segunda-feira, 30 de março de 2015

A autoridade do Rei Jesus


Por Flávio Santos

O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como Rei que tem autoridade no céu e na terra. Deus deu todo poder para Jesus reinar no céu, na terra e até debaixo da terra. [Leia Mateus 8]

No Sermão do monte, Jesus demonstra a autoridade de Suas palavras.

“Ouvistes o que foi dito aos antigos [...]. Eu, porém, vos digo…” Mt 5.21,22

“Também foi dito [...]. Eu, porém, vos digo…” Mt 5.31,32

“Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam de sua doutrina; porque as ensinava como tendo AUTORIDADE, e não como os escribas” Mt 7.28,29

Após demonstrar a autoridade do Seu discurso, Jesus desce do monte para revelar a Sua autoridade em ações milagrosas.

Jesus é o Rei que tem poder e autoridade para operações sobrenaturais.

Jesus demonstrou Sua autoridade sobre doenças ao curar o leproso, o servo do centurião que estava paralítico e a sogra de Pedro que estava com febre (Mt 8.1-15). A Autoridade de Jesus, além destes, alcançou muitos outros enfermos. Mt 8.16

A autoridade da palavra de Jesus sobre as doenças era o cumprimento da profecia que dizia: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”. Mt 8.17

Jesus demonstrou Sua autoridade sobre a humanidade quando o leproso se prostrou diante Dele, quando o centurião não O quis receber em casa e disse que uma palavra de autoridade Dele já bastava, quando a sogra de Pedro, após curada O servia, quando o escriba O quis seguir e quando os discípulos O seguiram. Mt 8.1-23

Jesus demonstrou Sua autoridade sobre a natureza quando uma tempestade se levantou contra o barco em que estava com os seus discípulos. Jesus levantou-se e com ação de autoridade reprendeu os ventos e o mar. Os discípulos se maravilharam com a ação assim como as multidões se maravilharam com as palavras.

A pergunta que os discípulos fizeram: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt 8.27), é respondida pela ação de Jesus que diz: Ele é o Rei que tem autoridade na terra.

Jesus demonstrou Sua autoridade sobre os demônios quando chegou a Gadara e foi interpelado por dois endemoninhados. Jesus exorcizou os demônios e deu liberdade aos homens. Jesus, o exorcista, com autoridade disse: “Ide” (Mt 8.32), e os demônios foram expulsos.

Os demônios não mentiram quando perguntaram: “Que temos nós contigo, Filho de Deus” (Mt 8.29). De fato, estavam diante do Filho de Deus que tem autoridade sobre o diabo e seus demônios. Diante da autoridade de Jesus até da boca de um demônio sai verdade.

Assim, sejam em Palavras ou Ações, Jesus exerce autoridade sobre céus e terra!

Fonte: NAPEC

quinta-feira, 26 de março de 2015

O pecado do adultério segundo John Wenham, e do divórcio segundo eu


Por Jorge Fernandes Isah

Li, nesta manhã, uma postagem no Facebook, atribuída a John Wenham¹, a qual copiei e colei abaixo. Após, uma pequena reflexão a partir do que o teólogo e pastor Wenham escreveu:

"Hoje em dia, consideramos o adultério como tão natural que deixamos de perceber quão distorcidos se tornaram os nossos valores. Quando um homem rouba um bem valioso de uma outra pessoa, a lei o trata com severidade. Mas quando um homem seduz e rouba a esposa de um outro homem e rouba dos filhos a mãe, provavelmente escapará de qualquer punição. Entretanto, em termos do mal provocado e da destruição da felicidade humana, o primeiro crime é insignificante em comparação com o segundo." - John Wenham

E, nessa linha de pensamento, incluo também o divórcio, pois praticamente ninguém se divorcia para ficar solteiro ou sozinha. Todos, em princípio, já têm um ou uma pretendente nova, se é que já não fez a ele ou ela um "juramento" de romper o seu casamento para viverem finalmente juntos e para sempre (a mesma promessa feita e não cumprida ao primeiro(a) cônjuge. 

O divórcio rouba dos filhos o pai e/ou a mãe, e, em muitos casos, até mesmo os dois; e dos maridos e esposas parte de si mesmo, como afirmou o Senhor Jesus: 

"Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador 'os fez homem e mulher' e disse: 'Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne'? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe" [Mc 19.4-6].

O problema é que muitos alegam não terem feito uma boa escolha, mas, quem garante que não o farão novamente? Se os critérios de escolha fossem a observância da palavra de Deus, em oração e prudência, e não meramente a carnalidade (podendo ser simplesmente o impulso carnal), muita coisa seria diferente; inclusive, o poder para suportarem-se mutuamente nas várias dificuldades que haveriam de surgir.

De outra maneira, há crentes que se aventuram a um risco desnecessário, como se dispusessem a participar de uma "roleta-russa", ao casarem-se com incrédulos apostando na possibilidade de Deus vir a convertê-los um dia [leia 1 Co 7.16]. Conheço o testemunho de muitos irmãos e irmãs que escolheram esse caminho errado e pagaram um preço alto, as vezes resultando no divórcio e em um lar desfeito, em filhos que rejeitam o Evangelho exatamente pelo mau testemunho dos pais divorciados, entre outros tantos problemas². Eventualmente, Deus pode derramar a sua graça sobre o cônjuge incrédulo, convertendo-o, e pode valer a pena dizem, mas deixará para trás, quase sempre, um rastro de destruição e de incredulidade pelo caminho. Porém, não vale o perigo de ser a causa para o endurecimento ainda maior do coração incrédulo; e nada disso aconteceria se o cristão não se rebelasse contra Deus, não se dispusesse a ser independente ou autônomo, esperando que o Senhor "abençoasse" uma união biblicamente reprovável.

O adultério é apenas mais um pecado cometido pelo afastamento da vontade divina, a rebeldia que muitos dizem não ter mas têm-na dissimuladamente, uma forma de se omitir da responsabilidade, a principal causa e origem das outras péssimas escolhas que fazemos.

Infelizmente, o padrão vigente em boa parte da igreja e em boa parte dos cristãos atualmente reflete a sua adequação ao "estilo secular e mundano de vida", e o desprezo a Deus e sua vontade expressamente revelada, a qual finge-se não ler, saber ou existir.

