sábado, 27 de agosto de 2016

NÃO PODEMOS DEIXAR DE FALAR DO QUE VIMOS E OUVIMOS

Por Pr. Silas Figueira

INTRODUÇÃO

Texto base: Atos 4.1-22

Esse texto é a continuação da cura do coxo em Atos 3.1-10. Logo após a cura do coxo, Pedro, juntamente com João, prega para as pessoas que os rodearam ao verem o coxo curado. Os apóstolos então lhes mostram que não havia porque ficar admirados, pois o ocorrido foi realizado na autoridade do nome de Jesus, este, que eles, juntamente com suas autoridades, condenaram a morte de cruz, mas que o Senhor o havia ressuscitado dentre os mortos (At 3.11-26).

O texto nos diz que enquanto Pedro e João ainda falavam ao povo chegaram os sacerdotes (sacerdotes principais), o capitão da guarda ou do templo (o sacerdote que vinha após o sumo sacerdote na hierarquia sacerdotal) e os saduceus e os levam presos porque os dois apóstolos estavam ensinando ao povo a respeito de Jesus e falavam da sua ressurreição. O que temos aqui é o início da perseguição a Igreja; começa a se cumprir o que o Senhor Jesus havia falado para os seus discípulos o que eles enfrentariam após a sua partida (Mt 10.17-20; Lc 21.12-15; Jo 15.18-20). Aqui foi só um aviso, posteriormente viram perseguições, prisões, martírio. Como está registrado em Hebreus 10.32-34:

“Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados, quando suportaram muita luta e muito sofrimento. Algumas vezes vocês foram expostos a insultos e tribulações; em outras ocasiões fizeram-se solidários com os que assim foram tratados. Vocês se compadeceram dos que estavam na prisão e aceitaram alegremente o confisco dos seus próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores e permanentes” (NVI).

Lucas deixa bem claro que ambas as ondas de perseguição foram iniciadas pelos saduceus (At 4.1 e 5.17,18). Eles eram a classe governante dos aristocratas ricos. Politicamente, integravam-se ao sistema romano e adotavam uma atitude de colaboração, de modo que temiam as implicações subversivas dos ensinos dos apóstolos [1].

Lucas deixa claro que há duas motivações na ação empreendida contra Pedro e João. Uma é de natureza teológica: os saduceus não acreditavam na ressurreição, e a pregação de Pedro e João, claramente, opunha-se às doutrinas deles (Lc 20.27-40). Mas o texto também mostra que essa não é a verdadeira causa para a intervenção das autoridades. A verdadeira causa é que eles ficaram “muito incomodados porque os discípulos ensinavam o povo” – em outras palavras, com o fato de eles estarem usurpando e subvertendo a autoridade dos sacerdotes e dos outros líderes [2]. Eles se declaravam religiosos, mas não aceitavam a tradição dos fariseus e não considerava que os livros proféticos do Antigo Testamento estivessem no mesmo nível da Lei (a Tora, o Pentateuco). Também negavam a existência de anjos e de espíritos (Mt 22.23; At 23.8).

Teologicamente falando também, eles não criam na vinda do Messias. Para eles a era messiânica havia começado no período dos macabeus; portanto, para eles Jesus não era o Messias anunciado pelos apóstolos. Por isso eles eram vistos como agitadores e hereges, perturbadores da paz e inimigos da verdade [3].

Os sacerdotes procediam do partido dos saduceus e tomavam conta do templo e das coisas alusivas ao culto. Eles transformaram a casa de Deus num covil de salteadores e numa praça de comércio. Já estavam estremecidos desde que este virou a mesa dos cambistas (Mt 21.12-15). O ensino de Jesus era uma ameaça para eles [4]. É interessante que, embora os fariseus formassem o grupo que mais se opôs a Jesus durante o Seu ministério, em Atos quase ficaram amigáveis com a igreja, ao passo que os saduceus (que não figuram nos Evangelhos até os últimos dias de Jesus), agora ficaram sendo os líderes da oposição [5]. Vemos aqui que a Igreja sempre será perseguida, seja por um grupo, seja por outro, mas a Igreja sempre sofrerá oposição.

Com isso em mente, quais lições nós podemos tirar desse texto? O que ele tem a nos ensinar?

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A FÉ VEM PELO OUVIR A PALAVRA DA VERDADE (At 4.4).

