sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O PASTOR E A SUA FAMÍLIA


Por Pr. Silas Figueira

Quando Dietrich Bonhoeffer estava encerrado na prisão nazista escreveu um sermão para o casamento de uma sobrinha sua. Disse ele: “O casamento é maior que o amor que vocês têm um pelo outro. Ele tem em si grande dignidade e força por ser a ordenança santa através da qual Deus planejou a perpetuação da raça humana, até os fins dos tempos. No amor que os une, vocês veem apenas a si mesmos no mundo, mas ao se casarem tornam-se um elo na cadeia das gerações que Deus faz aparecer e partir para a Sua glória, chamando-as para o seu Reino... Seu amor é propriedade particular, mas o casamento não pertence apenas a vocês; é um símbolo social, uma função de responsabilidade”.

Com o advento do cristianismo, o casamento alcançou santidade e significação tais como nunca se ouviu falar nos tempos antigos. A dignidade da mulher, de há muito esquecido, foi como que redescoberta, e seu valor reconhecido. Nem mesmo a lei romana ou a mosaica concediam à mulher direito em pé de igualdade com os do homem, em importância e santidade. No cristianismo, a esposa, tanto quanto o marido, têm direitos à total fidelidade do companheiro. A esposa deixa de ser meramente a ajudadora do marido na vida presente, para ser coerdeira com ele da vida eterna (1Pe 3.7).

A mais elevada concepção de casamento, nos tempos antigos, era a de um relacionamento moral. O casamento cristão é algo ainda mais sublime – um mistério (Ef 5.32). Esse mistério é o relacionamento entre Cristo e a Igreja, que é o reflexo do casamento. Por isso que as vidas pública e privada do pastor devem estar em harmonia.

James K. Bridges citando Spurgeon disse que em seu livro Lições a Meus Alunos, Charles Spurgeon exorta os ministros a se empenharem a fim de que o caráter pessoal se harmonize, sob todos os aspectos, com o ministério que Deus lhe confiou. Ele conta a história de uma pessoa que pregava tão bem e vivia tão mal, que quando ele estava no púlpito, todos diziam que ele nunca deveria sair dali; e quando não estava no púlpito, todos diziam que ele nunca deveria tornar a subir nele. Depois, Spurgeon desafia-nos com essa analogia: “Que nunca sejamos sacerdotes de Deus no altar e filhos de Belial fora das portas do tabernáculo”.1  A vida cristã do pastor começa dentro de casa, junto a sua família e não dentro da igreja, atrás do púlpito. Temos visto muitos pastores que são como Naamã, herói para a comunidade e leproso dentro de casa. Alguém ovacionado na nação, mas rejeitado dentro do próprio lar. Muitos são sacerdotes dentro da igreja e filhos de Belial para a família. Não são poucos os casos de pastores em crise familiar e não são poucos que já partiram para o divórcio.

Porque isso tem ocorrido com a família pastoral? Creio que isso ocorre porque muitos pastores tem rejeitado o conselho de Paulo a Timóteo: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)(1Tm 3.1-5). Grifo nosso.

Certa revista publicou interessante matéria sobre o piloto automático: "Um dos grandes prodígios da ciência moderna é o piloto automático. Enormes bombardeiros e aviões de transporte cortam o espaço a centenas de quilômetros por hora, com a terra coberta pelas nuvens, ou pela escuridão; seguem, porém, o seu curso com os movimentos automaticamente controlados por giroscópios".

A agulha giratória é usada quando o piloto determina o rumo a ser seguido pelo aparelho; mesmo que o seu destino fique além-mar, ele sabe que será atingido. É possível que nós, pais, pastores, ainda não tenhamos marcado quaisquer alvos. No entanto, chegou a hora de fazê-lo; estamos, afinal de contas, conduzindo algo muito mais precioso do que os aviões de carga; estamos conduzindo toda a nossa família.

Já que o ministério pastoral começa dentro de casa, o pastor deve ter o cuidado redobrado em relação ao seu lar. Para isso, o pastor deve observar três coisas básicas:

1º PLANEJE O SEU CASAMENTO

Em nenhum outro lugar encontramos o padrão divino para o casal expresso de maneira mais clara e simples que no primeiro comentário bíblico a respeito do relacionamento entre o homem e a mulher. “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.28). “Unir-se ao cônjuge” é uma expressão que abrange todos os aspectos do relacionamento entre marido e mulher. Por isso, é de vital importância que aquele que se sente chamado para o ministério cristão – pastor, evangelista, missionário – seja extremamente cuidadoso em escolher o cônjuge. No namoro, o provável candidato ao ministério deve ter cuidado em namorar somente cristãs não só nascidas de novo, mas cheias do Espírito Santo e que esta esteja disposta a servir no ministério com o seu marido aonde o Senhor mandar.

O jugo desigual não é só de crente com o descrente, mas pode ser também entre crentes, principalmente em relação ao ministério. Se o pastor tem um chamado específico para um determinado lugar e a esposa não quer o acompanhar já começa a crise no lar. Por isso que um lar deve ser constituído com muita oração e discernimento espiritual, pois aquilo que poderia ser uma bênção pode tornar-se uma maldição.

2º TENHA EM MENTE QUE O CASAMENTO DEVE SER INDISSOLÚVEL

O casamento deve ser para toda a vida. E esta é uma união permanente. No projeto de Deus o casamento é indissolúvel. Ninguém tem autoridade para separar o que Deus uniu. Por isso que antes de falar sobre divórcio, Jesus falou sobre o casamento (Mt 19.3-6). Podemos comparar o casamento a uma viagem a dois, onde muitas coisas podem ocorrer nesse trajeto até que a morte os separe. Por isso que o marido e a mulher devem estar juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade. Só a morte pode separá-los (Rm 7.2; 1Co 7.39).

Creio que se o casal observar esses dois princípios básicos a palavra divórcio não existirá no vocabulário do cônjuge. O casamento foi a única instituição estabelecida por Deus antes da queda. Ele deve ser considerado digno de honra por todos os povos, em todos os lugares, em todo o tempo (Hb 13.4). O casamento é uma instituição divina para os cristãos e para os não cristãos, e Deus é testemunha dessa aliança, quer eles entendam ou não. Por isso, Deus odeia o divórcio tanto daqueles que o conhecem quanto daqueles que não o adoram como Senhor (Ml 2.16).2 Embora a sociedade pós-moderna esteja fazendo apologia ao divórcio, os princípios de Deus não mudaram, nem jamais mudarão.