Notas: 
1- Não duvido da autoria do texto, de que seja realmente de John Wenham, por conhecer e confiar em quem o citou, o Eric N. de Souza, autor do blog "Outdoor Teológico", apenas não a confirmei.
2 - Tratei da questão do casamento misto na postagem "Pode o Cristão se casar com uma incrédula?"
3- É claro que, como calvinista, acredito que tudo, inclusive a rebeldia do homem, está dentro do decreto eterno de Deus, mas isso, de maneira alguma, eximi-nos da responsabilidade pelos nossos atos, logo, a desculpa de que Deus quis assim é apenas "furada", e coloca o seu proponente em mais uma categoria, a dos "infantes na fé", senão, dos cínicos.

Fonte: kálamos

quarta-feira, 25 de março de 2015

A AUTOCONFIANÇA E A NOSSA SEGURANÇA EQUIVOCADA


Por Fabio Campos

Texto base: “... fiquem tranquilos e confiem em mim, e eu lhes darei vitória”. – Isaías 30.15c (NTLH)

Já é intrínseco a nossa natureza confiar apenas no que vemos e descansar naquilo que está sob o nosso controle. Todavia, nossa vida, sem qualquer permissão que nós tivéssemos dado, pode tomar rumos para lugares que não planejamos. Basta um telefonema anunciando a perda de alguém querido; ou a notificação do desligamento da empresa; ou se não um diagnóstico contrário.

Pois é, meus amigos e meus irmãos, de fato, e isto se comprova todos os dias, nós não temos o controle do amanhã. Pensamos ter, e, corremos e trabalhamos para tal coisa. Mas é certo que não temos! Nossa autoconfiança só nos leva para uma segurança equivocada. A casa que você construiu - aquilo que você pensou ser de cimento, na verdade, era areia. Veio o vento e a derrubou. E agora?

Deus, porém, nos chama para andarmos com Ele, para viver daquilo que não vemos, como está escrito: “O justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Vivemos não pelo o que vemos, mas pelo o que acreditamos (2 Co 5.7). Sem fé é impossível agradar a Deus, pois é somente através dela que poderemos descansar na certeza de que o Senhor nos suprirá em tudo aquilo que necessitamos (Hb 11.6).

Sendo, assim, terrível coisa é colocar nossa confiança nas riquezas (Jó 31.24). Quando assim procedemos, estamos traindo a Deus, pois tal pecado é digno de condenação (Jó 31.28). Os ímpios ao contemplar nossa atitude, de “confiar em Deus”, nos chama de fracos e nos taxa de incapazes. Acusa-nos de jogarmos a nossa responsabilidade para “esta força maior”, atenuando assim nossa culpa para descansar nossa consciência acusada.

Quando o cristão descansa em Deus, ele não cruza os braços e aguarda que as coisas caiam do alto. Não! Simplesmente ele não se apoia em sua própria capacidade, justamente pelos os motivos que elenquei no início do artigo. Ou seja, eu e você não temos o controle da nossa vida. O que é interessante nestes que nos acusam, é que eles não têm paz consigo mesmo, como está escrito: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo” (Is 57.20 AFC). Certamente, “não há paz para eles” (Is 57.21).

Eles se dizem inteligentes e capazes; mas Deus os rodeia de centenas de pessoas que “são mais que eles”. Por isso vivem amedrontados e sente-se ameaçados o tempo todo (Is 30.16-17). Pois é, aqueles que dizem que “são bons”, que mais querem se aparecer, na verdade “são os mais temerosos e fracos” de todos.

Posto isso, o Senhor é bom conosco e no Seu amor nos tira da nossa “segurança equivocada” para andarmos na sua dependência. Às vezes não entendemos o porquê que algumas coisas fogem do nosso controle. Mas é Deus quem está fazendo com que “tudo coopere para o propósito pelo qual Ele nos chamou” (Rm 8.28). Por isso que a Escritura diz para“considerarmos motivo de grande alegria o fato de passarmos por DIVERSAS provações” (Tg 1.2).

Deus está trabalhando em nós. Tudo isso vai gerar na gente a “perseverança” (Tg 1.3). Acabando o tempo desta provação (pois toda tempestade tem o seu fim), estaremos “maduros” diante de Deus e “íntegros” diante dos homens (Tg 1.4). Nestas horas contemplamos a pequenez de nossa sabedoria; aquela que tanto confiávamos não poderá nos ajudar em nada. É neste momento que pedimos a “sabedoria do céu”, e ela é nos dada de boa vontade por Deus (Tg 1.5).

O propósito disto tudo é reduzir nossa autoconfiança e aumentar a confiança em Deus (Tg 1. 6-7). Como é feliz o homem que deposita toda sua confiança no Senhor nos tempos de incertezas (Sl 40.4; Jr 17.7), pois ele estará seguro em todo o tempo (Pr 14.26), até mesmo “no vale da sombra da morte” (Sl 23.4).

O fim do “pão da adversidade” e da “água da aflição” tem o dia certo para se findar. O Senhor só está esperando terminar o objetivo pelo qual estamos passando por tal coisa, para assim, nos tirar desta “tribulação”, mostrando sua compaixão para conosco. Por isso que são felizes todos os que Nele esperam (Is 30.18).

A nós basta que voltarmos para Deus, pois disto depende o nosso descanso, como está escrito: “... na quietude e na confiança está o seu vigor...” (Is 30.15 NVI). O problema é que muitas vezes não queremos, e imitando os ímpios, nos tornamos malditos, confiando na força de nosso próprio braço (Jr 17.5). C. H. Spugeon certa vez disse que, “às vezes, a melhor coisa que um homem com problemas pode fazer é não fazer simplesmente nada, mas deixar tudo nas mãos de Deus, pois assim está escrito: ‘Acalmai-vos e vede o livramento que o Senhor vos trará’” (Êx 14.13).

Amados, como disse o salmista: “É melhor buscar refúgio no Senhor do que confiar nos homens. É melhor buscar refúgio no Senhor do que confiar em príncipes” (Sl 118. 8-9 NVI). Por quê? Porque o mundo está com o “poder dos homens”, já nós, os filhos de Deus, com o “poder de Deus” (2 Cr 32. 7-8). O Senhor nos ajudará a travar todas as nossas batalhas.

Ainda que você não esteja no controle, Deus está. Tudo isso que está acontecendo, certamente um dia fará sentido e você louvará a Deus por isso, como está escrito: “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jr 29.11 AFC).

