terça-feira, 29 de outubro de 2013

Desgraçando a graça



Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos

“Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus…Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” Mt 4.4-7

É comum depararmos com coxos espirituais; digo, os que têm a perna da graça “sarada”, e a da sã doutrina, atrofiada. Chegam a opor Jesus à Bíblia, quase como se fossem excludentes. Essa seria legalista, fria; enquanto Ele é amor, graça, salvação. Afirmam a irrelevância da vida pregressa dos candidatos a salvos como se fosse uma revelação ao invés do “óbvio ululante”. Qualquer pecador, por mais sujo que esteja traz em si os “méritos” necessários para ser salvo; está morto, e precisa reviver, como o pródigo.

Entretanto, quando essa obviedade pacífica passa a ser argumento contra a disciplina dos salvos, surgem as primeiras digitais da vigarice espiritual e intelectual. Como as instruções normativas aos salvos derivam basicamente das epístolas, não diretamente de Jesus, seriam irrelevantes, de menos valia; quando não, contaminadas pelo farisaísmo; de Paulo, sobretudo.

Ora, nos textos supra, o Senhor derrota satanás com palavras “de Moisés”, ao invés de criar algo novo, mesmo podendo. Mais que isso; quando o Allan Kardec da vez tentou criar o espiritismo, o Senhor remeteu a Moisés e aos profetas como melhor alternativa: “…Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Lc 16.29.  Embora, aqueles seriam do Velho Testamento, não estavam obsoletos a ponto de ser desconsiderados.

Suspeito que essas ênfases na graça não visam colocar em relevo o óbvio; mas, pacificar sem mediador ao pecador contumaz. Claro que renovamos todos os dias nossos erros, e, paralelamente a misericórdia se “renova a cada manhã”; como enfatizou Jeremias. Isso não basta para que pretendamos andar sem disciplina, como adverte a epístola aos Hebreus;“Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Hb 12.6-8.

Na verdade Cristo tornou a Lei mais rigorosa em Sua releitura; ensinou a ir além das expressões visíveis buscando as sementes, no coração. A diferença em relação ao Antigo Testamento é que Seu sacrifício basta, não carece ser renovado; nosso arrependimento, sim. O Advogado não cria processo sem petição do cliente.

O legalismo não consiste em observar a Lei; antes, em descansar na aparente observância ignorando a intenção espiritual no preceito da mesma. Por isso o Senhor advertiu: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mt 5.20.

Não se trata de pleitear salvação pelas obras; mas, de evitar que a graça seja barateada a tal ponto, que venha a prescindir dos devidos frutos que testificam o que ela fez. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 3.10.

O Renovo da “raiz de Jessé” não brotou para fazer sombra nas árvores adoecidas ; antes, para mudar suas naturezas. Onde isso não ocorreu, resta trabalho a ser feito; “… todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.” Is 55.12-13.

Embora seja muito mais confortável parecermos “legais”, por incrível que pareça, somo desafiados a ser santos; não “canonizados” após a morte dado o reconhecimento de dois milagres, como faz o catolicismo; antes, demonstrando em vida a eficácia de dois milagres: A salvação, e a santificação mediante o Espírito. Isso deve ser tão visível, quanto uma cidade edificada sobre um monte; radiante como a luz, relevante como o sal. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mt 5.17.

Enfim, não há dificuldade com o passado de nenhum pecador; antes, com o presente de ministros que se esforçam mais em agradar aos homens que a Deus. A Palavra de Deus foi rejeitada em Moisés, em Josué, em Samuel, em Jesus, sobretudo; em Paulo… por que não o seria em nós?

Ainda assim, nosso papel é anunciar retamente a mensagem da graça que desafia o agraciado com um sonoro, “não peques mais”! Se gastarmos nosso tempo martelando a penha da doutrina para alargar o caminho estreito seremos inúteis a Deus e aos homens. Esperar da graça mais do ela dá, acabará em desgraça.

A TEOLOGIA DA REFORMA PROTESTANTE



Por Marcelo Berti

A Teologia da Reforma Protestante foi a base do ataque dos reformadores, em especial Calvino e Lutero, aos erros promovidos pela Igreja Católica durante o período conhecido como Idade das Trevas. A Reforma foi, de um ponto primeiramente eclesiástico, um chamada ao retorno das escrituras: Era o momento de romper com o paganismo religioso da Igreja Católica e estabelecer os valores e princípios das escrituras, centrados em Cristo, sua Graça, na Fé verdadeira e na Glória somente a Deus.

Estes cinco valores fundamentais conhecidos em Latim como Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide e Soli Deo Gloria se tornaram o fundamento da Teologia Reformada, mas com o tempo veio a ser esquecida pela Igreja Evangélica no mundo. Por isso, em 20 de Abril de 1996 a Aliança de Evangélicos Confessionais reuniu-se em Cambrigde Massachusetts e na tentativa de resgatar os valores fundamentais da reforma redigiu uma explicação do que cada um desses princípios teológicos realmente significa, e conclamou a igreja evangélica no mundo a retornar a esses valores.

Essa redação, conhecida como a Declaração de Cambrigde, é apresentada na íntegra abaixo com o objetivo de levar os cristãos a relembrarem dos princípios estabelecidos pela Reforma Protestante e seu significado.

SOLA SCRIPTURA: A EROSÃO DA AUTORIDADE

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

SOLO CHRISTUS: A EROSÃO DA FÉ CENTRADA EM CRISTO

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Tese 2: Solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLA GRATIA: A EROSÃO DO EVANGELHO

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLA FIDE: A EROSÃO DO ARTIGO PRIMORDIAL

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLI DEO GLORIA: A EROSÃO DO CULTO CENTRADO EM DEUS

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO E A REFORMA

A fidelidade da Igreja evangélica no passado contrasta fortemente com sua infidelidade no presente. No princípio deste mesmo século, as igrejas evangélicas sustentavam um empreendimento missionário admirável e edificaram muitas instituições religiosas para servir a causa da verdade bíblica e do reino de Cristo. Foi uma época em que o comportamento e as expectativas cristãs diferiam sensivelmente daquelas encontradas na cultura. Hoje raramente diferem. O mundo evangélico de hoje está perdendo a sua fidelidade bíblica, sua bússola moral e seu zelo missionário.

Arrependamo-nos de nosso mundanismo. Fomos influenciados pelos “evangelhos” de nossa cultura secular, que não são o evangelho autêntico. Enfraquecemos a igreja pela nossa própria falta de arrependimento sério, tornamo-nos cegos aos nossos pecados que vemos tão claramente em outras pessoas, e é indesculpável nosso erro de não falar às pessoas adequadamente sobre a obra salvadora de Deus em Cristo Jesus.Também apelamos sinceramente a outros evangélicos professos que se tenham desviado da Palavra de Deus nos assuntos discutidos nesta declaração (…).

A Aliança de Evangélicos Confessionais pede que todos os crentes dêem consideração à implementação desta declaração no culto, ministério, política, vida e evangelismo da igreja.

Em nome de Cristo.
Aliança de Evangélicos Confessionais
Cambridge, Massachusetts
20 de abril de 1996.

Fonte: Teologando

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

“Blowin in the Wind” – A carta lançada ao vento!


