sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Uma cidade edificada sobre um monte





“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.14-16).

Entendida como o corpo de Cristo, a Igreja tem como obrigação iluminar o mundo, refletir o brilho de Cristo entre as nações. Ao comparar a Igreja como a luz do mundo, uma cidade edificada sobre um monte e uma candeia sobre um alqueire, Jesus descreve a importância dela como guia ou condutora dos que se encontra em trevas, dos viajantes sem um referencial.

Em outras palavras, Jesus declara que a Igreja – principalmente ao comparar com uma cidade edificada sobre um monte – não nasceu ou foi criada para viver alineada da sociedade, da planície que a rodeia. Não deve se isolar, mas assumir suas obrigações enquanto cidade/igreja-referência. É impossível esconder uma cidade sobre uma colina.

Nos últimos anos observamos o inverso: apesar do crescimento numérico, maior presença nos meios de comunicação, diversas denominações evangélicas gradualmente se afastam da sociedade, se isolam em suas liturgias, reuniões e cultos rotineiros. Não há mais diálogo com a sociedade, com a comunidade que cerca a igreja local. Criou-se um ritualismo ou clubinho religioso que não mais reflete o amor de Cristo, mas um farisaísmo alienante, sufocante. Não há, em suma, vida, luz, movimento. Quando nos isolamos dentro de quatro paredes e nos esquecemos de que há uma missão a ser cumprida, não honramos nossa chamada, nossa maior vocação, que é ser representante de Cristo, do Reino de Deus. Ser uma cidade edificada sobre o monte é ser um referencial para um mundo em decadência.

Jesus, em sua oração intercessória, não rogou ao Pai para que nos tirasse do mundo, mas para que nos livrasse do mal. ”Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (Jo 17. 15-16). Não obstante nossa morada esteja no céu (Jo 14.1-3), de onde Jesus virá nos buscar (At 1. 11; 1 Ts 4.16-18), ainda somos cidadãos do mundo; ainda trabalhamos, estudamos, compartilhamos espaços públicos e privados com pessoas das mais diversas religiões, partidos políticos, etnias, raças. Temos que conviver com as pessoas – obviamente nos mantendo longe do pecado, da imoralidade típica da pós-modernidade -, estar ao lado dos pobres e oprimidos. Como luz do mundo e cidade edificada sobre um monte, brilhamos em meio a uma geração perversa e pecadora, servindo de guia para que outros alcancem a parte mais alta do monte, onde o Messias nos espera.

Fonte: NAPEC

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Respostas a Argumentos Usados em Favor da Ordenação de Mulheres


Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes

Oferecemos aqui respostas aos argumentos geralmente empregados em favor da ordenação de mulheres para o ministério pastoral.

1. Deus não criou originalmente o homem e a mulher iguais? Qual a base, pois, para impedir que a mulher seja ordenada? 

Resposta: De fato, lemos em Gênesis 1 que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Entretanto, lemos no relato mais detalhado de Gênesis 2 que Deus lhes atribuiu papéis diferentes, dando ao homem o papel de liderar e cuidar da mulher e à mulher o papel de ser sua ajudadora, em submissão. Esta diferenciação é percebida por Paulo na ordem em que foram criados (primeiro o homem e depois a mulher, 1Tm 2.13), na forma como foram criados (a mulher foi criada do homem, 1Co 11.8) e no propósito para o que foram criados (a mulher foi criada por causa do homem, 1Co 11.9). A igualdade da criação, portanto, não anula a diferenciação de funções estabelecida na própria criação.

2. A subordinação feminina não é parte da maldição por causa da queda? E Cristo não aboliu a maldição do pecado? Por que, então, as mulheres cristãs não podem exercer o ministério em igualdade com os homens?

Resposta: Sem dúvida um dos castigos impostos por Deus à mulher foi o agravamento da sua condição de submissão. Entretanto, a subordinação feminina tem origem antes da queda, ainda na própria criação. O homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem. O homem não foi criado por causa da mulher, mas sim a mulher por causa do homem (1Co 11.8-9). Quanto à obra de Cristo, lembremos que seus efeitos não são total e exaustivamente aplicados por Deus aqui e agora. Por exemplo, mesmo que Cristo já tenha vencido o pecado e a morte, ainda pecamos e morremos. Outros efeitos da maldição impostos por Deus após a queda ainda continuam, como a morte, o sofrimento no trabalho e o parto penoso das mulheres. Além do mais, desde que os diferentes papéis do homem e da mulher já haviam sido determinados na criação, antes da queda, segue-se que continuam válidos. O que o Cristianismo faz é reformar esta relação de submissão para que a mesma seja exercida em amor mútuo e reflita assim mais exatamente a relação entre Cristo e a Igreja.

3. Há abundantes provas na Bíblia de que as mulheres desempenharam papéis cruciais, ocupando funções de destaque e sendo instrumento de bênção para o povo de Deus. Isto não prova que elas, hoje, podem ser ordenadas e exercer liderança?

Resposta: Estas provas demonstram apenas a tremenda importância do ministério feminino, mas não a existência do ministério feminino ordenado. Nenhuma destas mulheres era apóstola, pastora, presbítera ou diaconisa. Jesus não chamou nenhuma mulher para ser apóstola. As qualificações dos pastores em 1Timóteo 3 e Tito 1 deixam claro que era função a ser exercida por homens cristãos. O fato de que as mulheres sempre foram extremamente ativas e exerceram muitas e diferentes atividades e serviços na Igreja Cristã não traz como corolário que elas tenham sido, ou tenham que ser, ordenadas para tal.

4. Há evidência na Bíblia de que Hulda, Débora, Priscila e Febe eram líderes e exerciam autoridade. Isto não é prova bíblica suficiente para ordenação de mulheres?

Resposta: Há dois pontos a se ter em mente quanto ao ministério destas mulheres: (1) O fato de que a Bíblia descreve como Deus usou determinadas pessoas em épocas específicas para propósitos especiais não faz disto uma norma. Lembremos da utilíssima distinção entre o descritivo e o normativo na Bíblia. Deus usou o falso profeta Balaão (Nm 22.35). O desobediente rei Saul também profetizou em várias ocasiões (1Sm 10.10; 19.23), bem como os mensageiros que enviou a Samuel (1Sm 19.20,21). A descrição destes casos não estabelece uma norma a ser seguida pelas igrejas na ordenação de oficiais. O fato de que Deus transmitiu sua mensagem através de uma mulher não faz dela um oficial da Igreja. Há outros requisitos no Novo Testamento para o oficialato conforme lemos nas especificações explícitas que temos em 1Timóteo 3 e Tito 1.

(2) Os profetas de Israel não recebiam um ofício mediante imposição de mãos para exercer uma autoridade eclesiástica oficial. Os reis e sacerdotes, ao contrário, eram “ordenados” para aquelas funções e as exerciam com autoridade. Não há sacerdotisas “ordenadas” em Israel, pelo menos nas épocas onde prevalecia o culto verdadeiro. Hulda foi uma profetiza em Israel, recebendo consultas em sua casa (2Re 22.13-15). A mesma coisa pode ser dita de Débora, que foi juíza em Israel numa época em que não havia reis e nem o sacerdócio funcionava, quando todos faziam o que parecia bem aos seus olhos. Seu ministério foi uma denúncia da fraqueza e falta de coragem dos homens daquela época (Jz 4.4-9; compare com Is 3.12). Sobre Priscila, sua liderança parece evidente, porém menos evidente é se ela era pastora ou presbítera. Quanto à Febe, ver a pergunta sobre ela mais adiante.

5. Podemos afirmar que o patriarcado, conforme o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, é uma instituição nociva e perversa que denigre, inferioriza e humilha a mulher?


Resposta: O patriarcado, como o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, não é simplesmente uma afirmação da masculinidade, não é jamais sinônimo de domínio macho ou um sistema de valores no qual o homem trata a mulher com descaso, desvalorizando-a e super valorizando-se. Muito menos sinônimo de exploração e domínio, como afirma o feminismo. Patriarcado é o sistema no qual os pais cuidam de suas famílias. A imagem do pai no Velho Testamento não é primariamente daquele que exerce autoridade e poder, mas do amor adotivo, dos laços pactuais de bondade e compaixão. Somente nas Escrituras hebraicas podemos encontrar um Deus Pai Todo-Poderoso e Todo-Bondoso. Os patriarcas refletem a paternidade de Deus, ainda que muito pobremente. O Deus dos Hebreus não é como os deuses masculinos irresponsáveis das culturas pagãs das cercanias de Israel, porque ele jamais abandona os filhos que gera, antes, deles cuida. Os patriarcas seguem o exemplo de Deus. Naquela cultura ensinava-se ao homem judeu que ele não era simplesmente um animal, agressivo, assertivo e violento, mas pai, cuja agressividade deveria ser transformada pela responsabilidade, que haveria de manifestar a gentileza e o cuidado pelos filhos e a expressão da completa masculinidade, que haveria de se unir com o ser feminino e o mundo feminino da família, ainda que mantivesse a separação necessária para o exercício da autoridade. O machismo é uma versão deturpada de alguns aspectos do patriarcado, e oprime as mulheres. Devemos lutar contra o machismo, e não deixar de reconhecer a verdade sobre o patriarcado.

6. Febe não era uma diaconisa, conforme Romanos 16.1-2? Isto não prova que as mulheres podem exercer autoridade eclesiástica na Igreja?