Apenas confie! Ponha sua confiança em Deus e no Seu infinito amor, pois tenho certeza que Deus honrará a sua atitude, como está escrito:

“Não é a força do cavalo que lhe dá satisfação, nem é a agilidade do homem que lhe agrada; o Senhor se agrada dos que o temem, dos que colocam a esperança no seu amor leal”. – Salmos 147. 10.11 (NVI)

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

quinta-feira, 19 de março de 2015

A doutrina de Balaão dentro da igreja


Por Pr. Silas Figueira

“Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição” Ap 2.14

“Tenho, todavia, contra ti algumas coisas...”

A igreja de Pérgamo não era perfeita, pois não existe nenhuma igreja local perfeita. Apesar do elogio que o Senhor faz à igreja, havia ali pessoas que estavam se deixando levar pela sedução diabólica. Apesar de sua constância, o pecado introduziu-se nela imperceptivelmente. O maior perigo não era a perseguição, e sim a perversão. Se Satanás não pode derrotar a igreja, tenta ingressar nela. A proposta agora não é substituição, mas mistura. Não é apostasia aberta, mas ecumenismo. A ameaça mortal vinha de dentro e, infelizmente, é o que mais temos visto em nossas igrejas hoje, as chamadas heresias domésticas. Durante muito tempo lutamos contra as Testemunhas de Jeová, contra os Mórmons, contra os Adventistas, mas hoje estamos nos deixando seduzir pelo evangelho da prosperidade, pelo pensamento positivo, pelo determinismo. Doutrinas orientais têm invadido as nossas igrejas de forma caudalosa, psicologia ao invés do Evangelho transformador está tomando os púlpitos de nossas igrejas. Líderes que estão na mídia distorcendo as Escrituras com uma teologia louca, levando os incautos a se decepcionarem com Deus, pois eles, em nome de Deus, fazem promessas que distorcem o puro Evangelho. Algum tempo atrás havia um determinado pastor pregando na televisão dizendo que qualquer líder ou igreja que prega que o crente tem que ficar rico é um enganador. Ele disse assim: “não pense que todo mundo vai ficar rico não, isso é balela, é cascata; qualquer pastor que promete riqueza a todo mundo é um cara de pau safado, um pilantra, ludibriador de fé. Digo aqui rasgado mesmo porque não tem conversa. Quem te falou que todo mundo vai ficar bem financeiramente? Quem te falou que todo mundo vai ficar rico? Onde está isso na Bíblia?” Meses depois, este mesmo pastor estava na televisão dizendo tudo ao contrário do que havia dito antes (parece até música do Raul Seixas). Ele disse meses depois assim: “você só vai experimentar estas coisas o dia em que você aprender a ser liberal, se não você só vai ouvir e nunca experimentar em sua vida. Agora, Deus tem falado ao meu coração e vou dizer pra vocês, e quero ser profeta de Deus para que algum irmão que está me vendo pela TV e que estão aqui; Deus tem falado ao meu coração, Deus nesta reta final da igreja, Ele quer dar riquezas para crente, mas não quer dar riqueza para miserável... Deus quer dar riquezas para crentes liberais que vão investir na obra de Deus...” Depois esse pastor pega uma Bíblia de estudos que ensina como alcançar vitória financeira. Quanta contradição! 

“... pois tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão...”

Os cristãos de Pérgamo tinham conservado o nome de Jesus e não renunciaram à sua fé nele sob a pressão de perseguição iminente, mas eles deixaram que a moral dos pagãos os influenciasse [1]. Alguns dos membros da igreja haviam atendido a festivais pagãos e, provavelmente, até mesmo participado das imoralidades que caracterizavam essas festas. Semelhantes práticas haviam ocorrido entre os filhos de Israel nos dias de Balaão. A história de Balaão pode ser encontrada em Números 22-24. Este homem era conhecido como profeta e criam que ele tinha poder de lançar maldição sobre toda uma sociedade. Devido a essa fama, Balaão prostituiu os seus dons com o objetivo de ganhar dinheiro. Este homem foi contratado por Balaque, rei de Moabe a fim de amaldiçoar Israel.

Quando Israel chegou às campinas de Moabe, além de Jordão, na frente de Jericó, o rei dos moabitas encheu-se de pavor. A visão que Balaque tinha de cima das colinas era aterradora. Ele olhava do alto dos montes e via uma multidão inumerável na campina. Por isso ele convocou um conselho de Estado e disse: “Agora, lamberá esta multidão tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo” (Nm 22.4).

Devido a essa situação, Balaque manda chamar Balaão para amaldiçoar o povo de Israel. Mas cada vez que Balaão abria a boca para amaldiçoar o povo de Deus, as palavras do Senhor o faziam proferir palavras de benção e não de maldição. Então Balaque ficou bravo com ele. Balaão, movido (de acordo com 2Pe 2.15 e Jd 11) por ganância, aconselhou Balaque a enfrentar Israel não com um grande exército, mas com pequenas donzelas sedutoras. Aconselhou a mistura, o incitamento ao pecado. O que Balaão não pode fazer, o pecado fez. O tropeço foi devastador! Pedra de tropeço (skandalon, no grego) é uma armadilha feita com um chamariz. Em Nm 31.16 diz: “Eis que estas, por conselho de Balaão, fizeram prevaricar os filhos de Israel contra o SENHOR, no caso de Peor, pelo que houve praga entre a congregação do SENHOR”. Devido a isso, o Senhor se voltou com ira contra os israelitas e eles se tornaram fracos e vulneráveis.

O pecado enfraquece a igreja. A igreja só é forte quando é santa. Sempre que a igreja se mistura com o mundo e adota o seu estilo de vida, ela perde o seu poder e sua influência [2].

Em Pérgamo parece que a maioria dos membros da igreja continuava a andar na verdade. Somente uns poucos, quer em plena comunhão ou apenas em casual associação com a igreja, tinham deixado o caminho estreito e se desviado pelos atalhos da especulação e do erro. Mas o Cristo ressurreto, o pastor-líder de seu rebanho, foi ofendido tanto pela desobediência da minoria como pela indiferença da maioria [3]. Dessa forma, a igreja tornou-se infiel. A doutrina de Balaão é a mistura das coisas santas com as profanas. É ter um pé na igreja e outro no mundo. 