3º O CASAMENTO NÃO PODE SER POR CONVENIÊNCIA

O casamento não é mera conveniência para vencer a solidão, nem um expediente para perpetuação da raça. Primeiro, e acima de tudo, o casamento é o espelho do relacionamento divino-humano. Todo casamento foi feito para representar a Deus: Seu relacionamento consigo mesmo – Pai, Filho e Espírito Santo – como também o Seu relacionamento com o Seu povo (Ef 5.32). O pastor precisa ter em mente que o casamento exatamente isso, pois ele precisa vivenciar essa comunhão com o seu cônjuge como também ensinar aos futuros casais.

Quem embarca em um casamento por conveniência está fadado a viver uma vida infeliz e ser uma infelicidade na vida da esposa e dos filhos. Busque em Deus uma esposa, pois esta o Senhor tem para o pastor, veja o que Salomão tem a nos dizer a respeito disso em Pv 18.22: “O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR”. Deus, mais do que ninguém, está interessado em ver o lar do pastor abençoado.

Pense nisso! 

Nota
1 - Bridges, James K. O Pastor Pentecostal – A vida pessoal do pastor. Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 1999: p. 109.  
2 - Lopes, Hernandes Dias. Casamento, divórcio e novo casamento. Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005: p. 37.
  

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Não tenho fé suficiente para ser ateu




O ateísmo é um movimento que tem crescido nas últimas décadas, segundo o IBGE. Tal movimento se divide em ateus práticos (não apresentam nenhum tipo de religiosidade), ateus teóricos (se preparam filosoficamente), e os ateus militantes (propagam a “fé” ateia).

A afirmação de que não existem evidências científicas para se provar a existência de Deus, tem se tornado o argumento mais freqüente dos ateus, porém, esses deveriam saber que, semelhantemente, não existem provas científicas para a não existência de Deus. Todas as evidências científicas apontam para a existência de um Criador. Por isso, tantos cientistas na atualidade têm abandonado o ateísmo para se converterem a Cristo e adotarem o Criacionismo.

O ateísmo afirma que Deus não pode ser observado epistemologicamente portanto não faz parte da ciência. Tal afirmação é falha, porque a Ciência nunca negou a existência de Deus. Na verdade, os cientistas decidiram deliberadamente nunca estudar a questão DEUS! Os cientistas simplesmente decidiram não tratar de tal assunto. Agora, decidir não estudar sobre uma pessoa é uma coisa, e afirmar que tal pessoa (que nunca foi estudada) não existe é outra totalmente diferente.

O ateísmo afirma que a religião é má e responsável pela morte de milhões de pessoas na história. Tal argumento pode, em parte, ser verdadeiro. Porém, se partirmos desse pressuposto, iremos observar que o ateísmo foi responsável por um número de mortes muito maior que a religião, a exemplo da China ateísta, ou da Coréia do Norte, ou da antiga URSS, ou ainda através de Lênin, Stalin etc., que foram responsáveis, juntos, pela morte de mais de 100.000.000 de pessoas no mundo, através da história.

Então, onde está Deus? Diante de tal pressuposto os ateus ironizam acerca da existência de Deus, já que O mesmo não pode ser visto fisicamente.

Utilizando-nos da mesma falácia, podemos concluir que um ateu não raciocina, pois não podemos ver fisicamente o seu raciocínio. Um ateu não tem inteligência, pois não podemos ver fisicamente a sua inteligência. Um ateu não tem amor, pois não podemos ver fisicamente o seu amor. Um ateu não tem sentimentos, pois não podemos ver fisicamente os sentimentos. Na verdade, utilizando-nos da mesma falácia, podemos até dizer que um ateu nem tem cérebro, pois não podemos enxergar o seu cérebro, e muito menos a sua capacidade de pensar. Já que não podemos ver essas coisas fisicamente, poderíamos dizer que um ateu é simplesmente um corpo físico que anda vagando, sem cérebro, sem capacidade de pensar, sentir e amar, sem inteligência e sem raciocínio. Seguindo a mesma falácia, utilizada pelos ateus, podemos dizer que um ateu é simplesmente um corpo físico vazio, oco, sem nada por dentro.

Por fim, lembro-me de Nietzsche, que disse: “Se realmente existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens”. E realmente o foi.

PROFECIAS BÍBLICAS PRECISAS OU MERA COINCIDÊNCIA?

A Bíblia possui 985 profecias que alguns julgam se tratar de “coincidências”, das quais 573 estão no Antigo Testamento e 412 no Novo Testamento.

Dessas 985 “coincidências” mais de 500 já aconteceram, por “coincidência” exatamente como estavam escritas, “coincidentemente” cumprindo datas, locais, contextos e personagens.

Quando Jesus Cristo estava pregado numa cruz por causa dos pecados da humanidade, 30 “coincidências” aconteceram num período de 6 horas – das 09:00h às 15:00h.

Essas “coincidências” são mais semelhantes a “Cristocidências”. Por exemplo, o Livro de Daniel capítulo 9 e versículo 25 nos diz que desde que a ordem fosse dada para reedificar Jerusalém até que as obras estivessem prontas seriam decorridas 9 semanas. E desde que a cidade estivesse edificada até a chegada do Ungido (Messias = Cristo) seria decorridas 62 semanas.

Pois bem, na cultura judaica – e isto fica claro nos primeiros versículos do capítulo 9 – existem dois tipos de semanas. As semanas de dias (como nós conhecemos), e a semana de anos. Essa semana a que se refere Daniel é a semana de anos, assim sendo, se uma semana de dias tem 7 dias, uma semana de anos tem 7 anos.

Quando nós lemos o livro de Neemias no capítulo 2 podemos ver a ordem para a edificação, ou reconstrução de Jerusalém sendo dada. Exatamente após a ordem ser dada começou a contagem de Daniel 9:25. Sete (7) semanas de anos, isto é, 49 anos. Por “coincidência” quando se completou 49 anos a cidade estava edificada. Que coincidência!

Todavia, não acabou por aqui. Quando a cidade estava edificada começou a segunda contagem. Sessenta e duas (62) semanas de anos, isto é, 434 anos. Por “coincidência” quando se completava 434 anos, após esse feito, era o dia exato em que o texto de Mateus 21:5 nos diz que Jesus CRISTO (Ungido = Messias) estava entrando em Jerusalém montado em uma cria de jumenta. Segundo alguns historiadores seria o dia 14 de Março. Naquele exato dia. Que “coincidência”!