Resposta: Temos de considerar os seguintes aspectos.

(1) Não é claro se Febe era realmente uma diaconisa. Muito embora no original grego Paulo empregue o termo “diácono” para se referir a ela, lembremos que este termo no Novo Testamento nem sempre significa o ofício de diácono. Pode ser traduzido como servo, ministro, etc. Portanto, nossa tradução “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia” é perfeitamente possível e não é uma tradução preconceituosa.

(2) Mesmo que houvesse diaconisas na Igreja apostólica, é certo que elas não exerceriam qualquer autoridade sobre as igrejas e sobre os homens – a presidência era dos presbíteros, cf. 1Tm 5.17; o trabalho delas seria provavelmente com outras mulheres (Tt 2.3-4) e relacionado com assistência aos pobres. É interessante que a primeira referência que existe na história da Igreja sobre o trabalho de mulheres, diz assim: “A mulher deve servir às mulheres” (Didascalia Apostolorum). Isto queria dizer que elas instruíam as outras que iam se batizar, ajudavam no enterro de mulheres, cuidavam das pobres e doentes. Não há qualquer indício de que tais mulheres eram ordenadas para o exercício da autoridade eclesiástica.

7. O que fazer quando mulheres possuem visão pastoral, liderança, habilidades para o ensino ou capacidade administrativa, dons de evangelismo ou profecia?

Resposta: Que exerçam estas habilidades e dons dentro das possibilidades existentes nas Igrejas. Elas não precisam ser ordenadas para desenvolver seus ministérios e manifestar seus dons.

8. A resistência em ordenar mulheres hoje não decorre da reafirmação através dos séculos da inferioridade da mulher, feita por importantes teólogos e líderes da Igreja?

Resposta: A Igreja deve andar pelo ensino das Escrituras Sagradas. Se teólogos e líderes antigos defenderam idéias erradas sobre a inferioridade da mulher, cabe à Igreja corrigi-las à luz das Escrituras, que mostram que Deus criou o homem e a mulher iguais. Porém, corrigir os erros dos antigos neste ponto não significa ordenar mulheres, pois aí estaríamos cometendo um outro erro. Certamente as mulheres não são e nunca foram inferiores aos homens, mas daí a abolirmos os papéis distintos que lhes foram determinados por Deus na criação vai uma grande distância.

9. Existe algum texto na Bíblia que diga claramente “é proibido que as mulheres sejam ordenadas ao ministério”?

Resposta: Nenhuma das passagens usadas contra a ordenação feminina diz explicitamente que mulheres não podem ser ordenadas ao ministério. Entretanto, todas elas impõem restrições ao ministério feminino, e exigem que as mulheres cristãs estejam submissas à liderança cristã masculina. Essas restrições têm a ver primariamente com o ensino por parte de mulheres nas igrejas. Já que o governo das igrejas e o ensino público oficial nas mesmas são funções de presbíteros e pastores (cf. 1Tm 3.2,4-5; 5.17; Tt 1.9), infere-se que tais funções não fazem parte do chamado cristão das mulheres. Ainda, se o argumento do silêncio for usado, ele se vira contra a ordenação feminina, pois não há texto algum que diga que as mulheres devem ser ordenadas ao ministério da Palavra e ao governo eclesiástico, enquanto que as Escrituras atribuem ao homem cristão o exercício da autoridade eclesiástica e na família.

10. Se as mulheres recebem os mesmos dons espirituais que os homens, não é uma prova de que Deus deseja que elas sejam ordenadas ao ministério?

Resposta: Não. As condições para o oficialato na Igreja apostólica estão prescritas em 1Timóteo e Tito 1. Percebe-se que o dom do ensino é apenas um dos requisitos. Há outros, como por exemplo, governar a própria casa e ser marido de uma só mulher, que não podem ser preenchidos por mulheres cristãs, por mais dons que tenham.

11. O ensino de Paulo sobre as mulheres na Igreja se aplica hoje? Não estava ele influenciado pela cultura daquela época, que era muito diferente da nossa?

Resposta: É necessário fazer a distinção entre o princípio teológico supra cultural e a expressão cultural deste princípio. Há coisas no ensino de Paulo que são claramente culturais, como a determinação para o uso do véu em 1Coríntios 11. Porém, enquanto que o uso do véu é claramente um costume cultural, ao mesmo tempo expressa um princípio que não está condicionado a nenhuma cultura em particular, que é o da diferença funcional entre o homem e a mulher. O que Paulo está defendendo naquela passagem é a vigência desta diferença no culto público — o véu é apenas a forma pela qual isto ocorreria normalmente em cidades gregas do século I. Notemos ainda que Paulo defende a participação diferenciada da mulher no culto usando argumentos permanentes, que transcendem cultura, tempo e sociedade, como a distribuição ou economia da Trindade (1Co 11.3) e o modo pelo qual Deus criou o homem (1Co 11.8-9).

12. Paulo escreveu suas cartas para atender a problemas locais e específicos. Como podemos aplicar hoje o que Paulo escreveu, se a situação e o contexto são diferentes?

Resposta: Quase todos os livros do Novo Testamento foram escritos em resposta a uma situação específica de uma ou mais comunidades cristãs do século I, e nem por isto os que querem a ordenação feminina defendem que nada do Novo Testamento se aplica às igrejas cristãs de hoje. A carta aos Gálatas, por exemplo, onde Paulo expõe a doutrina da justificação pela fé somente, foi escrita para combater o legalismo dos judaizantes que procuravam minar as igrejas gentílicas da Galácia, em meados do século I. Ousaríamos dizer que o ensino de Paulo sobre a justificação pela fé não tem mais relevância para as igrejas do final do século XX, por ter sido exposto em reação a uma heresia que afligia igrejas locais no século I? O ponto é que existem princípios e verdades permanentes que foram expressos para atender a questões locais, culturais e passageiras. Passam as circunstâncias históricas, mas o princípio teológico permanece. Assim, o comportamento inadequado das mulheres das igrejas de Corinto e de Éfeso, às quais Paulo escreveu determinando que ficassem caladas na Igreja, foi um momento histórico definido, mas osprincípios aplicados por Paulo para resolver os problemas causados por estas atitudes permanecem válidos. Ou seja, o ensino de que as mulheres devem estar submissas à liderança masculina nas igrejas e na família, sem ocupar posições de liderança e governo, é o princípio permanente e válido para todas as épocas e culturas.

13. Onde está na Bíblia que somente homens podem ser pastores, presbíteros e diáconos?

Resposta: Os textos mais explícitos da Bíblia são Atos 6.1-7; 1Timóteo 2.11-15; 1Coríntios 14.34-36 e 1Coríntios 11. 2-16. Algumas destas passagens foram analisadas com mais profundidade em outra parte deste caderno. Além disto, a relação intrínseca entre a família e a Igreja mostra que aquele que é cabeça na família (Efésios 5.21-33) também deve exercer a liderança na Igreja.

14. Onde está na Bíblia que os homens devem ser o cabeça da família?

Resposta: Há diversas passagens no Novo Testamento onde se trata dos papéis do homem e da mulher na família: Efésios 5.21-33; Colossenses 3.18-19; 1 Pedro 3.1-7; Tito 2.5. Em todos eles, a liderança da família é atribuída ao homem.

15. Os argumentos usados hoje para defender a submissão da mulher não são os mesmos usados no século passado por muitos cristãos para defender a escravidão?

Resposta: O fato de que no passado a Bíblia foi usada de forma errada para defender a escravidão não significa que a defesa da subordinação feminina seja igualmente feita de forma errada. Não devemos pensar que a relação entre o homem e a mulher na família e na igreja está no mesmo pé de igualdade que a escravidão. Primeiro, os papéis distintos do homem e da mulher estão enraizados na própria criação, enquanto que a escravidão não está. Segundo, o fato de que Paulo faz recomendações aos escravos cristãos para que sejam bons escravos não significa que ele aprovava a escravidão. Na verdade, as recomendações que ele dá aos cristãos que eram donos de escravos já traziam embutidas a idéia da dissolução do sistema de escravidão (Fm 16; Ef 6.9; Cl 4.1; 1Tm 6.1-2).

16. Havia uma mulher chamada Júnias que Paulo considera como apóstola, em Romanos 16.7. Se havia apóstolas, por que não pastoras, presbíteras e diaconisas? 

Resposta: A passagem diz o seguinte: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim” (Rm 16.7). Não é tão simples assim deduzir que Júnias era uma apóstola. Há várias questões relacionadas com a interpretação deste texto. Júnias é um nome masculino ou feminino? Existe muita disputa sobre isto, embora a evidência aponte para um nome masculino. Outra coisa, a expressão “notável entre os apóstolos” significa que Júnias era um dos apóstolos, já antes de Paulo, e um apóstolo notável, ou apenas que os apóstolos, antes de Paulo, tinham Júnias em alta conta? A última possibilidade é a mais provável. Em última análise, só podemos afirmar com certeza, a partir de Romanos 16.7, que, quem quer que tenha sido, Júnias era uma pessoa tida em alta conta por Paulo, e que ajudou o apóstolo em seu ministério. Não se pode afirmar com segurança que era uma mulher, nem que era uma “apóstola”, e muito menos uma como os Doze ou Paulo. A passagem não serve como evidência bíblica para a ordenação feminina no período apostólico. E essa conclusão está em harmonia com o fato de que Jesus não escolheu mulheres para serem apóstolos. Não há nenhuma referência indisputável a uma “apóstola” no Novo Testamento.