“...para comerem coisas sacrificadas aos ídolos...”

A frase “comer coisas sacrificadas aos ídolos” pode referir-se tanto à carne comprada no mercado, que antes fora sacrificada em algum templo pagão e depois vendida no mercado, como as festas organizadas nos templos em honra aos diversos deuses. Um problema em relação a carne que os cristãos compravam no mercado público tinha surgido em Corinto, e Paulo se estendeu sobre este assunto, dizendo que nada é em si impuro, e, enquanto alguém não tem problemas de consciência, não há nada de errado em comer esta carne (1Co 8.7-13). Ao mesmo tempo ele diz que é impossível beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios (1Co 10.21), referindo-se neste caso, sem dúvida, à participação dos cristãos nas festas pagãs, que implicavam na adoração de demônios [4]. Na igreja de Pérgamo aqueles que seguiam a doutrina de Balaão não viam nenhum mal em participar desse tipo de festa, argumentando que o ídolo em si nada é. No entanto o Senhor aqui condena veementemente tais práticas. Nos dias atuais, quantos crentes deixando seus filhos participarem de festa junina nas escolas, essas festas não deixam de ser festas pagãs só porque estão sendo realizadas em ambiente escolar, estas festas, mesmo no ambiente escolar, são dedicadas a demônios. Outros comem doces dedicados a Cosme e Damião, outros estão participando normalmente de festa de Halloween. E quantos estão trazendo para dentro de suas igrejas hábitos pagãos e até mesmo fazendo festas semelhantes às festas juninas, e ainda dão o nome de “Festa Genuína”. Não tem como ser fiel a Cristo plenamente e participar destas festas pagãs ou até mesmo copiá-las. O apóstolo Paulo em Rm 12.1 nos diz para não tomarmos a forma deste mundo, mas termos a nossa mente transformada pelo poder de Deus, e a palavra para “transformação” no grego no texto citado é “metamorfose”, é o processo da lagarta para borboleta.

Davi quis trazer a arca de Deus para Jerusalém num carro de boi (2Sm 6.1-11), no entanto ele estava imitando os filisteus quando a devolveram (1Sm 6.11,12). Quando Davi estava trazendo a arca para Jerusalém o boi tropeça e o carro vira derrubando a arca; Uzá prontamente estende a mão para protegê-la e é imediatamente morto, esmagado pelo carro. No entanto, o texto nos diz que quem matou Uzá foi o Senhor por causa da irreverência de Uzá. Deus feriu Uzá porque Davi e o sumo sacerdote não tinham observado os mandamento do Senhor que dizia que somente os levitas é que poderiam transportá-la (Nm 1.47-52). Ela deveria ser transportada nos ombros pelos levitas e não num carro de boi como estava sendo transportada. Essa boa intenção gerou morte por causa da desobediência aos mandamentos de Deus. Uzá é um exemplo do perigo inerente de alguém ter zelo por Deus, sem conhecimento da Sua Palavra e dos Seus caminhos. E é exatamente o que mais temos visto em muitas igrejas por aí, um zelo extremo pelo Senhor, mas sem observar a Sua Palavra. Pessoas até bem intencionadas, mas totalmente alienadas em relação à Palavra de Deus. Pastores e líderes fazendo com que seus liderados entrem em choque com a Palavra de Deus os levando a morte. Pastores que estão ensinando em seus púlpitos que o que vale é a experiência, é o sentir, é a emoção, mas completamente longe do ensino que gera vida, transformação e alegria real na presença de Deus. As Escrituras não falam tudo de tudo, mas contêm tudo que Deus deseja que saibamos sobre Seu amor e Sua salvação e acerca da reação requerida de nós diante dEle. Observe-a!

Notas:
1 Ladd, George. Apocalipse, introdução e comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 4º reimpressão, 1989: p. 37.
2 Lopes, Hernandes Dias. Apocalipse, o futuro chegou. Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005: p. 94.
3 Stott, John R. W. O que Cristo pensa da Igreja. Ed. United Press, Campinas, SP, 1999: p. 44.
4 Ladd, George. Apocalipse, introdução e comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 4º reimpressão, 1989: p. 38.

O espinho de Paulo


Por Clóvis Gonçalves

E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. 2Co 12:7

Na tentativa de identificar o que seja este espinho na carne do apóstolo Paulo, vale a máxima de Lutero: o que as escrituras não afirmam com clareza, não devemos afirmar com certeza. Seguindo este conselho, o que segue são apenas conjecturas e opinião mais ou menos embasadas.

Podemos, inicialmente, supor que o espinho na carne era espiritual ou físico em sua manifestação. No primeiro caso, a primeira hipótese é de que o mensageiro de Satanás seja, de fato, um espírito maligno que o tormentava. Porém, o paralelo com a experiência de seu homônimo do Antigo Testamento, Saul, de “quando o espírito maligno, da parte de Deus, vinha sobre Saul” (1Sm 16:23) soa insultuoso ao Paulo que disse“o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus” (1Co 6:19).

Outra possibilidade de espinho espiritual é que seriam as tentações de maneira geral, ou de natureza sexual em particular. Porém, os termos mensageiro, no original angelos e esbofetear, do original kolaphizê, sugerem um ser pessoal e atividades pessoais. Embora Paulo pudesse ter uma tendência para o orgulho, pecados sexuais não deve ter sido um problema para ele, que aliás disse a este respeito: “quero que todos os homens sejam tais como também eu sou” (1Co 7:7).

Resta a alternativa de que o sofrimento seja físico e a primeira possibilidade a ser aventada é a perseguição que o apóstolo sofria por parte dos seus adversários. Em favor desta hipótese, há o precedente do Antigo Testamento, onde Deus diz “para a casa de Israel já não haverá espinho que a pique, nem abrolho que cause dor, entre todos os vizinhos que a tratam com desprezo” (Ez 28:24). A palavra traduzida por espinho na LXX foi a mesma utilizada por Paulo na passagem em tela e significa pedaço de madeira afiado, estaca pontiaguda, farpa.

Outro ponto que fortalece esta tese é o fato de que Paulo escreveu sobre o espinho no contexto das perseguições vindas de seus adversários. No capítulo anterior ele fala contra os “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (2Co 11:13), lembra que“cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um” (2Co 11:24) e que “em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender” (2Co 11:32).