Por Josemar Bessa

Bob Dylan estava caminhando no início dos anos sessenta por uma rua de Nova York, e notou um pedaço de papel amassado na rua. Parecia apenas lixo sendo soprado pelo vento, mas ele viu nisso uma parábola da verdade sendo amassada e jogada fora como lixo aqui neste mundo. Ele lamentou isso numa música chamada “Blowin in the Wind”

A verdade senda amassada e jogada fora – não é uma das maiores tragédias na vida do cristianismo da nossa geração? Imagine Lutero, por exemplo, andando numa rua escura da Idade Média, uma carta amassada, a verdade jogada fora... ele se abaixando para pegar... a verdade abandonada numa carta amassada e antiga escrita aos romanos... que impacto isso teve no mundo. Não está na hora de nos agaixarmos e não deixar a verdade ao vento? 

Um homem chamado Paulo há milênios atrás escreveu uma carta com suas mão já frágeis, em folhas frágeis, com suas mãos sujas de tinta... e a enviou a algumas pessoas perseguidas em Roma, a maioria das quais ele jamais havia visto. Eles não deixaram a verdade contida ali ficar a deriva no vento... A carta começou a mudar as pessoas ( Pelo poder infinito do Seu verdadeiro Autor)...verdades ocultas deste a eternidade estavam claramente sendo reveladas... ao longo do tempo... as vezes sendo deixada amassada e sendo levada pelo vento... a carta foi chegando e a verdade sendo restaurada.

Em 386 dC, um homem chamado Agostinho estava lutando com a escravidão a luxúria, paixões sexuais que desonram totalmente o Criador de todas as coisas...mas Deus falou com Agostinho através de Romanos... a carta amassada e levada pelo vento atingiu como uma bomba, este, que vai ser um dos homens mais importantes da história da Igreja. Agostinho se levantou como um novo homem...

Por volta de 1515, Martinho Lutero estava lutando com sentimentos devastadores... temor a Deus, misturado com uma espécie de “ódio”, por perceber que Deus não poderia ficar satisfeito em sua justiça perfeita, por mais que um homem pudesse tentar... condenação, condenação... era a única palavra que a justiça perfeita poderia declarar, mesmo que ele vivesse num mosteiro da maneira mais rígida possível. Mas a carta amassada e jogada ao vento pela igreja durante séculos, foi encontrada por ele. Deus falou com ele através do livro de Romanos sobre a Graça. A culpa infinita e depravação total do homem, sua incapacidade, como ele merecia tão somente a ira... mas sobre a Graça soberana que justifica o homem. O Deus soberano que tudo faz para Sua glória e salva tão somente para manifestar a glória da sua graça...

As verdades do papel, da carta... já foram abandonadas muitas vezes depois disso. A carta já foi abandonada, amassada e jogada ao vento várias vezes nos últimos 500 anos. Foi achada, transformou vidas... mas loucamente foi amassada e abandonada ao vento outras tantas vezes... Nossa geração não fez diferente, pelo contrário. Amassamos e jogamos fora... evitamos... Romanos 9, por exemplo, não tem sido jogado ao vento? “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão".Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. Pois a Escritura diz ao faraó: "Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra". Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer.” - Romanos 9:15-18

Essa verdade estupenda fez ver durante os séculos, e faz o mesmo hoje, o Senhor alto e sublime, e só isso nos muda da centralidade no homem para a centralidade na glória de Deus. Nos dá um novo e verdadeiro sentido da grandeza de Deus e da nossa própria pequenez. A única coisa que pode fazer um homem se curvar em verdadeira adoração. Quantas histórias poderíamos contar sobre esta carta, amassada tantas vezes, e jogada ao vento, sendo encontrada, mudando tudo. 

Nossa geração deve começar de novo. Tomar o papel, a carta amassada e jogada ao vento. Cada geração deve redescobrir o evangelho novamente e novamente... Porque o homem naturalmente tem amassado e jogado a “carta” ao vento muitas vezes. Mas ao tomá-la, vamos ver Deus de uma maneira nova. Da única maneira verdadeira, o “Grande Eu Sou” – que jamais muda, apesar da loucura de amassar e jogar a carta ao vento nas ruas do tempo. Então vamos ter revivido o coração da nosso geração. Vamos mudar... Se o “cristianismo” hoje se molda ao mundo, sua visão auto-centrada, no homem, sua sociedade, seu senso de auto-importância... vamos desamassar a carta mais uma vez. Vamos tomar a velha via Apia – vamos caminhando para Roma e nos juntar aos cristãos que estavam sendo devorados por leões. Viver numa igreja centrada no evangelho, onde qualquer pessoa pode ser transformada, mas um evangelho que nunca é transformado pelo mundo... para se ajustar a sociedade...

Deus quer fazer agora como antes... Deus está pronto para fazê-lo, Ele não estará mais pronto daqui a um ano. Agora é a hora. Nossa geração precisa de mudanças, e isso começa conosco. Devemos mostrar ao nosso mundo a diferença real que conhecer o Deus verdadeiro faz.

Sobre o que é a carta aos Romanos... sobre o que é toda a verdade tantas vezes amassada e jogada ao vento? É sobre Deus! Eis o tema da antiga carta escrita por Paulo. Deus! Não nós. Nem mesmo a graça, ou a lei, ou a fé... Romanos é sobre Deus. Se colocarmos de lado as expressões como “a” e “e”... a palavra mais utilizada em todo livro de Romanos é Deus, uma vez a cada 46 palavras. Romanos é mais intensamente focado em Deus do que qualquer outro livro do Novo Testamento. Qual é o ponto? A mensagem é basicamente simples – no primeira parte da carta – Romanos 1.18-5.21 – temos a explicação do evangelho de maneira maravilhosa – Deus está nos dizendo – “Você é muito pior do que você pensa ( talvez por isso a carta foi tantas vezes amassada e jogada ao vento ), e Eu sou infinitamente maior e melhor do que você pode imaginar, e essa descoberta vai mudar totalmente de forma maravilhosa, única e definitiva, a tua vida”. Todos que pegaram, desamassaram e leram iluminados pelo Espírito, a carta lançada ao vento, experimentaram isso. Mesmo tendo chegado apenas até o 5.20, a boa notícia, depois da devastadora realidade mostrada, explode – “Onde o pecado abundou, superabundou a graça!” – A Graça que Justifica, Santifica, Glorifica... A soberania do Deus de toda graça sobre inimigos mortais. A graça de Deus nunca é gasta ou reduzida pelo tempo... mesmo que muitos joguem a carta ao vento. A graça de Deus, portanto, é infinita. 

Quando somos ofendidos por alguém, o relacionamento se esvai... Mas quando a Verdade Soberana nos ofende... e mais, quando o Deus soberano é tão grandemente ofendido, como tem sido... Ele se aproxima com Soberana Graça. Mas a boa notícia começa com uma má notícia – terrível na verdade. “A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens que por sua injustiça suprimem a verdade” – Romanos 1.18.

Não, não amasse a carta e jogue ao vento... nada mais profundo sobre Deus pode ser achado em qualquer outro lugar. Nada mais pode salvar nossa geração de "cristãos" - Sinta o poderoso golpe da ofensa, depois veja o infinito poder da Graça Soberana, a centralidade de Deus e Sua glória!

Fonte: Josemar Bessa

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A independência de Deus




O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas. Atos 17.24-25

Deus é independente de tudo. E como diz Lucas em Atos: não necessita de coisa alguma. Esta verdade leva o homem à conclusão que se Deus é independente o homem é dependente, pois Deus é criador e o homem criatura. Isto honra a Deus glorificando-O e alegrando-O. Agora veremos como é a independência de Deus.

1. DEUS É INDEPENDENTE EM SUA EXISTÊNCIA

Deus não tem origem, por isso, não foi criado. Tudo o que tem origem, teve começo, tem meio e terá fim. Ele é auto-existente, ou seja, existe em si mesmo. Deus sempre existiu e sempre existirá. Deus é absoluto.

