Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 8.16-21
INTRODUÇÃO
Esta parábola está
ligada a parábola anterior, a do Semeador. O termo “parábola” significa “lançar
ao lado”. Uma parábola é uma história que ensina determinada verdade
colocando-a ao lado de algo conhecido [1].
Jesus iluminou a mente
dos discípulos e lhes deu entendimento em relação aos Seus ensinamentos por
parábolas (Lc 8.9,10). Enquanto que as parábolas ilustram e esclarecem a
verdade para aqueles que têm ouvidos para ouvir, elas têm justamente o efeito
contrário para aqueles que se opõem e rejeitam Cristo [2].
Aquilo que estava
oculto as outras pessoas não estava oculto aos Seus discípulos. O entendimento
das Escrituras vem mediante a iluminação no Espírito Santo abrindo o
entendimento deles para entenderem os ensinamentos de Jesus (Lc 24.44,45; Jo
16.12-14). Como disse Paulo em sua primeira carta aos Coríntios 2.14-16:
“Ora,
o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é
discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo?
Mas nós temos a mente de Cristo”.
Quais as lições que
está parábola tem para nós?
1
– JESUS NOS MOSTRA QUE UMA VEZ QUE SOMOS ILUMINADOS PELA PALAVRA ELA NÃO PODE
FICAR OCULTA (Lc 8.16).
Jesus usa figuras
diferentes para ensinar a mesma lição: o coração fértil assemelha-se a uma
lâmpada luminosa. É a palavra de Deus que produz brilho na vida das pessoas ao
estabelecer sua influência nelas. A Palavra é simbolizada pela semente e também
pela lâmpada [3].
Com isso em mente,
podemos tirar duas lições importantes para nossas vidas:
1º - Devemos proclamar
a verdade que recebemos. Assim como a lâmpada devia ficar
em lugar alto da casa para poder iluminar todo o ambiente, assim deve ser a
verdade que recebemos do Senhor, ela precisa ser proclamada de forma que todos
possam ser iluminados por ela. Como disse Paulo quando estava se despedindo dos
líderes da igreja de Éfeso em Atos 20.17-21:
“E
de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja. E, logo que chegaram
junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na
Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós, servindo ao Senhor com
toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos
judeus me sobrevieram; como nada, que
útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos
judeus como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo”.
Assim como a semente
que cai em boa terra brota e frutifica, assim deve ser a Palavra de Deus em
nossos lábios, ela deve ser produtiva. Como disse Pedro diante dos doutores da
Lei em Atos 4.18-20:
“E,
chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no
nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é
justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que
temos visto e ouvido”.
Se uma pessoa normal já
não leva uma lâmpada para o escuro com a intenção de ocultar ali seu brilho e
manter a escuridão, quanto menos Deus, que é luz e só luz! Não vem, antes, para
ser colocada no velador? Com Deus as coisas acontecem corretamente; ele não tem
predileção pelo contrassenso. Por isso: o lugar da lâmpada é no suporte! [4].
Nós não podemos ocultar
a verdade a nós revelada, mas devemos proclamá-la com alegria e fé. Jesus é “a luz verdadeira, que ilumina a todo o
homem que vem ao mundo” (Jo 1.9), e nós, seus servos, temos a
responsabilidade de proclamá-la.
Como disse A. W. Tozer:
“Não é lendo as Escrituras nas línguas originais ou em alguma linguagem
contemporânea que nos tornamos cristãos melhores, mas, sim, ajoelhando-se com a
Bíblia aberta à nossa frente, permitindo que o Espírito de Deus quebrante nosso
coração. Então, devidamente quebrantados diante do Todo-Poderoso, levantemo-nos
e saímos para o mundo, proclamando a gloriosa mensagem de Jesus Cristo, o Salvador
da humanidade” [5].
Um filho do reino
precisa ser um embaixador do reino, um anunciador de boas novas, um arauto da
verdade, um facho de luz a brilhar diante do mundo. A igreja é o método de Deus
para alcançar o mundo. A evangelização dos povos é uma tarefa imperativa,
intransferível e impostergável. Precisamos dizer aos famintos que nós
encontramos pão e dizer aos perdidos que nós encontramos o Messias. Precisamos
pregar a tempo e a fora de tempo e aproveitar as oportunidades [6].