Todavia, não acabou por aqui! O texto de Zacarias capítulo 9 e versículo 9 nos diz exatamente como o Rei chegaria em Jerusalém, quer dizer, montado em uma cria de jumenta. E aconteceu exatamente assim. Que “coincidência”!

Todavia, não acabou por aqui! O único momento da vida de Jesus em que Ele permitiu ser chamado de Rei foi naquela situação. Que “coincidência”!

Todavia, não acabou por aqui! O fato, isto é, a “coincidência” é que essa profecia foi feita no Livro de Daniel, que foi escrito em 537a.C. (537 anos antes de Cristo nascer), iniciada no livro de Neemias, que foi escrito entre 445a.C. e 425a.C (~430 anos antes de Cristo nascer), detalhada no livro de Zacarias, que foi escrito entre 520a.C e 518a.C. (~520 anos antes de Cristo nascer), e cumprida no livro de Mateus, que foi escrito entre 60d.C. e 70d.C. Se cumpriu nos mínimos detalhes. Que “coincidência”!

Agora, para quem deseja continuar de mãos dadas com o ceticismo, existem mais 984 “coincidências”, isto é, profecias que podem ser estudadas na Bíblia!

Fonte: NAPEC

A Escritura e o prazer cristão




A escritura para o cristão é nada mais nada menos que a Palavra de Deus. Para ele a escritura vem de Deus, pertence a Deus e carrega em sua essência as características de Deus. Por ser Seu autor, Deus garantiu que a verdade a respeito de Si mesmo fosse apresentada de modo fiel por homens que ele escolheu para apresentar ao Seu povo, Sua pessoa, carater, plano e missão.

A escrita para o cristão, a Bíblia é a coleção de antigos documentos escritos por homens fiéis, que fielmente apresentaram a verdade de Deus ao mundo. Essa coleção de livros foi produzida por 40 diferentes autores, durante mais de quatro mil anos e foi preservada historicamente até os nossos dias. É uma preciosidade histórica e espiritual.

Essa dupla relação, um livro que vem de Deus e a Ele pertence mas é fielmente escrita por autores humanos, faz que esse livro seja singular entre os livros. É divino no que se refere a revelação da verdade em sua complexidade. É humano no que se refere à escrita, estilo, manutenção e simplicidade. É um livro fundamental para aquele que deseja viver de acordo com a vontade do Deus que se faz conhecido em suas páginas.

E, diante do testemunho da própria escritura podemos descobrir que a Palavra de Deus era apreciada por homens fiéis do passado. Ela era central e fundamental para eles; era o alvo de estudo, devoção, aplicação e ensino. O Salmista nos ensina que uma vida mergulhada nas páginas das escrituras é uma vida prazerosa: “Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e nela medida de dia e de noite” (Sl.1.2). Nela o Salmista encontrou seu prazer e deleite, e por isso, ele se agrada em meditar em suas palavras, de dia e de noite.

A meditação apresentada pelo Salmista está diretamente relacionada ao estudo atento da escritura, é um exercício intelectual e piedoso. Ele sobre a escritura pondera atenciosamente, e dedica-se a memorizá-la. Para ele, meditar nas escrituras é um hábito espiritualmente saudável e necessário. Um hábito tão importante que o próprio Deus se encarregou de notificar Josué de sua importância: “Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer confirme a tudo quanto nele está escrito; por que então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido” (Jos.1.8).

De acordo com a expectativa divina, as palavras do livro da lei deveriam ser constantes nos comentários dos seus servos fiéis. Eles não deveriam deixar de falar sobre Deus, Sua obra e Suas ações em nossas vidas. Entretanto, isso é apenas possível se o servo do Senhor está empenhado em meditar nas palavras desse livro. Somente depois de mergulhar nas escrituras é que o hábito de falar deste livro pode ser percebido e concebido. É necessário que esse livro invada os mais profundos pensamentos do homem para que então se torne natural falar sobre ele.

Contudo, a expectativa divina não é que a meditação seja paralela à prática dos princípios encontrados nas escrituras, e por isso no texto Deus clarifica: “para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito”. Não podemos chamar de meditação o estudo das escrituras desassociado da prática das escrituras, nem podemos considerar isso como algo desejável. Isso seria, na verdade, uma perversão do propósito da escritura: Ela não foi escrita por causa da nossa curiosidade, mas por causa da nossa necessidade de orientação divina.


A ESCRITURA NÃO FOI ESCRITA PARA NOSSA CURIOSIDADE, MAS POR CAUSA DA NOSSA NECESSIDADE DE ORIENTAÇÃO DIVINA

Por fim, vemos na mensagem divina, que o estudo atento da Palavra de Deus também leva seu leitor ao sucesso: “por que então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido”. Uma vida de sucesso do ponto de vista de Deus nada tem a ver com dinheiro, proeminência, status ou qualquer outra pobre definição que nossa cultura oferece para o termo. Na verdade, da perspectiva divina, sucesso se atinge pela fidelidade, e fidelidade pelo estudo atento da escritura. Em outras palavras, não seremos prósperos ou bem sucedidos à parte da dedicação pessoal em estudar a Palavra de Deus.

É por isso que devemos ver no exemplo de Esdras um incentivo para nossa vida devocional: “Por que Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor, para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus estatutos e juízos” (Esd.7.10). Nesse texto encontramos o resumo do que temos apresentado até aqui: Uma vida bem sucedida diante de Deus depende da devoção pessoal e dedicação ao estudo atento da escritura (buscar a lei do Senhor), então obedecer seus mandamentos e por fim ensiná-los àqueles que precisam encontrar em Deus direção para suas vidas.

Em outras palavras, quando prestamos atenção à mensagem de Deus revelada nas escrituras, concluímos que Deus não apenas espera e encoraja que nos dediquemos ao estudo das escrituras, mas Ele mesmo nos ordena a tal tarefa. Por isso, acredito ser prudente convidá-lo a uma vida de fidelidade a Deus e devoção à sua palavra. Afinal de contas, o verdadeiro sucesso espiritual consiste na persistente busca dessas duas tarefas.

Que Deus o abençoe!

Fonte: NAPEC

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A Eleição faz supérflua a pregação?



Por Josemar Bessa

Se há uma eleição divina - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;Efésios 1:4 – e se esse Deus que elegeu é soberano e não pode ser frustrado, e irá trazer os eleitos a salvação, pregar, sofrer pela propagação da Verdade, morrer como o Apóstolo Paulo... não seria algo supérfluo?