17. O Novo Testamento diz que, em Cristo, não há homem nem mulher, todos são iguais diante de Deus (Gl 3.28). Proibir as mulheres de serem oficiais da Igreja não é fazer uma distinção baseada em sexo?

Resposta: Não se pode discordar de que o Evangelho é o poder de Deus para abolir as injustiças, o preconceito, a opressão, o racismo, a discriminação social, bem como a exploração machista. E nem se pode discordar de que Cristo veio nos resgatar da maldição imposta pela queda. A pergunta é se Paulo está falando da abolição da subordinação feminina e de igualdade de funções nesta passagem. Está o apóstolo dizendo que as mulheres podem exercer os mesmos cargos e funções que os homens na Igreja, já que são todos aceitos sem distinção por Deus através de Cristo, pela fé? Entendemos que a resposta é não. Gálatas 3.28 não está ensinando a igualdade para o exercício de funções, mas a unidade de todos os cristãos em Cristo. Veja a análise desta passagem acima.

18. O conceito da submissão feminina ensinado na Bíblia não acarreta inevitavelmente o conceito de que o homem é melhor e superior à mulher?

Resposta: Infelizmente muitos têm chegado a esta conclusão, mas ela certamente é equivocada. O ensino bíblico é que Deus criou homem e mulher iguais porém com diferentes atribuições e funções. A Bíblia ensina que Deus tem autoridade sobre Cristo, Cristo tem autoridade sobre o homem, e o homem tem autoridade sobre a mulher. É uma cadeia hierárquica que começa na Trindade e continua na igreja e na família. Podemos inferir (guardadas as devidas proporções) que, da mesma forma como a subordinação de Cristo ao Pai não o torna inferior — como afirma a fé reformada em sua doutrina da Trindade — a subordinação da mulher ao homem não a torna inferior. Assim como Pai e Filho, que são iguais em poder, honra e glória, desempenham papéis diferentes na economia da salvação (o Filho submete-se ao Pai), homem e mulher se complementam no exercício de diferentes funções, sem que nisto haja qualquer desvalorização ou inferiorização da mulher. Em várias ocasiões o Novo Testamento determina que os crentes se sujeitem às autoridades civis (Rm 13.1-5; 1 Pe 2.13-17). Em nenhum momento, entretanto, este mandamento implica que os crentes são inferiores ou têm menos valor que os governantes. Igualmente, os filhos não são inferiores aos seus pais, simplesmente porque devem submeter-se à liderança deles (Ef 6.1). O conceito de subordinação de uns a outros tem a ver apenas com a maneira pela qual Deus estruturou e ordenou a sociedade, a família e a igreja.

19. Em 1Timóteo 3.11, ao descrever as qualificações do diácono, Paulo se refere às mulheres: “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Este versículo não prova que havia diaconisas nas igrejas apostólicas?

Resposta: Não necessariamente. Esta passagem tem sido entendida de diferentes modos: (1) Paulo pode estar se referindo às mulheres dos diáconos (Calvino). Porém, ele emprega para elas a expressão “é necessário” (1Tm 3.11), que foi a mesma que empregou para os presbíteros (3.2) e os diáconos (3.8), ao descrever suas qualificações. Logo, não nos parece que o apóstolo se refira às mulheres dos diáconos. (2) Paulo pode estar se referindo à todas as mulheres da igreja; entretanto, é bastante estranho que ele tenha colocado instruções para todas as mulheres bem no meio das instruções aos diáconos! (3) Paulo pode estar se referindo às assistentes dos diáconos, mulheres piedosas, que prestavam assistência em obras de misericórdia aos necessitados das igrejas (Hendriksen). (4) Paulo se referia à diaconisas. Porém, é no mínimo estranho que Paulo não empregou o termo apropriado para descrever a função delas (diaconisas), já que ele vinha falando de presbíteros e diáconos. A opção 3 nos parece a melhor e mais provável: havia mulheres piedosas nas igrejas apostólicas, não ordenadas como “diaconisas”, que ajudavam os diáconos nas obras de misericórdia, trabalhando diretamente com as mulheres carentes e necessitadas. É a estas que Paulo aqui se refere.

HELP..., ESTOU ESCANDALIZADO!


Por Fabio Campos

Texto base: “E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar”. (Mc 9.42 AFC)

De fato, a cada dia fico mais escandalizado com as “aberrações gospel”! É tanta heresia, que o povo perdeu sua capacidade de senso crítico que a Bíblia manda ter por virtude (1 Jo 4.1). Diante disso tudo, minha conclusão: “sou fraco na fé e me escandalizo com os ‘ditos fortes’ no ‘poder de Deus’”. Podemos definir “escandalizar” neste contexto com aquilo que é “pedra de tropeço” ou que “induz ao erro”; ou também “o que pode ferir a consciência de uma pessoa afetando seu relacionamento com Deus”. Pois é, estou escandalizado com vocês que pregam heresias!

Aos “senhores” que dizem “não toqueis no ungido”, saibam que a preocupação de Jesus não é com vocês, mas com os “pequeninos”. Está claro: “Aí daquele que escandalizar qualquer um desses pequeninos que creem em mim”. Muito cuidado com aqueles que têm a fé do tamanho de um grão de mostarda! Jesus não está nem aí para vocês que ostentam o seu “título eclesiástico inventado” para auferir uma posição “especial” para com Deus perante os homens. Ou vocês não conhecem as Escrituras ou finge que não as conhecem ( Jo 1.12).

Vocês que dizem ter essas “revelações” que são contrários aos ensinamentos bíblicos (1 Co 4.6) - que gostam da “batalha espiritual esotérica” - que são ávidos por títulos pelo qual dão destaque perante os outros; vocês que negam o Senhor pelas atitudes e que centralizam o poder na figura daquele que se auto denomina “profeta”; é, vocês mesmos!; Vocês que gostam de cultuar a personalidade dos líderes e taxam os outros que discordam de tais posturas com base bíblica de rebeldes; digo: Vocês me escandalizam e atrapalham minha fé que deveria ser “pura, inocente, e simples no Senhor Jesus. Pedra de tropeço são vocês!

As pessoas dizem “cuidado com o que você fala”. De fato, temos que nos policiar naquilo que declaramos. Entretanto, o problema é que alguns que falam isso não se escandalizam com as baboseiras ditas nos púlpitos. A heresia é do diabo e não existe nada mais nocivo a fé do que o seu fermento. Basta um pouco para nunca mais conseguir arranca-lo de toda a massa. E cresce, hein, como cresce os falsos ensinos! Os mestres fazem suas “panelas”! A pregação genuína do Evangelho incomoda seus ouvidos! Desculpa a fraqueza, mas prefiro que um irmão caia em pecado do que em apostasia devido a heresia. Vemos muitos casos de pessoas que retornaram ao Evangelho por ter cedido a “paixão da carne”; o que é raro quando alguém se desvia por causa de “heresias” e de “usos e costumes”.

Socorro! Ajudem-me! Me escandalizo com tudo aquilo que não se enquadra à “Sã Doutrina”, e por causa disso, minha consciência é afetada. Por amor a Deus e para com este fraco na fé [eu], não preguem aquilo que é contrário as Escrituras dizendo ter elas por base.

Desde já agradeço por não ser pedra de tropeço na minha vida!

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Face a face

FB1

Por Maurício Zágari

Fico imaginando como seria se Deus decidisse se relacionar com a humanidade pelo Facebook. Os tempos mudaram, afinal, e hoje em dia há quem diga ser impossível não fazer parte da comunidade dos que têm Face (pronuncia-se “fêisse”). Todo mundo tem Face e, se “todo mundo tem”, diz a lógica dos nossos tempos que “todo mundo tem que ter”. Essa torna-se, então, uma razão irrefutável para que o Altíssimo também tenha. Assim, Deus, certo dia, decide que precisa ingressar na pós-modernidade e criar um perfil no Face, para não ficar deslocado. Claro que isso traria uma mudança na forma de ele se relacionar com a humanidade, pois, se essa página de web conseguiu mudar a forma de milhões de pessoas se relacionarem umas com as outras, por que não mudaria também a do Todo-poderoso? Com base no que tenho visto acontecer ao meu redor, proponho fazermos um exercício de imaginação para tentar visualizar como seria a entrada do Senhor nas redes sociais. Você já vai entender por quê.

Para começar, acabariam as orações e a leitura da Bíblia. Porque esses são os meios que Deus criou para ter relacionamento e criar intimidade com a humanidade: nós falamos com ele pela oração; ele fala conosco pela Palavra. Mas, com o Face, isso não ocorrerá mais. Oração e Bíblia tornam-se meios antiquados de dialogar. O Senhor decretaria, então, que quem quisesse falar com ele teria de mandar um scrap e esperar que o Altíssimo postasse uma resposta na linha do tempo. Jeová agora seria um de nós, trocando ideias on-line: um Deus da moda, antenado. Claro que isso nos afastaria dele, tornaria nossos contatos muito menos pessoais, mas… quem se importaria? Com o advento das redes sociais, em grande parte as pessoas já não se telefonam mais mesmo, não se visitam mais, não mandam cartões no Natal, fazem tudo pelo Face: convites de aniversários, marcação de encontros, votos de parabéns em datas festivas… não se gasta mais tanto tempo conversando, afinal. É só postar umas palavrinhas ali e está resolvido. Então, como já estamos acostumados a essa nova maneira de relacionamento, quando Deus passar a interagir assim conosco não estranharemos muito. Seria até uma economia de tempo: em vez de uma hora de joelhos, um scrap resolveria tudo. Vigílias, cultos de intercessão, madrugadas orando… tudo cairia no esquecimento. Um scrap só e pronto. Um novo tempo. Tem funcionado conosco, por que não funcionaria com Deus? Peraí… tem funcionado, não tem?