2º - Muitas tem escondido
a luz do Evangelho debaixo de preceitos humanos.
Os rabinos estavam escondendo aquela Palavra debaixo de um sistema elaborado de
tradições humanas e ações hipócritas. Hoje, muitas pessoas ainda cobrem a
Palavra com um vaso ou escondem-na debaixo da cama, símbolos do luxo e do
prazer [7].
Creio que muitos desses
preceitos humanos entraram na igreja pelo simples fato de que muitos cristãos
estão entediados com a religião. Para o cristão nominal isso é até
compreensível. Diante desse fato, muitos líderes para agradá-los, pois,
provavelmente eles sejam a maioria, resolveram mudar a mensagem do Evangelho,
pregando um outro evangelho (Gl 1.6-9).
Com isso sai o Espírito
Santo e entra na igreja o espírito da Babilônia. E esse espírito traz para
dentro da igreja práticas que não condiz com a verdade do Evangelho. Podemos citar
algumas dessas práticas:
1
– O culto à imitação do mundo e ao entretenimento.
Imita-se o que se vê do lado de fora da igreja, trazendo para dentro do arraial
de Deus certas músicas e ritmos duvidosos, danças, teatro – a igreja vira uma
casa de show. O culto vira um verdadeiro espetáculo. Trazem para dentro do
templo coisas que não condizem com a adoração a Deus. O ponto chave desse tipo de “culto”
é a diversão. É agradar o auditório, nem que para isso a mensagem do
Evangelho seja totalmente esquecida ou, quando não muito, misturada e adoçada
de maneira que não ofenda os ouvintes.
Encontrei com uma
pessoa de certa igreja que me disse que o culto de final de ano na igreja que
ela frequentava foi tão bom, mas tão bom, que o pastor não teve tempo de
pregar. Literalmente a Palavra de Deus nem em segundo plano ficou naquele “culto”.
2
– Culto às celebridades. Podendo ser chamado de idolatria
às celebridades. Muitos líderes convidam essas “celebridades” para se
apresentarem no culto, mas não se preocupam em saber como se encontra a vida
dessas pessoas. Conheço certo pastor/cantor que já está no quarto casamento e
continua sendo ouvido e idolatrado pelo seu público e convidado a se apresentar
em muitas igrejas. Eu vi um pastor com uma foto com esse indivíduo com o
título: “Homens de Deus que me inspiram”. E ele já havia colocado outra foto
com um pastor que distorce completamente o Evangelho com esse mesmo título. Escrevi
para ele o alertando, no entanto ele me respondeu que todos nós temos erros, é só
olhar para vida do rei Davi (sic).
3
– Adoração no altar errado. Muitos líderes estão agindo como
Arão, irmão de Moisés, fazendo um bezerro de ouro para agradar aos ouvintes (Êx
32.1-25). Estão levantando altares para deuses estranhos. Altar do dinheiro,
altar para o prazer e para si mesmos. O espírito de Jeroboão continua agindo na
vida de muitos líderes. Mas o Senhor não deixará de levantar os seus profetas
para profetizar contra tais altares (1Rs 13.1-5).
Conta-se uma história
que um determinado pastor que foi convidado para pregar em uma igreja. Chegando
lá, um pouco antes de lhe passarem a palavra, o pastor da igreja anfitriã lhe
falou a pé do ouvido: “pastor, por favor, na sua pregação não fale nada a respeito
de jogo de azar, é que muitos irmão aqui jogam. Não fale também a respeito de
adultério, é que alguns irmãos aqui “pulam a cerca”. E também não fale nada a
respeito de bebida alcóolica, é que muitos dos nossos irmão bebem. O pastor
ouviu aquilo tudo e disse que por ele estava tudo bem. Que não falaria nada a
respeito disso na pregação.