Esse é um raciocínio repetido a exaustão, mas o que ele não consegue entender é o claro ensino do Apóstolo Paulo, por exemplo, (que foi martirizado por pregar o evangelho) que Deus ordenou não apenas a salvação dos eleitos, mas por sua graça, bondade, vontade... também ordenou os meios para realizar esse fim. O que envolve a pregação do evangelho até os confins do mundo – pregação essa que tem propósitos distintos: “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida...” - 2 Coríntios 2:15-16

A ordem é pregar a Verdade à custa de oposição, aflição, de modo que os eleitos possam ser salvos, sendo regenerados pelo Espírito, então crendo, voltando de seus pecados para Deus... Não é claramente esta a causa que Paulo dá para sua vida, pregação, prisão, morte...?

“Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho; Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa. Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” - 2 Timóteo 2:8-10

Paulo está empenhado em difundir a verdade do Evangelho a ponto de estar disposto a sofrer e resistir a qualquer dificuldade, sofrimento... Mas por quê?
O que Paulo diz aqui em 2 Timóteo é um eco de toda a lógica do que ele ensinou – “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.” - Romanos 10:13-15

O homem deve ouvir o evangelho para ser salvo, e como ouvirão se não há um pregador? Então Paulo sofre privações terríveis como expressão de seu compromisso de que os eleitos devem ouvir o evangelho para crer e serem salvos: “...tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” - 2 Timóteo 2:8-10. Ele sabe que Deus escolheu mostrar sua graça escolhendo homens indignos e merecedores do inferno, ele sabem que estes não podem deixar de serem salvos. No entanto, ele também sabe que eles não são salvos até que creiam no evangelho.

Por isso o “para que” no verso 10 - “...tudo sofro por amor dos escolhidos,para que também eles...” – Ele tudo sofre com esse propósito, finalidade – por amor aos escolhidos – o sofrimento de Paulo tem um objetivo em vista – que entre aqueles que ouvem o evangelho, aqueles que foram escolhidos por Deus ouçam a boa notícia do evangelho, e ouvindo e crendo, sejam salvos.

Então, ao contrário do argumento tão repetido, a confiança de Paulo em sua pregação do evangelho, até a ponto de sofrer, ser martirizado... está numa convicção profunda:

a) De que as pessoas só são salvas quando ouvem e creem no Evangelho, e
b) Quando os eleitos ouvem o evangelho, eles tem seu coração regenerado para que creiam e sejam salvos.

Paulo não tem nenhum conflito entre a doutrina da Eleição e a necessidade de proclamar o Evangelho. Mesmo que certamente os eleitos não possam deixar de ser salvos, Deus planejou que a propagação, a proclamação do Evangelho é o meio pelo qual eles serão salvos. Em outro lugar Paulo coloca isso claramente nestes termos: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;” - 2 Tessalonicenses 2:13

Deus poderia ter determinado outros meios de chamar os seus eleitos sem a necessidade da proclamação, do sofrimento, do martírio... Mas isso é manifestação de sua graça a nós. Ele de fato em nada precisa de nós, mas em bondade imerecida, desejou que fôssemos instrumentos de seu poder. Paulo nunca se vangloria que a salvação dos filhos de Deus depende dele, de seus esforços, seus sofrimentos... ele diz que simplesmente Deus quer e determinou salvar o seu povo pela pregação da Palavra, e escolheu homens e os enviou para este fim – nós! Apenas instrumentos do Seu Poder!

Fonte: Josemar Bessa

04 COISAS QUE UM PASTOR NÃO FOI CHAMADO PARA FAZER.



Por Renato Vargens

A missão do pastor é glorificar a Cristo através da pregação do Evangelho de Deus. Os pastores foram chamados e vocacionados pelo Eterno para anunciar a única coisa capaz de transformar o coração dos homens que é a Boa Nova da Salvação Eterna. Todavia, os dias são dificeis e lamentavelmente muitos daqueles que deveriam ocupar o seu tempo pregando Cristo, envolveram-se em missões alternativas jogando na lata do lixo aquilo que nos é mais precioso.

Diante disto, de forma prática e objetiva gostaria de enumerar 04 coisas que o pastor não foi chamado para fazer:

1- O pastor não foi chamado por Deus para promover uma agenda politica.

Caro leitor, não acredito em messianismos utópicos, nem tampouco em pastores especiais, que trocaram o santo privilégio de ser pregador do evangelho eterno por um cargo público qualquer. Por favor, preste atenção: Não estou com isso afirmando de que o crente em Jesus não pode jamais concorrer a um cargo público. Tenho convicção de que existem pessoas vocacionadas ao serviço público, as quais devem se dedicar com todo esmero a esta missão. No entanto, acredito que o fator preponderante a candidatura a um cargo qualquer, deve ser motivada pelo desejo de servir o povo e a nação, jamais fazendo do nome de Deus catapulta para sua projeção pessoal. Agora, se mesmo assim o pastor desejar candidatar-se, (o que acho uma grande loucura) que deixe o pastorado, que não misture o santo ministério com o serviço público, que não barganhe a fé, nem tampouco confunda as ovelhas de Cristo com o gado marcado para o abate. Que não comercialize aqueles que o Senhor os confiou, nem tampouco se locuplete do nome de Deus a fim de atingir seus planos e objetivos.

2- O pastor não foi chamado pra criar um movimento religioso cujo objetivo é eleger o presidente da república.

Lamentavelmente não são poucos os movimentos eclesiásticos que surgem a cada dia neste país com objetivo principal de eleger um presidente da república "cristão". A missão do pastor não é organizar eventos em prol de um candidato a presidência da nação, e sim proclamar intrépidamente o Evangelho de Cristo, mesmo porque, o que muda e transforma o homem e seu país não é a pactuação politica partidária com candidato a ou b, o que muda uma nação é a compreensão do maior tesouro de todos os tempos, a maravilhosa mensagem da cruz.

3- O Pastor não foi chamado a envolver-se exclusivamente com movimentos sociais que combatem a fome, a violência e outras coisas mais.

Prezado amigo, por mais que seja lícito e louvável envolver-se com os problemas da cidade o pastor não foi chamado para envolver-se exclusivamente com ONGS, OSCS e instituições afins. O pastor não foi chamado por Deus para fazer protestos politicos e públicos em prol da paz ou da sociedade civil. O ministro do Evangelho foi vocacionado por Cristo, para pregar Cristo, anunciar Cristo e a Salvação em Cristo.

4- O pastor não foi chamado para dedicar seu tempo pregando o Evangelho da libertação e exclusão social. 