Outra consequência de o Senhor passar a se relacionar com a humanidade pelo Face é que isso simplificaria em enormes proporções a adoração. Em vez de passarmos 40 minutos de um culto louvando ao Senhor, tudo o que precisaríamos fazer seria escrever um comentário numa postagem dele. E o que escreveríamos seria algo que, no mundo virtual, parece servir para dizer absolutamente tudo: “Lindo!”. É interessante isso, porque “Lindo!” passou a significar qualquer coisa, já reparou? Você põe uma foto sua com seu carro novo e vinte amigos escrevem “Lindo!”. Ou você publica uma foto das suas unhas com a cor nova do seu esmalte. O que todos têm a dizer? “Linda!” Festa de amigo oculto do pessoal do seu trabalho ou da escola: “Lindos!” Viagem de férias: “Lindo!”. Você abraçado com seu cachorro novo: “Lindos!”. Sua filha vestida de Rapunzel: “Linda!”. E por aí vai. Todos os outros adjetivos do vernáculo parecem ter sido abolidos graças ao Facebook, mas “Lindo!” ganhou um profundo e abrangente significado. Ao mesmo tempo não significa nada mas significa tudo. Então, como todo mundo já entende essa nova forma de comunicar, para que desperdiçar um tempo precioso falando que o Senhor é onipotente, onisciente, onipresente, justo, bondoso, amoroso, fiel, maravilhoso, gracioso, eterno, rei, soberano, altíssimo, esplendoroso, forte, misericordioso, compassivo, amigo, restaurador, regenerador, disciplinador, cuidadoso, pacificador e tantas e tantas outras coisas… se bastaria pôr nos comentários um “Lindo!”?

Haveria muitas outras vantagens da entrada de Deus no Face. Quando ele iluminasse algum pregador para proclamar uma mensagem à igreja, a coisa seria infinitamente mais simples. Repare: o pastor publicaria na linha do tempo do Senhor a pregação, que, naturalmente, teria no máximo três parágrafos (pois na internet ninguém tem paciência de ler textos maiores do que isso). Aí, quando você chegasse ao final, sabe o que teria de fazer? Nada mais de se derramar em lágrimas, orar em contrição por longos períodos, passar um tempo refletindo sobre o que foi pregado, mudar de atitude… nada dessas coisas antiquadas, ultrapassadas. O ouvinte (no caso, o leitor) da mensagem simplesmente curtiria o texto. Olha que prático! “Curtir” resolve tudo. Assim como o “Lindo!”, “curti” não explica muito bem o que se quer dizer, mas sugere superficialmente uma certa simpatia por aquilo que foi postado. Nem é preciso dizer algo, basta clicar no botão “curtir” e… voilà! Seja lá o que “curti” signifique, fato é que fecha a questão. “Arrependa-se dos seus pecados!”: curti. “Ame o próximo”: curti. “Perdoe quem te fez mal”: curti. “Jesus está voltando”: curti. “Deus é amor”: curti. “Negue-se a si mesmo”: Hmmm… isso eu não curti muito não.


Outra vantagem da adesão do Divino ao Face seria que, finalmente, Deus não precisaria se dedicar muito tempo a longos processos de transformação na vida de uma pessoa: bastaria postar uma frase de efeito. Jesus fez grandes discursos para dizer o que queria quando caminhou sobre a terra, mas, agora, basta pegar uma daquelas frases feitas de famosos, emolduradas num visual legal, e postar. Assim, o Todo-poderoso não levantaria profetas, mas postaria uma frase de Cazuza ou Clarice Lispector, dizendo algo como “Você foi feito para voar, abra as asas e se lance no vazio”. Ao ler isso, sua vida nunca mais seria a mesma. Ou “O amor é uma estrada de mão única” e pronto, todo os problemas da sua vida afetiva estariam resolvidos. Autoajuda e frases feitas seriam a nova tônica do Deus 2.0. Profundidade e reflexão para que, se uma frase resolveria tudo e você poderia “curtir” ao final?

E o Diabo? Como ficaria diante da modernização do Todo-poderoso? Como é um imitador, naturalmente ele criaria um perfil fake do Senhor, para tentar enganar, se possível, até os escolhidos. Contra ele, então, nada mais de exorcismos, oração, jejum, Palavra, nada disso. Bastaria formalizar uma reclamação junto à ouvidoria do Face e o Maligno não acabaria mais seus dias no lago de fogo e enxofre, mas teria seu perfil bloqueado pelo Facebook. Você consegue imaginar algum castigo mais terrível e assustador?

Infelizmente o Senhor não poderia dar acesso a ninguém ao seu álbum de fotos do Face. Afinal, fotografias em redes sociais têm como um de seus principais objetivos mostrar para os outros como nós somos (ou desejamos aparentar ser) incessantemente felizes e irremediavelmente sorridentes, mas, para Deus, isso não seria muito útil. Que vantagem haveria para o Senhor postar, por exemplo, uma foto dele nadando numa lagoa em Ibitipoca? Ou abraçado aos amigos na festa de casamento? Não faz muito o estilo de Jeová. O mais provável é que ele publicaria fotos relevantes, como de Jesus sendo torturado e pregado numa cruz, dos mártires sendo estraçalhados por leões no Coliseu, dos missionários cristãos sendo mortos hoje em dia na Indonésia, dos irmãos da China sendo presos e torturados por pregar o evangelho, e outras realidades do gênero. Só que esse tipo de fotos não combina muito com a felicidade que todos buscamos encontrar e exibir no Face, por isso teriam tão poucas curtidas que nem valeria a pena publicar. Já Jesus sorrindo, empolgado, abraçado aos apóstolos na festa das bodas de Caná… ah, isso sim! E todos nós escreveríamos nos comentários da foto: “Lindos!”.

Pensemos:

A Bíblia diz em Êxodo 33.11: “Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo”. Hoje em dia esse versículo soa defasado. Não se fala mais com os amigos face a face, mas “fêisse” a “fêisse”. O modo que o Senhor escolheu para se relacionar com seu amigo Moisés está caindo em desuso – e não creio que seja por razões divinas, mas sim humanas. Bem humanas, aliás. Em Peniel, Jacó viu o Todo-poderoso face a face e sua vida foi salva (Gn 32.30); atualmente Jacó teria recebido um inbox. Se isso salvaria sua vida ou não só Deus sabe. Confesso que o prejuízo ao contato humano causado pelo advento do Facebook e das demais redes sociais me deixa entre o triste e o melancólico. Em especial porque vejo na Bíblia que uma das maiores alegrias do cristão está na oportunidade de estar face a face – com Deus, com o próximo, com verdades eternas. “Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face” (1Co 13.12).

Nesta vida, o que mais podemos desejar é dizer como Jó: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.5). Isso nada mais é que ter intimidade com Deus, o alvo principal de nossa existência. E, na eternidade, o que poderíamos desejar mais do que o cumprimento de Salmos 11.7: “Os retos lhe contemplarão a face”? Pois, no final, “Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face” (Ap 22.4). É impressionante como a Bíblia valoriza o estar face a face, você já percebeu isso? A presença, o contato, o olho no olho sempre são apresentados nas Escrituras como o padrão mais elevado e desejável.

Estar face a face é uma necessidade do cristão. Já estar no Face… sei lá, em dois mil anos de cristianismo não me parece ter sido tão essencial assim. Apesar de o marketing da empresa Facebook ter conseguido convencer as multidões de que não estar no Face é algo como não fazer parte da raça humana, isso não passa de propaganda enganosa. Como neste mundo o capitalismo, em geral, vence os bons argumentos, o Facebook e as redes sociais são um fenômeno de nossos tempos e devem durar ainda um bom período – quem se importa se o Face desumaniza as relações se, em um trimestre, seu faturamento com publicidade chega a US$ 1,24 bilhão? Enquanto o dinheiro entra, não se costuma fazer muitos questionamentos. E não será um blogueiro como eu que mudará isso. Aliás, quem critica práticas que as pessoas adoram passa a ser visto como um chato antiquado – afinal, o Face te ajuda a reencontrar amigos de infância, quem ousaria dizer algo contra um argumento imbatível desses?!

O Orkut, o Second Life e o MSN morreram, daqui a um tempo o Face também vai passar, mas não tenho nenhuma dúvida de que novas formas de comunicação superficial surgirão. E que fique claro: esses softwares em si não representam nenhum problema, são só brinquedinhos de gente grande. Mas a forma como os temos usado revela muito sobre quem nós somos, como vemos a vida, o que valorizamos e como nos relacionamos com o próximo. Queremos ser vistos, ganhar popularidade, expor nossas alegrias para o mundo, compartilhar nossa vida, fuxicar a vida alheia e fazer parte de alguma comunidade (por mais impessoal e superficial que ela seja). Tudo isso são anseios do ser humano, que fazem parte da nossa natureza. O problema é: como os expressamos?