Enquanto os apóstolos estavam sendo presos, a fé dos que haviam crido não fora abalada. Muito pelo contrário, nos diz o texto que cerca de quase cinco mil homens, isso sem contar mulheres e crianças – por ser uma sociedade patriarcal estes não eram contados, creram na mensagem proferida pelos apóstolos. Isso nos mostra duas coisas:

1º - Cai por terra a ideia de que a mensagem do Evangelho deve ser atraente para que haja conversões. A verdade liberta (Jo 8.32). A verdade trás ao coração das pessoas a tristeza pelo pecado, mas a alegria do perdão dado por Deus. A verdade gera vida, mas o falso evangelho mantém as pessoas presas no inferno. Contra esse falso evangelho que os apóstolos tanto lutaram em suas cartas. Veja por exemplo o apóstolo Paulo quando escreveu aos Gálatas:

“Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.6-9 – NVI).

Leia a carta de Judas. Veja o que o Senhor Jesus disse as sete igreja mencionadas no Apocalipse.  

2º - A perseguição nunca impediu o crescimento da Igreja. Quanto mais a igreja é perseguida, mais avança no poder do Espírito. A prisão dos apóstolos não fechou a porta da igreja para a entrada de novos convertidos. Nenhuma ameaça pode deter os passos de uma igreja cheia do Espírito Santo de Deus [6].

Um missionário sul-coreano falou sobre o desafio de entrar na Coreia do Norte, a nação mais fechada em todo o mundo, inclusive para o Evangelho. Ele destacou que o país, atualmente sob um regime ditatorial, viveu no início do século 20 um grande avivamento, mas que hoje não há mais nenhuma igreja.

“Eram 3.800 igrejas antes do comunismo. O regime destruiu as igrejas uma por uma, matou pastores um por um e se livrou dos cristãos. Em 1958, já não havia mais nenhuma igreja”, contou o missionário.

“A única religião existente é a adoração à pessoa do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e seus antecessores”, explicou.

Ser crente em Jesus na Coreia do Norte é sinônimo de risco de vida. O missionário relatou casos de torturas e execuções de pessoas, inclusive crianças, que não negaram a Deus. Ser crente naquele país já é correr risco, ser um missionário é algo visto como temeroso pelos norte-coreanos. O missionário descreveu situações em que percebeu estar sendo vigiado.

Porém mesmo perseguida, a igreja de Cristo continua viva na Coreia do Norte. É o que nos relatou o obreiro sul-coreano durante a Conferência Missionária Global, e citando o texto de Mateus 16.18, disse que por muito tempo se pensou que a igreja tinha sido completamente eliminada naquele país.

“Deus tem seus propósitos, e o inimigo não pode destruir a igreja edificada por Jesus Cristo”, declarou.

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O ESPÍRITO SANTO NOS DÁ INTREPIDEZ PARA TESTEMUNHARMOS DE CRISTO (At 4.5-14).

Os apóstolos foram tirados da prisão e colocados diante das autoridades religiosas. O tribunal era constituído, basicamente, da família do sumo sacerdote. O sistema religioso judaico havia se tornado tão corrupto que os cargos eram passados de um parente para outro sem qualquer consideração pela Palavra de Deus [7]. Lucas menciona certos sacerdotes importantes que estavam presentes. Anás tinha sido sacerdote em 6-14 A.D., mas os romanos o depuseram e foi sucedido por vários membros da sua família, inclusive pelo genro Caifás (18-36 A.D.). Podemos dizer que Anás e Caifás, juntos com alguns dos demais parentes de Anás, na realidade formavam uma corporação fechada que administrava o templo. Warren W. Wiersbe disse que alguém definiu “nepotismo” como “a prática de homens que são maus, mas sabem dar boas dádivas aos seus filhos”. Anás, sem dúvida, se encaixa nessa descrição [8].  

Nos são apresentados três grupos que formavam o Sinédrio. Os anciãos eram líderes leigos da comunidade, sem dúvida os chefes das principais famílias aristocráticas, sendo que a maioria delas adotava o ponto de vista dos saduceus. Os escribas eram tirados da classe dos doutores da Lei, e a maioria deles pertencia ao partido farisaico. O outro grupo mencionado, as autoridades, deve ser identificado com o elemento sacerdotal no Sinédrio; às vezes com o nome de principais sacerdotes, eram estes os detentores das várias posições oficiais na administração do templo [9]. 

O Sinédrio judaico era composto de setenta membros mais o sumo sacerdote, que era o presidente. Os apóstolos não esperavam justiça desse tribunal, que contratou testemunhas falsas para sentenciar Jesus á morte. Como disse Stott, algumas lembranças do julgamento devem ter surgido na cabeça dos apóstolos [10].