No momento em que o
pastor tomou a palavra saudou a igreja, agradeceu pelo convite; e ainda na
saudação começou a dizer que havia recebido do pastor local algumas recomendações
do que ele não devia falar em sua pregação. Ele me disse que eu não deveria falar
de jogos de azar, porque aqui muitos irmão jogam. Eu pensei que aqui fosse uma
igreja, mas estou vendo que aqui é um cassino. Ele me disse também para não
falar a respeito de adultério, pois muitos aqui vivem na prática do adultério. Eu
pensei que aqui fosse uma igreja, mas vejo que aqui é um prostíbulo. Ele me
recomendou também para não falar de bebida alcóolica, pois muitos aqui bebem. Eu
pensei que aqui fosse uma igreja, mas vejo que aqui é um botequim. E concluiu
dizendo: mas eu quero lhe dizer que Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário
para lhe trazer salvação e vida eterna. Ele morreu na cruz do Calvário e
ressuscitou ao terceiro dia, Ele tem poder para lhe libertar dos seus pecados se
você se arrepender deles. Se você se arrepende da jogatina, do adultério e da
bebedice receba-o como Senhor de sua vida hoje e você será transformado pelo
poder do Evangelho.
Pra resumir, todos se
converteram a Cristo, inclusive o pastor. Deus ainda levanta profetas hoje! A boa
semente ainda germina em boa terra e a lâmpada ainda ilumina os corações em
trevas.
2
– A VERDADE DO EVANGELHO NÃO PODE FICAR OCULTA (Lc 8.17).
No momento que a luz do
Evangelho brilha, tudo que está oculto se revela. Os homens podem tentar
ocultar as coisas, mas não terão êxito, porque Deus traz tudo à luz. Um dia
será revelado tudo o que agora se acha escondido. Veja Eclesiastes 11.9; 12.14;
Mateus 10.26; 12.36; 16.27; Marcos 4.22; Lucas 12.2; Romanos 2.6, 16; 1 Coríntios
4.5; Colossenses 3.3, 4; Apocalipse 2.23; 20.12, 13. Os homens pensam que podem
conseguir algo com seus maus pensamentos, planos, palavras e ações. Não obstante,
Deus porá a descoberto tudo isso [8]. Como disse Leon L. Morris: “Nada poderá
ser escondido no dia do julgamento” [9].
Com isso em mente,
podemos destacar duas coisas:
1º - A luz do Evangelho
revela quem somos. É através da luz do Evangelho que o
homem passa a se conhecer verdadeiramente. O Evangelho de Cristo tudo revela,
porque nos ilumina por completo. A luz do Evangelho não deixa sombras.
William Barclay disse
que há três pessoas das quais tentamos ocultar as coisas:
(a) Às vezes tratamos
de fazê-lo de nós mesmos. Fechamos nossos olhos às consequências de certas
ações e hábitos, apesar de que as conhecemos bem. É como se um homem fechasse
deliberadamente seus olhos aos sintomas de uma enfermidade que sabe que tem. Só
podemos dizer que nos damos conta de quão tolo é.
(b) Às vezes tratamos
de esconder as coisas de nossos amigos. O homem com um segredo é infeliz. O
homem contente é o que não tem nada a esconder.
(c) Às vezes tentamos
esconder as coisas a Deus. Ninguém tentou jamais fazer algo tão impossível. Faríamos
bem em ter permanentemente perante nossos olhos o texto que diz: “E não há criatura alguma encoberta diante
dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem
temos de tratar” (Hb 4.13) [10].
Vemos isso de forma
ainda mais clara quando lemos o Salmo 139.
2º -
As
palavras de Jesus são uma advertência contra a hipocrisia. Podemos ver
isso ao fazermos um exame da declaração paralela em Lucas 12.1,2. No versículo
1 o Senhor “começou a dizer aos seus
discípulos: Acautelai-vos primeiramente do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia”. Ele advertiu Seus ouvintes para evitar imitar os fariseus “porque dizem e não fazem” (Mt 23.3);
que “exteriormente pareceis justos aos
homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt
23.28). Ele exortou-os a não ser como os falsos discípulos, que o chamam de
“Senhor, Senhor”, mas não o obedecem (Mt 7.21-22; Lc 6.46); que constroem suas
casas espirituais sobre a areia (Mt 7.26,27).
A verdade vai
prevalecer sempre. No dia do juízo, aqueles que escaparam da lei, que saíram
ilesos dos tribunais ou que praticaram seus pecados longe dos holofotes terão
seus pecados anunciados publicamente. A verdade pode demorar a revelar-se, mas
ela jamais será sepultada no esquecimento [11].