Sim, me chame de careta, antiquado ou o que for. Mas o fato é que sinto saudades de as pessoas se telefonarem para perguntar como estão e gastarem um tempo na velha e embolorada arte do diálogo. De quererem desejar feliz aniversário com um abraço apertado em vez de um scrap. De gastarem horas e horas batendo papo. Sinto falta do cheiro de gente, sabe? Meu notebook tem um calor muito pouco humano e ele é desajeitado na hora de enxugar minhas lágrimas. Tampouco consigo enxugar as de ninguém pelo inbox. E, por mais que eu passe tempo com meu iPad, o mal-educado não me responde…

Poucos anos atrás, antes da febre das redes sociais, era comum se receber dezenas de telefonemas no Natal, quando não visitas pessoais. Eu, particularmente, este ano recebi um telefonema só. Um. Tento lembrar qual foi a última vez que alguém bateu na porta da minha casa, dizendo “Oi, vim te visitar”. Isso acontecia com muita frequência no passado, mas, na era da desumanização, foge-me da lembrança quando isso ocorreu pela última vez. Como não estou no Facebook, já algumas vezes conhecidos vieram me cobrar porque não compareci a um determinado evento. Quando digo que não fui convidado, invariavelmente escuto um “mas eu postei o convite no Face”. Hm. Isso sem falar das vezes em que você sai com amigos e eles não desgrudam os olhos de seus iPads e iPhones, antenados ao onipresente Face. Dá vontade de gritar: “Alo-ou, estou aqui!”. Comunhão é um conceito essencial ao cristianismo, mas que está sendo grandemente transformado graças ao advento das redes sociais. Em minha opinião, para pior. Aonde isso vai nos levar enquanto seres humanos… só Deus sabe.

Você não precisa chegar ao extremo de abandonar as redes sociais, como eu fiz. Mas seria extremamente útil refletir sobre de que modo elas têm afetado sua humanidade e sua espiritualidade. A pergunta que deve nortear sua reflexão é: você gostaria que Deus priorizasse o relacionamento com você pelo Face? A resposta a isso leva automaticamente a outra pergunta: se sua resposta foi “não”, por que mesmo deveria ser diferente com o seu próximo?

Como eu disse no início deste texto, hoje em dia há quem diga ser impossível não fazer parte da comunidade dos que têm Face. Em outras palavras, parece ter se tornado impossível viver restrito ao contato humano que seja de fato humano, próximo e… face a face. Felizmente, “para Deus não haverá impossíveis” (Lc 1.37).

Voz. Cheiro. Olho no olho. Lágrima. Sorriso. Abraço. Beijo. Carinho. Desculpem, não quero perder nada disso, porque ser gente que se relaciona com gente, que toca gente, que sente calor humano… é bom demais. E tudo o que nos rouba qualquer uma dessas coisas arranca um pedaço daquilo que faz de nós seres criados à imagem e semelhança de Deus.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

QUANDO AS TREVAS NOS CERCAM





Por Pr. Silas Figueira

Texto base Jonas 1.17, 2.1-10

INTRODUÇÃO

Jonas foi comissionado para ir a Nínive pregar, ou, avisar que o fim daquele povo estava próximo, pois a sua malícia havia chegado aos céus (Jn 1.2). É interessante observar que tanto o bem, quanto o mal que uma pessoa ou mesmo uma nação pratica - e isso independentemente se ser cristã ou não - sobe até aos céus. A Bíblia nos dá vários exemplos disso. Por exemplo, Amós denuncia o pecado de seis nações gentílicas antes de pronunciar julgamento sobre Judá e Israel, ou seja, o pecado não fica impune diante de Deus. Como disse o apóstolo Paulo aos Colossenses 3.25: "pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas". 

Por isso, eu gostaria de destacar aqui, em nível de introdução, que tanto a maldade quanto a bondade que uma pessoa pratica chega até aos céus, mesmo de quem não conhece a Deus. A maldade de Nínive, por exemplo, havia chegado aos céus, mas a bondade do centurião Cornélio também (At 10.1-4). Em ambos os casos o Senhor enviou pessoas para pregar a palavra de salvação, dando assim a oportunidade para o arrependimento. 

Para Nínive o Senhor envia Jonas. Para casa de Cornélio o Senhor envia Pedro. Pedro está em Jope, quando tem uma revelação de Deus, e em obediência a palavra do Senhor vai à casa de Cornélio. Jonas quando chega a Jope pega um navio que ia para Társis em desobediência a ordem do Senhor. 

Na casa de Cornélio todos se convertem ao Senhor, no navio em que se encontrava Jonas também houve conversão em massa - não porque Jonas prega a palavra de arrependimento, mas por ter falado a verdade a cerca de Deus e de ser ele o causador da tempestade. Pedro retorna da casa de Cornélio e explica a Igreja de Jerusalém o que o Senhor havia feito na casa de um gentio; no entanto, após a conversão dos marinheiros, Jonas pede para ser lançado ao mar. Quanta diferença entre esses dois servos de Deus. Ordens iguais - ir aos gentios. Reações diferentes diante dessa ordem. Um se alegra com a conversão dos gentios, o outro continua obstinado em não obedecer a Deus.

Voltemos a nossa atenção a Jonas. Jonas ao se ver responsável por aquele mal, pede para ser lançado ao mar (Jn 1.12), pois para ele a morte era melhor que ir a Nínive. Ele reconhece que é o responsável pelo o que estava acontecendo, mas mesmo assim não se arrepende. Jonas é um homem obstinado em dizer não para Deus. Como se pudéssemos fazer isso. Como escreveu Paulo aos Romanos: "Pois quem jamais resistiu a Sua vontade?" (Rm 9.19b). Deus é soberano, e o que Ele determinou há de se cumprir. Jonas, no entanto, não havia aprendido isso ainda. 

Olhando esse ocorrido na vida de Jonas, podemos aprender algumas lições importantes para nossa vida.

1 - A primeira lição que aprendo é que muitas vezes, quando estamos longe do Senhor, Ele permite que sejamos tragados pela calamidade (Jn 1.17).

Jonas havia desistido de Deus e de sua missão, mas Deus não havia desistido de Jonas, e muito menos do projeto que tinha para ele. Tanto que quando Jonas é lançado ao mar, para que ele não morresse afogado, o Senhor envia o grande peixe para engoli-lo e lhe salvar a vida. Jonas, certamente, pensou que agora era o seu fim, mas era apenas o começo do que o Senhor queria fazer com ele.

Jonas foi tragado pelo grande peixe e ficou três dias e três noites em seu ventre. Muitas pessoas pensam que essa passagem bíblica é uma lenda e não um fato real. No entanto, essa passagem foi confirmada pelo próprio Senhor Jesus como simbolizando a Sua morte e ressurreição (Mt 12.40). Aquele que enviou o grande peixe para engolir Jonas confirma esse fato em Seu próprio ministério. Esse ocorrido na vida de Jonas não foi obra do acaso. Jonas foi tragado pelo grande peixe por ordem expressa de Deus. O Senhor havia dado uma ordem a Jonas e ele não tinha como fugir daquilo que o Senhor lhe havia ordenado. Jonas tinha uma missão e o Senhor não deixaria de cumpri-la porque o profeta estava fazendo "piegas" para Deus; nem que para isso a natureza fosse envolvida. 

Entenda uma coisa meu irmão e minha irmã, as adversidades da vida são pedagógicas, principalmente se estivermos na contramão de Deus. Como disse o salmista no Salmo 119.71: "Foi-me bom ter passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos". Na escola da aflição descobrimos que o Senhor nos ama mais do que possamos imaginar, pois muitas vezes a aflição é que nos mantém vivos em Sua presença.

Há um texto em Oséias 2.14, 15 que nos diz assim: "Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. E lhe darei, dali, as suas vinhas e o vale de Acor por porta de esperança...". Com o Senhor, mesmo na crise, Ele está nos abençoando. Aqui, nesse texto de Oséias, o vale de Acor - Acor quer dizer desespero. Este foi o lugar onde os Israelitas perderam a batalha contra a cidade de Ai, por causa do pecado de Acã (Js 7.24-26). O deserto se transforma em um lugar produtivo e o desespero se transforma em esperança, pois o Senhor é o nosso amparo em todo o tempo.

Jonas, quando estava dentro do grande peixe, não podia imaginar que era o grande amor de Deus por ele que estava permitindo tudo aquilo. Talvez você esteja se sentindo assim como Jonas, sufocado pelas adversidades; quero lhe dar dois conselhos. Primeiro, reavalie a sua vida com Deus e veja se você não está andando na contramão de Deus, e o segundo conselho, se estiver andando na contramão, volte para Ele, pois o que está acontecendo com você é a boa mão do Senhor lhe chamando ao arrependimento.

2 - A segunda lição que aprendo aqui, é que na angústia aprendemos a orar (Jn 2.1, 2, 7). 