1º - Sem o Espírito Santo não há intrepidez para testemunhar (At 4.8). Quando Pedro e João foram colocados diante dessas autoridades eles não se amedrontaram, mas cheio do Espírito Santo, Pedro, de forma cortês, começou a falar com autoridade e intrepidez, pois as palavras que lhe saiam da boca eram palavras inspiradas pelo Espírito Santo.

Estava se cumprindo o que o Senhor Jesus lhes havia falado em Mateus 10.19,20:

“Mas quando os prenderem, não se preocupem quanto ao que dizer, ou como dizê-lo. Naquela hora lhes será dado o que dizer, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês” (NVI). 
     
Observe o versículo 13. Os membros do tribunal admiravam-se ao verem a intrepidez de Pedro e João, especialmente porque eram iletrados (agrommatoi – não significa que eram analfabetos, mas que não haviam recebido treinamento adequado em teologia rabínica) e incultos (idiotai – significa leigos ou não profissionais). Mas reconheceram que eles estiveram com Jesus [11]. Aqui que está a diferença. Eles estiveram com Jesus e agora estavam cheios do Espírito Santo. Aprenderam com Jesus e agora falam na autoridade do Espírito Santo. E o milagre que operaram foi na autoridade do Nome de Jesus, pois Jesus estava agindo na vida da igreja através do Espírito Santo que nos foi dado.

Os líderes religiosos ao ouvirem o poderoso sermão de Pedro reconheceram nos apóstolos algo da personalidade de Jesus, nele embebida, e não meramente que haviam sido discípulos dele [12].

2º – Pedro cheio do Espírito Santo confronta os seus acusadores com o crime que eles haviam cometido (At 4.9,10). Pedro aproveita o ensejo para acusar seus interrogadores, culpando-os de terem crucificado a Jesus, ao mesmo tempo em que proclama a ação de Deus, ao ressuscitá-lo dentre os mortos. Os apóstolos não se intimidaram diante do Sinédrio, pelo contrário, os acusou do maior crime já cometido na história.

Pedro praticamente repete o que havia falado no sermão anterior quando estava no pórtico de Salomão pregando para o povo (At 3.14,15), com uma pequena diferença, lá Pedro ameniza a culpa do povo, diante do Sinédrio não. Porque aqueles homens se diziam ser os detentores da verdade, mas por inveja mataram o Senhor da vida.

Esses homens eram indesculpáveis diante do Senhor. Veja o que o Senhor nos diz em Lucas 12.48,49:

“Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (NVI).

Quem conhece a verdade e a rejeita carrega a maior culpa. Quem conhece a verdade, mas não a prega e nem a vive será cobrado por negligenciá-la.

3º - A Pedra rejeitada é a Pedra que gera vida (At 4.11,12,14). A pedra angular era a pedra fundamental utilizada nas antigas construções, caracterizada por ser a primeira a ser assentada na esquina do edifício, formando um ângulo reto entre duas paredes. A partir da pedra angular, eram definidas as colocações das outras pedras, alinhando toda a construção. A pedra angular é o elemento essencial que dá existência àquilo que se chama de fundamento da construção. Atualmente, a pedra angular seria semelhante ao alicerce dos prédios contemporâneos.

Pedro cita o Salmo 118.22 mostrando que aqueles homens que se diziam ser os construtores de Israel haviam considerado Jesus como uma pedra imprestável. Mas foi Aquele que os construtores rejeitaram que o Senhor o fez Senhor e Cristo. É sobre esta Pedra que a Igreja está edificada (Ef 2.20; 1Pe 2.4-8).

“Edificados sobre o fundamento e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular” (Ef 2.20 – NVI).

“À medida que se aproximam dele, a pedra viva — rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele — vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. Pois assim é dito na Escritura: “Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e aquele que nela confia jamais será envergonhado”. Portanto, para vocês, os que creem, esta pedra é preciosa; mas para os que não creem, “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”, e, “pedra de tropeço e rocha que faz cair”. Os que não creem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para o que também foram destinados” (1Pe 2.4-8 – NVI).

Observe o verso 14 onde mostra que Jesus havia curado aquele pobre coxo e ele era a prova viva desse milagre. Diante dos olhos de todo o Sinédrio aquele homem estava curado, salvo, liberto e fortalecido.

Jesus não é só a Pedra, mas também o salvador (At 4.12). O apóstolo viu a cura do mendigo um retrato da cura espiritual que se dá com a salvação. A expressão “foi curado”, em Atos 4.9, é uma tradução do mesmo termo grego traduzido por “salvos” em Atos 4.12, pois a salvação implica plenitude e saúde espiritual [13].