3
– DEVEMOS SER CAUTELOSOS COM O QUE OUVIMOS (Lc 8.18).
Jesus enfatizou várias
vezes neste capítulo a imperativa necessidade de prestar atenção no que ouvimos
(8.8,12-15). Ouvir é a principal avenida através da qual a graça é plantada na
alma humana. A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus (Rm 10.17). Somos incluídos
em Cristo quando ouvimos a palavra da verdade (Ef 1.13). Pela pregação da
palavra, a glória de Deus é manifestada, a fé é alimentada, e o amor é
praticado. Muitos ouvem e desprezam. Outros ouvem e esquecem. Há aqueles que
ouvem e deliberadamente deixam para depois. Devemos inclinar os nossos ouvidos
para atender ao que ouvimos [12].
Com isso em mente,
podemos destacar duas coisas:
1º - Todo discípulo de
Jesus precisa prestar atenção ao que ouve (Mc 4.24) e na maneira de ouvir (Lc
8.18), pois é necessário prestar contas a Deus.
A advertência de Cristo aqui no versículo 18: “Vede, pois, como ouvis” é um tema constante nas Escrituras. A
ordem dada por Deus: “Ouvi a palavra do
Senhor” aparece cerca de trinta vezes no Antigo Testamento (por exemplo 2Rs
20.16; Is.1.10; 28.14; 48. 1; Jr. 2.4; Ez 18.25). Na transfiguração Deus
ordenou: “Este é o meu filho amado; a ele
ouvi” (Mc 9.7). A frase repetida, “Hoje,
se ouvirdes a sua voz” (Sl 95.7; Hb 3.7,15; 4.7.) Enfatiza ainda mais a
importância de ouvir a Deus.
Quem ouve coisas
erradas, ou quem ouve coisas certas com a atitude errada, será privado da
verdade e das bênçãos. Quem é fiel em receber a Palavra de Deus e em
compartilhá-la, Deus dará mais; quem não deixar sua luz brilhar, perderá o que
tem. Ouvir a Palavra de Deus é muito sério [13].
2º - Há uma lei de ação
recíproca entre Deus e as pessoas. Deus abençoa toda
ação do ser humano com uma reação do alto. Ele dota a fé ao potenciá-la. Pune a
incredulidade ao potenciá-la da mesma maneira. Por exemplo, os fariseus, ao
cometerem o terrível erro de derivarem a atuação do Senhor de influências
demoníacas, ao invés de reconhecer o reino de Deus nos atos e milagres de
Jesus, são punidos com incredulidade e ódio ainda maior contra Jesus,
amadurecendo a ponto de chegar à obcecação e ao endurecimento. Pelo fato de que
a multidão também se nega a se arrepender e crer diante do Cristo, apesar de
seus feitos e suas palavras, a palavra de Jesus se torna juízo para ela. Sua
indecisão diante de Jesus, sua “obstinação contra uma decisão séria” em favor
das insistentes demandas de arrependimento de Jesus e sua desobediência
transformam-se em rejeição e, por consequência, igualmente em endurecimento do
coração.
Recapitulamos a grave
palavra de Jesus (Mt 13.12): “Pois ao que
tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe
será tirado” [14].
4
– O PRIVILÉGIO DE OUVIR E PRATICAR A PALAVRA DE DEUS (Lc 8.19-21).
Maria, mãe de Jesus, e
os meios-irmãos dele (Mt 13.55,56; At 1.14) estavam preocupados com Jesus e
desejavam falar com ele. Alguns de seus familiares já haviam dito que Ele estava
louco (Mc 3.21). Como em tantas ocasiões, havia uma multidão à porta, fazendo
uma espécie de cordão de isolamento. Eles não puderam se aproximar. Então,
mandaram um recado para Jesus, dizendo que sua mãe e seus irmãos estavam do
lado de fora e queriam vê-lo. Jesus aproveitou essa oportunidade para ensinar
duas lições importantes:
1º - Fazer parte de sua
família espiritual é muito mais importante do que qualquer relacionamento
humano e tem como base a obediência à Palavra de Deus.
Não basta “ouvir” a Palavra, também é preciso “retê-la” (Lc 8.15) [15]. A
presença de seus meios-irmãos não era com a intenção de ouvi-lo, pois os mesmos
não criam em Jesus (Jo 7.3-5). Eles só passaram a crer em Jesus depois da sua
ressurreição. O mesmo não podemos falar de Maria, pois esta sim sabia quem era
Jesus.