Infelizmente não são poucos os pastores que gastam seu tempo pregando um evangelho cuja única premissa é saciar a fome do pobre. Ora, o Evangelho é mais do que isso, é anunciar Cristo, é pregar Cristo, é chamar o pecador ao arrependimento dos seus pecados. O problema é que em nome de uma claudicante espiritualidade, oferta-se ao pobre o pão que sacia a fome do corpo negando-lhe entretanto, o pão que desceu do céu. A pregação do Evangelho não nega o pão ao faminto, mas também não abre mão de pregar Cristo como único e suficiente Salvador.

Isto posto, faço minhas as palavras de Paulo que pouco antes de morrer disse ao seu jovem discipulo Timóteo:"Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." 2 Timóteo 4:1-5

Pense nisso!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram o que mesmo?





Um texto bíblico muito bonito que é utilizado por muita gente, tanto em músicas, quanto em pregações está na 1ª carta aos Coríntios 2:9 “mas, como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”

Geralmente, a interpretação desse versículo é direcionada ao céu, às bênçãos vindouras na eternidade. Alguns neopentecostais adeptos da teologia da prosperidade conseguem ir mais além, afirmando com base nesse versículo que devemos “sonhar” com coisas materiais que jamais sonhamos, pois seria o que Deus preparou para aqueles que o amam.

Embora sabemos que, de fato, Deus preparou a eternidade como algo indescritivelmente maravilhoso para os eleitos, informo àqueles que utilizam este versículo bíblico para compor as suas músicas e pregações que, não é isso que o texto afirma! Analisando o contexto, descobrimos alguns pontos importantes, dos quais nos levarão ao verdadeiro sentido do versículo 9.

Em primeiro lugar, o versículo imediato indica que “o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” já foi relevado! “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (vs 10, negrito meu). Através do Espírito Santo, temos conhecimento de algo que outrora estava oculto e que agora fora revelado, o que refuta a ideia de ser algo referente ao céu ou algo material que virá a existência. O que é então este conhecimento revelado? Para chegar a resposta, devemos analisar todo o contexto da passagem para entender o que o autor do texto, o Apóstolo Paulo, quis dizer. Portanto, vamos voltar até o verso 1º e analisar até o 8º:

“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada;mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória.” (2Co 2:1-8, negrito meu)

Lendo atentamente o contexto, notamos que Paulo está fazendo um contraste entre duas sabedorias: a humana e a de Deus. Quando Paulo pregou o evangelho aos coríntios pessoalmente, ele sabia de um grave problema que estava acontecendo nessa igreja. Havia divisões causadas por conta do culto a personalidades (1Co 1:10-13). Os membros da igreja em Corinto antes de se converterem eram pagãos e amavam a filosofia da época. Eles seguiam a tradição da cidade em ouvir os grandes mestres filósofos que ficavam em praça pública fazendo discursos bonitos, usando frases bem construídas e retóricas elaboradas com bastante eloquência para emocionar a população. Em troca, eles recebiam dinheiro dos ouvintes. Os habitantes de Corinto tinham um interesse doentio em adquirir sabedoria e estavam acostumados a valorizar as pessoas pela capacidade intelectual. Quando eles vieram para a igreja, trouxeram essa prática mundana e as pessoas estavam transferindo aos pregadores cristãos a mesma admiração que eles tinham pelos grandes filósofos da época, ou seja, um verdadeiro culto à personalidade, algo que na igreja é inadmissível e incompatível com a mensagem da Cruz.

Consciente de que a base da fé cristã não se baseia em argumentos filosóficos, Paulo não utilizou a sabedoria humana (leia-se filosofia da época, retórica com o objetivo de impressionar), mas sim o poder de Deus através do evangelho. Apesar de o Apóstolo ter sido uma pessoa culta, com três cidadanias e grande conhecedor da literatura e filosofia da época (At 17:17 e 28, 19:8, Tt 1:12 etc.), ele sabia que se usasse a sua sabedoria para persuadi-los sobre o evangelho, com certeza os coríntios se apoiariam nisso e fariam também um grande “fã-clube” paulino. Por isso, sua mensagem aos coríntios foi exclusivamente a pregação do evangelho da Cruz.

Esta sabedoria de Deus que é Jesus Cristo só pode ser compreendida através da iluminação do Espírito Santo. Ela não pode ser percebida pelo mundo, caso contrário, não teriam crucificado a Cristo (vs 8). Por isso, quem provoca divisões por cultuar personalidades é porque não é espiritual, mas carnal, considerado criança em Cristo (1Co 3:1-9), pois não compreendeu o mistério do evangelho da Cruz. A palavra “mistério” no N.T. grego (mysterion) traz o sentido de algo que está sendo revelado. Deus se revela aos que d’Ele se aproximam em Cristo. O conhecimento de Deus é misterioso no sentido de que o homem natural, agindo por suas próprias faculdades, não pode recebê-lo.[1] Somente os eleitos de Deus possuem esse entendimento (Mc 4:11, Rm 11:25, Cl 1:26), quem tem o Espírito, tem este mistério revelado em seu coração!

É este o raciocínio de Paulo dentro do contexto. A sabedoria de Deus em mistério que o apóstolo está falando (vs 7) é exatamente o evangelho que estava oculto desde a eternidade e fora revelado através do Espírito Santo. No verso 9, “o que Deus preparou para aqueles que o amam” é a obra da salvação através de Jesus Cristo, são as riquezas do evangelho. No contexto amplo sobre o assunto, encontramos em Efésios 3:8-9 outra afirmação do apóstolo Paulo sobre esta verdade: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas”. (negrito meu)

Após esta análise, percebemos o perigo de interpretar a Bíblia de forma alegórica, extrair algo que o texto em si não diz é um erro grave! Não podemos ir além do que está escrito e devemos sempre condicionar a leitura da Bíblia dentro do contexto da passagem, é o texto bíblico que deve nos dar o sentido da leitura e não o contrário. Somente assim, compreenderemos corretamente o que o autor quis dizer, podendo então aplicar a passagem bíblica para nós em sua exata significância.

Caro leitor, quando você ouvir novamente alguém cantar ou pregar que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram”, procure analisar se tal citação está dentro do contexto bíblico correto. Aos compositores musicais, vale ressaltar a importância da análise teológica de suas letras. Da mesma forma, os pregadores devem ter o mesmo cuidado. Para estes, é altamente recomendável à pregação da Palavra de Deus de forma expositiva, pois a mesma não permite que o pregador vá além do que está escrito, protegendo o texto bíblico de alegorias isoladas, além de expor a mensagem bíblica de forma correta e literal.[2] Como Calvino afirmou certa vez: “O verdadeiro significado das Escrituras é aquele que é natural e óbvio”.[3]

Sola Scriptura!