Dentro do grande peixe Jonas ora. A sua apatia começa a ser tratada dentro do grande peixe. Observe que ele não ora para fugir de Deus. Não ora quando compra a passagem para Társis. Não ora quando vai dormir no porão do navio. Não ora nem quando lhe pedem para orar e não ora quando é lançado ao mar. No entanto, de dentro do grande peixe Jonas ora. Embora não sabemos se ele ora no primeiro, no segundo ou só no terceiro dia, mas uma nós coisa sabemos, Jonas se lembra de Deus e ora. É interessante observar que o mesmo Jonas que tenta fugir da presença de Deus sem oração, agora, se entrega a ela. Agora ele clama ao Senhor!

"Na minha angústia, clamei ao Senhor..." (Jn 2.2a). Somente na angústia foi que Jonas se lembrou de orar. Mas foi nesse momento de grande angústia que Jonas descobre que mesmo andando na contramão de Deus, Ele ainda o ouve. Como é bom saber que somos salvos não pelos nossos méritos, mas pela infinita misericórdia do nosso Deus. Somos salvos mediante a graça, e somente por ela.

Observe o que ele nos diz: "Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz" (Jn 2.2). Jonas vê na prática o que o Senhor falou a Salomão quando o templo foi consagrado: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra." (2Cr 7.14). Jonas descobre que "a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo os seus ouvidos, para não poder ouvir" (Is 59.1). 

Como nos diz o Salmo 139.7, 8: "Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também". Talvez você esteja se sentindo no mais profundo abismo, se sentindo totalmente só, se vendo cercado pelas trevas, mas saiba que o Senhor está mais próximo do que você possa imaginar. Clame ao Senhor que Ele está pronto a ouvir o clamor de seus lábios. Como nos fala Davi no Salmo 51.17: "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus". E como nos fala Asafe no Salmo 50.15: "Invoca-me no dia da angústia; e eu te livrarei, e tu me glorificarás".

O Senhor está pronto a ouvir o seu clamor. Aleluia!

3 - A terceira lição que aprendo aqui, que o Senhor corrige a quem Ele ama (Jn 2.3).

Jonas tinha plena consciência de que tudo aquilo que estava lhe acontecendo provinha de Deus. Jonas não culpou os marinheiros por terem lhe lançado ao mar, mas ele entendeu que foi o próprio Deus que fizera isso. Infelizmente, existem muitas pessoas que por não entenderem o amor de Deus culpam as pessoas e até mesmo o diabo pelas lutas que estão enfrentando. Duas coisas que creio que são necessárias em nossas vidas, uma é o discernimento espiritual e a outra é a maturidade espiritual. Discernimento e maturidade espiritual devem andar de mãos dadas. 

Por falta dessas duas coisas básicas, muitas pessoas veem o diabo em tudo, e se sentem perseguidas pelas pessoas, se veem como vítimas o tempo todo. Muitas pessoas são criadoras de tempestades e não se dão conta disso. Assim como um pai corrige os seus filhos, da mesma forma o Senhor corrige a cada um de nós também. Somos seus filhos, e na condição de filhos Ele procura nos disciplinar para deixarmos a seu tempo a imaturidade. Como disse Paulo em 1Co 13.11: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino”.

O autor de Hebreus nos fala disso de forma muito clara quando nos diz: "Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele é reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para a disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então viveremos? Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercidos, fruto de justiça" (Hb 12.5-11).

Na condição de filho, Jonas estava sendo disciplinado. Estava passando pelo açoite divino para o seu crescimento espiritual. Assim como Judá foi corrigido pelo Senhor quando Ele lhes enviou para a Babilônia, e lhes enviou uma carta através de Jeremias, dizendo-lhes: "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração" (Jr 29.11-13). 

A disciplina de Deus, mais uma vez afirmamos, é prova do seu amor por nós. O texto de Jeremias nos deixa claro isto. Quando o Senhor nos corrige é para nos trazer de volta para o caminho da obediência. Assim como o Senhor fez com Jonas, Ele faz conosco também. 

4 - A quarta lição que aprendo aqui, que quando estamos passando pela angústia valorizamos mais a Deus (Jn 2.4).

Jonas foge de Deus e, agora, dentro do grande peixe se lamenta por ter sido lançado da presença do Senhor. Jonas está valorizando o que realmente tem valor em nossa vida: a presença do Senhor.

Os gregos diziam que "quando os deuses queriam castigar os homens lhes davam o que eles queriam". Jonas quis fugir de Deus, e o Senhor permitiu que isso ocorresse com o profeta. Jonas então experimentou o que é estar longe de Deus. E longe de Deus é o pior lugar para nós estarmos. 

Jonas foge de Deus para não fazer a Sua vontade, mas para fazer a dele próprio. Quando eu ponho meus interesses pessoais acima dos interesses de Deus isso é pecado. E o salário do pecado é a morte, como nos fala Paulo em Rm 6.23. O pecado nos lança fora da presença de Deus. É impossível vivermos em pecado e em comunhão com Deus ao mesmo tempo. Ou nossa comunhão com Deus nos afasta do pecado ou o pecado nos afastará da comunhão com Deus. 

Mas assim, como o filho pródigo se lembrou do pai, da mesma forma o profeta Jonas se lembrou do Pai. Observe que ele se lamenta por estar longe de Deus e se tornará a ver o Seu santo templo. O templo simbolizava a presença do Senhor e era lá que os pecados, através dos sacrifícios diários, eram expiados. O templo era lugar de comunhão com Deus. Jonas, agora, anseia por esta comunhão novamente.

Deus, muitas vezes, nos deixa passar pelo vale da sombra da morte, como nos fala o salmo 23, para entendermos que ao Seu lado há vida e alegria. E para realmente valorizarmos a Sua presença em nossas vidas. 

5 - Quinta coisa que aprendo aqui é que quando estamos em profunda angústia e ânsia da morte, a misericórdia de Deus nos alcança (Jn 2.5, 6). 

Jonas se vê em um profundo abismo. Jonas havia chegado ao fundo do poço; ele estava vendo a morte de perto e não tinha como sair, só um milagre poderia tirá-lo de lá.

A história de um milagre

No dia 12 de maio de 2008, uma segunda-feira, um terremoto de 8 graus de magnitude atingiu a província de Sichuan, no sudoeste do país. Este foi o mais violento terremoto registrado em várias décadas. Cerca de 90 mil mortos e desaparecidos, entre eles diversas crianças que foram soterradas sob os escombros de escolas mal construídas. 

Um menino de 9 anos chamado Lin Hao foi o maior herói do terremoto de Sichuan. Ele salvou um amigo dos escombros e quando carregava o segundo foi atingido na cabeça. O menino não aceitou ser socorrido até ver o resgate da irmã e caminhou por sete horas ao encontro dos pais.

Lin Hao ainda fez mais, nas duas horas que passou soterrado, incentivou os colegas de classe a cantar, para que os bombeiros pudessem ouvir. Poucas vezes uma canção mereceu tantos aplausos. 

Na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequim na China, o menino entrou ao lado do jogador de basquete Yao Ming, de 2, 29 m. Este menino fez o mundo se perguntar: qual era o verdadeiro gigante.

Bom é não dependermos de milagre, mas se precisarmos a boa mão de Deus estará estendida para realizá-lo. E muitas vezes, Ele irá usar aquilo que aparentemente não tem como nos socorrer para nos socorrer. 

Jonas precisava de um milagre e o alcançou. Talvez você esteja precisando de um milagre também, então saiba que o Senhor pode realizá-lo hoje em sua vida. Como disse Jonas você poderá dizer também: "Desci até os fundamentos dos montes, desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre mim, para sempre; contudo, fizeste subir da sepultura a minha vida, ó Senhor, meu Deus!"

Jonas descobriu que mais profundo que qualquer abismo é a misericórdia do Senhor. Não há abismo tão grande que a graça do nosso Deus não nos possa alcançar.

6 - Sexta lição que aprendo aqui, que a obstinação de Jonas não passava de idolatria (Jn 2.8).

Qual é a definição de obstinado - característica do que ou de quem persiste; que possui persistência; firme.

No caso de Jonas, uma pessoa que defende sua opinião, ou causa, de forma veemente. E quando as nossas opiniões estão acima da vontade de Deus isso é idolatria. Por quê? Porque o que vale é o que eu penso e não o que Deus pensa. Se Ele pensa igual a mim, tudo bem, mas se Ele pensa diferente de mim aí quem precisa mudar de opinião é Ele. 

Observe que Jonas amava mais Israel que a Deus e seu ódio pela Assíria também era maior que seu amor por Deus. Jonas tinha um nacionalismo que chegava as raias da idolatria. Esse nacionalismo havia se tornado um ídolo em sua vida, tanto que ele opta por desobedecer a ordem de Deus. 

No entanto, Jonas quando se viu dentro do grande peixe caiu em si, assim como o filho pródigo caiu em si quando perdeu todo dinheiro e teve que cuidar de porcos. Ao cair em si, Jonas passa a assumir a sua própria idolatria. Ele não só era idólatra como estava totalmente apático a sua fé. Observe que os marinheiros demonstravam fervorosidade aos seus deuses, Jonas, no entanto, estava apático. 

Foi a partir de dentro do grande peixe que Jonas começa recuperar a sua saúde espiritual, pois, a partir desse momento, ele reconhece que havia abandonado o Senhor que lhe era misericordioso. Jonas reconhece que quem se entrega a idolatria é uma pessoa ingrata. E ele se vê assim. 