De eternidade a eternidade Ele é Deus. Sl 90.2. Não houve tempo em que Deus não existiu e muito menos haverá tempo em que deixará de existir. Ele é eterno. Depois que todas as coisas passarem, Ele permanecerá, pois as coisas criadas existem, mas Deus é.

Outra marca da independência e auto-existência de Deus é que Ele é criador. Como criador é diferente das coisas criadas. Rm 11.36, Ap 4.11. Ele não foi causado por nada e, por isso, é independente e livre.

2. DEUS É INDEPENDENTE EM SUA SUFICIÊNCIA

Deus é suficiente e pleno. Deus não precisa de nada para existir, por isso é autossuficiente. Na eternidade, Deus já era satisfeito e pleno porque vivia em uma comunhão de amor com o Deus Filho e o Deus Espírito Santo, não precisando de mais nada e ninguém.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo já eram glorificados com a glória que existia neles. Jesus quando estava na terra, pediu ao Pai que o glorificasse com aquela glória que tinha com Ele antes da criação. Jo 17.5

Quem é o tolo que acredita que pode dar primeiro a Deus, para que seja recompensado? Deus desde a eternidade já era satisfeito em si mesmo. Plenitude perfeita. Recompensado por si mesmo. A luz e as trevas. O dia e a noite. As águas e o firmamento/céu. Tarde e a manhã. A parte seca e a vegetação. Os luminares e as estrelas. Os seres vivos do mar e do céu. O homem à Sua imagem, conforme a Sua semelhança. Os anjos. Tudo foi criado segundo o conselho de Sua vontade. Tudo quanto Deus fez ficou bom. Tudo quanto ficou bom não foi para satisfazê-lo, supri-lo, ou porque estava sozinho, mas foi para demonstrar a Sua Graça. Jó 41.11, Rm 11.35

Deus não precisa que os serafins em adoração O chamem de Santo, santo, santo. Is 6.2,3. Deus não precisa que a os céus em adoração manifestem a Sua Glória e o firmamento anunciem as obras de Suas mãos. Sl 19.1. Deus não precisa que o homem O adore, apesar de procurar verdadeiros adoradores. Jo 4,23,24

3. A INDEPENDÊNCIA DE DEUS E A ADORAÇÃO

Acabamos de aprender que Deus não precisa da adoração dos anjos, da criação e do homem. Porém, como tudo depende dele para viver, a criação responde o cuidado e a providência de Deus com adoração.

A criação é importante para Deus, mesmo não sendo necessária para Ele. A criação deve adoração a Deus porque foi criada para Sua glória. Is 43.7, Ef 1.11, Ap 4.11. Quando a criação honra a Deus em adoração sincera, Ele se deleita em alegria nesta atitude. Sf 3.17

Deus é independente em Sua existência e em sua suficiência. Deus é independente em Seu amor e Glória. Não recebe nada de ninguém, mas a todos dá o Seu amor e Sua provisão.

No entanto, mesmo vivendo em absoluta independência, o Senhor deseja que a sua criação o adore.

A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém. 1 Timóteo 6.15-16 

CONCLUSÃO

A visão de Deus como independente leva o homem a discernir que não é necessário ao Eterno, porém, a depender cada dia mais Dele, adorá-Lo em espírito e em verdade diante da beleza de Sua santidade.

Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.

Fonte: NAPEC

terça-feira, 22 de outubro de 2013

É Jesus simplesmente um reconto da mitologia de Osíris?



Por J. Warner Wallace

Tradução: Nathan Cazé


Isso te incomodaria?

Há muitos ateus que afirmam que Jesus nunca existiu. E se eu te disse que já houve uma religião antiga que descrevia Deus como um ser que:

Foi chamado de “Senhor dos Senhores”, “Rei dos Reis”, “Deus dos Deuses”, “Ressurreição e a Vida”, “Bom Pastor”, “Eterno”, e o deus que fez homens e mulheres para “nascerem de novo”.

O seu nascimento foi anunciado por Três Homens Sábios: as três estrelas Mintaka, Anilam, e Alnitak na constelação de Orion.

Tinha uma estrela no leste, Sirius, que significava seu nascimento.

Teve uma cerimônia eucarística do tipo, em que seu corpo foi comida na forma de bolos de trigo de comunhão.

Ensinou muito do mesmo material como Jesus; muitos ensinamentos são identicamente o mesmo, palavra por palavra.

Foi morto e depois ressuscitado, dando esperança para todos que possam fazer semelhantemente e tornarem-se eterno.

Você reconheceria esta figura religiosa? Parece com alguém que você conhece? Bem, é claro, estamos descrevendo a figura de Osíris! O que, você pensava que estávamos falando sobre Jesus? Parece muito com Jesus, não é mesmo? Será que a sua fé seria abalada se você descobrisse que Osíris era um deus mitológico egípcio que reinou sobre a terra logo após a criação desta? E enquanto a adoração de Osíris não é mais prevalecente em nosso planeta, há muitos ateus que estão agora juntando-se para discutir que o Cristianismo é simplesmente um imitador de sistemas de fé previamente existentes. O argumento deles é que o Cristianismo não é verdade, e que Jesus nunca existiu. Ele é simplesmente uma forma de deidade copiada a partir de várias mitologias pré-existentes!

Será que realmente ele é como Jesus?

Uma primeira leitura destas semelhanças é assustadora e para muitos Cristãos, estas descrições o fizeram tropeçar e duvidar da verdadeira historicidade do homem, Jesus Cristo. Portanto, é importante para nós examinarmos a veracidade destas afirmações de semelhança e também para ver o que as mitologias REAIS pode nos dizer sobre o coração do homem que nos leva a imaginar como Deus é. Pode haver pouca dúvida de que há várias mitologias pré-cristãs salvadores que morrem, mas quando examinamos de perto estas figuras, veremos que eles somente prenunciam o Deus que realmente de fato veio para a Terra. Estas mitologias na verdade APOIAM as reivindicações de Cristo. Antes de começarmos a examinar esta mitologia cuidadosamente, é importante reconhecer que uma porção significativa do que acabamos de ler sobre Osíris é simplesmente FALSO, e não tem QUALQUER apoio arqueológico ou textual . Muito do que é visto nesta lista é simplesmente o esforço de ateus para fazer Osíris parecer com Jesus o máximo possível. Então, vamos dar uma olhada na verdade e ver o que isto pode nos dizer.

A Verdade de Orísis

Os historiadores fazem o melhor deles para entender Osíris a partir das escavações arqueológicas, templos existentes e esculturas de parede no Egito. De acordo com o mito, Osíris foi morto por seu irmão invejoso, Seth. Sua irmã-esposa (Isis) recolheu os pedaços de seu marido mutilado, o reviveu, e mais tarde concebeu seu filho e vingador, Horus. Vamos dar uma olhada nas afrimações já descritas e separar a verdade da ficção, e, em seguida, tentar entender a esperança fundamental das pessoas que inventaram o deus chamado Osíris:

Afirmação: Osíris foi chamado de “Senhor dos Senhores”, “Rei dos Reis”, “Deus dos Deuses”, “Ressurreição e a Vida”, “Bom Pastor”, “Eterno”, e o deus que “fez homens e mulheres para serem nascidos de novo”.