Porém, essa explicação também tem sua dose de dificuldades. Paulo recebeu as visões que poderiam levá-lo a se orgulhar bem antes desses adversários terem se levantado contra ele. Além disso, quando fala de seus adversários, diz que “o próprio Satanás se transforma em anjo de luz”(2Co 11:14) e que “não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça” (2Co 11:15). A idéia é de ministros de Satanás travestidos de apóstolos de Cristo e não de homens transformados em emissários de Satanás. Além disso, as expressões “um espinho” e“mensageiro de Satanás” apontam para um indivíduo e não para um grupo de pessoas.

A maioria dos que se debruçaram sobre a questão entende que o espinho na carne refere-se a uma doença física. No texto, fortalece esta posição a espressão “na carne”, que aqui deve ser tomada como significando “corpo de uma pessoa”. Os diagnósticos são variados e incluem, entre outras doenças, epilepsia, histeria, depressão, reumatismo, má audição, lepra, malária, gagueira e retinite solar.

Embora eu entenda que podemos apenas supor a natureza do espinho na carne de Paulo, tenho uma opinião a respeito. Inclino-me a pensar que o espinho de Paulo seja de fato uma dificuldade de visão. Cito como apoio algumas passagens, das quais podemos fazer inferências. Em Gálatas 6:11 o apóstolo diz “vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho”. É bem verdade que o motivo de ter escrito com o próprio punho esta parte era para dar ênfase à recomendação que faz, mas permanece o fato de que utilizou letras grandes como pessoas com dificuldade visual. Ele também diz “dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar” (Gl 4:15). Novamente, a passagem não é decisiva, mas o fato de Paulo ter dito “se possível fora” e não “se necessário fora” me parece indicação de que Paulo não estava apenas sendo hiperbólico, mas que tinha mesmo essa necessidade.

Finalmente, um alerta. Muitas vezes, no estudo da Bíblia, nos perdemos em detalhes desimportantes e pouco claros e deixamos de ver a mensagem principal, aquilo que Deus intencionou nos ensinar. Se você está preocupado com a identificação do espinho na carne de Paulo a ponto de não ter prestado atenção no que a passagem diz de forma clara, sugiro que volte lá, não mais para investigar sobre o que seria o espinho, mas para aprender o que Deus quer te ensinar através dela.

Soli Deo Gloria

Fonte: NAPEC

quinta-feira, 12 de março de 2015

Jezabel ontem e hoje


Por Pr. Silas Figueira

“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesmo se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.” Ap 2.20

“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel...”

Antes de Jesus reprovar esta mulher chamada Jezabel o Senhor reprova a igreja. Por esta igreja estar crescendo, Satanás a ataca não de fora para dentro, mas o seu interior. Enquanto Éfeso era intolerante com os falsos ensinos e com os falsos apóstolos, Tiatira era totalmente tolerante com o erro. Os líderes, de modo geral, estavam errados por não tomarem a iniciativa de advertir Jezabel e seus seguidores. A igreja tinha amor, mas não tinha sã doutrina. 

Quando, porém, a libertinagem incorpora-se à igreja, e a comunidade, por sua vez, é induzida a tolerá-la num contínuo irresponsável, sem seriedade na disciplina e sem misericórdia na restauração, a pedagogia do escândalo produz exatamente o inverso. A imoralidade e o desvio perpetuam-se, trazendo cinismo às pessoas e ao grupo como um todo, gerando ainda mais impureza, doença, destruição e morte [1]. 

Para entendermos melhor o pecado dessa igreja em relação a esta mulher, temos que conhecer a Jezabel do Antigo Testamento. A Jezabel do A.T. aparece pela primeira vez em 2Rs 16. 31. Lá o texto nos diz que ela era filha de Etbaal, rei dos sidônios, e eles eram adoradores de Baal o deus pagão da fertilidade. A adoração a esse deus pagão incluía as mais grotescas imoralidades. Os templos de Baal eram repletos de prostitutas e prostitutos. Esta mulher se casou com o Acabe rei Israel e por causa disso toda a nação passou a servir a Baal. Por esse tempo o Senhor levanta o profeta Elias para desafiar Jezabel e os seus profetas. 

O nome Jezabel quer dizer “Montão de Lixo” [2]. Para alguns esta mulher era a esposa do pastor da igreja de Tiatira. Não sabemos ao certo se esse era realmente o seu nome, tudo indica que na verdade o Senhor esta se referindo aqui a um sistema satânico, o mesmo que agiu na época de Elias fazendo com que toda a nação se afastasse de Deus. 

A segunda Jezabel estava induzindo os servos de Deus ao pecado. Pregava que os pecados da carne podiam ser livremente tolerados. A liberdade que ela pregava era uma verdadeira escravidão [3]. O apóstolo Paulo já havia alertado a igreja de Gálatas sobre o perigo de usarmos da liberdade alcançada em Cristo e utiliza-la para o pecado. Corremos o mesmo perigo quando não entendemos o que significa a verdadeira liberdade que Cristo nos deu através da Sua morte na cruz. Veja o seu alerta a esta igreja:

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13).

“... que a si mesmo se declara profetisa...”

Os profetas gozavam de alto conceito na igreja primitiva, e são mencionados em relacionamento estreito com os apóstolos (1Co 12.28; Ef 4.11). Em Rm 12.6 a profecia é a primeiro da lista dos dons do Espírito [4]. Sendo assim os profetas e as profetisas tinham grande estima no meio da igreja, ainda mais que a igreja ainda não tinha o Novo Testamento, como nós temos hoje com seu relato inspirado das palavras e dos atos de Cristo. Por isso que essa Jezabel era tão conceituada no meio da igreja, afinal de contas era dizia ser profetisa, com revelações especiais da parte de Deus que a qualificavam como mestra com autoridade. Essa é a razão pela qual há tanta gente que permanece em certos espaços religiosos sem se aperceber do engano que as envolve. São pessoas que vivem atrás de revelação e não atrás da genuína pregação da Palavra de Deus. As pessoas querem ver o milagre não importa de onde proceda esse milagre. Por isso que a igreja brasileira está como está tendo tantos líderes mal intencionados proliferando em nossa terra, pois há em nossas igrejas muitas pessoas ávidas pelo misticismo e em busca do prazer sem compromisso com a palavra de Deus. 