Muitas vezes o Senhor permite que passemos pela aflição para reconhecermos verdadeiramente a nossa condição espiritual. Quantas vezes começamos a nos tornar idólatras sem percebermos isso. Quantas vezes nos pegamos amando mais as bênçãos de Deus que o abençoador. A idolatria é muito sutil e perigosa e se nós não vigiarmos estaremos na mesma condição de Jonas. 

Muitas vezes, por amor a nós, o Senhor nos coloca a prova só para voltarmos para o caminho certo. Isso me faz lembrar a prova que Abraão passou. Em Gn 22 nos diz que o Senhor colocou Abraão a prova lhe pedindo seu filho Isaque em sacrifício. Diz-nos a Bíblia que Abraão não discutiu com Deus, mas obedeceu, pois segundo o autor de Hebreus, Abraão cria que o Senhor era poderoso para ressuscitar o seu filho (Hb 11.17-19). Ao escolhermos a bênção ou o abençoador saberemos se somos idólatras ou não. É isso que define a nossa condição espiritual diante de Deus. O que tem valor para nós afinal de contas?

7 - A sétima lição que aprendo aqui, que não podemos desperdiçar as oportunidades que o Senhor nos dá (Jn 2.9, 10).

Jonas faz votos e promete que irá cumpri-los se o Senhor lhe der uma segunda chance. 

Jonas dentro do grande peixe tem uma das maiores experiências com Deus. Jonas é renovado na sua fé. O avivamento começa no coração de Jonas antes de atingir os moradores de Nínive. 

E esse avivamento é expresso de quatro formas: 

Em primeiro lugar, através do agradecimento. Por ver que longe de Deus a vida não tem sentido e ver que o seu coração fora curado da idolatria ele é grato a Deus. Jonas estava sendo grato a Deus não por estar fora do ventre do grande peixe, mas por ter descoberto o amor de Deus. Sentir que Deus nos ama quando tudo nos vai bem é uma coisa, mas se sentir amado por Deus quando tudo nos ai mal é outra coisa. 

Um bom exemplo de gratidão de Joni Eareckson Tada.

Depois de 47 anos vivendo com paralisia e, recentemente, descobrindo que ela agora tem câncer de mama, Joni Eareckson Tada permanece em sorrisos. 

Em 1967, na época com 17 anos, ela e sua irmã foram mergulhar. Foi um mergulho imprudente em águas rasas que deixou-a tetraplégica.

Ela afirmou em seu vídeo mensagem que ela e seu marido, Ken Tada, estão “absolutamente convencidos” que Deus está indo fazer do câncer “algo grande” através do ministério de Joni e Amigos. Além disso, ela está agora apta a simpatizar e viajar juntamente com as pessoas que não estão somente em dificuldades de deficiência, mas também com câncer.

Tada assegurou que ela não será “sacudida” pelo câncer, mas irá continuar a confiar em Deus como sua rocha e fortaleza. “Eu quero dizer, que eu não passei 47 anos de tetraparalisia, para ser sacudida por esta notícia, certo?” disse ela.

Em uma entrevista ela disse: “O Senhor é um Deus de grande generosidade e enorme misericórdia, de modo que permite o curso do sofrimento. Ele não o detém até que haja mais tempo para amealhar mais pessoas para o aprisco da comunhão de Cristo”.

Quantos de nós, por muito menos, reclamam da vida e até pensam em desistir de tudo. Por isso, devemos fazer como o profeta Jeremias que disse: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade”. Lm 3.21-23. 

Em segundo lugar, através da oferta de sacrifício. Ele se lembra de que através dos sacrifícios diários o Senhor era louvado todos os dias no templo. E ele, se tiver outra oportunidade, quer oferecer sacrifícios ao Senhor em Seu templo novamente.

Em terceiro lugar, pagamento dos votos. Jonas reconhece que quebrou a sua promessa ao fugir para longe do Senhor. Mas agora ele quer ir até o fim com sua palavra. Como nos diz o salmista no Salmo 116.12-14: "Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o seu povo".

Em quarto lugar, o reconhecimento da salvação divina. Jonas diz que "ao Senhor pertence a salvação". Aliás, este é o tema central do seu livro. A salvação pertence ao Senhor, tanto de Judeus quanto de gentios. A salvação não pertence a um povo somente. Vemos isto quando lemos Apocalipse 7.9, 10: "Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grade voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação".

Jonas não podia salvar-se a si mesmo. Deus, porém, milagrosamente o salva. O grande peixe o vomita na terra. Quando Deus fala tudo lhe obedece, o único que ousou desobedecer a Deus foi o profeta Jonas. A salvação não é resultado do que fazemos para Deus, mas do que Deus fez para nós. 

CONCLUSÃO

Esse episódio na vida de Jonas nos leva a refletir se nós não estamos tão obstinados em nossos desejos e vontades que estamos nos afastando de Deus para não fazermos a Sua vontade; e que esta sim tem sido a nossa real adoração. Por isso o Senhor nos lança para dentro de densas trevas, não para nos destruir, mas para nos trazer a lucidez perdida e a saúde espiritual. 

Se você se sente assim em densas trevas, reavalie a sua condição espiritual e veja se você não está longe de Deus, agindo como um idólatra e completamente obstinado por aquilo que não pertence a Deus.

Eu louvo a Deus que não desiste dos seus, mas pelo contrário, se for preciso nos lança dentro do grande peixe para nos trazer de volta para Ele.

Que o Senhor nos abençoe!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O AMOR DE DEUS DEMONSTRADO NA CRUZ




Por Pr. Silas Figueira

Texto base Jo 19.17-27

INTRODUÇÃO

O livro do profeta Isaías, no capítulo 53.4 nos diz que "certamente, Ele (Jesus) tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si..." Isaías nos fala da crucificação de Jesus de forma vívida. E essa profecia foi predita cerca de 800 anos a.C. Essa profecia se cumpriu cabalmente na vida de Jesus. Não só essa, mas muitas outras também.

Quando olhamos para o monte caveira e contemplamos a cruz que estava no meio, nós vemos o Senhor Jesus pagando um alto preço pelos nossos pecados. Vemos literalmente se cumprindo a profecia do profeta Isaías quando nos diz que "o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (ls 53.5b). Da mesma forma nos falou Pedro em sua primeira carta: "Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito" (1Pe 3.18). E como escreveu o apóstolo Paulo aos Colossenses: "tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz" (Cl 2.14). E Paulo escrevendo aos Gálatas nos diz também: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo,  a fim de que recebêcemos, pela fé, o Espírito prometido" (Gl 3.13, 14).

Quando eu olho para cruz de Cristo eu vejo, pelo menos, cinco coisas básicas:

1 - Quando olho para a cruz de Cristo eu vejo que aquela cruz era minha e sua, e não de Jesus (Jo 19.17).

Quando eu olho para cruz eu vejo que aquela cruz era para mim e para você. Apesar de o texto dizer que Jesus carregou a sua cruz... No entanto eu digo que aquela cruz era nossa, pois em Isaías 53.5 nos diz que "Ele, Jesus, foi transpassado pelas nossas transgressões...". Perceba que o texto é enfático quando diz "NOSSAS TRANSGRESSÕES", e não de Jesus.

Na verdade, Jesus carregou a cruz que seria de Barrabás. E quem foi Barrabás?  Este nos diz a Bíblia, era salteador e assassino (Lc 23.19; 25). Jesus foi morto na cruz no lugar de um assassino, no lugar de um desordeiro, em meu e no seu lugar.

Barrabás simboliza toda a humanidade em rebelião contra o nosso Deus. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala em Efésios 2.1-3: "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais".

Barrabás não era pior que nenhum de nós. Diante de Deus, todos nós éramos merecedores da morte eterna. Por isso que eu afirmo que AQUELA CRUZ ERA NOSSA. Há uma poesia do Gioia Junior que nos fala com muita propriedade o que estamos falando aqui. A poesia nos fala assim:

Nada era dele
Disse um poeta um dia,
Fazendo referência ao Mestre amado:
O berço que Ele usou na estrebaria,
Por acaso era dele? Era emprestado!

E o manso jumentinho,
Que em Jerusalém chegou montado
E palmas recebeu pelo caminho,
Por acaso era dele? Era emprestado!

E o pão - o suave pão,
Que foi por seu amor multiplicado
Alimentando a multidão
Por acaso era dele? Era emprestado!

E os peixes que comeu junto ao lago,
Ficando alimentado. Esse prato era seu? Era emprestado!

E o famoso barquinho?
Aquele barco em que ficou sentado
Mostrando à multidão qual o caminho
Por acaso era seu? Era emprestado!

E o quarto em que ceou ao lado dos discípulos
Ao lado de Judas que o traiu, de Pedro, que o negou
Por acaso era dele? Era emprestado!

E o berço tumular, que depois do calvário foi usado
De onde havia de ressuscitar
Por acaso era dele? Era emprestado!

Enfim, nada era dele!
Mas a coroa que Ele usou na cruz era dele!
E a cruz que carregou e onde morreu,
Essas eram de fato de Jesus! "

Isso disse um poeta certa vez,
Numa hora de busca da verdade;
Mas não aceito essa filosofia
Que contraria a própria realidade.