[1] O Novo Comentário da Bíblia, F. Davidson. Ed. Vida Nova, pág.1195.
[2] Para saber mais sobre a pregação expositiva, veja uma seleção de excelentes artigos aqui!
[3] Citado em: A arte expositiva de João Calvino – Steven J. Lawson. Editora Fiel, 2008, p. 72, de: PARKER, T.H.L. Calvin’s New Testament Commentaries. Grand Rapids, Ml:Eerdmans publishing Co, 1971. p.50.

Fonte: NAPEC

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

É Jesus o único caminho?



Por Greg Koukl

Uma cosmovisão chamada “inclusivismo” tem sido um câncer se espalhando na igreja por anos e agora alcançando proporções epidêmicas.

Era Rosh Hashaná, um dos dias mais sagrados do calendário litúrgico Judaico, e eu estava assentado diante de uma audiência de 300 Judeus religiosos fazendo o meu melhor para explicá-los por que Jesus era o único caminho da salvação.

Eu não estava solzinho. O meu apresentador Judeu havia também pedido a um outro clérigo Cristão para juntar-se a mim nas questões em que a audiência estava interessada. A questão de Jesus foi a primeira, e ele tinha uma visão completamente diferente nesta questão do que eu.

Sim, Jesus era o único caminho, ele disse, mas isto era grandemente irrelevante para a nossa audiência porque eles eram Judeus religiosos, honrando a Deus da melhor maneira que sabiam. Deus tomou isto, implicitamente, como devoção a Jesus e, assim, todos eles foram salvos por Jesus embora não acreditassem em Jesus.

Tão incrível como tal afirmação, vinda de um Cristão, não me surpreendeu. Esta cosmovisão (chamada “inclusivismo”) tem sido um câncer se espalhando na igreja por anos e agora alcançando proporções epidêmicas.

Não era apropriado (nem útil) ter uma batalha do tipo “esta é a sua interpretação e não a minha” diante de nossos ouvintes, mas eu pressionei um pouco a questão ao pedir por qualquer verso do Novo Testamento que apoiasse a certeza que ele havia dado à audiência. Ele citou Marcos 9:40, “Aqueles que não forem contra Mim são por Mim”. Já que estas boas pessoas Judaicas diante de nós não eram contra Jesus, eles devem ser por Ele, ele raciocinava.

He havia citado um pouco errado (“Pois quem não é contra nós é por nós”), mas a maior preocupação tinha haver com o maior contexto do verso. Nesta passagem, Jesus se referia àqueles fora de Seu grupo central de discípulos que estavam fazendo milagres em Seu nome. Jesus estava se referindo aos Seus próprios seguidores, então, não eram Judeus descrentes.

Por contraste, quando Jesus estava conversando com Judeus que rejeitaram a Sua afirmação Messiânica, Sua resposta era exatamente o oposto: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mat. 12:30).

Claramente, este segundo conjunto de circunstâncias era mais parecido com aqueles em que nós nos deparamos naquele dia. Portanto, a passagem dando advertência, não certeza, era a relevante para a nossa audiência. De fato, esta foi exatamente a resposta que outras autoridades do Novo Testamento deram quando referiam-se a audiências como a nossa naquela tarde.

Quando Jesus encarou Judeus religiosos devotos que negaram que Ele era o Messias, Ele disse: “se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados” (João 8:24).

Quando Pedro estava diante da liderança Judaica como um criminoso por pregar o Evangelho aos Judeus, ele disse: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12).

Quando Paulo refletiu na rejeição de seus compatriotas judaicos de Jesus, ele disse: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” (Romanos 10:2-4).

Não há espaço em qualquer destas passagens (ou no resto do Novo Testamento, nesta questão) para o tipo de certezas que meu amigo deu à audiência Judaica naquele dia.

Além disto, se esta for a mesma mensagem que os discípulos primitivos entregaram, por que eles apanharam, foram presos, e executados primeiro pelos Judeus e mais tarde por autoridade gentílicas? Uma mensagem inclusivista não acarretaria em tal represália— isto é completamente inofensivo. A mensagem que os Cristãos primitivos pregavam, por contraste, custou muitos deles as suas vidas.

Não, os Cristãos primitivos tinham a mensagem certa— a mensagem de Jesus. O outro clérigo Cristão que estava comigo naquele dia não tinha. Nem tem qualquer outro falando pelo Cristianismo que avance este evangelho distorcido. A mensagem suave destes não ajuda ninguém. Ao invés, este dá falsa esperança para multidões em relação à questão mais grave de todas, o destino destas pessoas.

Algumas mensagens parecem suaves, mas dão falso conforto. A abordagem do STR é de dar a verdade, contudo com graça e sabedoria. Nós não queremos que a nossa maneira seja uma pedra de tropeço para atrair pessoas para Cristo, mas também não queremos que a verdade da nossa mensagem seja sacrificada para simplesmente proteger os sentimentos das pessoas.


Fonte: NAPEC

sábado, 24 de agosto de 2013

Os dons espirituais à luz da Bíblia


Por Rev. Hernandes Dias Lopes

Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja para a realização do ministério e a edificação dos santos. Não são dotes naturais, mas capacitação sobrenatural. Não são alcançados por mérito, mas distribuídos pela graça. Não são distribuídos conforme o querer humano, mas segundo a vontade soberana do Espírito Santo. Quatro verdades merecem ser destacadas sobre os dons espirituais.

Em primeiro lugar, a origem dos dons espirituais. Os dons espirituais não procedem do homem, mas de Deus. Não podem ser confundidos com talentos naturais. Não é um pendor humano nem uma habilidade inata que alguém desenvolve. Os dons espirituais são concedidos aos membros do corpo de Cristo, pelo Espírito Santo, quando creem em Cristo, e são desenvolvidos na medida em que os fiéis os utilizam para a glória de Deus e edificação dos salvos. Nenhuma igreja pode conceder os dons. Nenhum concílio eclesiástico tem autoridade para distribuí-los. Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja. São distribuídos segundo a vontade do Espírito e não conforme as preferências humanas. Eles vêm do céu e não da terra; emanam de Deus e não dos homens.