Verdade: Estes nomes de Jesus NÃO foram utilizados por Osíris, que foi chamado de “Senhor de Tudo”, o “Bom Ser”, “Senhor do Submundo”, “Senhor (Rei) da Eternidade”, “Dominador dos Mortos”, “Senhor do Oeste”, “O Grande”, “Aquele que toma assento”, o “Progenitor”, “o Carneiro”, “Grande Palavra”, “Chefe dos Espíritos”, “Dominador da Eternidade”, “Deus Vivente “, ” Deus acima dos deuses. “Esses nomes bastante gerais não eram incomuns para muitas outras deidades também.

O Raciocínio Por Trás da Mitologia de Osíris: Se há um Deus, esperaríamos que Ele fosse poderoso e possuísse um título que refletisse este poder.

Afirmação: o nascimento de Osíris foi anunciado por Três Homens Magos: as três estrelas Mintaka, Anilam, e Alnitak na constelação de Orion, e Osíris tinha uma estrela no leste (Sirius) que significava seu nascimento.

Verdade: É verdade que alguns estudiosos vinculam Osíris com Orion, mas eles não esticam a imaginação para chamar as três estrelas da constelação de “homens sábios”, e não há nenhuma menção de uma estrela do leste na mitologia de Osíris.

O Raciocínio Por Trás da Mitologia de Osíris: É razoável supor que, se existe um Deus, o seu surgimento no mundo natural seria de alguma forma espetacular e sobrenatural.

Afirmação: Osíris teve uma cerimônia Eucarística do tipo, em que seu corpo foi comido na forma de bolos de trigo de comunhão.
Verdade: Não há nenhuma evidência para isso na pesquisa dos estudiosos.

Afirmação: Osíris ensinou muito das mesmas coisas que Jesus; muitos ensinamentos são identicamente o mesmo, palavra por palavra.

Verdade: Não há absolutamente nenhuma evidência de nada disto e a ‘sabedoria’ de Osíris ainda está disponível para revisão.

O Raciocínio Por Trás da Mitologia de Osíris: Se há um Deus, esperaríamos que Ele fosse uma fonte de grande sabedoria.

Foi morto e depois ressuscitado, dando esperança para todos que possam fazer semelhantemente e tornarem-se eterno.

Verdade: Osíris foi assassinado e seu corpo foi desmembrado e espalhado. Mais tarde, os pedaços do corpo deste foram recuperados e remontados, e ele foi rejuvenescido. Osíris, em seguida, viajou para o submundo, onde ele tornou-se o senhor dos mortos. Ele NÃO ressuscitou com um corpo glorificado e nem andou com os homens na terra, como fez Jesus. Ele não estava vivo novamente, como estava Jesus, mas ao invés era um deus “morto” que nunca retornou dentre os vivos.

A Razão Por Trás da Mitologia de Osíris: Se existe um Deus verdadeiro, esperaríamos que ele tivesse domínio sobre a morte e ser capaz de controlar os poderes da morte e da vida.

Então, o que sobrou?

A partir desta rápida análise da tradição de Osíris, podemos ver que ele NÃO foi chamado pelos mesmos nomes que foram usados ​​para Jesus, e embora ele estivesse ligado por algum à constelação de Orion, NÃO há nenhuma menção de três homens sábios na história do nascimento de Osíris. Além disto, Osíris NÃO era celebrado com uma Eucaristia. Ele foi assassinado e remontado, mas NÃO foi ressuscitado para a glória e vida como foi Jesus. Então em retrospectiva, quão semelhante é Mitras em relação à Jesus, afinal?

Como Eles Poderiam Ter Imaginado Isto?

Mesmo com todas as diferenças entre Osíris e Jesus, ainda é surpreendente que os homens primitivos poderiam imaginar um Deus mesmo com poucas semelhanças, não acha? Como isto poderia acontecer? É realmente possível que alguém poderia imaginar algo que poderia posteriormente tornar-se uma realidade, mesmo que apenas em parte? Bem, vamos analisar outro exemplo histórico. E se eu lhe dissesse que um homem chamado Morgan Robertson escreveu certa vez sobre um transatlântico britânico que era aproximadamente 800 pés de comprimento, pesava mais de 60 mil toneladas, e poderia carregar cerca de 3.000 passageiros? O navio tinha uma velocidade máxima de viajem de 24 nós, tinha três hélices, e aproximadamente 20 botes salva-vidas. E se eu lhe disse que este transatlântico colidiu com um iceberg em sua viagem inaugural no mês de abril, rasgando uma abertura na parte da frente do lado do estibordo do navio, e afundando junto com aproximadamente 2.000 passageiros? Você reconheceria o evento da história? Você pode dizer: “Ei, este é o Titanic!” Bem, você estaria errado. Embora todos estes detalhes são idênticos aos do Titanic, o navio que eu estou falando é o “Titan” e é um navio fictício descrito no livro de Robertson intitulado “Wreck of the Titan” ou “Futility” (Buccaneer Books, Cutchogue, New York, 1898). Este livro foi escrito 14 anos antes do desastre ocorrer, e vários anos antes que a construção sequer foi iniciada no Titanic! Além disto, outros escritores e pensadores também haviam começado a desenvolver uma mitologia sobre tais navios grandes. Na década de 1880, o jornalista Inglês bem-conhecido, W.T. Stead também escreveu um relato de um transatlântico afundando no meio do Atlântico, e até 1882 tinha adicionado o detalhe que um iceberg seria a causa do desastre. Há também um grande número de premonições relatadas por parte de passageiros que cancelaram no último momento antes de embarcar no Titanic em sua viagem inaugural em 1912, alegando que o navio sofreria um destino semelhante.

Como poderia todas essas pessoas prever algo assim? Como Robertson poderia prever isto tão precisamente? Bem, é bem possível que estes homens e mulheres tinham algum tipo de dom profético (afinal, até mesmo os ateus concederão que alguns dentre nós são pelo menos mais intuitivos do que outros), mas também é possível que eles simplesmente observaram o mundo à sua volta , pensaram nas possibilidades, analisaram a história do homem conducente à era, e imaginaram como seria um transatlântico como este . Claramente eles realmente imaginaram algo que fosse próximo da verdade da história. Agora, se mil anos a partir de agora fossemos examinar a verdade do Titanic na história, e descobríssemos a história do Titan, você acha que estaríamos dizendo: “Ei, aquela história sobre o Titanic é uma mentira, foi apenas uma recriação de uma mitologia anterior chamada de Titan! ” Espero que não. Espero que, em vez disto, avaliaríamos a evidência relacionada à existência do Titanic, lêssemos os relatos de testemunhas oculares, estudássemos o impacto que o evento teve na história, e então tomássemos uma decisão sobre o evento. Espero que uma mitologia anterior não pare a nossa busca pela verdade. E vamos encarar, as semelhanças entre o Titan e o Titanic são bem maiores do que as semelhanças entre Osíris e Jesus.

O que estava no coração daqueles que criaram Osíris?

Assim, há também algo no coração do homem que o leva a buscar a Deus e tentar o seu melhor para entender e saber dele? Há algo no coração de todo homem que o encoraja a sonhar e imaginar mitologias sobre Deus, assim como ele poderia imaginar um barco como o Titanic? A Bíblia certamente sustenta que Deus colocou a verdade de sua existência no mundo ao nosso redor:

Romanos 1:18-20

Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.

E a Bíblia também nos diz que Deus tem nos dado uma consciência que testifica à sua existência:

Romanos 2:12-16

Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.