Muitos líderes não tem nenhuma vergonha na cara de fazer chacota com as crises que as pessoas estão passando. Muitos se aproveitam desse momento de fragilidade, seja na área emocional, profissional, familiar, na saúde para brincar com a fé dessas pessoas e arrancar delas tudo o que elas tem. Primeiro lhes arranca o dinheiro, depois lhes arrancam a fé e por fim leva essas pessoas a total bancarrota espiritual.

Temos visto isso ocorrer em todos os seguimentos da igreja que se diz evangélica, mas que a muito tempo se tornou uma servidora fiel de Satanás. Líderes que sem nenhum pudor, sem nenhum temor manipulam a Palavra de Deus para se beneficiar. São os Caifás modernos, são pessoas que se utilizam da religião para enriquecerem, são monstros cruéis, leviatãs camuflados de sacerdotes enganando o povo que anda cego em busca de um milagre. E é exatamente na crise, na fragilidade e da fragilidade humana que esses crocodilos se alimentam. Alimentam-se da dor de uma mãe que está vendo seu filho indo para as drogas, que está vendo sua filha na prostituição, um pai de família desempregado e vendo dia após dia as contas de acumularem e o alimento se acabando no armário. Aproveitam-se daquela esposa que está vendo seu casamento se acabar e esta lutando com todas as suas forças não vendo resultado o do seu esforço.

Esses crocodilos fantasiados de sacerdotes do Deus Vivo são instrumentos de Satanás vendendo os seus martelos poderosos, as suas meias milagrosas, as suas águas bentas que tudo purifica, o sal grosso, a arruda, a rosa, a toalha encharcada de suor e meleca do apóstolo. Como se diz por aí, crente não acredita em cartomante, mas adora uma revelagem, e o que mais vemos por aí são crentes buscando revelação. Esses Caifás modernos não poupam nem crianças...

Mas tudo isso ocorre porque o brasileiro é um povo místico e imediatista, querem o milagre não importa de onde venha nem quanto custa. Vivem de campanha em campanha. Quem alimenta essa máfia de crocodilos são as próprias pessoas que as buscam ávidas por ver o milagre. Muitos, é bom lembrar, são levados como ovelhas para esses matadouros, são inocentes, mas outros já são crias antigas desse sistema viciante e não sabem ou não querem sair dessa roda viva em busca das migalhas alcançadas. Eu creio que muitos ali alcançam alguns benefícios, pois Satanás é ardiloso e nós conhecemos os seus desígnios e ardis. Alguns milagres são fabricados, outros ocorrem na mente de gente que desesperadamente quer ver alguma coisa acontecer, nem que seja na vida dos outros. É uma porta de emprego que se abre, é um namorado que se arranja, é uma bênção nessa ou naquela outra área que se alcança. Mas tudo isso não procede de Deus, pois Deus não tem compromisso com os que falam em seu nome aquilo que Ele não disse e nem prometeu.

O evangelho Puro e Simples, o Evangelho transformador que trás ao coração do homem esperança, alento, renova a fé e opera o maior milagre que pode ocorrer na vida de uma pessoa que é a salvação, esse tem sido esquecido ou muito pouco procurado e por causa disso alguns tem se vendido a esse mercado das campanhas, dos atos proféticos, das unções e jejuns de Daniel.

Quantas pessoas inocentes estão sendo roubadas daquilo que é mais bonito na vida que é o prazer de servir a Deus pelo o que Ele é e não pelo o que Ele dá e faz.

“... não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.”

Essa mulher não só ensinava como também seduzia a igreja a praticar a imoralidade. O erro dela era o mesmo praticado pelos nicolaítas em Pérgamo que combinavam os ideais cristãos com a imoralidade e a idolatria. Esta mulher ensinava que os crentes não podiam cometer suicídio comercial, antes, deviam participar dos banquetes dos grêmios e comer carne sacrificada aos ídolos, bem como das festas imorais. Ela ensinava que os crentes deviam defender seus interesses materiais a todo custo. Prejuízo financeiro para ela era mais perigoso que o pecado [5]. Ela amava ao dinheiro, não a Deus. Ela tinha compromisso com Mamon e não com Jesus. Luís Wesley de Souza citando Stedman diz que “o maior e mais eficaz estratagema de Satanás, diga-se de passagem, é fazer com que os crentes verdadeiros vivam um falso cristianismo que pensam sinceramente ser autêntico”. Essa é a razão pela qual há tanta gente que permanece em certos espaços religiosos sem se aperceber do engano que as envolve [6].

Notas:

1 Souza, Luís Wesley de. Uma Igreja Sem Propósitos, Ed. Mundo Cristão, São Paulo, SP, 2004: p. 83.

2 Silva, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. Ed. CPAD, São Paulo, SP, 1985: p.45.

3 Lopes, Hernandes Dias. Apocalipse, o futuro chegou. Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005: p.104.

4 Ladd, George. Apocalipse, introdução e comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 4º reimpressão, 1989: p.41.

5 Lopes, Hernandes Dias. Apocalipse, o futuro chegou. Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005: p. 106.

6 Souza, Luís Wesley de. Uma Igreja Sem Propósitos, Ed. Mundo Cristão, São Paulo, SP, 2004: p. 85.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Teologia Bíblica e Crise de Sexualidade - Respondendo biblicamente ao movimento gay dentro da igreja


Por Albert Mohler Jr

A sociedade ocidental experimenta, atualmente, o que pode se chamar de fato uma revolução moral. O código moral de nossa sociedade e a avaliação ética coletiva acerca de uma questão particular sofreram não apenas pequenos ajustes, mas uma completa inversão. O que antes era condenado, agora, é celebrado; e a recusa a celebrar, agora, é condenada.

O que torna a presente revolução sexual e moral tão diferente das revoluções morais anteriores é que ela está acontecendo a uma velocidade absolutamente sem precedentes. As gerações anteriores experimentaram revoluções morais ao longo de décadas, até mesmo séculos. A presente revolução está acontecendo à velocidade da luz.

À medida que a igreja responde a essa revolução, devemos nos lembrar de que os atuais debates acerca da sexualidade apresentam à igreja uma crise que é irredutível e inescapavelmente teológica. A crise é equivalente ao tipo de crise teológica que o gnosticismo apresentou à igreja primitiva, ou que o pelagianismo apresentou à igreja no tempo de Agostinho. Em outras palavras, a crise da sexualidade desafia o entendimento da igreja acerca do evangelho, do pecado, da salvação e da santificação. Advogados da nova sexualidade exigem uma completa reescrita da metanarrativa da Escritura, uma completa reordenação da teologia, uma mudança fundamental em como nós pensamos o ministério da igreja.

