segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A origem do Calvinismo

 
Por John Piper

Claro, assim como qualquer homem com exceção de Jesus Cristo, João Calvino era imperfeito. Sua reputação não se deve à infalibilidade, mas à sua incansável submissão às Escrituras como a Palavra de Deus em uma época em que a Bíblia havia sido praticamente engolida pela tradição da igreja. Ele nasceu em Julho de 1509, em Noyon, França, e estudou nas melhores universidades de Direito, Teologia e Línguas Clássicas. Aos vinte e um anos de idade, foi dramaticamente convertido de um Catolicismo medieval centrado em tradições para uma fé evangélica bíblica e radicalmente centrada em Cristo e Sua Palavra. Ele disse:
Deus, através de uma repentina conversão, subjugou e levou minha mente para um estado em que agora ela podia ser ensinada, e ela estava mais endurecida em relação a esses assuntos do que já estivera em fases anteriores de minha vida. Tendo, pois, recebido um pouco do gosto e conhecimento da verdadeira piedade, fui imediatamente inflamado por um desejo tão intenso de entender melhor que, apesar de não ter abandonado completamente os outros estudos, passei a buscá-los com menor entusiasmo.
Há uma razão de por que Calvino afastou-se de seus outros estudos para ingressar em uma vida dedicada a Palavra de Deus. Algo dramático aconteceu em sua percepção da realidade conforme ele mesmo lia as Escrituras. Ele ouviu nelas a voz de Deus e viu a majestade de Deus:
Assim sendo, esse poder que é peculiar às Escrituras se torna claro a partir do fato de que, dentre todos os escritos humanos, embora artisticamente belos, não existe um único capaz de nos afetar como as Escrituras o fazem. Leia Demóstenes ou Cícero; leia Platão, Aristóteles e outros desse porte. Eles irão, admito, encantá-lo, agradá-lo, emocioná-lo, entusiasmá-lo de uma maneira maravilhosa. Mas lance mão deles e vá para a leitura sagrada. Então, seja você quem for, elas irão te impactar tão profundamente, penetrarão tanto seu coração e se fixarão no âmago de seu ser que, considerando as impressões mais profundas delas, o vigor dos oradores e filósofos praticamente desaparecerão. Consequentemente, é fácil perceber que as Sagradas Escrituras, que em muito ultrapassam todos os dons e graças do empreendimento humano, sopram algo divino.
Após essa descoberta, Calvino foi completamente “aprisionado” pela Palavra de Deus. Ele foi um pregador em Genebra por vinte e cinco anos até sua morte, aos cinquenta e quatro, em Maio de 1564. Seu costume era pregar duas vezes no domingo e uma vez todos os dias em semanas alternadas; ou seja, pregava, em média, dez vezes a cada duas semanas. Seu método era pegar poucos versículos, explicá-los e aplicá-los para a fé e vida do povo. Trabalhou dessa forma livro após livro. Por exemplo, ele pregou 189 sermões no livro de Atos, 271 em Jeremias, 200 em Deuteronômio, 343 em Isaías e 110 em 1 Coríntios. Uma vez ficou exilado por cerca de dois anos. Retornando à Genebra, foi para seu púlpito na Igreja de São Pedro e retomou os sermões a partir do texto em que havia parado.

Essa incrível devoção à exposição da Palavra de Deus ano após ano foi devido a sua profunda convicção de que a Bíblia é a própria Palavra de Deus. Ele disse:
A lei e as profecias não são ensinamentos que provêm da vontade humana, mas decretados pelo Espírito Santo… Devemos às Escrituras a mesma reverência que é devida a Deus, porque ela procede dEle somente, e não tem nada do homem misturado nela.
O que Calvino viu na Bíblia, acima de tudo, foi a majestade de Deus. Ele disse que através das Escrituras, “de um modo que excede o julgamento humano, somos completamente convencidos, como se contemplássemos nela a majestade do próprio Deus”

A Bíblia, para Calvino, era acima de tudo um testemunho de Deus sobre a majestade de Deus. Isso levou inevitavelmente ao que é o coração do Calvinismo. Benjamin Warfield coloca da seguinte maneira:
Calvinista é a pessoa que vê Deus por trás de todos os fenômenos, e em tudo que ocorre reconhece a mão de Deus… ‘que faz da atitude da alma voltada a Deus em oração uma atitude permanente…’ e se lança na graça de Deus somente, excluindo qualquer traço de dependência em si próprio em todo o processo de salvação.
É isso o que quero ser: alguém que exclui todos os traços de dependência em si mesmo em todo o processo de salvação. Dessa maneira, desfrutarei da paz que reside em Deus somente, e Deus receberá toda a glória como aquele do qual e através do qual e para o qual são todas as cosias, e a mensagem da igreja ressoará para todas as nações.

É isso o que quero ser: alguém que exclui todos os traços de dependência em si mesmo em todo o processo de salvação. 

Fonte: Ipródigo

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