O berço, o jumentinho, o suave pão,
Os peixes, o barquinho, a sepultura e o quarto
Eram dele a partir da criação;
Ele os criou - assim diz a Escritura;
Mas a cruz que Ele usou, a rude cruz,
A cruz tosca e mesquinha,
Onde meus crimes todos expiou,
Essa cruz não era sua! Essa cruz era minha!

Mas uma vez eu repito: aquela cruz era minha e sua!

2 - Em segundo lugar, quando eu olho para cruz de Cristo eu vejo o maior crime da história (Jo 18.38; 19.4, 6, 17, 18).

Jesus não havia cometido crime algum. Aliás, o próprio Pilatos sabia que por inveja é que o haviam entregado (Mt 27.18). Mas ele não teve coragem de enfrentar o povo. Também a sua esposa lhe pediu para não se envolver com aquele justo (Mt 27.19). Pilatos foi aconselhado a não se envolver, mas não tem como não se envolver com Jesus. Quer queira, quer não, todos nós estamos envolvidos com Jesus. Todos nós estamos envolvidos neste crime. Pois Jesus foi morto pelas nossas transgressões, como nos fala Is 53.5. Eu matei Jesus, você matou Jesus. Nós matamos o Senhor da vida.

Por isso, mais uma vez eu afirmo que este foi o maior crime da história, pois a Bíblia nos diz em 1Co 5.21 que "aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós...". E em Hb 4.15 nos diz que "antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado".

Infelizmente muitas pessoas não tem dimensão do quando é horrendo o pecado aos olhos do nosso Deus. A Bíblia nos fala que são os nossos pecados que nos afastam do nosso Deus. Isaías nos fala exatamente assim: "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça" (Is 59.2).

Por isso que quando Cristo se deu na cruz por nós, Ele estava pagando um alto preço para nos reconciliar novamente com o Pai, pois essa harmonia havia sido quebrada por Adão no Paraíso (Gn 3). Mas da mesma forma como o pecado nos separou do Pai, Ele fez uma promessa de que nos reconciliaria consigo novamente. Veja o que Ele disse em Gn 3.15: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". E esta profecia se cumpriu em Cristo. Veja o que Paulo nos fala em Colossenses 2.14, 15: "Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz, e, despojando os principados e as potestsdes, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz".

A vitória de Cristo na cruz do calvário pôs fim ao império de Satanás sobre a vida do homem, principalmente sobre a vida do cristão. O autor de Hebreus nos diz que Jesus através de sua morte destruiu aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo (Hb 2.14). O diabo não tem poder sobre a vida da Igreja, pois somos filhos de Deus. E o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos nos diz que o acusador foi derrotado e quem está em Cristo não sofre mais nenhuma condenação: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

Por isso que mais uma vez afirmamos que a morte de Jesus na cruz foi o maior crime de toda a história da humanidade. Aquele que não tinha pecado, se fez pecado por nós.

3 - Em terceiro lugar, quando olho para cruz de Cristo, eu vejo que o Pai estava em Cristo cumprindo a Sua Palavra (Jo 19.23, 24, 28, 31-37).

A cruz não foi um acidente. Não foi algo que não estava nos planos do nosso Deus. Pelo contrário, tudo estava planejado desde a eternidade passada. Em Apocalipse 13.8 nos fala que o Cordeiro (Jesus) foi morto desde a fundação do mundo. Aliás, existe uma das passagens que mostra o Seu sacrifício de forma vívida; foi quando Abraão oferece Isaque em sacrifício. Assim como Abraão entregou o filho que amava em sacrifício ao Senhor, embora Isaque não fora sacrificado, mas o Pai foi até o fim quando entregou o seu Filho em sacrifício em nosso lugar.

Observe o quadro da cruz e veremos o cumprimento profético:
A sua morte na crucificação – Jo 19.17-27 conf. Is 53.
As vestes divididas - v. 23,24 conf. Sl 22.18.
A sede que Jesus teve - v. 28, 29 conf. Sl 69.21.
Seus ossos que não foram quebrados - v. 32, 33, 36 conf. Êx 12.46; Nm 9.12; Sl 34.20
Que Jesus seria transpassado - v. 37 conf. Zc 12.10, Ap 1.7.
Até onde Jesus seria sepultado já estava profetizado - Mt 27.59, 60 conf. Is 53.9.

Aquele que cobriu de bênçãos sem medida aos carentes e multiplicou o pão e peixe para alimentar as multidões, agora na morte está vendo as suas vestes sendo também divididas.

Aquele que disse que quem tivesse sede viesse a Ele (Jo 7.37, 38), agora no momento de sua sede lhe deram vinagre.

Aquele que, segundo as Escrituras, não esmagaria a cana quebrada, nem apagaria a torcida que fumega (Is 42.3; Mt 12.20), ou seja, Jesus não se desfaz do que ainda é. Ainda que não tenha nenhum valor aos olhos de muitos. Com a cana as crianças faziam flautas, mas quando ela se quebrava elas jogavam fora e faziam outra. Jesus nos acolhe ainda que não venhamos mais produzir mais nenhuma música, nenhum som, quando todos nos desprezam e querem nos jogar fora, o Senhor nos acolhe em seus braços. Como disse o Senhor em Isaías 49.15: "Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho de seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti".

Da mesma forma o pavio da lamparina quando não dá mais luz necessária e só solta fumaça, deve ser substituído. Mas o Senhor diz para nós nesta noite que ainda que a nossa luz esteja fraca e não produzamos a mesma claridade, o Senhor não nos apaga, mas pelo contrário, renova as nossas forças e nos diz que ainda somos úteis em seu Reino. Pedro estava como numa cana quebrada e como um pavio que fumega, mas o Senhor o restaurou e Pedro se tornou um dos maiores líderes da Igreja Primitiva.

4 - Em quarto lugar, quando eu olho para cruz de Cristo, eu vejo o Rei dos reis e o Senhor dos Senhores (Jo 19.19, 20).

Pilatos, ainda que sem saber, estava mostrando ao mundo que aquele que estava pendurado naquela cruz era o Senhor dos Senhores, e, o mais importante triunfando sobre todos, apesar de parecer que não.

Pilatos escreveu um título e o mandou colocar no cimo da cruz dizendo: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus. E é interessante que ele escreve em três idiomas, Hebraico, Grego e Latim.

O hebraico simboliza todo poder religioso.
O grego simboliza todo poder cultural e filosófico.
O latim simboliza todo poder bélico.

Em tudo que existe o Senhor Jesus é Senhor, é Rei. Ele é o Deus supremo. Veja o que nos diz Atos 2.32-36: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Observe também o que nos fala o apóstolo Paulo em Filipenses falando da exaltação de Cristo: “...a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2.8-11).

5 - E em quinto lugar, quando olho para cruz de Cristo eu vejo o amor do Pai se manifestando no Filho por nós (Jo 19.30).

TETELESTAI foi a palavra que Jesus disse na cruz. Está consumado. Está pago. Não há mais dívida.


TETELESTAI" é uma expressão grega que pode ser traduzida como "está consumado", "totalmente pago" ou "dívida cancelada". No século I, quando um criminoso era preso, seus delitos eram registrados em um papiro conhecido como "cédula de dívida" ou "escrito de dívida". Ao cumprir a pena e chegando a ocasião de sua liberdade, o juiz responsável pela soltura do condenado, riscava a cédula, especialmente na parte onde os crimes estavam apontados, e, no rodapé, escrevia TETELESTAI. Pronto! O indivíduo não devia mais nada à justiça. Estava livre da condenação e, agora, poderia desfrutar da paz e da liberdade.

O apóstolo Paulo se apropria desta figura jurídica para nos transmitir a profundidade do alcance da obra redentora de Cristo, pois como pecadores que somos, contra nós também há uma “cédula de dívida”, a saber, uma série de transgressões cometidas ao longo da vida. Esta cédula constitui-se em um poderoso instrumento de acusação. Ela nos silencia, nos humilha, pois não há como contradizê-la, não há como negá-la. Nela se registram todas as nossas maldades, todas as nossas mentiras, toda perversidade que praticamos. Ela aponta para a destruição dos que ali constam (Ap.20: 12). Entretanto, o apóstolo Paulo declara que Cristo “riscou o escrito de dívida, tirando-o do meio de nós, cravando-o na cruz”. Ou seja, Jesus Cristo com sua morte vicária (substitutiva), pagou a dívida que tínhamos para com Deus. Vale a pena lembrar que na cruz do Calvário, segundo o Evangelho de João (19:30), Cristo declarou “Está consumado!” (TETELESTAI), sendo, inclusive, sua derradeira palavra.                   

Quando falamos do amor de Deus nós o encontramos nas próprias palavras de Jesus quando Ele disse em Jo 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira...”

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” Jo 15.13.

E o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos nos diz: “Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.7-10).

Deus nos prova o Seu grande amor para conosco através da morte do Seu Filho na cruz por nós.

CONCLUSÃO

Quando você olha para cruz o que você tem contemplado? Será que quando você olha para cruz você consegue contemplar a maior prova de amor já registrada na história, ou fica se lamentando que não é amado por Deus? O Senhor da glória não precisa demonstrar mais amor por nós, pois isso ele já o fez por nós quando nos deu o próprio Filho para morrer por nós na cruz pagando a nossa dívida. Creio que um dos textos que mostra isso de forma muito clara é João 3.14-17: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.


Pense nisso e fique na Paz!

Mensagem pregada no dia 05/01/14