Por que deveríamos ser surpreendidos de que, como pessoas criadas à imagem de Deus, teríamos uma mente e um coração que sonha com a natureza de nosso criador? Se Deus tem colocado a sua verdade moral em nosso coração, e deu dicas sobre a sua existência com a maravilha do mundo criado ao nosso redor, é razoável que mesmo antes de qualquer coisa fosse diretamente revelado na Bíblia, homens e mulheres pensaram, imaginaram e sonharam com a natureza de Deus (assim como alguns obviamente pensaram em grandes transatlânticos!). Na verdade nós esperaríamos que estas mitologias tivessem uma semelhança à realidade da natureza de Deus uma vez que nos é revelado, assim como o Titan assemelhava-se ao Titanic! E isto parece ser o caso com de Osíris. Mas vamos ser realistas sobre as semelhanças de Osíris. Estas NÃO são tão poderosas e marcantes assim; especialmente quando investigamo-las e vemos que a grande maioria das afirmações de semelhanças simplesmente não são historicamente verificadas. Estas são mentiras.

Mas volte por um minuto e releia a raciocínio dos criadores da mitologia de Osíris. Pense sobre o que motivou-os. Eles raciocinaram sobre a noção de Deus, baseado no que eles viram em seu ambiente e a semente da consciência de Deus plantada no coração deles, e decidiram que, se existe um Deus, (1) o Seu poder e majestade justificaria o fato de Ele ter títulos que refletem Sua natureza, (2) Ele deve ser um ser incrivelmente poderoso que poderia surgir em nosso mundo de uma forma que desafia a ordem natural das coisas, (3) Ele seria a fonte de grande sabedoria, e (4) Ele teria domínio sobre a morte e seria capaz de controlar os poderes da morte e da vida.

Então, como que Deus eventualmente apareceu?

OK, estas quatro motivações de condução têm claramente contribuído para o pensamento daqueles que originalmente criaram a mitologia de Osíris. Como seres humanos, podemos avaliar o ambiente ao nosso redor e formar uma noção razoável sobre o Deus que o criou. Enquanto Osíris é MUITO diferente de Jesus, é interessante notar que Deus eventualmente atendeu e superou as expectativas daqueles que sonharam sobre ele. Jesus é tudo o que poderíamos ter esperado, e muito mais ainda. Seu poder e majestade têm justificado o fato de Ele ter títulos que refletem sua natureza; como Deus encarnado, Ele surgiu em nosso mundo de uma forma que desafia a ordem natural das coisas; Ele é a fonte de grande sabedoria; e Ele tem o domínio sobre a morte e controla os poderes da morte e da vida. Jesus atende a expectativa que os primeiros buscadores de Deus tinham e excede as suas expectativas de todas as formas!

Paulo disse-lhes que Deus era maior do que as expectativas deles

Isto realmente não deveria nos surpreender, porque Paulo disse aos primeiros buscadores de Deus esta mesma coisa quando ele estava dirigindo-se ao povo de Atenas nas Colinas de Marte, dois mil anos atrás. Ele disse a esses pensadores e buscadores gregos que, enquanto eles tinham imaginado a natureza de Deus (assim como Osíris, crentes também havia sonhado com Deus), houve na verdade um verdadeiro Deus, Jesus Cristo, que veio ao mundo e superou suas expectativas gregas:

Atos 17:22-31

E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a Divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Parecia que Paulo reconhecia que Deus tinha uma resposta para todos aqueles que tinham sonhado sobre a sua natureza. Deus não estava desinformado de todas as mitologias que precederam Seu aparecimento na forma de Jesus Cristo. Ele sabia tudo o que estas culturas tinham imaginado e sonhado sobre ele. Ele viu como eles tinham moldado os seus deuses. Ele sabia como os tinham descritos com poderes e habilidades milagrosas. Por que nos surpreenderia que Deus eventualmente apareceria e provaria à humanidade que Ele era o ÚNICO DEUS VERDADEIRO ao simplesmente ATENDER às nossas expectativas, ponto a ponto (e, em seguida, ultrapassando estas expectativas ao longo do caminho)? Não deveria surpreender-nos que Deus possa, de alguma maneira, DECIDIR por aparecer em uma forma que seja consistente com as expectativas do homem, especialmente quando Deus quer que sua criação o reconheça. Deus poderia simplesmente estar dizendo: “Filhos, eu sei que vocês têm me imaginado ser de uma determinada forma. Em alguma pequena medida que vocês têm imaginado corretamente. Em muitas outras formas vocês têm estado muito longe do alvo. Deixe-me mostrar-lhe quem eu sou. Observe-me satisfazer todas as expectativas que vocês tinham sobre a minha natureza. Deixe-me ajudá-los a acreditar por meio da vida milagrosa que eu viverei no meio de vós. Deixe-me resgatá-los de uma forma que vocês nunca poderiam ter sonhado”.

Jesus Encerra a Busca

Talvez seja por isto que na longa linhagem de mitologias e descrições de Deus, Jesus completa a lista. Não há mitologias significativas que acompanham Jesus. Já pensou por quê? É simplesmente porque a raça humana desenvolveu além de tais fábulas? Ou é porque a raça humana desenvolveu além de sua própria imaturidade ao ponto e lugar onde Deus finalmente determinou que era hora de aparecer na carne? Talvez Deus decidiu que o tempo em que ele tinha “negligenciado tal ignorância”, agora estava completa, então Ele apresentou-se de uma forma que acabou com todas as mitologias. Ele apareceu em poder e glória VERDADEIRA, colocando todas as mitologias anteriores para descansar para sempre, atendendo e superando qualquer coisa que jamais poderíamos ter esperado.

O Cristianismo Continua a Prosperar

Embora realmente haja muito poucas semelhanças entre Osíris e Jesus em detalhes, há semelhanças entre eles nas expectativas fundamentais que os buscadores primitivos tiveram por Deus. Jesus simplesmente atende as esperanças e sonhos destes buscadores como o verdadeiro Deus encarnado. Embora a adoração à Osíris é agora uma religião morta, o Cristianismo continua a prosperar. Por quê? Porque a tradição de Osíris é inconsistente com a história geológica de nosso mundo, inconsistente com a história arqueológica da humanidade, e não suportada pela evidência textual. Em contraste, o Cristianismo continua a falar às mentes dos buscadores hoje. Tem forte consistência geológica e arqueológica com o que vemos em nosso mundo e uma forte evidência textual para apoiar a primeira das reivindicações. Os ateus têm tentado retratar Osíris como algo que ele não é a fim de fazer-nos crer que Jesus nunca existiu. Mas a história de Osíris só deve encorajar-nos a crer no Deus que excede as nossas expectativas!

Para uma lista completa das alegadas deidades imitadoras, clique AQUI, e para um outro artigo detalhado sobre a relação Osíris/Jesus, clique AQUI (textos em inglês).

Fonte: NAPEC

A hora de desistir

Desista1

Por Maurício Zágari

É muito comum ouvirmos em nosso meio evangélico que o cristão em tudo deve perseverar, que precisa buscar seus sonhos e nunca, sob nenhuma circunstância, desistir. Não creio nisso. Simplesmente porque a Bíblia não diz isso. A perseverança deve ser na santidade e na obediência, sempre. “Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida” (Ap 2.10). Mas, em se tratando de sonhos humanos, isso não se aplica. Lendo as Escrituras, vejo que o cristão deve ter ciência de que, em certas situações, chega um momento em que precisa desistir, abrir mão do que ele quer. Podemos ver muitos exemplos, como o de Jesus, que desistiu de pedir ao Pai que afastasse dele o cálice do sofrimento (Mt 26.36-46). Ou Paulo, que desistiu de orar a Deus pedindo que tirasse o espinho de sua carne (2Co 12.7-10). Sim, há ocasiões em que o Senhor espera que nos conformemos e entreguemos os pontos. Certas esperanças não devem ser alimentadas, em especial porque nosso coração é enganoso e não sabemos muitas vezes qual é a vontade divina. Assim, se o que almejamos difere do que Deus almeja, tenha a certeza: o melhor é desistir. Perca a tua esperança, pois ela está depositada em algo que não condiz com o querer do Senhor.

