comum e normal em nossos dias... mantenha os escudos levantados. O problema é que se não sentimos o perigo, para que escudos de proteção? Se você está se sentindo seguro e confortável, para que escudo de proteção? Essa é a situação da grande maioria dos cristãos, que por isso, tem sido conformados a esta geração – Quando você está mais vulnerável e em que ponto essa geração tem fracassado?

Poderíamos mencionar tantas coisas, mas em primeiro lugar, nada é mais perigoso teologicamente quando você está desejando acreditar que algo seja verdade. Porque quando isso acontece, você irá fazer de tudo para se convencer de que aquilo é realmente verdade. Então, mesmo inconscientemente você irá deixar desligado os escudos de defesas da Palavra, abrindo caminho para acreditar no que você quer acreditar. Isto tem sido tão comum.

Sempre que eu me pego querendo que algo seja verdade ( porque é confortável para mim – porque vou poder estar mais conectado a cultura ao meu redor...), eu deveria imediatamente estar em guarda, com todos os escudos teológicos levantados. Essa é uma situação extremamente perigosa... É óbvio que não é só porque eu quero que algo seja verdade que aquilo se transforma em verdade. Saio do objetivo, saio do claro ensino bíblico, saio dos dados concretos... O significado disso deve ecoar sempre em nossas mentes – “querer acreditar” é perigosíssimo, porque neste momento eu desligo os escudos da Verdade e abro as comportas da racionalização para desligar a consciência... Quando “quero acreditar” no que a cultura diz, devia acender a luz vermelha. Mas é isso que acontece?

Em segundo lugar devia não só deixar o escudo teológico ligado, mas deveria reforçá-lo ao máximo quando é mais fácil acreditar.

A vida cristã, a vida com Deus, tem implicações práticas. A salvação afeta tudo o que fazemos. E muitas vezes não deixa a vida mais fácil num mundo que desconsidera a mente de Deus. Na verdade não só desconsidera, mas é hostil a Verdade. Então somos constantemente confrontados com a tentação de acreditar em algo porque vai facilitar nossas vidas. Por exemplo, é mais fácil fazer do mundanismo uma palavra oca de significado, porque então meu estilo de vida pode expressar a cultura a minha volta e não um Deus santo. É mais fácil acreditar que viver para adquirir bens materiais – redirecionando para isso todo tempo, trabalho, estudo, carreira, família... porque então eu não tenho que mudar meu estilo de vida confortável que não se diferencia dos paradigmas que impulsionam todos os homens a minha volta que estão mortos espiritualmente. 

É mais fácil acreditar que a minha relação com Deus é essencialmente um assunto privado entre mim e Ele, porque então eu posso justificar a minha falta de compromisso na edificação da igreja de Cristo, minha falta de comunhão numa comunidade local... É mais fácil acreditar que a evangelização é um dom espiritual para alguns, porque então não sinto a culpa por não estar propagando a verdade do Evangelho para a qual fui comissionado se estou em Cristo.

Acreditar que algo é verdadeiro por tornar a minha vida mais fácil, a continuar num estilo de vida mais fácil, a ir na direção mais fácil... é ter desligado todos os escudos de proteção. O caminho fácil acena em todas as relações nesta cultura, e é difícil ignorá-lo se os escudos de proteção não estiverem ligados.

Em terceiro lugar devemos estar totalmente atentos quando a cultura a nossa voltar quer que acreditemos. A cultura tende a nos formatar. É inevitável. Nós recebemos um fluxo constante de mensagens de nossa cultura sobre o que é bom e verdadeiro, sobre o que é belo, sobre o que vale a penas investir a vida, sobre o que é divertido... a maioria de nós nem sequer percebe o fluxo constante em que isso acontece. Então, ao nos sentirmos confortáveis e seguros, para quê escudos? Lenta e progressivamente esse fluxo constante nos molda. E nada pode ser mais fácil do que ir se deixando levar. Quando sentimos isso, deveríamos ligar o alerta vermelho e ligar todos os escudos. A pressão vem de todos os lugares: mídia, colegas, leitura... Começamos a pensar, eu não faço, mais isso é comum, normal... e esse é só o primeiro passo para perdermos toda a definição bíblica para a vida. Nossa cultura, por exemplo, quer desesperadamente que acreditemos que a homossexualidade e o casamento gay são normais, corretos... A corrente e o fluxo diário é muito forte. Você não quer ser visto como um troglodita, então, aos poucos... Sutilmente nossa cultura quer que acreditemos no consumismo, no individualismo ( é por isso que é tão comum hoje o que veio a ser chamado "desigrejados" – com desculpas piedosas escondemos o deus individualismo ) – a pregação da cultura sobre o individualismo, eu como capitão da minha história... entra em nossos poros todos os dias. E sabendo o quão fácil é apenas se deixar formatar e levar pelo fluxo, precisamos manter os escudos teológicos claros contra toda essa onda levantados a cada dia. Levantados contra cada uma dessas mensagens.

Em quarto lugar, devemos ligar todos os escudos quando a resposta obtida parece tão óbvia para a mente natural, o senso comum do homem sem Deus. Isso é extremamente perigoso porque se a resposta parece tão óbvia, por que se preocupar com isso. Naturalmente o homem, por exemplo, se vê como alguém livre, se vê como estando no centro... o humanismo secular sempre parece óbvio para a mente natural. O amor que aceita toda a espécie de erros e só afirma e nunca julga... parece tão óbvio para nossa cultura. Então pensamos – a resposta está logo ali. Se encaixa tão bem a minha mente, é tão confortável... Muitas pessoas jamais começam com a Bíblia – elas dizem –“olhe, é tão óbvio...” – É lógico que neste momento todos os escudos teológicos já estão desligados. Porque é lógico que não importa o que a Bíblia diz se eu já defini que algo é lógico, a partir desse ponto qualquer coisa contrária será ilógica. O que pareceu óbvio e lógico para Eva na sua conversa com a serpente se mostrou o oposto de toda lógica divina. Se achamos lógico, já não achamos perigoso – para que serviriam então escudos? Nós simplesmente desligamos. Relaxamos e continuamos na mesma direção. Então um “alienígena” – como em Star Trek – já fez um buraco em nossa nave, e a morte está a caminho.

Você percebe diariamente em quais situações você tem deixado os escudos de proteção desligados? Quando você está propenso a deixá-los desligados, você está num perigo morta. Essa é a razão de tantos erros prosperarem em nossos dias na igreja visível...

Queríamos acreditar,
era mais fácil acreditar,
nossa cultura queria que acreditássemos,
era mais lógico acreditar...

Então desligamos os escudos.

Fonte: Josemar Bessa

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