“Transgênero” está na concordância bíblica?

Textos-prova são a primeira reação de protestantes conservadores em busca de uma estratégia de resistência e reafirmação teológica. Essa reação hermenêutica ocorre naturalmente com os cristãos evangélicos porque nós cremos na Bíblia como a inerrante e infalível Palavra de Deus. Nós entendemos, como B.B. Warfield disse, que “quando a Escritura fala, Deus fala”. Eu devo deixar claro que essa reação não é inteiramente errada, mas também não é inteiramente certa. Não é inteiramente errada porque certas Escrituras (isto é, “textos-prova”) falam acerca de questões específicas de um modo direto e identificável.

Contudo, existem óbvias limitações a esse tipo de método teológico – o que eu gosto de chamar de “reação da concordância bíblica”. O que acontece quando você lida com uma questão teológica para a qual nenhuma palavra correspondente aparece na concordância? Muitas das questões teológicas mais importantes não podem ser reduzidas meramente a encontrar palavras relevantes e seus versículos correspondentes em uma concordância bíblica. Tente encontrar “transgênero” em sua concordância. Que tal “lésbica”? Ou “fertilizaçãoin vitro”? Elas certamente não estão no final da minha Bíblia.

Não é que a Escritura seja insuficiente. O problema não é uma falha da Escritura, mas uma falha de nossa abordagem da Escritura. A abordagem-concordância da teologia produz uma Bíblia rasa, sem contexto, sem aliança ou pacto, sem uma narrativa principal – três fundamentos hermenêuticos essenciais para entender a Escritura corretamente.

Uma teologia bíblica do corpo

A teologia bíblica é absolutamente indispensável para que a igreja molde uma resposta apropriada à presente crise sexual. A igreja precisa aprender a ler a Escritura de acordo com o seu contexto, envolta em sua narrativa principal e progressivamente revelada em linhas pactuais. Nós precisamos aprender a interpretar cada questão teológica por meio da metanarrativa bíblica da criação, queda, redenção e nova criação. Especificamente, os evangélicos precisam de uma teologia do corpo que esteja ancorada no próprio desvelar do drama da redenção ao longo da Bíblia.

Criação

Gênesis 1.26-28 indica que Deus criou o homem – diferentemente do resto da criação – à sua própria imagem. Essa passagem também demonstra que o propósito de Deus para a humanidade era uma existência corporal. Gênesis 2.7 também enfatiza esse ponto. Deus criou o homem do pó da terra e, depois, soprou nele o fôlego de vida. Isso indica que éramos corpo antes de sermos pessoa. O corpo, como se vê, não é incidental à nossa personalidade. Adão e Eva recebem a comissão de multiplicarem-se e sujeitarem a terra. Os seus corpos lhes permitem, pela criação de Deus e por seu plano soberano, cumprirem aquele mandato como portadores da imagem divina.

A narrativa de Gênesis também sugere que o corpo vem com necessidades. Adão sentiria fome, então Deus lhe deu o fruto do jardim. Essas necessidades revelam, no bojo da ordem criada, que Adão é um ser finito, dependente e derivado.

Além disso, Adão teria a necessidade de companhia, então Deus lhe deu uma esposa, Eva. Tanto Adão como Eva deveriam cumprir o mandato de multiplicar-se e encher a terra com portadores da imagem divina, mediante o uso apropriado das habilidades reprodutivas com as quais foram criados. Ligado a isso está o prazer corporal que ambos experimentariam ao se tornarem uma só carne – isto é, um sócorpo.

A narrativa de Gênesis também demonstra que o gênero é parte da bondade da criação de Deus. Gênero não é meramente uma construção sociológica imposta a seres humanos que, de outro modo, poderiam negociar um número indefinido de permutas.

Ao contrário, Gênesis nos ensina que o gênero é criado por Deus para o nosso bem e para a sua glória. O gênero é planejado para o florescimento humano e é estabelecido pela determinação do Criador – assim como ele determina quando, onde e que nós devemos existir.

Em suma, Deus criou sua imagem como uma pessoa corpórea. Como seres corpóreos, recebemos do próprio Deus o dom e a mordomia da sexualidade. Nós somos feitos de um modo que testifica os propósitos de Deus a esse respeito.

Gênesis também molda toda essa discussão em uma perspectiva pactual. A reprodução humana não é simplesmente para propagar a raça. Em vez disso, a reprodução enfatiza que Adão e Eva devem multiplicar-se a fim de encher a terra com a glória de Deus refletida nos portadores de sua imagem.

Queda

A queda, o segundo movimento na história da redenção, corrompe a boa dádiva divina do corpo. A entrada do pecado traz a mortalidade ao corpo. Em termos de sexualidade, a Queda subverte os bons planos de Deus para a complementaridade sexual. O desejo de Eva é de dominar o seu marido (Gênesis 3.16). A liderança de Adão será cruel (3.17-19). Eva experimentará dor ao dar à luz filhos (3.16).

As narrativas que seguem demonstram o desenvolvimento de práticas sexuais aberrantes, desde a poligamia até o estupro, as quais a Escritura aborda com notável franqueza. Esses relatos em Gênesis são seguidos pela entrega da Lei, a qual é planejada para refrear o comportamento sexual aberrante. Ela regula a sexualidade e as expressões de gênero ao fazer pronunciamentos claros acerca da moralidade sexual, travestismo[1], divórcio e uma miríade de outras questões corporais e sexuais.

O Antigo Testamento também associa o pecado sexual à idolatria. Adoração por meio de orgias, prostituição cultual e outras horrendas distorções da boa dádiva divina do corpo são todas vistas como parte da adoração idólatra. As mesmas associações são feitas por Paulo em Romanos 1. Havendo mudado “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Romanos 1.23), e havendo mudado “a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” (Romanos 1.25), homem e mulher mudaram suas relações naturais um com o outro (Romanos 1.26-27).

Redenção

No tocante à redenção, precisamos notar que um dos mais importantes aspectos de nossa redenção é que ela vem por meio de um Salvador com um corpo. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14; cf. Filipenses 2.5-11). A redenção humana é realizada pelo Filho de Deus encarnado – que permanece encarnado eternamente.