A pergunta imediata que se segue é: como posso saber se meu sonho está de acordo com que Deus quer? Há dois critérios principais: o que a Bíblia diz e a paz no coração.

A vontade de Deus está revelada nas Escrituras. Então conheça a Bíblia. Estude-a. Veja os princípios que ela defende. Nem sempre há uma resposta objetiva para a sua situação, mas há princípios bíblicos que podem responder teu questionamento e nortear teus sonhos e tuas metas. A resposta nem sempre vem num versículo claro, mas num conceito transmitido ao longo de toda a Escritura. Por exemplo: não existe nenhuma passagem bíblica que fale que não devemos fumar crack, mas há um princípio claro acerca dos cuidados que devemos ter com nosso corpo e com nossa mente. Ou, então, você tem aquela dúvida que assola milhões de solteiros: devo namorar aquela pessoa que não é cristã, na esperança de que ela vai se converter? É para persistir nesse relacionamento ou não? Aí você vai à Bíblia e vê que ela é clara sobre o fato de que esse é um namoro em jugo desigual (2Co 6.14-16), mas a Escritura não te dá a certeza de que o (a) jovem será salvo (a). Na dúvida, vá no certo, desista do erro (até porque Deus não precisa que você namore ninguém para que aquela alma seja alcançada, se o Espírito de Deus quiser salvá-la usará até uma mula).

O segundo critério é a paz no coração. Paulo escreveu: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração” (Cl 3.15). Portanto, se você vive uma situação de constante atribulação, é hora de pegar o primeiro retorno e dar no pé. Isso acontece muito, por exemplo, em relacionamentos afetivos. Sabe esses namoros que mais parecem dramalhões mexicanos, com arroubos de sofrimento, fins e recomeços, rompimentos dramáticos e voltas novelescas? Onde está a paz? Se não há paz, não insista, desista. Ou quando tem de fechar um negócio mas fica em agonia sobre se assina o contrato ou não? Ou, ainda, na decisão entre seguir a carreira que vai realizar você ou a que vai te dar dinheiro? Não insista no que agonia, desista.

Quando comecei a pensar no assunto para escrever este post, calhou que assisti ao belíssimo filme “A vida secreta das palavras”. Durante o longa-metragem, um personagem menciona um livreto curto e exuberante, “Cartas de amor de uma freira portuguesa”, de Mariana Alcoforado, e imediatamente me lembrei que essa obra trata exatamente disso: a necessidade de abandonar sonhos que dominam nosso ser com fúria. Resolvi reler essa pequena coletânea de cartas enviadas por uma freira ao homem que ama, que jamais voltou a encontrar pessoalmente e com quem nunca pôde se casar. A história é real e, naturalmente, a experiência de Mariana tem aspectos nada louváveis em termos cristãos (como você perceberá na leitura), mas a mensagem sobre a importância da desistência em certas situações está lá com uma força sem igual na literatura. Resolvi compartilhar o curto PDF desse livreto. Você pode fazer o download gratuito clicando neste link: < Cartas-de-Amor-de-uma-Freira-Portuguesa >. Minha recomendação é que reflita sobre a trajetória de Mariana, da total esperança à desistência. Em sua última carta, fica claro que desistir da esperança seria a única decisão que daria a ela forças para seguir vivendo. Não sei dizer se a distância do amado lhe trouxe a paz que ela desejava ao coração, mas pelo menos trouxe um tipo de paz meio genérico, catatônico e artificial – porém, suficiente para lhe dar forças para seguir.

Temos de saber a hora de render nossa vontade. Se Deus diz “não”… é não. Se insistirmos no “sim”, só o que conseguiremos é uma vida de sofrimento e dor à espera de algo que jamais chegará.

Recomendo que leia o livreto. É uma leitura que não dura mais que 15 ou 20 minutos. Depois sinta em si o sofrimento e a frustração de Mariana. Em seguida, veja se o melhor não foi ela dar adeus a seu sonho, que alimentou tão desesperadamente por tanto tempo. Por fim, pense se na tua vida há algum sonho que esteja sendo alimentado à toa, porque vai contra o desejo do coração de Deus. Se você tiver a convicção que perseverar nesse objetivo é a vontade do Senhor, vá em frente. Mas… e se não for? Nessa hora, entregue-se em sacrifício vivo ao Senhor e diga:“Seja feita a tua vontade” (Mt 6.10). E, se a vontade dele for que você abra mão de certos objetivos e sonhos, perceba que abandoná-los não significa falta de fé, de fidelidade ou de perseverança: é o cumprimento da boa, perfeita e agradável vontade de Deus e, certamente, é o que te trará felicidade.

Persista. Mas, se não for da vontade do Senhor, desista. E, aí sim, você estará cumprindo a vontade do Senhor. Sabendo que, muitas vezes, a desistência do que você tanto queria pode se tornar a maior bênção da sua vida.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Objeções à imutabilidade de Deus


Por Jorge Fernandes Isah 

Há aqueles que não acreditam no atributo da imutabilidade, confundindo Deus com um ser estático, imóvel. A imutabilidade não implica, jamais, em inatividade, em um Deus imóvel e passivo. Sabemos que Deus é o Senhor da História, de que ele age ativa e incessantemente, de forma que, se não fosse por ele, nada do que existe se manteria e sustentaria. Ele é aquele que sustenta todo o universo, mesmo as partículas invisíveis e muitas coisas que o homem ainda desconhece da criação. Deus é imutável em seu ser e propósitos, o que não quer dizer que ele esteja paralisado, mas que tudo acontecerá conforme a sua vontade imutável, segundo o seu decreto imutável, de forma que tudo é por ele e para ele. Ainda que os planos divinos se desdobrem e se realizem progressivamente no tempo, eles acontecerão conforme a sua imutável vontade, sem que possam ser revertidos, anulados ou modificados.

Quando alguém diz que a imutabilidade é um “engessar” de Deus, ele não entende do que está falando. Deus decretou, ordenou, planejou e executou todas as coisas, sem que elas possam não-acontecer. Jó, mesmo diante do sofrimento pelo qual passava, reconheceu que Deus tudo pode, e nenhum dos seus planos pode ser frustrado [Jó 42.2]. Salomão também compreendeu esse atributo maravilhoso: “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá” [Pv 19.21]. Ainda mais contundente é a afirmação do profeta: “O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará... Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?” [Is 14.24, 27 – ver Is 43.13].

Ele não criou o mundo e abandonou-o. Mas todas as coisas surgem e acontecem pelo seu santo, perfeito e imutável projeto; cada coisa no universo existe, se move e vive pelo agir divino, pelo seu poder infinito de ordená-las. Porém, sempre aparecerá alguém a dizer que Deus mudou ou se arrependeu. Mas o Deus perfeito, infinito, santo e imutável pode mudar? Haveria contradição entre o que ele mesmo afirma em sua palavra e entre o que alguns afirmam? Deus abriria mão da sua imutabilidade, o que vale dizer, da sua divindade, para ser o não-Deus? Por que ele faria isso? E, pode Deus deixar de ser Deus? A verdade é que, como sempre, a compreensão humana está sujeita às falhas e imperfeições naturalmente disponíveis em seu ser. Quando o homem deixa de reconhecer em Deus aquilo que ele mesmo diz de si mesmo para dar vazão às suas elucubrações, como se fosse possível a Deus ser comparado aos homens, as chances de acertos, mesmo mínimos, tornam-se irrisórias. O que muitos fazem é transferir para ele parte da natureza humana, confundindo a linguagem humana, pela qual Deus se deu a conhecer ao homem, com o caráter e a natureza divina.

