quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O perigo da paternidade moralista


Por Elyse Fitzpatrick

Se a maioria das nossas crianças está deixando a fé assim que pode, algo terrivelmente errado tem acontecido.

Certamente a fé que tem fortalecido a igreja perseguida por dois milênios não é tão estreita e tediosa quanto “Peça desculpas”, “Seja legal” e “Não haja como eles.” Porque alguém negaria a si mesmo, renunciaria sua vida, ou sofreria por algo tão fútil quanto isso? Fora aquela parte do “peça para Jesus entrar em seu coração”, como essa mensagem difere de algo que qualquer criança sem igreja ou um jovem judeu poderia ouvir todo dia?

 

FAZENDO DE DEUS UM PAPAI NOEL


Encaremos isso: a maioria das nossas crianças acredita que Deus está feliz se elas são “boas pelo amor de Deus”. Nós transformamos o santo, terrível, magnificente e amoroso Deus da Bíblia em Papai Noel e seus gnomos. E ao invés de transmitir a gloriosa verdade libertadora e transformadora de vidas do evangelho, nós temos ensinados nossos filhos que ser bom (pelo menos exteriormente) é conteúdo e o objetivo de tudo da fé deles.

Isso não é o evangelho;  não estamos apenas deixando o cristianismo de herança para eles. Nós precisamos de menos dos Veggie Talles (N.T. “Vegetais” no Brasil) e do Barney e de mais toneladas da radical, sangrenta, escandalosa mensagem do Deus-homem esmagado por seu Pai por nossos pecados.

Essa outra coisa que estamos dando a nossos filhos tem um nome – é chamada “moralismo”. Aqui está como um professor de seminário descreveu essa experiência infantil na igreja:
Os pregadores que eu normalmente ouvia… na igreja em que fui criado, tendiam a interpretar e pregar a Escritura sem Cristo como o foco central. Personagens como Abraão e Paulo eram recomendados como modelos de fé sincera e de obediência leal… Por outro lado, homens como Adão e Judas eram criticados como a antítese do comportamento moral apropriado. Portanto a Escritura se tornou nada menos do que um livro de lições morais de vida cristã, seja ela boa ou ruim.

ENSINANDO BOAS MANEIRAS AO INVÉS DA SALVAÇÃO


Quando nós mudamos a história da Bíblia do evangelho da graça para um livro de lições moralistas como “As fábulas de Esopo”, tudo dá errado. Crianças incrédulas são encorajadas a mostrar o fruto do Santo Espírito mesmo que elas estejam espiritualmente mortas em seus delitos e pecados (Efésios 2.1). Crianças não arrependidas são ensinadas a dizer que sentem muito e pedir por perdão mesmo que elas nunca tenham provado a verdadeira tristeza segundo Deus. Para crianças não regeneradas é dito que elas estão agradando a Deus porque elas têm alcançado alguma “vitória moral”.

Boas maneiras têm sido elevadas ao nível de justiça cristã. Pais disciplinam seus filhos até que eles evidenciem uma forma prescrita de contrição, e outros trabalham pesado para guardar seus filhos da maldade no mundo, presumindo que a maldade dentro de seus filhos foi tratada por que eles oraram alguma vez uma oração no Clube Bíblico.

 

A BÍBLIA NÃO É UM LIVRO DE CONTOS DE FADAS


Se nossos “compromissos de fé” não se enraizaram em nossas crianças, pode ser por isso que elas constantemente não os têm ouvido? Ao invés do evangelho da graça, temos dados a eles banhos diários no ‘mar do narcisismo moralista’, e elas respondem a lei do mesmo modo que nós: correm para a primeira saída que encontrarem.

A paternidade moralista ocorre porque a maioria de nós tem uma visão errada da Bíblia. A história da Bíblia não é a história sobre fazer garotinhos e garotinhas melhores. Conforme Sally Lloyd-Jones escreveu em The Jesus Storybook Bible:
Não, a Bíblia não é um livro de regras, ou um livro de heróis. A Bíblia é mais do que tudo uma História. É uma história de aventura sobre um jovem Herói, que vem de um país distante para ganhar de volta o seu tesouro perdido. É uma história de amor sobre um Príncipe valente, que deixa seu palácio, seu trono – tudo – para resgatar aquela que ele ama. É como o mais maravilhoso conto de fadas que se tornou verdadeiro na vida real.
É essa história que nossos filhos precisam ouvir e, como nós, eles precisam ouvi-la de novo e de novo.

Adaptado do livro Give them Grace por Elyse Fitzpatrick e Jessica Thompson, 2011.
Traduzido e cedido por Luís Henrique.

Fonte: Ipródigo

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