Outra coisa que
precisamos destacar é que Jesus não está repudiando Sua família. [Ele] pensou
na Sua mãe até mesmo quando estava pendurado na cruz, na agonia de realizar a
redenção do mundo (Jo 19.26-27). O que Ele quer dizer é que nosso dever diante
de Deus deve tomar a precedência sobre todas as demais coisas [16]. Jesus deixou
claro para os seus discípulos que segui-lo implicava em ouvir e obedecer, e
isso implicaria em aborrecimento até com os familiares. Que era o que já estava
acontecendo com Jesus.
“Se
alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu
discípulo” (Lc 14.26,27).
2º - Jesus estava prevenindo
do perigo da mariolatria. Ao contrário do que o
dogma católico romano da virgindade perpétua de Maria, estes são meios-irmãos
de Jesus, são filhos biológicos de José e Maria. A crença de que Maria
permaneceu virgem após dar à luz Jesus é estranho ao Novo Testamento e na era
apostólica. Essa primeira aparição dessa heresia aparece na literatura apócrifa
do segundo século. Para evitar a implicação óbvia dos textos que falam de Jesus
irmãos e irmãs (Mt 13.56), os católicos têm argumentado que estes eram filhos
de José de um casamento anterior. Não há evidências, no entanto, de um tal
casamento. Além disso, se esse fosse o caso um desses irmãos mais velhos teria
sido o herdeiro de José e, portanto, o legítimo rei de Israel, e não Jesus.
Outros argumentaram que
estes eram primos de Jesus, e não seus irmãos. Mas adelphos (irmão em grego) nunca é usada no Novo Testamento, no
sentido de “primo”. De fato, os
escritores do Novo Testamento tinham uma palavra disponível que significa
especificamente “primo” (anepsios em grego), e quando Paulo
referido a Marcos como primo de Barnabé ele usou essa palavra (Cl 4.10). Outra
evidência de que estes eram irmãos reais de Jesus vem do Salmo 69. Neste salmo
messiânico o Messias diz no versículo 8: “Tenho-me
tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos
de minha mãe”. Aqui “irmãos” não pode significar “primos” uma vez que o
termo se refere a filhos da mãe do Messias.
Essa ideia de louvar a
Maria por ter trazido o Salvador ao mundo foi corrigida pelo próprio Jesus em
Lucas 11.27,28: “E aconteceu que, dizendo
ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse:
Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele
disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”.
Se há algo que nós
somos muito propensos é a idolatria. Temos que vigiar muito. Hoje em nossos
arraias temos visto muitas pessoas idolatrando, ainda que de forma indireta,
pessoas e objetos. Deixam de obedecer a Palavra de Deus e passam a depositar a
fé naquilo que não pode salvar. Por isso, devemos vigiar.
CONCLUSÃO
A palavra de Jesus aqui
é pura e simples: ouvir e obedecer. E obedecemos a Palavra a proclamando a
todos de que Jesus é o salvador do mundo. Não podemos nos calar. Assim como a
lâmpada deveria ficar em lugar alto para iluminar toda a casa, assim deve ser a
Palavra de Deus em nossos lábios. Ela deve produzir luz aos corações em trevas.
Para isso o Senhor nos salvou, para sermos suas testemunhas.
Ouvir, obedecer e
praticar!
Pense nisso!
Bibliografia
1 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo
André, SP, 2007, p. 259.
2 – MacArthur, John. As
Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2018, p. 14.
3 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 238.
4 –Pohl, Adolf. O Evangelho
de Marcos, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 1998.
p. 109.
5 – Tozer, A. W. Os
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32.
6 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 240.
7 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 239.
8 – Hendriksen,
William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 574.
9 – Morris, Leon L.
Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São
Paulo, SP, 1986, p.145.
10 – Barclay, William.
Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 1247.
11 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 241.
12 – Ibidem, p. 241.
13 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo
André, SP, 2007, p. 260.
14 – Rienecker Fritz. O
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba,
PA, 2005. p. 126.
15 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo
André, SP, 2007, p. 260.
16 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 146.
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