Com isso cai por terra aquela ideia de quebra de maldição na vida do crente como se a salvação em Cristo não fosse suficiente para libertar o homem das garras de Satanás. Como um determinado autor de livros sobre batalha espiritual disse que nada é mais perigoso que um ser humano SALVO, porém não CONVERTIDO. Segundo ele, a pessoa nasce de novo, mas continua com velhos hábitos de antes da conversão.

Ele chama de conversão o processo de santificação. A santificação só ocorre na vida do salvo por Cristo, ou seja, na vida da pessoa convertida.

O que é Conversão?

A conversão é um giro de 180 graus na vida de uma pessoa. É virar completamente a vida de alguém do pecado para Cristo e para a salvação. Da adoração de ídolos para a adoração a Deus. Da autojustificação para a justificação de Cristo. Do governo do ego para o governo de Deus.

● A conversão é o que acontece quando Deus desperta aqueles que estão espiritualmente mortos e os capacita a se arrependerem de seus pecados e a terem fé em Cristo. 

● Quando Jesus nos chama para nos arrependermos e crermos, Ele está nos chamando à conversão. É uma mudança radical naquilo que cremos e fazemos (Mc 1.15).

● Quando Jesus nos chama para tomarmos a nossa cruz e o seguirmos, ele está nos chamando à conversão (Lc 9.23).

● Para que nos arrependamos, é necessário que Deus nos dê nova vida, novo coração e fé (Ef 2.1; Rm 6.17; Cl 2.13; Ez 36.26; Ef 2.8; 2Tm 2.25).

A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NÃO PODEMOS DE DEIXAR DE FALAR O QUE TEMOS VISTO E OUVIDO AINDA QUE NOS MANDEM CALAR (At 4. 15-22).

O Sinédrio estava em um dilema e não tinha saída. Não podiam negar o milagre, pois o homem estava em pé diante deles e, no entanto, não tinham como explicar de que maneira “homens iletrados e incultos” haviam realizado um feito tão poderoso [14].

Os poderosos estão confusos em relação ao que fazer. O que acontecera está absolutamente claro, e, por isso, eles dizem: “Não podemos negar” (4.16). A implicação óbvia é que se eles pudessem, de fato, negariam o ocorrido, embora soubessem que era verdade. A única solução que encontraram, porque não podem negar a verdade, é escondê-la. Mais uma vez o que está em jogo é o controle sobre o povo, nesse caso específico por meio do controle da informação [15]. A incredulidade não enfrenta os fatos; a incredulidade os omite. Você pode livrar-se dos mensageiros, mas não pode livrar-se dos fatos, não pode livrar-se da verdade [16].

A fé gera o milagre, mas o milagre não gera fé. É isso que está diante de nós. Homens que falam em nome de Deus, mas que negam os Seus feitos. Homens que mostram que são guias cegos guiando outros cegos (Mt 15.14).

1º - O Sinédrio dá uma ordem e faz uma ameaça descabida (Atos 4.17,18, 21a). O Sinédrio quer calar a verdade na boca dos apóstolos de Jesus. Quantas pessoas querem calar a verdade na boca da Igreja de Cristo nos dias de hoje. Quantas pessoas querem que a igreja deixe de pregar a verdade, pois tais verdades confrontam os seus pecados e os deixa aborrecidos com isso. Há muitas pessoas que preferem ouvir mentiras doces, apesar de não lhes darem vida, a ouvir a verdade amarga do Evangelho, mas que gera vida.

Como disse Champlin: “Não há razão alguma para acreditarmos que todos os homens verdadeiramente querem conhecer e seguir a verdade, porque a perversão humana é tão vasta e profunda que muitos homens dão preferência à mentira, à falsidade, em detrimento da verdade, por não quererem sujeitar-se às exigências da verdade, porque a verdade é muito exigente. No caso sob consideração, a verdade que enfrentou aqueles homens de forma tão patente só serviu para condená-los, porquanto eles tinham crucificado Jesus, o autor de tal poder [...]. Portanto, ao invés de reconhecerem o seu erro e se arrependerem, preferiram continuar a perpetrar seu insano e pretenso engodo ante o povo, durante toda a vida” [17]. 

2º - Pedro com uma resposta ousada os coloca em xeque (At 4.19,20). Pedro e João não se deixaram intimidar pelo Sinédrio, pelo contrário, já que eles estavam na posição de julgar então eles deveriam julgar se eles, os apóstolos, deveriam obedecer a eles, o Sinédrio, ou a Deus. Quem é que tem autoridade? Quem é supremo?