Em segundo lugar, a natureza dos dons espirituais. Os dons espirituais são uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo aos membros do corpo de Cristo para o desempenho do ministério. Nós somos individualmente membros do corpo de Cristo. Cada membro tem sua função no corpo. Nenhum membro pode considerar-se superior nem inferior aos demais. Todos os membros são importantes e interdependentes. Servem uns aos outros. Pelo exercício dos dons espirituais as necessidades dos santos são supridas, de tal forma que, numa humilde interdependência todos os salvos crescem rumo à maturidade, à perfeita estatura do Varão perfeito, Cristo Jesus.

Em terceiro lugar, o propósito dos dons espirituais. Os dons espirituais são recebidos de Deus e exercidos com Deus, por Deus e para Deus para que a igreja de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente sua missão no mundo. Não nos bastamos a nós mesmos. Nenhum membro do corpo de Cristo ficou sem dons e nenhum recebeu todos os dons. Devemos suprir as necessidades uns dos outros. Dependemos uns dos outros. No corpo há unidade, diversidade e mutualidade. Os membros não têm vida independente do corpo. Cada membro do corpo tem sua função. Cada membro precisa exercer o seu papel para que o corpo cresça de forma harmoniosa e saudável. O corpo cresce de forma harmoniosa e saudável quando servimos uns aos outros conforme o dom que recebemos.

Em quarto lugar, o resultado dos dons espirituais. Os dons espirituais têm dois propósitos: a glória de Deus e a edificação da igreja. Deus é mais glorificado em nós quanto mais nós nos deleitamos nele e servimos uns aos outros. O dons espirituais não são dados para autopromoção. Nenhum membro da igreja pode gloriar-se por ter este ou aquele dom, pois os dons são recebidos não por mérito, mas por graça. Usar os dons para exaltação pessoal é dividir o corpo em vez de edificá-lo. A igreja de Deus não é uma feira de vaidades, mas uma plataforma de serviço. No reino de Deus maior é o que serve. No reino de Deus perdemos o que retemos e ganhamos o que distribuímos. Quando investimos nossa vida, recursos e dons para socorrer os aflitos, fortalecer os fracos, instruir os neófitos, ajudar os necessitados e encorajar os santos, o nome de Deus é exaltado, o mundo é impactado e a igreja é edificada. Quando usamos os dons espirituais da forma certa e com a motivação certa, Deus é exaltado no céu e os homens são abençoados na terra.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O que é Heresia?




“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. Colossenses 2.8

Para a maioria das pessoas os termos: seita, heresia, apologética etc, é de difícil elucidação e trazem, na maioria das vezes, confusões e discrepâncias. Talvez por falta de informação e formação teológica, muitos líderes estão ministrando heresias destruidoras no seio da igreja cristã. Isso é deveras preocupante. Termos como: conversão, arrependimento, regeneração, justificação, propiciação, dentre outros, estão sendo substituídos por: decretar, maldição, reivindicar, apossar-se, tomar posse da bênção etc.

Urge a necessidade de, mais do que nunca, o líder estar de acordo com 1Tm 3.2 que diz: “é necessário, pois, que o bispo seja… apto para ensinar”. Mas a aptidão ao ensino só vem com esmero estudo das Escrituras Sagradas, o que muitos não querem. Preferem copiar a moda vigente. A “Teologia do Momento” é muito mais atraente e fácil. Traz satisfação ao ego, massageia a nossa alma narcisista. O evangelho do aplauso é mais vistoso do que o evangelho da cruz. Dá mais status.

Amados, devemos lembrar-nos do que diz o apóstolo Paulo: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu , porém, sê sóbrio em tudo , sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”. 2Tm 4.3-5

Enquanto muitos estão embriagando-se com os sistemas hodiernos de uma eclesiologia doente, somos advertidos para sermos sóbrios no meio dos bêbados-hereges. Paulo diz-nos que para cumprirmos o nosso ministério não é preciso tomar um porre de pseudodoutrinas. Basta sermos fieis aquele que nos chamou.

Mas, afinal, o que significa as palavras seita e heresia? Ambas derivam da palavra grega “ háiresis” , que significa escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc. A palavra heresia é adaptação de “háiresis” . Quando passada para o latim, “háiresis” virou “secta” . Foi do latim que veio a palavra seita. Originalmente, a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de seita (At 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os líderes judaicos viam os cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do judaísmo. Com o tempo, “háiresis” também assumiu conotação negativa, como em 1Co 11.19; Gl 5.20; 1Pe 1.1-2.

Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se a um grupo de pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo. Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita.

Vejamos ainda algumas definições de apologistas famosos:

1ª “um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas”. Dr. Walter Martin.

2ª “é uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”. Josh McDoweell e Don Stewart.

3ª “Qualquer religião tida por heterodoxa ou mesmo espúria”. J. K. Van Baalen.

A palavra doutrina vem do latim “doctrina”, que significa ensino. Referindo-se a qualquer tipo de ensino ou a algum ensino específico. Algumas pessoas confundem doutrina com a questão de usos e costumes. Alguns falam: “a minha igreja tem doutrina”. Quando, possivelmente, lá existam na realidade muitas heresias. O verdadeiro ensino bíblico e teológico é que constitui a verdadeira doutrina.

Apologia significa defesa. Algumas pessoas fazem apologia às drogas, ao crime etc, mas dentro da heresiologia, apologia significa fazer uma defesa da fé cristã ortodoxa. Defender a igreja contra ensinos de demônios e de homens cujo deus é o ventre. É defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. (Jd 3). O trabalho do apologista é difícil e, muitas vezes, incompreendido até mesmo dentro de sua denominação.

Quando o apóstolo Pedro nos pede para “…estar sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15); a palavra “responder”, é apologia. Ou seja, Pedro nos diz que devemos estar preparados para fazer uma defesa segura de nossa fé. Como alguém que está sendo acusado em um júri. Será que todos nós, líderes, ovelhas e pastores, temos esta condição de sermos apologistas da fé cristã? Ou estamos descendo de ladeira abaixo rumo às falácias de homens incautos e arrogantes, que “não sabem o que dizem sem as coisas sobre as quais fazem ousadas asseverações?” Pois são pessoas que “resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. 2Tm 3.8b.

Portanto, as heresias podem ser encontradas em vários lugares. Muitos se enganam por pensarem que heresias existem apenas nas seitas conhecidas. Existem heresias destruidoras nas mais diversas igrejas, inclusive nas que se proclamam cristãs ou evangélicas. Que Deus nos dê a Sua graça, e nos ajude. Parafraseando Lutero: que a nossa mente esteja cativa à Palavra de Deus.

