Há um vício do qual nenhum ser humano está isento, que todos detestam quando identificam nos outros, e do qual quase ninguém se diz culpado. As pessoas admitem que têm mau gênio, ou que perdem a cabeça por mulheres ou bebida, ou até que são covardes, mas poucos são os que acusam a si próprios deste vício.
Refiro-me ao orgulho, à presunção. Foi pelo orgulho que o demônio se tornou demônio. O orgulho leva a todos os outros vícios; ele é o perfeito estado de espírito anti-religioso.
Se quisermos saber o quanto somos orgulhosos, perguntemos a nós próprios: “Até que ponto me desgosta que outras pessoas me humilhem, recusem-se a reparar em mim, me tratem com ar de superioridade ou procurem exibir-se?”. O fato é que o orgulho de cada um está em competição direta com o orgulho dos outros. O orgulho é essencialmente competitivo, ao passo que os outros vícios são apenas acidentalmente competitivos, por assim dizer.
O orgulho não vê prazer em se possuir algo, mas em possuir esse algo em maior quantidade do que o próximo. Dizemos que as pessoas se orgulham de ser ricas, inteligentes ou bonitas, mas não é bem assim. Elas se orgulham se der mais ricas, mais inteligentes, ou mais bonitas do que as outras. É a comparação que nos torna orgulhosos – o prazer de estar acima dos demais. Quase todos os males que se atribuem à cobiça ou ao egoísmo são, na realidade, muito mais o resultado do orgulho. [...]
Não imaginem que se encontrarem um homem realmente humilde, ele será o que a maioria das pessoas chamam de “humilde” hoje em dia. Em resumo, ele não será a espécie de pessoa que está sempre dizendo que, evidentemente, não é ninguém. Provavelmente só pensaremos que ele parece um indivíduo inteligente e bem disposto, e que tem um verdadeiro interesse pelo que nós dizemos a ele. Se não gostarmos dele, será porque sentimos uma certa inveja de alguém que parece apreciar a vida com facilidade. Ele não estará pensando em humildade. Ele não estará de modo algum pensando em si próprio.
Se alguém quiser compreender a humildade, acho que posso lhe dizer que passo dar. O primeiro passo é compreender que se é orgulhoso. É um grande passo. Nada mais pode ser feito antes disso. Pois quando alguém pensa que não é presunçoso, isso por si só denota uma grande presunção.
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Citado em “O Homem em Três Tempos”, do Tácito da Gama Leite Filho, Ed. CPAD, 2ª Edição, pág 247. Extraído da revista Seleções, de Reader’s Digest. Título Original: O grande pecado.
Fonte: Púlpito Cristão
Meu caro amigo!
ResponderExcluirFaz tempo que não trocamos palavras, mas seu nome ainda é mencionado em conversas informais aqui em casa. Tenho trabalhado muito aqui, e blogado intensamente. Continuo lendo blogs. Muito. Mas comento pouco...
Esse texto do C.S. Lewis é muito profundo. Na verdade o texto é maior. Postei apenas um excerto do mesmo.
Não conheço Tácito, mas o livro "O homem em três tempos" é, na minha opinião, o melhor tratado de antropologia teológica publicado por autor brasileiro. Leitura recomendada!
Um grande abraço, e muita paz para ti e para a família.
Leonardo.
PS: Hoje foi um dia festivo aqui; formatura no PEPE! A igreja vai bem... tivemos batismo dia 29 de novembro. Em fevereiro começamos o seminário na igreja.
Graça e paz Léo.
ResponderExcluirParabéns pelos formandos e pelo trabalho que vocês estão realizando aí, espero um dia poder ir aí conhecer esse trabalho. Aqui também temos trabalhado bastante e temos visto a misericórdia de Deus em nossas vidas.
Apesar de não ter postado muitos comentários em seu blog, eu o tenho acompanhado todos os dias. Aliás, o seu e o do Danilo não posso deixar de ver, são muito bons.
Léo quero aproveitar e te desejar um Feliz Natal e um Ano Novo com muita saúde e paz para você e toda a sua família.
Fique na Paz!
Pr Silas