A autoridade de Deus está e sempre estará acima da autoridade do homem. Quando uma autoridade torna-se absolutista, precisamos desobedecê-la para obedecermos a Deus. Quantos hoje também querem nos calar, mais a igreja não deve se acovardar, muito pelo contrário, devemos agir como a Igreja Primitiva que mesmo diante das perseguições não deixaram de anunciar o Evangelho. Veja At 8.1,4:

“Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e de Samaria. Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem” (NVI).
   
Como disse o apóstolo Paulo em 1Co 9.16,17:

“Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa; contudo, como prego por obrigação, estou simplesmente cumprindo uma incumbência a mim confiada” (NVI).

Há pastores hoje que para não sofrerem perseguição mudam a verdade do Evangelho por meias verdades, que para mim é pior que uma mentira inteira. Pregam um Evangelho sem cruz; um Evangelho sem renúncia; um Evangelho sem vida santa, sem vida consagrada totalmente a Deus; pregam um Evangelho sincrético. Como disse o Reverendo Hernandes Dias Lopes em um de seus programas na TV:

Essa igreja está interessada em resultados e não em fidelidade à Verdade. Essa igreja é aquela que faz uma pesquisa de mercado para saber o que o povo quer! O que o povo gosta! O que o povo deseja! E então essa igreja é uma igreja supermercado que expõem no seu balcão o produto que o cliente quer. O que as pessoas querem? Saúde? Prosperidade? Milagres? É isso que nós vamos oferecer!

As pessoas não estão pregando pra salvação! Elas estão pregando para serem populares! O que interessam pra elas é que seus templos fiquem lotados! É que a multidão chegue! É que a multidão aplauda! É que a multidão receba o que ela está procurando, o que está buscando. Mas nós estamos sonegando dessa forma o povo o trigo da verdade e dando ao povo a palha das ideias humanas, das doutrinas humanas, de um pragmatismo religioso.

Julgue você meu irmão e minha irmã, a quem devemos obedecer: A Deus ou aos homens?

CONCLUSÃO

Depois de ameaçá-los o Sinédrio solta os apóstolos. A mensagem que os apóstolos pregaram ia muito além de palavras, havia confirmação da verdade pregada. A prova estava diante dos doutores da Lei, mas eles se recuram a acreditar nela. O homem curado estava diante deles, e este tinha mais de quarenta anos. Era uma pessoa conhecida de todos, pois há muitos anos esmolava por ali. Contra fatos não há argumento, já disse alguém.

Assim como aquele Sinédrio formado por cerca de setenta homens cultos estavam cegos diante da verdade, há hoje muitas pessoas que se recusam a crer na verdade do Evangelho que tem sido pregada em muitos púlpitos e através de muitos servos do Senhor no dia a dia.

Meu querido não feche seus olhos espirituais para a verdade do Evangelho. Creia na autoridade do Evangelho. Creia nos seus servos que pregam e vivem a verdade. Deixe a graça do Senhor entrar em sua vida. Não faça como os doutores da Lei, faça como o coxo mendigo que foi alcançado com cura, libertação e salvação de Cristo.

Pense nisso!

Notas   
   
1 – Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São Paulo, SP, 2010: p. 105.
2 – Gonzáles, Justo L. Atos, O Evangelho do Espírito Santo. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2014: p. 79.
3 – Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São Paulo, SP, 2010: p. 105.
4 – Lopes, Hernandes Dias. Atos, a ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2012: p. 93.
5 – Marshall, I. Howard. Atos, introdução e comentário, Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1988: p. 97.
6 – Lopes, Hernandes Dias. Atos, a ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2012: p. 95.
7 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 538.
8 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 538.
9 – Marshall, I. Howard. Atos, introdução e comentário, Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1988: p. 98.
10 – Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São Paulo, SP, 2010: p. 106.
11 – Stott, John. A Mensagem de Atos, até os confins da terra. Editora ABU, São Paulo, SP, 2010: p. 107.
12 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo. Editora Candeia, São Paulo, SP, 10ª Reimpressão, 1998: p. 97.
13 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 539.
14 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 539.
15 – Gonzáles, Justo L. Atos, O Evangelho do Espírito Santo. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2014: p. 83.
16 – Lloyd-Jones, D. Martyn. Cristianismo Autêntico, Sermões sobre Atos dos Apóstolos, volume 2. Editora PES, São Paulo, SP, 2006: p. 17.  
17 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo. Editora Candeia, São Paulo, SP, 10ª Reimpressão, 1998: p. 97.

Nenhum comentário:

Postar um comentário