Paulo indica que esta salvação inclui não meramente a nossa alma, mas também o nosso corpo. Romanos 6.12 fala do pecado que reina em nosso “corpo mortal” – o que implica a esperança da futura redenção corporal. Romanos 8.23 indica que parte de nossa esperança escatológica é a “redenção do nosso corpo”. Mesmo agora, em nossa vida de santificação, nós somos ordenados a apresentar o nosso corpo como um sacrifício vivo a Deus, em adoração (Romanos 12.1). Além disso, Paulo descreve o corpo redimido como um templo do Espírito Santo (1Coríntios 6.19) e, claramente, devemos entender a santificação como tendo efeitos sobre o corpo.

A ética sexual no Novo Testamento, assim como no Antigo, regula as nossas expressões de gênero e sexualidade. Porneia, a imoralidade sexual de qualquer espécie, é categoricamente condenada por Jesus e os apóstolos. Semelhantemente, Paulo claramente indica à igreja de Corinto que os pecados sexuais – pecados cometidos no corpo (1Coríntios 6.18) – são o que traz má reputação à igreja e ao evangelho, porque proclamam ao mundo que nos observa que o evangelho não possui qualquer eficácia (1Coríntios 5-6).

Nova criação

Finalmente, chegamos ao quarto e último ato do drama da redenção – a nova criação. Em 1Coríntios 15.42-57, Paulo nos aponta não apenas a ressurreição de nosso próprio corpo na nova criação, mas também o fato de que a ressurreição corporal de Cristo é a promessa e o poder dessa esperança futura. Nossa ressurreição será a experiência da glória eterna, no corpo. Esse corpo será uma continuação transformada e consumada da nossa existência corporal presente, do mesmo modo como o corpo de Jesus é o mesmo corpo que ele possuía na terra, embora absolutamente glorificado.

A nova criação não será simplesmente uma recomposição do jardim. Será melhor do que o Éden. Como Calvino observou, na nova criação, nós conheceremos a Deus não apenas como Criador, mas como Redentor – e essa redenção inclui nosso corpo. Reinaremos com Cristo corporalmente, assim como ele também está reinando corporalmente como o Senhor do cosmo.

Em termos de nossa sexualidade, embora o gênero permaneça na nova criação, o mesmo não ocorrerá com a atividade sexual. Não é que o sexo seja nulificado na ressurreição; em vez disso, ele é cumprido. A ceia escatológica de casamento do Cordeiro, para a qual o casamento e a sexualidade apontam, terá finalmente chegado. Nunca mais haverá qualquer necessidade de encher a terra com portadores da imagem divina, como era o caso em Gênesis 1. Em vez disso, a terra estará cheia do conhecimento da glória de Deus, como as águas cobrem o mar.

A indispensabilidade da teologia bíblica

A crise da sexualidade tem demonstrado o fracasso do método teológico adotado por muitos pastores. A “reação da concordância” simplesmente não pode alcançar o tipo de pensamento teológico rigoroso que se exige nos púlpitos hoje. Pastores e igrejas devem aprender a indispensabilidade da teologia bíblica e devem praticar a leitura da Escritura de acordo com a sua própria lógica interna – a lógica de uma história que se move da criação para a nova criação. A tarefa hermenêutica diante de nós é imensa, mas é também indispensável para um fiel engajamento evangélico com a cultura.

Notas:

[1]: N.T.: Usar roupas do sexo oposto.

Tradução: Vinícius Silva Pimentel 
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel

Amor e ódio de mãos dadas


Por Rev. Hernandes Dias Lopes

Amor e ódio são sentimentos antagônicos e irreconciliáveis. Estão sempre em oposição. Não podem caminhar juntos. Abraçar um é repudiar o outro. Porém, num certo aspecto, amor e ódio precisam dar as mãos. Escrevendo sua carta aos romanos, o apóstolo Paulo afirma: “O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem” (Rm 12.9). Aqui, amor e ódio não se excluem mutuamente; completam-se. Não são opositores, mas parceiros!

O amor deve ser o vetor que guia os nossos passos e inspira as nossas motivações. Sem amor, nossa voz é um barulho confuso e nossas obras são pura vaidade. Sem amor, nossas motivações são adoecidas pelo egoísmo e nossas ações são desprovidas de bondade. O amor, entretanto, precisa ser verdadeiro e não hipócrita. O que é um amor hipócrita? É aquele que se apresenta com belos discursos, mas se afasta covardemente na hora da necessidade. O amor sincero, por sua vez, é aquele cujas obras da misericórdia são os avalistas das palavras de bondade. É neste contexto que o apóstolo Paulo diz que o amor e o ódio precisam dar as mãos. Quem ama, detesta o mal e apega-se ao bem. Quem ama, não pode ser conivente com o mal nem parceiro dele. Quem ama precisa ter pulso firme para combater o mal em todo o tempo, em todo lugar e de todas as formas. O amor que se corrompe e se mancomuna com o mal é um simulacro do amor verdadeiro, uma paixão carnal que deve ser repudiada com veemência.

Mas, não basta ao amor detestar o mal. Esse é apenas um lado da moeda. É o lado negativo. Precisamos ir além. Precisamos dar mais um passo. Precisamos apegar-nos ao bem. Apegar-se ao bem, entrementes, não é defendê-lo e praticá-lo apenas ocasionalmente, mas, sobretudo, ter uma atitude firme, perseverante e consistente na defesa e na promoção do bem em todo o tempo, em todos os lugares, sob todas as circunstâncias. O pecado da omissão é mui grave aos olhos de Deus. Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz peca contra Deus, contra o próximo e contra si mesmo. Repudiar o mal sem promover o bem, condenar o erro sem praticar a justiça, refrear as mãos do erro sem estendê-las à prática das boas obras não são expressões saudáveis da fé cristã. Na mesma medida e com a mesma intensidade com que rechaçamos o mal, devemos praticar o bem. Com a mesma veemência que repudiamos o pecado, devemos buscar a santidade. Só assim, seremos o sal da terra que coíbe a corrupção da sociedade e a luz do mundo que aponta o caminho aos errantes.

Na vida do cristão, amor e ódio habitam debaixo do mesmo teto, comem na mesma mesa e se hospedam no mesmo coração: o amor ao bem e o ódio ao mal!