Os nomes de Deus, que foram estudados algumas aulas atrás, atestam a manifestação divina de várias formas, mas em todas elas, ele permanece imutável. Sendo Criador, Senhor, Salvador, Juiz, Libertador, Providente, etc, Deus se revela aos homens de maneiras diversas, em cada curso da história ele poderá se manifestar através de características diferentes, contudo, permanecendo o mesmo.

Na Escritura encontramos Deus se dando a conhecer a partir de sentimentos e reações humanas, o que se chama de antropopatismo, que nada mais é do que a atribuição a ele de qualidades humanas, ou análogas a outros seres; ele é chamado do “Leão da Tribo de Judá”, Rocha, Pastor, Refúgio. Com isso não se quer dizer que ele seja um mamífero ou um mineral ou uma casa. São recursos de linguagem que o próprio Deus, em sua misericórdia e bondade, se deu a comparar para que pudéssemos conhecê-lo. O ser divino, como já estudamos, é infinito, infinitamente perfeito, e podemos conhecê-lo limitadamente [ainda que ele se revele fundamentalmente como Deus]. De maneira simples, Deus atribui a si mesmo alguns dos sentimentos humanos, mas que em nada têm a ver com mudança de personalidade, propósito ou natureza. Trechos como os de Gn 6.6-7, Ex 32.14, Jr 18.8-10 e Jn 3.9-10, por exemplo, revelam a imutabilidade divina, ao contrário do que se imaginaria isolando-os e não os relacionando com outras partes da Escritura. O plano ou decreto eterno permanece inalterado, não estando sujeito a variações por conta das circunstâncias; mas dentro do seu plano, Deus mudou de um curso de ação para outro curso de ação, ações essas que são imutáveis, e que foram estabelecidas pelo próprio Deus. Na verdade, a mudança não é em Deus, mas no homem e nas relações que o homem tem com Deus.

No Livro de Jonas, Deus ordenou que os ninivitas se arrependessem do seu pecado, caso contrário, em quarenta dias, seriam destruídos. Ao ouvirem a mensagem do profeta, o rei e o povo se arrependeram, convertendo-se do seu mau caminho, e Deus anunciou que não os destruiria mais. Houve alguma mudança no propósito divino? Não. O trato dos ninivitas com Deus é que mudou, de forma que a ira do Senhor não foi lançada sobre o povo. Mas sabemos que tanto o arrependimento como o desviar-se dos maus caminhos da cidade de Nínive estavam dentro do plano divino. A pregação de Jonas, os ninivitas crendo na palavra profética, e, através da qual se arrependeram, são particularidades que acompanham a ação, o acontecimento, dentro do plano divino, o qual é imutável. Vejam que aqui estão presentes também outros atributos divinos, como a misericórdia, a graça, o perdão de Deus, mas tudo segundo a sua vontade eterna e soberana, de maneira que não haveria como os ninivitas não se arrependerem. Contudo a Bíblia também nos relata sobre povos que foram chamados ao arrependimento e mantiveram-se endurecidos, e sobre eles sobreveio a ira de Deus, consumindo-os. Em nenhum dos casos há mudança de propósito, de desígnio, de projeto, mas de atitudes.

Outro trecho muito usado para defender a ideia de que Deus é imutável, acontece no livro de 2 Reis. Temos o caso do rei Ezequias, a quem o Senhor disse, através do profeta Isaías, que morreria por causa de uma doença. Ezequias então orou a Deus; mas o segredo de Deus era que ele o curaria e lhe daria mais 15 anos de vida, como de fato sucedeu. Tal acontecimento não indica contradição ou mudança. A declaração foi feita para humilhar a Ezequias e revelar-lhe a completa dependência que tinha de Deus, levá-lo a orar, e, assim, a imutável vontade divina fosse concretizada [2Rs 20.1-7].

De qualquer forma, a ideia que a Bíblia nos dá do arrependimento divino é precária, mas suficiente para nos revelar a singularidade e infinitude divinas, porque há coisas em Deus que são próprias somente dele, e que podem até ter alguma semelhança com as das criaturas, de forma que são expressos como se fossem delas, mas não são suficientes para explicar ou definir o que é exclusivo de Deus. Por exemplo, o termo hebraico traduzido para "arrependimento de Deus" é Nãham, que traduzido quer dizer tristeza ou consolo. Já o termo hebraico para o arrependimento humano, o voltar-se do pecado para Deus, dando-nos a ideia clara de remorso, é Shûb. Ainda que Deus se arrependa, é-nos claramente revelado que o seu arrependimento é díspare do nosso, havendo a possibilidade de existir elementos parecidos, mas, com certeza, não há igualdade entre eles, por tudo o que Deus é e por tudo o que somos. Mesmo que Deus tenha sentimentos parecidos com os nossos, em seu ser perfeito, eles também são perfeitos, e jamais serão iguais aos dos homens.

CONCLUSÃO

A imutabilidade de Deus nos dá, seres mutáveis e falíveis, a certeza de que somente nele encontraremos o repouso necessário, a confiança necessária, a esperança necessária, o ânimo necessário, a vida necessária, e tudo o mais capaz de nos trazer a segurança de que, apenas nele, estaremos completamente seguros. Mas isso não se baseia em nossa percepção ou em nossa capacidade de autoindução [como uma técnica de autoajuda], mas na certeza de que ele não muda nos compromissos e promessas que jurou, em seu nome, realizar por nós, e para nós.

Confiar que temos alguma coisa que possa agradá-lo, quando não há nada em nós que possa agradá-lo, é transferir para nós o mérito que é somente dele. Por mais que façamos, por mais que julguemos ter feito em prol do reino de Deus, isso não será nada diante dele, pois é ele quem, em seu plano imutável, nos capacitou e nos deu a realizá-lo. Afinal, como seres caídos, miseráveis, tolos, pecadores e mutáveis podem se aproximar do Deus absoluto, infinito e perfeito, sem serem consumidos? Apenas através do Filho Amado, Jesus Cristo, pelo qual somos feitos capazes de não somente nos aproximar dele, mas de tê-lo como Pai, e de ser tratado por ele como filhos. A obra maravilhosa de Cristo nos ergueu, limpou e curou, de maneira que fôssemos aceitos, reconciliados eternamente com ele. E isso transcende todo o tempo, ainda que realizada no tempo, pois é fruto da sua vontade e projeto eternos e imutáveis.

Glória e honra e louvor ao Deus bendito que, dia após dia, nos revela a sua misericórdia e graça e bondade infinitas para com o seu povo; sem que esse povo tenha feito algo para merecê-lo. 