Fonte: NAPEC

Cristianismo de Entretenimento




Por John MacArthur

A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas das igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o vagão dos cultos de entretenimento.

Uma tendência inquietante está levando muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.

O que eles querem

Os templos das igrejas estão sendo construídos no estilo de teatros. Ao invés de no púlpito, a ênfase se concentra no palco. Alguns templos possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e descem, com luzes coloridas e poderosas mesas de som.

Os pastores espirituais estão dando lugar aos especialistas em comunicação, aos consultores de programação, aos diretores de palco, aos peritos em efeitos especiais e aos coreógrafos.

O objetivo é dar ao auditório aquilo que eles desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos dos freqüentadores atrai muitas pessoas.

Como resultado disso, os pastores se tornam mais parecidos com políticos do que com verdadeiros pastores, mais preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e edificar o rebanho que Deus lhes confiou.

A congregação recebe um entretenimento profissional, em que a dramatização, os ritmos populares e, talvez, um sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata constituem o culto de adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e não na adoração.

A ideia fundamental

O que fundamenta esta tendência é a idéia de que a igreja tem de “vender” o evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no mesmo nível dos grandes produtos.

Mais e mais igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.

Essa filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o evangelho na embalagem cor-reta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de lidar com o evangelho se fundamenta na teologia arminiana. Vê a conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu objetivo é uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.

Além disso, toda esta corrupção do evangelho, nos moldes da Avenida Madison, presume que os cultos da igreja têm o objetivo primário de recrutar os incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a adoração no sentido bíblico.

Outras relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma noite da semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus 10.24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”.

O verdadeiro padrão 

Atos 2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia, quando os crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.

Devemos observar que as prioridades da igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja se reunia para adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o mundo.

Nosso Senhor comissionou seus discípulos a evangelizar, utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua igreja não tem de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas reuniões, e sim que ela tem de ir ao mundo.

Essa é uma responsabilidade de todo crente. Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma apresentação agradável do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos crentes de sua obrigação pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).

Estilo de vida

A sociedade está repleta de pessoas que querem o que querem quando o querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida, recreação e entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas, elas simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.

Algumas dessas igrejas estão crescendo em expoentes elevados, enquanto outras que não utilizam o entretenimento estão lutando. Muitos líderes de igrejas desejam crescimento numérico em suas igrejas, por isso, estão abraçando a filosofia de “entretenimento em primeiro lugar”.

Considere o que esta filosofia causa à própria mensagem do evangelho. Alguns afirmam que, se os princípios bíblicos são apresentados, não devemos nos preocupar com os meios pelos quais eles são apresentados. Isto é ilógico.

Por que não realizarmos um verdadeiro show de entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com serras de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos bíblicos. Isso atrairia uma multidão, você não acha?

É um cenário bizarro, mas é um cenário que ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.

Tornando vulgar

Infelizmente, este cenário não é muito diferente do que algumas igrejas estão fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos, palhaços e artistas famosos têm ocupado o lugar do pregador — e estão degradando o evangelho.

Creio que podemos ser inovadores e criativos na maneira como apresentamos o evangelho, mas temos de ser cuidadosos em harmonizar nossos métodos com a profunda verdade espiritual que procuramos transmitir. É muito fácil vulgarizarmos a mensagem sagrada.

Não se apresse em abraçar as tendências das super-igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração e da pregação convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas para que tenhamos pessoas salvas (1 Coríntios 1.21).

Precisamos tão-somente retornar à pregação da verdade e plantar a semente. Se formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou frutificará.

Os Males do Tempo Presente e o Nosso Objetivo, Nossas Necessidades e Encorajamentos

C.H. Spurgeon


Um dos grandes males do nosso tempo é o insaciável desejo por entretenimento. Que o homem deve descansar do trabalho e usufruir desses divertimentos como um refrigério para o corpo e a mente, ninguém deseja negar. Dentro de certos limites, a recreação é necessária e benéfica; mas fornecer entretenimento ao mundo nunca foi o propósito da Igreja Cristã.

Será que Cristo institui Sua Igreja para que ela oferecesse ao público peças de teatro e bonecos de cera vivos? Uma congregação dissidente, até onde sei, começou uma série de cultos especiais com um encontro social, e a noite foi gasta em uma série de inutilidades estúpidas; e dentre outras coisas os amigos reunidos brincaram de "dança das cadeiras"! Eu não sei se você entende o que essa brincadeira infantil significa. Pense em ministros do Evangelho e oficiais da igreja brincado de "dança das cadeiras"!
"O que será feito em seguida em nossas igrejas? A que nível de absurdo os ministros do Evangelho ainda irão?"

Há um anúncio pendente que afirma que, na semana que vem, deverá haver um "Punch and Judy show"* no mesmo local de adoração (assim chamado)! Está programado para isso acontecer juntamente com a pregação do sermão "Teu sacrifício de sangue, ó Cristo de Deus!".

Não, irmãos, deixem-me corrigir a mim mesmo; a pregação de Cristo normalmente cessa quando essa frivolidades aparecem. Essas coisas são tão opostas em espírito, que uma ou outra terá que ser abandonada; e nós sabemos qual delas será.

O que será feito em seguida em nossas igrejas? A que nível de absurdo os ministros do Evangelho ainda irão? Bobagens consideradas desprezíveis até pelos idiotas têm sido toleradas em nossas escolas. Ainda não chegamos a esse ponto, pessoalmente; mas, irmãos, nós mesmos devemos lutar arduamente contra isso, porque as pessoas são sempre muito entusiásticas em relação a essas vaidades, e há tantas sociedades e instituições mais ou menos remotamente conectadas com nossas igrejas que é difícil para nós guardar todas elas de desvios.

Irmãos, não estamos aqui para jogar fora o nosso tempo, mas para ganhar almas para Jesus e conduzi-las à felicidade eterna. Pela solenidade da morte, do julgamento e da eternidade, eu conclamo a todos vocês a manterem-se livres das tolices e das nulidades dos nossos dias. Observem detalhadamente como "a sabedoria deste mundo" e as suas bobagens parecem ser ótimos companheiros, e fujam de ambos com igual desprezo.


* Nota do tradutor: Espetáculo de marionetes inglês em que protagonizam o marido cruel Punch e a sua intrigante esposa Judy (derivado da commedia dell'arte italiana).

Fonte: Bom Caminho