Notas: 1- Aula realizada na E.B.D do Tabernáculo Batista Bíblico em 04.03.2012
2- Baixe o áudio desta aula em Aula 21.MP3

Fonte: Kálamos

PREGUIÇA, ATIVISMO VAZIO, OU TRABALHO DINÂMICO DE FRUTOS ETERNOS


Por Elizabeth Gomes

Quando os filhos eram pequenos e no culto doméstico estudávamos o livro de Provérbios, Wadislau sugeriu que fizéssemos um concurso de corinhos para ajudar a gravar algum conceito importante. Um corinho criado foi baseado em Provérbios 6.6-11 e muitas vezes depois, cantávamos em ronda: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio!” Para uma turminha que tinha de levantar cedo e preparar café da manhã, cuidar de animais ou horta, ou caminhar um bom trecho antes de pegar a condução para a escola em madrugadas quando chegava a gear, a lembrança podia impulsionar, animar ou irritar – às vezes, simultaneamente. Pai, mãe e três filhos não tinham como “comer o pão da preguiça” (Pv 31.27), e aqueles que se encontravam conosco entravam no mesmo ritmo com maior ou menor empenho.

Hoje em dia, confesso que me irrito quanto vejo gente que diz servir a Deus, mas demonstra preguiça básica na obra. Lembro do rapaz que disse que queria ser pastor porque “tem respeito, ganha bem, e só prega aos domingos e no culto de quarta-feira”. Qualquer pastor que conheço certamente contestará esse conceito equivocado, mas ainda se encontram muitos que se esqueceram totalmente do hino “Mãos ao trabalho jovens”, e preferem achar um jeito de mandar outros fazer o que tem de ser feito. Não apenas pastores – muitas pessoas que professam ser cristãs vindas de todas as áreas da vida insistem mais em seu “direito” de descanso sem que tenham trabalhado, do que desempenhar um trabalho digno que reflita a ética protestante do trabalho.

Ética protestante do trabalho—o que é isso?! Nossa visão ética do trabalho não começou com a Reforma protestante, ainda que tenha sido desenvolvido na produtiva Genebra de Calvino bem como no castelo de intensa atividade laboral que foi Wartenburgo de Lutero. Jesus, que mandou que observássemos os lírios do campo e as aves do céu para não andarmos ansiosos pelo que haveríamos de comer ou vestir (Mt 6.28), também disse aos judeus que o criticaram por curar no sábado que “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). A Lei de Deus previa e ordenava o trabalho por seis dias da semana, e incluía o descanso semanal como parte integrante da vida de todo trabalhador, desde o maior até o mais modesto (Ex 20.9 e muitas outras referências).

Hoje em dia muitos cristãos que dizem pautar a vida pela Palavra de Deus estão mais preocupados com férias, dias de folga e descanso remunerado do que com a dignidade de fazer um trabalho bem feito—quer como sapateiro quer como cirurgião de cérebro! Reclamam das longas horas de trabalho sem se lembrar de agradecer o privilégio de ter um emprego em que podem trabalhar e gozar de seus frutos no fim de cada mês. Vivem sonhando com o dia da aposentadoria quando poderão ficar de papo pro ar—ainda que outros queiram desenvolver novo trabalho, uma segunda carreira, renovada fonte de renda ou de deleite pessoal.

Um blog não é lugar para longos discursos sobre filosofia ou pragmática do trabalho. Atualmente estou traduzindo um livro sobre estar demasiadamente ocupado para fazer o que realmente é importante, e me vejo constantemente advertida pelo Senhor quanto a minha motivação em questões de trabalho, descanso, ativismo constante ou produtividade contida. Quando ficamos com cabelos brancos não podemos deixar de observar que não é mais possível manter o mesmo ritmo de atividades que antigamente. Assim, quero apenas destacar algumas dicas que vão além de qualquer idade ou atividade que tenhamos.

• Quanto à preguiça, ela é sempre nociva e contrária à noção de descanso em Deus. A preguiça faz cair em profundo sono, e o ocioso vem a padecer fome, diz Provérbios (19.15). Deus descansou de sua obra depois de haver criado todo o universo (Gn 2.1-2) – não por estar cansado, mas por ter completado toda a fase inicial da criação. Criados à imagem de Deus, nós humanos devemos compreender a importância do descanso para a fundamentação de tudo que fazemos. Tendo a Jesus a nos pastorear, somos levados às águas de descanso mesmo quando andamos no vale da sombra da morte! (Sl 23) Interessante observar que o autor de Hebreus fala sobre entrar no descanso de Deus (o mesmo descanso que Isaías e Jeremias comentaram negativamente quanto ao povo da aliança): “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.9-11) no contexto imediato da eficiente espada que nos adestra para a batalha, discernindo entre alma e espírito, juntas e medulas (v.12).

• Quanto ao trabalho, ele não é maldição e sim bênção. A maldição estava no trabalho ser frustrado por fadigas, suor e espinhos (Gn 3.17-19) – a promessa para a pessoa que teme ao Senhor é que “do trabalho de tuas mãos comerás...” (Sl 128.2) e o próprio Deus trabalha para aquele que nele espera (Is 64.4). Paulo, que pela graça de Deus pôde afirmar “Sou o que sou... trabalhei muito mais que todos... não eu mas a graça de Deus comigo” (1Co 15.10) dá palavras de ânimo aos coríntios quando enfrentavam questões de vida e de morte, dizendo: “sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co 15.58). “Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos. Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas”(Hb 6.10-12). Lembro-me do hino “Os seus intentos cumpre Deus no decorrer dos anos” que afirma: “Nosso trabalho vão será se Deus não for presente/ Só ele o esforço aqui bendiz e é quem nutre a semente” quando a glória de Deus há de o mundo inundar como as águas cobrem o mar (Novo Cântico 316).

• Qualquer e todo trabalho que eu fizer não poderá ser apenas por pão, manutenção ou diversão. Meus valores trabalhísticos são eternos e não pecuniários. O trabalhador é digno de receber por seu trabalho (2 Tm 2.6) e somos exortados “a progredirdes cada vez mais e a diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos; de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar” (1Ts 4.10-12 – e isso ele fala, mais uma vez, no contexto de gente que enfrentava questões de vida e morte!). Mas eu trabalho para Deus; quem me sustenta em tudo que faço é meu Senhor (Cl 3.23-24)! Esse conceito possibilita até mesmo viver sob injustiças e em tempos aflitivos.

• Deus preparou as obras para que andássemos nelas porque somos feitura sua! Fui criada sob orientação de bom desempenho, que chamavam de performance-oriented. Esse peso era uma canga legalista que muitos crentes salvos pela graça de Jesus carregam, achando que santidade é ação, produção, realização. Interpretam mal o conceito de galardão, contando os pontinhos e as estrelinhas e fazendo comparações destrutivas com irmãos de fé e de caminhada. Mas o jugo que Jesus nos ordena a tomar é “suave” (Mt 11.29) e o apóstolo Paulo repreende quem se submete novamente ao “jugo da escravidão” da lei (Gl 5.1). “Mãos ao trabalho” não pode ser por necessidade de provar ser melhor do que outros, ou necessidade de cumprir obrigações “porque senão Deus não age” (lembro de uma irmã arminiana que lastimou alguém que não convidou alguém para a igreja, comentando: “Assim, Deus não pôde salvá-lo”!). Fomos salvos não por obras, mas pela graça (Ef 2.8). Nosso louvor, bem como toda obra que Deus nos dá para fazer, “é fruto de lábios que confessam o teu nome” (Hb 13.15). Assim, tenho de re-aprender o que seja graça, e trabalhar não para alcançar alguma coisa, mas porque fui alcançada pelo Deus infinito que entrou em minha finitude para transmitir sua graça e verdade. Não vou ser preguiçosa, mas viver a operosidade da fé em meu trabalho, em meu cansaço, ociosidade ou descanso, produzindo frutos como uma planta enxertada na Videira. Quero mesmo na maturidade, “florescer como a palmeira, crescer como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça” Salmo 92.12-15.